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Geração Distribuída cresce 5,2% em maio


Apesar da pandemia do novo coronavírus (covid-19), a instalação de sistemas de Geração Distribuída (GD) de energia solar cresceram 5,2% em maio, passando de 285 mil em abril para 300 mil instalações este mês, informou ao Broadcast a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR). 

Os investimentos atingiram R$ 14,6 bilhões no acumulado desde 2012, para uma capacidade instalada de 2,8 gigawatts.A ABSOLAR observou, no entanto, que apesar do crescimento, o Brasil ainda tem muito espaço para a energia solar distribuída, que em países como Austrália, China e Estados Unidos já ultrapassa os 2 milhões de sistemas de GD instalados. Dos 84,4 milhões de consumidores de energia elétrica no Brasil, apenas 0,4% fazem uso do sol para produzir eletricidade, informou a ABSOLAR. Agência Estado

Shell iniciará construção da usina termoelétrica de Macaé Marlim Azul no próximo mês


Segundo diretor da Shell, pandemia não afeta o projeto e obras da usina termoelétrica de Macaé deverão ser iniciadas já no próximo mês.

A petroleira anglo-holandesa Shell começará a construção da usina termoelétrica Marlim Azul, de 565MW, em junho deste ano. O empreendimento é avaliado em US$ 700 milhões e planejado para a cidade de Macaé, no estado do Rio de Janeiro.

“O projeto não foi afetado pela crise do COVID-19 do ponto de vista econômico. Já estávamos avaliando cenários complexos para esta unidade”, disse o diretor de regulamentação e relações governamentais da Shell no Brasil, Flávio Rodrigues, durante um webinar organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Reino Unido.

Depois de vencer o contrato em 2017, a Marlim Azul será a primeira usina termoelétrica a usar gás natural produzido no pré-sal. As operações começarão em 2023. A Shell fornecerá o gás e controlará uma participação de 29,9%, enquanto o Pátria Investimentos terá 50,1% e MHPS 20%.


A termoelétrica de Macaé é um dos primeiros projetos de geração de eletricidade realizados no Brasil pela Shell, que também está se aventurando na geração solar, entre outras tecnologias. A empresa recebeu autorização do regulador Aneel para desenvolver três parques solares no estado de Minas Gerais.

Shell e a transição energética

Rodrigues observou que a empresa vem discutindo a transição energética com o Ministério de Minas e Energia e a Empresa de Planejamento Energético (EPE). Ele acrescentou que os governos de todo o mundo desempenharão um papel fundamental na transição para uma matriz energética menos poluente, não apenas para atender aos objetivos do Acordo de Paris, mas também para estabelecer políticas que permitam aproveitar as oportunidades.

“O Brasil tem um enorme potencial para atrair recursos que serão direcionados a países que têm a possibilidade de desenvolver essas novas fontes de energia. Assim como outros países, o Brasil enfrentará o desafio de transformar isso em uma oportunidade de criação de emprego, que será um aspecto importante na retomada do crescimento econômico”, afirmou o executivo da Shell.

A Shell se comprometeu recentemente a atingir zero emissões líquidas até 2050.

*Fonte: Bnamericas

Energia solar poderá ser doada para hospitais durante pandemia


Projeto de Lei inédito prevê auxílio voluntário para unidades consumidoras de serviços essenciais no combate à Covid-19

O novo Projeto de Lei (PL) que prevê a doação dos créditos de energia elétrica da geração distribuída às instituições que atuam no combate ao novo coronavírus, protocolado ontem (07/05) pelos deputados federais Franco Cartafina e Lucas Redecker, pode aliviar os custos de hospitais e centros médicos durante a pandemia.

Segundo análise da vice-presidente de geração distribuída da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Bárbara Rubim, para entrar em vigor, a medida requer ajuste regulatório pontual e não demandaria nenhuma adequação física ou técnica nos doadores, beneficiários ou mesmo nas distribuidoras de energia.

“Os usuários da geração distribuída de fonte solar fotovoltaica e demais fontes renováveis poderão doar voluntariamente seus créditos de energia para serviços públicos essenciais voltados à assistência social ou ao combate direto à Covid-19”, afirma.

O Projeto de Lei, com o apoio técnico da ABSOLAR, recomenda a regulamentação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em até dez dias da publicação, com um ajuste pontual na Resolução Normativa 482, de 2012. A ideia foi sugerida pelo integrador Ricardo Rizzoto e estruturada e levada aos parlamentares pela associação.

O deputado federal Franco Cartafina (PP/MG) esclarece que o PL não se destina a regulamentar de forma ampla a geração distribuída. “Buscamos apenas estabelecer uma diretriz específica a ser utilizada no período da pandemia, beneficiando instituições públicas na linha de frente do combate à Covid-19”, detalha.

Para o deputado federal Lucas Redecker (PSDB/RS), o objetivo é contribuir com a redução dos impactos econômicos e sociais da pandemia, por meio de uma medida simples e solidária. “Ela permite aliviar os custos da pandemia em instituições que prestam um serviço essencial à nossa sociedade neste momento tão delicado”, aponta.

Segundo o presidente executivo da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia, o Brasil possui 2,8 gigawatts de potência instalada na geração distribuída, com uma geração média de 408 GWh/mês. “Pelas estimativas da ABSOLAR, com a doação de apenas 1% desse total, pode-se proporcionar uma economia na conta de luz das instituições beneficiadas em torno de R$ 2,28 milhões ao mês. No caso de a adesão viabilizar a transferência de 5% da geração na forma de créditos de energia, a economia atingiria a marca de R$11,4 milhões por mês. O cálculo considerou a tarifa média de energia elétrica do Brasil, de R$ 0,56 por quilowatt hora”, pontua. (Assessoria Absolar)

Aumento previsto de 20% na conta de luz torna energia solar mais atrativa



Possível sobretaxa na tarifa pode ocorrer em decorrência das medidas de socorro às companhias do setor elétrico durante a pandemia

O uso da energia solar pelas famílias, empresas e governos torna-se ainda mais atrativa com o aumento previsto na conta de luz em decorrência do pacote anunciado pelo governo de socorro às companhias do setor elétrico na pandemia da COVID-19.

A afirmação é do CEO da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), Rodrigo Sauaia. Segundo o executivo, neste momento crítico da economia brasileira e mundial, a tecnologia solar fotovoltaica é uma importante aliada, pois traz economia direta ao bolso dos brasileiros, alivia o orçamento das empresas e dos governos e os protegem contra os aumentos das tarifas no País.

“A energia solar fotovoltaica reduz, sobretudo neste momento, o custo de energia elétrica da população, aumenta a competitividade das empresas e desafoga o orçamento do poder público, beneficiando pequenos, médios e grandes consumidores do País”, diz Sauaia. “A tecnologia fotovoltaica é alternativa no atual momento de recursos escassos, quando os consumidores estão pressionados a buscar formas efetivas de reduzir gastos”, completa.

Recentemente, a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace) sinalizou que a conta de energia do consumidor pode ter um aumento de até 20% como consequência das medidas emergenciais anunciadas pelo governo para o setor elétrico.

“Um sistema fotovoltaico bem dimensionado pode reduzir os gastos com eletricidade dos consumidores em até 95%. A economia gerada permite ao usuário destinar os recursos para outras necessidades essenciais, como alimentação, saúde e educação”, aponta Sauaia.

Segundo Camila Ramos, vice-presidente de financiamento da ABSOLAR, há no País mais de 70 linhas de financiamento para quem quer adquirir energia solar, com taxas de juro a partir de 0,75% ao mês, um patamar abaixo de outros momentos de crise no País, o que viabiliza a instalação. “Portanto, a aquisição de sistemas fotovoltaicos pode ser feita até para o consumidor que não dispõe de recurso próprio. Muitas vezes, a economia na conta de luz trazida pela energia solar já paga a parcela do financiamento e ainda pode aumentar o poder aquisitivo das famílias em suas demais necessidades diárias”, acrescenta.

O potencial do setor de biometano no Brasil

biogás é alternativa no campo

O Brasil é um dos países mais promissores no setor de biometano de acordo com o relatório global de Mercado de Biometano publicado e promovido pela Zion Market Research. Além do Brasil, o estudo mapeou Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, China, Japão, Índia e regiões do Oriente Médio e África. O país foi o único mencionado na América Latina.

O Brasil é uma potência agropecuária, o que resulta na produção de uma enorme quantidade de resíduos orgânicos, que poderiam ser transformados em biogás e, posteriormente, biometano. Tem, portanto, um dos maiores potenciais no planeta de produção. Dados da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) apontam que o biometano apresenta o potencial para suprir 70% do consumo de diesel. Até 2030, a Associação pretende atingir a produção de 11,7 bilhões m3/ano de biometano.

Em 2019, o Brasil registrou mais de 400 plantas de biogás em operação, um crescimento de 40% em relação a 2018, com empreendimentos de grande porte em andamento que somam investimentos da ordem de R$ 700 milhões – registrou avanços nas políticas que favorecem o biogás.

Para 2020, as expectativas são ainda melhores. O vice-presidente da associação, Gabriel Kropsch, acredita que haverá um incentivo ainda maior para o investimento em novas unidades de produção após o início do RenovaBio. “Desde a regulamentação pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) da produção de biometano, em junho de 2017, vários projetos começaram a ser desenvolvidos, então este volume só tende a crescer”, afirmou.

Segundo os cálculos da ABiogás, atualizados em dezembro, o potencial de produção do biogás, intercambiável com o gás natural, chega a 42 bilhões de m³/ano, contabilizando todo o resíduo produzido pela agroindústria e saneamento. “Estamos otimistas para 2020. Com o início da comercialização dos CBIOs, e toda a movimentação que temos mapeado no cenário do biogás, nossa expectativa é de que teremos o dobro da expansão registrada em 2019. A projeção é de investimentos de cerca de R$ 50 bilhões até 2030”, conclui Alessandro Gardemann, presidente da ABiogás. De acordo com o estudo, o mercado global de biometano deve atingir US $ 2,61 bilhões até 2025. Abiogás

Energia solar fotovoltaica ultrapassa 5 gigawatts no Brasil



Segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o Brasil acaba de ultrapassar a marca de 5 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica em usinas de grande porte e pequenos e médios sistemas instalados em telhados, fachadas e terrenos. No total, a fonte já trouxe mais de R$ 26,8 bilhões em novos investimentos privados no País, tendo gerado cerca de 130 mil empregos acumulados, com aproximadamente 15 mil empresas atuando no mercado.

No segmento de geração centralizada, o Brasil possui 2,68 gigawatts (GW) de potência instalada em usinas solares fotovoltaicas, o equivalente a 1,5% da matriz elétrica do País. Os investimentos totais previstos até 2025 referentes aos projetos já contratados em leilões de energia ultrapassam R$ 25,8 bilhões. Em 2019, a fonte foi a mais competitiva entre as fontes renováveis nos dois Leilões de Energia Nova, A-4 e A-6, com preços-médios abaixo dos US$ 21,00/MWh.

Atualmente, as usinas solares de grande porte são a sétima maior fonte de geração do Brasil, com 92 empreendimentos em operação em nove estados brasileiros, nas regiões Nordeste (Piauí, Ceará, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba), Sudeste (Minas Gerais e São Paulo) e Norte (Tocantins). O investimento acumulado até o momento é de cerca de R$ 14 bilhões.

No caso da geração distribuída, são 2,42 gigawatts de potência instalada da fonte solar fotovoltaica, que representam R$ 12,8 bilhões em investimentos acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões nacionais. A tecnologia é utilizada atualmente em 99,8% de todas as conexões distribuídas no País.

No entanto, embora tenha avançado nos últimos anos, o Brasil – detentor de um dos melhores recursos solares do planeta – continua com um mercado ainda muito pequeno sobretudo na geração distribuída, já que possui 84,4 milhões de consumidores de energia elétrica e apenas 0,3% faz uso do sol para produzir eletricidade.

“A energia solar terá função cada vez mais estratégica para o atingimento das metas de desenvolvimento econômico do País, sobretudo agora para ajudar na recuperação da economia após a pandemia, já que se trata da fonte renovável que mais gera empregos no mundo”, aponta o presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk.

“Nas crises de 2015 e 2016, o PIB do Brasil foi de -3,5% ao ano, mas o setor solar fotovoltaico cresceu mais de 300% ao ano. Com isso, ajudamos na recuperação do País. Agora, passada a fase mais aguda da atual pandemia, a energia solar fotovoltaica irá novamente alavancar a recuperação do Brasil. A solar será parte da solução, tanto para a nossa sociedade, quanto para o meio ambiente”, comenta o CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia. Absolar

Programa emergencial propõe redução na conta de luz dos consumidores de baixa renda

Primeiros painéis solares fotovoltaicos instalados no prédio do Ministério da Defesa, em Brasília Foto: Ministério da Defesa

Apresentada ao Ministério de Minas Energia e ao Congresso Nacional, medida voltada à Tarifa Social traria economia de R$ 253 milhões à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)

A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) acaba de apresentar uma proposta de criação de um programa emergencial para instalar sistemas solares fotovoltaicos em consumidores de baixa renda com Tarifa Social, como forma de aliviar os efeitos da crise econômica decorrente do isolamento social indispensável no combate ao coronavírus COVID-19.

A medida, apresentada ao Ministério de Minas e Energia e aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, poderia, segundo estimativas da ABSOLAR, trazer uma economia de R$ 817 milhões ao longo de 25 anos nas contas de luz dos consumidores de baixa renda, bem como aumentar a arrecadação direta e indireta em R$ 237 milhões aos cofres públicos.

A proposta foi elaborada como suporte à intenção do governo de isentar, por três meses, a cobrança de energia elétrica sobre os consumidores cadastrados no Programa Tarifa Social. A proposta inicial do governo demandaria aproximadamente R$ 1,05 bilhão em recursos no período.

De acordo com a entidade, parte do valor poderia ser revertido na instalação de 87,5 mil sistemas fotovoltaicos, com benefícios adicionais de geração de novos postos de trabalho no País e proporcionando uma economia total de R$ 253 milhões na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) em 25 anos.

“Nossa intenção é contribuir com o debate iniciado no governo, de viabilizar a redução dos impactos econômicos sobretudo para a população mais vulnerável. A proposta tem grande potencial de alívio financeiro aos cidadãos de baixa renda e permite o fortalecimento das ações de recuperação da economia, com geração de emprego e renda de forma mais rápida”, comenta Ronaldo Koloszuk, presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR.

“Um programa emergencial para uso de energia solar fotovoltaica por consumidores de baixa renda traria economia imediata e alívio aos usuários. Além disso, o ganho seria duradouro, já que os equipamentos possuem vida útil de mais de 25 anos. Também haveria uma expressiva redução estrutural nos valores da CDE, diminuindo este encargo que hoje é rateado na conta de luz de todos os brasileiros, aliviando o custo para todos os consumidores”, complementa Rodrigo Sauaia, CEO da ABSOLAR.

Geração distribuída solar fotovoltaica atinge 200 mil conexões no Brasil


O Brasil acaba de atingir a marca de 200 mil conexões de geração distribuída solar fotovoltaica, conforme informa a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).

São 2,3 gigawatts de potência instalada da fonte solar na microgeração e minigeração distribuída. A energia solar fotovoltaica representa 99,8% de todos as conexões distribuídas, com mais de R$ 11,9 bilhões em investimentos acumulados desde 2012, espalhados pelas cinco regiões nacionais.

No entanto, embora tenha avançado nos últimos anos, o Brasil – detentor de um dos melhores recursos solares do planeta – continua com um mercado ainda muito pequeno, já que possui 84,4 milhões de consumidores de energia elétrica e apenas 0,3% faz uso do sol para produzir eletricidade.

Na comparação com outros países, o Brasil possui entre 10% a 20% das conexões existentes em nações como Austrália, China, EUA e Japão, que já ultrapassaram a marca de 2 milhões de sistemas solares fotovoltaicos, bem como da Alemanha, Índia, Reino Unido e outros, que já superaram a marca de 1 milhão.

“Todavia, há uma boa perspectiva de melhorar este quadro no País, dado que o Governo Federal e o Congresso Nacional sinalizaram que pretendem desenvolver a geração distribuída a partir do sol”, aponta o presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR, Ronaldo Koloszuk.

“O próximo passo agora é construir um marco legal transparente, estável, previsível e justo, que desfaça a insegurança jurídica que paira sobre o mercado e que reforce a confiança da sociedade em um futuro com mais liberdade, prosperidade e sustentabilidade para os consumidores e a população”, acrescenta o CEO da ABSOLAR, Rodrigo Sauaia.

Geração de energia solar deve ganhar marco regulatório no país

O projeto de lei do deputado Lafayette de Andrada mantém o incentivo para as usinas fotovoltaicas Crédito: Cemig Divulgação

As mudanças nas regras do segmento de geração distribuída no Brasil podem ganhar novos rumos a partir do projeto de lei (PL) que o deputado federal Lafayette de Andrada (Republicanos – MG) pretende apresentar, nos próximos dias, na Câmara dos Deputados. A proposta rebate a sugestão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de taxar setor em mais de 60% e indica um novo marco legal para a atividade no País.

De acordo como deputado federal, o texto com as mudanças nas regras de regulação foi amplamente discutido e aguarda apenas a sinalização do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para os próximos passos. De acordo com Andrada, o objetivo é dar celeridade à tramitação do projeto e uma das possibilidades será apresentá-lo como substitutivo para votação no Plenário da Casa.

“O projeto busca sumariamente o consenso entre os diversos agentes do setor, como a agência reguladora, as distribuidoras, as entidades de classe e o governo. Foram, ao todo, cinco meses de trabalho para colocarmos um ponto final no debate sobre a taxação da geração distribuída, criando um ambiente seguro para os investidores com medidas que mantenham o incentivo a este tipo de geração no Brasil”, resumiu.

Conforme o deputado, o projeto prevê, por exemplo, a continuidade dos benefícios para os produtores que já têm painéis fotovoltaicos instalados. Já as novas instalações ficariam com os incentivos atuais, sem nenhuma mudança, até o fim de 2021. A partir de janeiro de 2022, a geração distribuída entraria em um processo de diminuição gradual dos estímulos.

O PL propõe ainda um aumento ordenado da cobrança pelo uso da rede das distribuidoras. “A ideia é fixar um pagamento de 10% da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (Tusd) a partir de 2022, que subiria a cada biênio. Após completar dez anos, atingiria a cobrança cheia”, explicou.

Andrada ressaltou também que o projeto de lei visa proporcionar segurança jurídica aos contratos já firmados e atrair novos investidores neste tipo de energia limpa, renovável e mais barata. Para ele, a proposta também promete democratizar o uso da energia solar no Brasil.

“Temos uma das maiores cargas tributárias do mundo, com cerca de 37%. A proposta da Aneel propõe mais de 60% de taxação sobre esse setor, o que é inviável e afasta os investidores. É fundamental que o setor de energia tenha um marco legal que seja claro e promova a segurança jurídica”, reiterou.

Em janeiro, o presidente da República, Jair Bolsonaro, se manifestou a favor da taxação zero sobre o setor de energia solar. Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, também já sinalizaram posição contrária à proposta de tributação da Aneel.

Viabilidade – A vice-presidente de Geração Distribuída da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Bárbara Rubim, também destacou o fato de o projeto ter sido construído com a colaboração de diferentes agentes do setor. Para ela, juntos, os pontos tratados pelo PL seriam capazes de manter a viabilidade econômica dos empreendimentos de energia solar tanto para residências quanto para usinas ou até mesmo consumidores que não tenham locais para geração.

“Em suma, a proposta é muito positiva. Ela precisa tramitar o quanto antes no Congresso Nacional e ser aprovada para que tenhamos o equilíbrio necessário no setor”, comentou.

No segundo semestre do ano passado, a Aneel sinalizou que realizaria uma série de mudanças na regulação do setor, incluindo a redução dos subsídios oferecidos à microgeração e minigeração. Um dos pontos de maiores discussões é que no modelo vigente, o valor integral da tarifa de energia cobrada pela distribuidora de energia é compensado pelo valor da energia gerada por geração distribuída.

“O cenário atual permite um abatimento proporcional: 1 kwh custa R$ 1 e a geração de 1 kwh permite abater R$ 1. Pela proposta da Aneel, ao produzir 1 kwh, o abatimento seria de R$ 0,38. Isso poderá inviabilizar algumas modalidades de geração”, alertou.

Desde o início da operacionalização da geração distribuída no Brasil, em 2012, já foram investidos R$ 7 bilhões no setor com a geração de mais de 100 mil empregos diretos. O cálculo de impacto na economia de consumo é da ordem de R$ 1,5 bilhão ao ano, além da previsão da criação de 600 mil novos empregos até 2035, segundo previsão das entidades representativas. Minas Gerais é o Estado pioneiro no assunto e responde por 18,8% do setor nacional.

Fonte: Diário do Comércio

Energia solar ganha espaço no Brasil

A principal vantagem da energia solar fotovoltaica é o uso de recurso renovável e limpo. Além disso, a tecnologia tem longa vida útil, fácil manutenção e rápido retorno de investimento.


Dados da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), órgão que controla o consumo de energia no Brasil, apontam que a energia solar ultrapassou 1 Gigawatt (GW) em 2019. O número consolida a modalidade de energia fotovoltaica no Brasil como alternativa ao consumo convencional de energia elétrica e acelera os passos rumo ao desenvolvimento sustentável.

A energia solar fotovoltaica consiste na instalação de placas solares nos telhados de casas, condomínios, empresas e demais construções. Elas são responsáveis por captar a luz e transformá-la em energia elétrica, usando um recurso limpo e renovável e evitando a construção de hidrelétricas.

As vantagens de energia solar

A principal vantagem da energia solar fotovoltaica é o uso de recurso renovável e limpo. Além disso, a tecnologia tem longa vida útil, fácil manutenção e rápido retorno de investimento.

A energia solar fotovoltaica também é responsável pela valorização de imóveis, visto que a procura por construções sustentáveis vem crescendo no Brasil e no mundo. Isso abre novas oportunidades, inclusive para construtoras que lançam novos empreendimentos já com a tecnologia.

A economia na conta de luz também é visível. Em geral, famílias acabam pagando somente a taxa mínima cobrada pela companhia de energia.

Como funciona a energia solar

A incidência do sol nas placas instaladas nos telhados faz com que seja produzida energia elétrica. É importante saber que, mesmo em dias nublados, é possível produzir energia solar.

Esse, aliás, é um dos mitos que mais prejudicam a sustentabilidade. Muitas pessoas acreditam que as placas fotovoltaicas não funcionam em regiões mais frias, mas a verdade é que é possível gerar energia por meio do sol em qualquer lugar.

O importante é manter as placas limpas e contar com uma empresa de confiança para realizar o projeto e a instalação no melhor local.

Caso a energia não seja consumida durante o dia, ela é armazenada na rede concessionária, fazendo com que você tenha créditos para utilizar durante a noite, por exemplo.

Como financiar projetos de energia solar

Embora muitos não saibam, é possível financiar projetos de energia solar. Algumas empresas podem parcelar o saldo em até 144 vezes, facilitando a instalação por parte de pequenas, médias e grandes empresas.

Pode ser financiado até 100% do projeto. Essa é uma forma de contribuir para que residências e empresas tenham acesso à tecnologia e contribuam com um mundo mais sustentável.

A ANEEL, no entanto, tem sugerido que o subsídio para locais com energia solar seja diminuído. A resolução tem passado por audiências públicas e ainda não está definida.

Fonte: RIC Mais

Mitos X Verdades sobre Energia Solar

Mesmo com o crescimento e difusão dessa tecnologia, ainda existem diversas incertezas sobre seu funcionamento.


O incentivo à utilização da energia solar no Brasil é justificado pelo potencial do país, que possui grandes áreas com alta irradiação solar durante quase todo o ano, principalmente na região Nordeste, norte de Minas Gerais e sul da Bahia. Entretanto, mesmo com o crescimento e difusão dessa tecnologia, ainda existem diversas dúvidas sobre seu funcionamento. Saiba quais são os principais “mitos e verdades” sobre o tema.

O crescimento e a popularização da energia solar no Brasil têm gerado diversos aspectos positivos para o país, sobretudo no lado econômico e ambiental. A energia fotovoltaica solar pode ser utilizada de diversas formas: aquecimento solar, energia heliotérmica, arquitetura solar e fotossíntese artificial.

O incentivo à utilização da energia solar no Brasil é justificado pelo potencial do país, que possui grandes áreas com alta irradiação solar durante quase todo o ano, principalmente no chamado cinturão solar, que começa na região Nordeste, passa pelo norte de Minas Gerais e sul da Bahia.

Devido ao avanço da tecnologia fotovoltaica, diversas empresas pelo Brasil já fornecem energia solar. Mesmo com o crescimento e difusão dessa tecnologia, ainda existem diversas incertezas sobre seu funcionamento. Saiba mais um pouco sobre cada um desses “mitos e verdades”.

1 – Os painéis solares não produzem energia no inverno ou em dias nublados?

Mito. Os painéis produzem energia por meio da radiação direta da luz do sol, e não pela temperatura, por isso, ainda que em dias nublados a radiação seja difusa devido as nuvens que bloqueiam o sol, os raios são suficientes para gerar energia.

2 – O custo de instalação da energia solar fotovoltaica é alto?

Mito. Os painéis solares possuíam custo elevado nas primeiras descobertas desta tecnologia, porém, com a evolução do mercado global, os módulos fotovoltaicos tiveram o custo reduzido em mais de 80% nos últimos 5 anos. Assim sendo, tornou-se a tecnologia de geração de energia com o menor custo existente.

3 – A energia solar serve apenas para aquecimento de água?

Mito. É necessário distinguir sistema de energia solar térmica de sistema fotovoltaico. O sistema fotovoltaico transforma raios solares em eletricidade. Devido a essa característica, pode ser utilizado para iluminação, funcionamento de equipamentos eletroeletrônicos e aquecimento de água em chuveiros elétricos, enquanto no sistema de energia solar térmica, são coletores utilizados apenas para aquecimento de água.

4 – A usina solar causa impactos ambientais na área construída?

Mito. As usinas fotovoltaicas são construídas em terras remotas e improdutivas, portanto, além de o impacto ambiental ser mínimo, os empreendimentos contribuem para o desenvolvimento econômico e social das cidades onde são instaladas.

5 – Os módulos não geram energia durante a noite?

Verdade. A geração de energia solar não acontece no período noturno, devido à ausência de radiação solar. Em lugares onde a única fonte de energia disponível é a fotovoltaica, é aconselhável que se tenha um banco de baterias conectado ao sistema. Dessa forma, é possível armazenar a energia que será utilizada no período noturno. Porém, esse não é o caso da comunidade solar da Mori Energia, pois, quando a fazenda solar não está gerando energia, o cliente continua conectado ao sistema da sua distribuidora de energia local.

6 – Os módulos solares têm vida útil superior a 25 anos?

Verdade. Devido ao avanço da tecnologia e da comprovação feita tanto por estudos técnicos, quanto por históricos de usinas, os módulos solares têm vida útil superior a 25 anos.

Fonte: Terra

Aumentam fontes de biomassa para energia


A biomassa para produção de energia corresponde a 8,81% de potência na matriz energética brasileira. O eucalipto, por seu potencial e grande quantidade de produção por área, é uma das plantas que se destacam nesse setor. O pesquisador Erich Schaitza, da Embrapa Florestas, comenta que a biomassa florestal é muito importante no Brasil, seja de eucalipto, pinus, bracatinga ou acácia ou ainda lenha explorada e florestas naturais. “O eucalipto, especificamente, é muito usado e é talvez a principal madeira utilizada como biomassa para energia. Eucaliptos alimentam uma indústria muito forte de carvão vegetal e o carvão, por sua vez, é usado industrialmente em siderurgia e outras áreas.” Ele comenta que há um consumo agrícola muito grande de energia para geração de calor usado na secagem de produtos agrícolas, no aquecimento de aves ou na geração de vapor e calor para processos industriais.

Além disso, a madeira também é utilizada para gerar energia elétrica, ou calor e energia elétrica. “Quase todas as indústrias de celulose e papel usam a madeira de eucalipto ou pinus para a produção de papel, mas aproveitam resíduos, na forma de lixívia ou sobras como casca e finos, para produzir energia elétrica. Outras indústrias de madeira, como serrarias, também usam seus resíduos para gerar energia”, diz Schaitza. Em regiões de produção madeireira tradicional, onde há polos de processamento mecânico de madeira, há um comércio intenso de resíduos industriais, como cavacos, costaneiras, casca e outros que são usados para a geração de energia.

O pesquisador ressalta que a cultura do eucalipto, se bem manejada, pode não só produzir energia, mas também prover serviços ambientais importantes. “Já passamos da fase de substituir florestas nativas por plantios florestais de eucalipto ou outra espécie.” Segundo ele, se compararmos as florestas de eucalipto com agricultura, elas levam vantagens em vários aspectos ambientais: mantém um estoque de carbono na área ocupada muito maior do que o que teríamos em agricultura ou pecuária, são boas para a produção de água, servem como corredores biológicos e abrigam muito mais vida do que lavouras, são bons agentes de controle de erosão e usam muito poucos defensivos agrícolas.

Florestas energéticas

Conforme esclarece Schaitza, há algum tempo se fala de florestas energéticas e florestas energéticas de eucalipto. “O eucalipto é uma das árvores que crescem mais rápido no mundo, produzindo muita biomassa por unidade de área. Com isso, tem um potencial muito grande de ser plantado para a geração de energia também.” Como exemplo, aponta a Down Química, indústria química instalada na Bahia que se associou a ERB para produzir energia para sua fábrica e também para a rede. Outro exemplo é a nova fábrica da Klabin, conhecida como projeto Puma, com capacidade de produzir 270MW a partir de resíduos de madeira de pinus, eucaliptus e de licor negro. Ela gera calor e eletricidade para seus processos industriais e vende energia elétrica para o mercado. Minas Gerais é o lugar onde mais se produz energia com eucaliptos, principalmente para produção de carvão para siderurgia.

Com as mudanças e avanços, há tecnologias para se produzir energia em quase toda a escala e há uma oportunidade grande de se integrar a geração de energia a produção dos mais diversos produtos.

O Brasil, seguindo uma tendência mundial, tem voltado os olhos para as energias renováveis, que teve sua produção ainda mais estimulada após as COP 21 e 23. “Hoje estamos entrando na era (ou deveríamos estar) das energias renováveis. Energias com um balanço de carbono neutro ou baixo. Apesar de ser líder na geração de energia limpa, apenas 40% da nossa matriz energética é renovável. Apesar de vários grupos de pesquisa estarem desenvolvendo tecnologias para uso de madeira como biocombustíveis, a biomassa de cana e o diesel de óleo de soja são as estrelas nesse segmento, com potencial para aumentar sua participação caso haja condições econômicas para tal”, ressalta Schaitza. Se olharmos energia elétrica, 75% é renovável. Olhando energia em geral, os 60% não renováveis são representados principalmente por derivados de petróleo e, em menor escala, gás e carvão – a maior parte é óleo diesel e gasolina.

No caso da energia elétrica, os 25% não renováveis são representados principalmente por gás e carvão, e a madeira pode substituí-los quase que totalmente. Schaitza entende que, “se quiséssemos, poderíamos ter todas as termoelétricas nacionais tocadas a biomassa, com uma grande participação da madeira. É claro que existem restrições econômicas para tal e nem sempre produzir com biomassa de madeira é uma alternativa economicamente viável”.

Diferenciais

A produção de energia elétrica a partir de biomassa tem algumas vantagens. A primeira é que pode gerar desenvolvimento rural local, com produção de madeira por produtores próximos às usinas. A segunda é que a energia da biomassa é plenamente despachável, enquanto as energias solares e eólicas não são. “A energia térmica de biomassa não é melhor que a solar ou a eólica, mas há espaço para todas. A energia de biomassa poderia muito bem substituir nossas usinas térmicas movidas a gás e carvão, geradoras de gases de efeito estufa”, aponta Schaitza.

Com relação ao questionamento sobre a viabilidade em investir em florestas energéticas, Schaitza considera que é difícil comentar, já que deve-se observar os casos específicos. Ele entende que, em princípio, vale a pena investir em florestas se houver perspectiva de vendê-las para um cliente, seja uma fábrica de celulose, uma serraria ou uma usina termoelétrica, e se esses clientes pagarem um preço justo pela floresta. “Fiz uma análise econômica de um sistema de produção de energia elétrica e o custo da madeira não era o principal fator restritivo da produção. O custo específico de uma usina e seu fator de capacidade é mais importante do que o custo da matéria-prima biomassa. Isso quer dizer que, se tivermos sistemas industriais eficientes e baratos, podemos pagar bem a madeira e aí o negócio vale a pena.”

Tecnologias

Algumas tecnologias são disponíveis para a geração de energia a partir da madeira. A principal delas é a combustão, nas suas diferentes formas, como queima direta, pirólise rápida e lenta e gaseificação. Para a geração de energia elétrica, o mais comum é esquentar vapor em uma caldeira e então gerar energia em uma turbina movida a vapor. “No entanto, novas tecnologias, como a gaseificação, onde se gera um gás para mover motores e turbinas, estão aparecendo e com o tempo se tornarão comuns”, acredita Schaitza. A Embrapa desenvolveu um software voltado para simulação de produções de eucalipto em diferentes condições e verificação de quanto se vai produzir, o SisEucalipto. Se houver informações econômicas de custos de produção e de preços de venda regionais, ele pode ser associado a uma ferramenta de análise de investimento, o Planin, e com isso as pessoas podem fazer suas simulações e cálculos. Os dois programas são gratuitos e disponibilizados para download no site da empresa.

Canal-Jornal da Bioenergia

Energia solar: subsídio custará R$ 56 bilhões, diz Ministério da Economia



Aneel quer retirar alguns benefícios de quem gerava a própria energia, alegando que há custos no uso das linhas de transmissão, diferente de quando a medida foi implantada. Foto: Pixabay

Um estudo elaborado pelo Ministério da Economia, publicado uma semana antes de o presidente Jair Bolsonaro dizer que não haveria taxação da energia solar, indica que o subsídio para a geração própria de energia terá um impacto de aumentar a conta de luz dos consumidores ‘normais’ em R$ 56 bilhões até 2035. De forma acumulada, o aumento ao longo dos próximos 15 anos corresponde a 4,5% na conta de luz de cada consumidor, de acordo com a Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abrace). É o mesmo peso de todo o custo de transmissão nas tarifas (feito por torres e subestações) e equivalente a um terço de todo gasto de distribuição (postes e subestações). Recentemente, a pasta tem se posicionado a favor da retirada do benefício.



A nota técnica do ministério, enviada à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), destaca que “apenas uma parcela da população brasileira, representada por aqueles com maior renda, tem acesso à essa política” de painéis solares, mas seus custos são rateados entre todos que não possuem os painéis, “normalmente, a camada da população de menor poder aquisitivo”.

Esse benefício deve ser apropriado principalmente pelas fazendas solares, pequenas usinas de até 5 megawatt que produzem energia para clientes distantes desse locais e que não pagam as taxas de uso da rede – que tem sido chamado de ‘frete’ pelo presidente Jair Bolsonaro.

Para o Ministério da Economia, essas fazendas, que se enquadram na modalidade de geração remota, fazem uso distorcido de uma norma criada para beneficiar clientes que geram energia em seus próprios telhados. “Na visão deste ministério, o enquadramento da geração remota como micro e minigeração distribuída, criado para democratizar a adesão à unidades consumidoras sem telhado, permite certa arbitragem regulatória”, diz a nota, ressaltando que a venda de energia é proibida na modalidade de geração distribuída.

A pasta informa ainda que um grupo beneficiado pelos subsídios consegue se mobilizar para mantê-los indefinidamente, já os consumidores que custeiam os subsídios, de maneira geral, são pulverizados e, consequentemente, ficam sem representatividade.

Entenda

Uma proposta de mudança na resolução normativa 482 de 2012, da Aneel tem gerado polêmica no setor produtivo. Isso porque o órgão quer retirar alguns benefícios de quem gerava a própria energia, alegando que há custos no uso das linhas de transmissão, diferente de quando a medida foi implantada. Por outro lado, muitas empresas e produtores rurais que passaram a investir neste tipo de energia afirmam que a taxação gera insegurança jurídica, já que a Aneel prometeu previsibilidade por 25 anos e os investimentos foram de longo prazo.
Resolução atual

Elaborada em 2012, a medida da agência diz que o consumidor ou produtor rural pode tanto consumir quanto injetar na rede de distribuição a energia elétrica produzida por ele. Essa diferença entre o que ele consome e o que produz a mais se transforma em crédito e pode ser usado para o abatimento de uma ou mais contas de luz do mesmo titular.

Além disso, a proposta oferece benefícios para incentivar a produção própria de energia elétrica, como a isenção do pagamento de tarifas pelo uso da rede elétrica e também do pagamento de outros componentes da conta de energia. Em contrapartida, esses incentivos oferecidos a quem produz energia própria são cobrados de todos os consumidores, inclusive dos usuários ‘comuns’ que recebem a energia somente da distribuidora.

Proposta de mudança

Com a revisão da norma, a intenção da agência reguladora é reduzir gradualmente esses subsídios. Na avaliação da Aneel, atualmente a produção de energia própria já tem um custo viável, diferentemente de quando a medida foi implantada.

A proposta da Aneel prevê um período de transição para as alterações nas regras. Quem já possui o sistema de geração vai permanecer com as regras atuais em vigor até o ano de 2030. Já os consumidores que realizarem o pedido da instalação de geração distribuída após a publicação da norma, prevista para este ano, passam a pagar o custo da rede.

Em 2030, ou quando atingido uma quantidade de geração distribuída pré-determinada em cada distribuidora, esses consumidores passam a compensar a componente de energia da Tarifa de Energia (TE), e pagam além dos custos de rede, os encargos setoriais (que geram receita para subsidiar a tarifa social, por exemplo).

No caso da geração remota, quando o consumidor instala seu sistema gerador em local diferente do local de consumo, desde que ambos estejam em sua titularidade e dentro da área de concessão da mesma distribuidora, a proposta prevê dois cenários. Segundo a agência, quem já possui a geração distribuída continua com as regras atualmente vigentes até o final de 2030. Já os novos pedidos de acesso após a publicação da norma passam a pagar custos de rede e encargos.

De acordo com a Aneel, as alterações no sistema de compensação propostas equilibram a regra para que os custos referentes ao uso da rede de distribuição e os encargos sejam pagos pelos consumidores que possuem geração distribuída, sem impactar a tarifa de energia dos consumidores que não possuem o sistema.

Pesquisa testa o uso de nióbio como catalisador em célula a combustível


O Brasil é o maior produtor mundial de nióbio, concentrando aproximadamente 98% das reservas ativas do planeta. Utilizado na composição de ligas metálicas, principalmente de aço de alta resistência, esse elemento químico tem um espectro de aplicações tecnológicas quase ilimitado, que vai de telefones celulares a turbinas de aviões. Mas praticamente toda a produção brasileira é destinada à exportação, na forma de commodity.

Outra substância de que o país dispõe em grande quantidade, mas pouco usa, é o glicerol, um subproduto de reações de saponificação de óleos ou gorduras na indústria de sabões e detergentes ou de reações de transesterificação na indústria de biodiesel. Neste caso, a situação é até pior, porque o glicerol é, muitas vezes, tratado como rejeito, de difícil descarte.

Um estudo realizado na Universidade Federal do ABC (UFABC) juntou o nióbio e o glicerol em uma solução tecnológica promissora: a produção de células a combustível. A pesquisa foi publicada como matéria de capa pela revista ChemElectroChem: Niobium enhances electrocatalytic Pd activity in alkaline direct glycerol fuel cells.

“Em princípio, a célula funcionará como uma pilha, alimentada por glicerol, para recarregar pequenos dispositivos eletrônicos, como telefones celulares ou laptops, podendo ser usada em regiões onde não há linha de transmissão elétrica. Depois, a tecnologia poderá ser adaptada para fornecer energia elétrica a automóveis e até a pequenas residências. Não há limites para aplicações no longo prazo”, disse à Agência FAPESP o químico Felipe de Moura Souza, primeiro autor do artigo. Souza é tem bolsa da FAPESP na modalidade Doutorado Direto.

A célula converte em energia elétrica a energia química da reação de oxidação do glicerol [C3H8O3] no ânodo e de redução do oxigênio [O2] do ar no cátodo, resultando, na operação completa, gás carbônico e água [veja, na figura, a representação esquemática do processo]. A reação total é C3H8O3 (líquido) + 7/2 O2 (gasoso) → 3 CO2 (gasoso) + 4 H2O (líquido).

“O nióbio [Nb] entra no processo como um cocatalisador, coadjuvando a ação do paládio [Pd], utilizado como ânodo na célula a combustível. A adição do nióbio possibilita reduzir pela metade a quantidade de paládio, barateando o custo da célula. Ao mesmo tempo, aumenta expressivamente sua potência. Mas sua principal contribuição é diminuir o envenenamento eletrocatalítico do paládio, resultante da oxidação de intermediários fortemente adsorvidos como o monóxido de carbono, no funcionamento de longa duração da célula”, explicou Mauro Coelho dos Santos, professor da UFABC, orientador do doutorado direto de Souza e coordenador do estudo em pauta.

Do ponto de vista ambiental, que mais do que nunca deve ser um critério determinante nas escolhas tecnológicas, a célula a combustível alimentada por glicerol é considerada uma solução virtuosa, por poder substituir motores a combustão baseados em combustível fósseis.

Além de Souza e Santos, o estudo teve a participação de Paula Böhnstedt, apoiada pela FAPESP com bolsa de iniciação científica, de Victor dos Santos Pinheiro, apoiado pela FAPESP com bolsa de doutorado , de Edson Carvalho da Paz, de Luanna Silveira Parreira, apoiada pela FAPESP com bolsa de pós-doutorado e de Bruno Lemos Batista, apoiado pela FAPESP com Auxílio a Jovens Pesquisadores.

O artigo Niobium enhances electrocatalytic Pd activity in alkaline direct glycerol fuel cells pode ser acessado em https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/celc.201901254. Agência Fapesp

A verdade por trás da proposta da ANEEL

No dia 22 de janeiro de 2019 a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, por unanimidade, deliberou pela abertura de Audiência Pública (AP) com o objetivo de colher subsídios e informações adicionais para a Análise de Impacto Regulatório - AIR para o aprimoramento das regras aplicáveis à micro e minigeração distribuída (Resolução Normativa nº 482/2012).

Desde então, foram realizadas algumas consultas e audiências públicas para que os setores envolvidos, especialistas e sociedade expusessem suas considerações adicionais que, sob seus pontos de vista, deveriam ser incluídas na AIR. As audiências públicas, encontram-se disponíveis no canal da ANEEL no YouTube, desta forma, qualquer cidadão poderá conferir o que já foi dito publicamente em algumas audiências.

Nessa reta final estamos vendo uma discussão bastante acalorada na mídia impressa e digital, redes sociais e profissionais onde um lado acusa o outro de “Fake News”. Desta forma, este artigo propõe apresentar uma visão técnica sobre o assunto de forma que a desmistificar o que é Fake ou Fato nesta discussão.

Pela complexidade do assunto, não se pretende esgota-lo, contudo, poderá ser utilizado como referência para os interessados que desejam formar uma opinião baseada em um levantamento de conceitos e conteúdos sobre o assunto, colhidos em bibliografia especializada, bem como a análise de alguns artigos contidos em revistas técnicas e acadêmicas. Portanto, vamos focar em pontos de divergência, incoerências e equívocos apresentados nas consultas e audiências públicas que estão provocando este debate.

1. Do que trata a Resolução Normativa 482/12 que a ANEEL quer alterar?

A ANEEL, em gestão anterior, publicou a Resolução Normativa nº 482 de 17 de abril de 2012, a qual estabeleceu as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia elétrica - SCEE, e dá outras providências. Como o próprio escopo da resolução diz, ela não trata apenas de um tipo de energia, mas trata de sistemas de micro e mini geração que pretendem se conectar ao sistema de distribuição de energia elétrica. Dentre eles, estão fontes de energia hidráulica, solar, eólica, biomassa, biogás (biodigestores) ou cogeração qualificada.

A gestão seguinte da ANEEL decidiu então aprimorar a resolução normativa através da publicação da Resolução Normativa nº 687 de 24 de novembro de 2015. O seu próprio escopo diz que objetivo da resolução foi alterar a Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012, e os Módulos 1 e 3 dos Procedimentos de Distribuição – PRODIST. Dentre as alterações podemos citar: a validade dos créditos de energia passariam de 36 para 60 meses (5 anos); diminuição da burocracia e tempo para conexão à rede; a criação da geração compartilhada, múltiplas unidades consumidoras, geração remota e divisão de créditos (consórcio, cooperativa, condomínio).

Em 2018 a gestão atual da ANEEL promoveu a Consulta Pública nº 10/2018, a qual recebeu contribuições da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica – ABRADEE, da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica – ABSOLAR, dentre outros.

A primeira desmistificação já pode ser feita aqui. Estas resoluções normativas tratam de mini e microgeração distribuída, o que difere completamente de geração centralizada ou de uma única fonte de energia. Provavelmente o equívoco em acreditar que se trata de uma resolução para energia fotovoltaica seja o forte engajamento da ABSOLAR e seus associados na defesa da micro e minigeração distribuída, porém este é o papel de qualquer associação: defender os interesses de seus associados. Assim como é legítimo a ABRADEE defender os interesses de seus associados.

2. As resoluções normativas 482 e 687 concedem algum privilégio para a energia fotovoltaica?

A geração distribuída, como o próprio nome diz, é a geração de energia feita em diversos locais, através de sistemas de geração que ficam próximos ou até mesmo na própria unidade consumidora (casas, empresas e indústrias) e que são ligados a rede de distribuição de energia elétrica.

A geração centralizada é quando as grandes usinas geradoras é que produzem a energia e a envia aos consumidores através das redes de transmissão e distribuição, chegando até eles pelas distribuidoras locais.

A geração centralizada e distribuída podem ser originadas de fontes renováveis e não renováveis, então vamos exemplificar na Figura 1 a diferença entre o que é geração centralizada e distribuída para uma mesma fonte de energia renovável. A Figura 1a (à esquerda) apresenta o Parque Solar Nova Olinda de 475 MW. Trata-se de um exemplo de geração centralizada. A usina está localizada no município de Ribeira do Piauí, a 377 quilômetros de Teresina, na microrregião do Alto Médio Canindé. A Figura 1b (à direita) apresenta algumas das unidades habitacionais em Goiás com energia solar fotovoltaica. Tratam-se de exemplos de geração distribuída.

Figura 1 – Sistemas Fotovoltaicos: (a) exemplo de geração centralizada e; (b) exemplo de microgeração distribuída.

A resolução normativa vigente define como microgeração as centrais geradoras de energia elétrica, com potência instalada menor ou igual a 75 kW e que utilize cogeração qualificada ou fontes renováveis de energia elétrica. Também define como minigeração distribuída as centrais geradoras de energia elétrica, com potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 3 MW para fontes hídricas ou menor ou igual a 5 MW para cogeração qualificada. Acima disso já não se trata mais de micro ou minigeração.

Por estar fora do escopo das resoluções normativas 482 e 687, o Parque Solar Nova Olinda comercializará aproximadamente 80% de sua produção para distribuidoras do mercado regulado e 20% será comercializado no mercado livre de energia regulado pela CCEE.

Já a micro e minigeração não pode comercializar a energia produzida. A energia injetada na rede deve ser cedida, por meio de empréstimo, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica.

Desta forma, o que se pretende alterar são as regras que regulam os menores sistemas de geração, ou seja, aqueles que produzem sua própria energia com o único objetivo de reduzir sua conta de energia elétrica, visto que o escopo das resoluções 482 e 687 não permite a venda de energia elétrica.

Portanto, é FAKE que existem privilégios para quem gera a própria energia, visto que o consumidor com geração distribuída (seja por fonte hídrica, eólica, solar, biogás, combustível, etc) continua pagando pela energia que consome a partir do sistema de distribuição, pela tarifa mínima ou demanda, bandeiras tarifárias, iluminação pública, taxa de uso do sistema de distribuição TUSD e todos os demais encargos que os demais consumidores de mesmo porte são obrigados a pagar.

3. Existe Subsídio para Micro e Minigeração Distribuída?

Ao longo de todas as discussões, consultas e audiências públicas, a ANEEL, ABRADEE e seus associados afirmam existir um subsídio para a micro e minigeração distribuída, porém, apresentam esse subsídio como se existisse um custo para os consumidores que não possuem geração distribuída. Se esse custo existisse não faria sentido as distribuidoras praticarem a estratégia de alocação de perdas em redes de distribuição de energia elétrica com geradores distribuídos por décadas e até os dias atuais. Falaremos sobre essa estratégia com mais detalhes no próximo tópico. Ademais, a geração centralizada, esta sim goza de subsídios. Desta forma, ao não diferenciar a geração centralizada da geração distribuída é possível que se crie uma confusão de entendimentos.

De onde terá vindo esta ideia de que existem subsídios então? Talvez um pouco de história explique.

Na Alemanha, A Lei Energy Feed-in de 1991 obrigava os fornecedores de energia a aceitar energia de pequenas centrais renováveis (eólica, fotovoltaica, etc.). O subsídio de 17 Pfennigs (algo como o centavo na Alemanha) por kWh não foi suficiente para uma operação econômica de usinas fotovoltaicas. Por esse motivo, os ambientalistas exigiram um subsídio mais alto para a energia fotovoltaica.

Um papel fundamental foi desempenhado pela Associação de Promoção da Energia Fotovoltaica de Aachen. Essa associação conseguiu que, em 1995, fosse introduzido o subsídio de cobertura de custos a uma taxa de 2 DM (marco alemão) por kWh para a energia fotovoltaica, que ficou conhecida como Modelo de Aachen.

No entanto, aqui no Brasil o modelo não é o Energy Feed-in e sim o Net Metering, o qual não remunera ninguém em dinheiro e não obriga a distribuidora a pagar pela energia injetada. Por exemplo, se uma residência injeta energia na rede, essa energia será consumida imediatamente pelos seus vizinhos, reduzindo assim as perdas elétricas e os custos de transmissão e distribuição. A distribuidora, entretanto, irá cobrar o valor cheio da energia elétrica dos vizinhos, como se os custos e as perdas existissem nesse exemplo.

Além disso, o consumidor que instala um sistema de micro ou minigeração não recebe nada de graça, o mesmo deve custear a aquisição do sistema de geração como qualquer outro bem de consumo. Portanto, é FAKE que existem subsídios para a micro e minigeração distribuída.

Uma exceção a este FATO está vindo justamente por parte de distribuidoras e/ou empresas do mesmo grupo econômico das distribuidoras, as quais estão ofertando sistemas de geração distribuída subsidiados com dinheiro do Programa de Eficiência Energética – PEE da ANEEL. Subsidiados como? O consumidor paga pela aquisição do seu sistema de geração distribuída, por um preço bem abaixo do valor de mercado e a outra parte do valor é paga com dinheiro do PEE. O fundo de eficiência energética da ANEEL é um dos maiores fundos de eficiência energética do Brasil e construído com dinheiro de todos os consumidores, com ou sem GD. Aquele mesmo que antes era utilizado para trocar geladeiras e lâmpadas velhas e menos eficientes. Isto sim pode ser considerado um exemplo de subsídio, onde todos os consumidores pagam para manter este fundo e este dinheiro está sendo utilizado para alavancar as empresas de geração distribuída do mesmo grupo econômico das distribuidoras. O que reforça a importância da geração distribuída para todos. Não faremos juízo de valor se esta prática está certa ou errada, apenas é a constatação de um FATO.

4. A geração distribuída reduz perdas e custos de transmissão e distribuição?

Sim, é FATO que a geração distribuída reduz as perdas técnicas em redes elétricas tanto para transmissão quanto para distribuição. Inclusive a estratégia de alocação de perdas com geradores distribuídos é antiga no setor elétrico.

Algumas distribuidoras de energia elétrica chegam a usar geradores à diesel para usufruir dos benefícios da estratégia de alocação de perdas. Isto se deve ao fato de que a presença de pequenos geradores próximos às cargas pode proporcionar diversos benefícios para o sistema elétrico e concessionárias, entre os quais se destacam:
  • A postergação de investimentos em expansão dos sistemas de transmissão e distribuição; 
  • Se utilizadas fontes renováveis, têm-se o baixo impacto ambiental; 
  • A melhoria do nível de tensão da rede nos períodos de demanda elevada; 
  • O aumento da eficiência energética da fonte pela redução das perdas de produção e transmissão de eletricidade; 
  • A diversificação da matriz energética, e; 
  • O favorecimento à criação de novos modelos de negócios aplicáveis ao setor elétrico. 
O sistema elétrico de potência é dividido em geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. A energia medida pelas distribuidoras nas unidades consumidoras será sempre inferior à energia recebida dos agentes supridores (transmissoras, geradores ou outras distribuidoras). Isto acontece porque existem perdas, as quais são classificadas da seguinte forma:

I. Perdas na Rede Básica (ou Transmissão): são aquelas que ocorrem entre a geração de energia elétrica nas usinas até o limite dos sistemas de distribuição. São apuradas mensalmente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, conforme dados de medição de geração e a energia entregue às redes de distribuição. A diferença entre elas resulta no valor de Perdas na Rede Básica e seu custo é rateado em 50% para geração e 50% para o consumo.

II. Perdas na Rede de Distribuição: aquelas que ocorrem dentro do próprio sistema de distribuição e podem ser divididas em duas categorias, conforme sua causa:

a) Perdas Técnicas: inerentes ao transporte da energia elétrica na rede, relacionadas à transformação de energia elétrica em energia térmica nos condutores (efeito joule), perdas nos núcleos dos transformadores, perdas dielétricas, etc. Podem ser entendidas como o consumo dos equipamentos responsáveis pela distribuição de energia;

b) Perdas Não Técnicas: correspondem à diferença entre as perdas totais e as perdas técnicas, considerando, portanto, todas as demais perdas associadas à distribuição de energia elétrica, tais como furtos de energia, erros de medição, erros no processo de faturamento, unidades consumidoras sem equipamento de medição, etc. Esse tipo de perda está diretamente associado à gestão comercial da distribuidora.

As perdas técnicas de cada distribuidora são calculadas na revisão tarifária periódica, conforme as regras definidas no Módulo 7 do PRODIST. Portanto, quando são aplicados os reajustes na sua conta de energia elétrica, você está pagando pelas perdas técnicas da distribuidora.

Quanto às perdas não técnicas, cabe à ANEEL definir qual a parcela de perdas não técnicas de energia que poderá ser repassada à tarifa. Novamente, este outro custo também é pago pelos consumidores regulares.

A ANEEL disponibiliza em seu site uma Tabela de Perdas de Energia Elétrica. A Figura 2 apresenta o início desta tabela, com os valores de perdas regulatórias estabelecidas para as distribuidoras X e Y entre os anos de 2010 a 2014.

Figura 2 – Perdas elétricas percentuais regulatórios e reais. Fonte: ANEEL.

Nesta tabela podemos observar distribuidoras com baixas perdas de energia (técnicas e não técnicas) ao longo dos anos. Porém, também é possível observar distribuidoras com incríveis perdas de energia acima de 65%.

Portanto, é FATO que a geração distribuída aumenta a eficiência da rede de distribuição através da redução das perdas de produção, transmissão e distribuição de eletricidade.

5. Quais foram as premissas da ANEEL?

A ANEEL afirmou que o objetivo da revisão da resolução é trazer o equilíbrio entre os usuários da rede de distribuição com e sem geração distribuída. Porém, todos os cenários propostos pela ANEEL levam ao aumento médio das tarifas de energia elétrica para todos os usuários.

Segundo a ANEEL, a sua lógica para fazer sua análise e chegar nesse equilíbrio seria calcular os custos e benefícios. Segundo a ANEEL existe uma transferência de custos para os consumidores que não possuem geração distribuída e esses custos devem ser reduzidos. Desta forma, tornar o modelo equilibrado e garantir que não haja transferência de custos para os demais consumidores.

Quando se espera uma explicação plausível para os supostos subsídios, surge um slide da ANEEL (Figura 3) onde é apresentada a composição dos custos e benefícios. O custo apresentado não são os supostos subsídios e sim a redução de mercado das distribuidoras (confira no vídeo da Audiência Pública essa afirmação a partir dos 18min:44seg).

Figura 3 – Slide utilizado pela ANEEL durante as audiências públicas para explicar o que foi considerado para calcular os custos e benefícios da geração distribuída. Fonte: ANEEL.

Os benefícios quantificados foram: a energia que deveria ter sido gerada na geração centralizada e foi evitada através da geração distribuída, a redução das perdas na distribuição e na transmissão, e por fim, a postergação de investimentos em capacidade de geração futura. A redução na emissão de CO2 e a geração de empregos foram chamadas de “externalidades” e não foram considerados na AIR. 

Este slide da própria ANEEL reforça o FATO de que o problema não é um suposto subsídio na geração distribuída. Pelo contrário, olhares atentos perceberão que, para a ANEEL, o problema está na redução de mercado das empresas de distribuição e que esta redução tem um peso muito maior do que todos os demais benefícios proporcionados pela geração distribuída.

Mas será que essa redução de mercado foi quantificada e considerada mesmo? Uma pesquisa rápida na internet revelará que muitas distribuidoras estão batendo recordes de lucro ano após ano. Algumas utilizando-se deste lucro para criar suas próprias empresas de geração distribuída.

Pelo que se pode observar através da apresentação da própria ANEEL, é FAKE que existe uma transferência de custos para os consumidores que não possuem geração distribuída. É FAKE que o objetivo é reduzir esses custos. É FAKE que a alteração da resolução pretende tornar o modelo equilibrado e garantir que não haja transferência de custos para os demais consumidores.

6. O usuário da rede com geração distribuída deixa de pagar o uso do fio da distribuidora?

Esse é um ponto de bastante discussão. O usuário da rede de distribuição que possui geração distribuída continua pagando por:
  • Toda a energia que consome a partir do sistema de distribuição, após descontada a energia que ele injetou na rede. 
  • Se o consumidor for pertencente ao grupo B, ele continuará pagando a tarifa mínima, o que significa que mesmo que ele gere toda a sua energia e não consuma nada a partir da rede elétrica ele irá pagar por 30 kWh/mês se possuir instalação monofásica, 50 kWh/mês se possuir instalação bifásica e 100 kWh/mês se possuir instalação trifásica. Além disso, o tamanho do sistema é limitado pela carga instalada no local; 
  • Se o consumidor for pertencente ao grupo A, ele continuará pagando pela demanda. Inclusive é bastante comum os consumidores do grupo A necessitarem contratar uma demanda maior apenas para conseguir instalar um sistema de geração maior, pois o tamanho do sistema é limitado pela demanda contratada no local. Este consumidor do grupo A terá desconto apenas na TE (tarifa de energia) e continuará pagando pela TUST/TUSD. Além disso, mesmo se tratando de empréstimo de energia, a grande maioria destes consumidores pagam pelo ICMS. Apenas alguns estados isentam o ICMS da energia injetada na rede; 
  • Bandeiras tarifárias; 
  • Taxa de iluminação pública. 

Os itens 2 e 3 tratam exatamente de remuneração pelo uso da rede de distribuição. No entanto, o consumidor que gera a sua própria energia não é remunerado:
  • Quando falta energia da distribuidora e o seu sistema de geração deve ser desligado, deixando de gerar energia; 
  • Pela redução das perdas de transmissão e distribuição; 
  • Pela energia injetada que é cobrada do vizinho e que a distribuidora irá faturar como se essa energia tivesse sido gerada à quilômetros de distância, cobrando custos de transmissão e distribuição que não existiram; 
  • Pelo que deixou de gerar por culpa de descumprimentos de prazos e erros grosseiros das distribuidoras durante as consultas de acesso, solicitação de acesso e solicitação de vistoria; 
  • Pelos erros de medição dos leituristas. 

Vamos ver o que acontece na prática com um consumidor que conseguiu gerar toda a energia que consumiu? A Figura 4 mostra a composição da fatura de energia elétrica de março de 2017 de um consumidor com geração distribuída e o valor total a pagar. Trata-se de um cliente do grupo B, portanto, deve pagar o custo de disponibilidade (também conhecida como taxa mínima), bandeiras tarifárias e contribuição de iluminação pública (CIP). Como trata-se de um cliente com ligação trifásica, o custo de disponibilidade a ser pago é referente ao custo de 100 kWh + impostos, o que equivalia a R$ 63,37 à época. Este valor somado aos valores de bandeira e iluminação resulta em R$ 100,67 (R$ 63,37 + R$ 2,14 + R$ 35,16 = R$ 100,67). 

Figura 4 – Trechos do demonstrativo de faturamento de um consumidor que gerou toda a energia consumida.

No entanto, chama a atenção o FATO que mesmo pagando o custo de disponibilidade referente à 100 kWh, ainda assim este consumidor teve descontado 902 kWh de sua geração e não 802 kWh + 100 kWh. Desta forma, não é nenhum exagero afirmar que esta distribuidora recebeu duas vezes por 100 kWh deste consumidor.

A Figura 5 mostra como as distribuidoras praticam o faturamento de 100 kWh em duplicidade. Ao cobrar 100 kWh de custo de disponibilidade e abater 902 kWh dos créditos de energia gerados pela unidade consumidora, a distribuidora fatura na prática 1.002 kWh do consumidor com geração distribuída, mesmo ele tendo consumido efetivamente da rede elétrica 902 kWh.

Figura 5 – As distribuidoras aplicam o faturamento de 100 kWh em duplicidade.


Se o cliente consumiu efetivamente da rede elétrica 902 kWh, é racional que primeiro fosse descontado o custo de disponibilidade de 100 kWh e posteriormente 802 kWh, de modo que o resultado seja os 902 kWh.

Portanto, é FAKE que o usuário da rede com geração distribuída deixa de pagar o uso do fio da distribuidora. O consumidor com geração distribuída paga pelo uso da rede e o faz em duplicidade.

7. Todos os usuários da rede com geração distribuída não tem nenhum custo com melhorias na rede?

Existem condições específicas que definem quando o consumidor deve ou não deve pagar algum custo de melhoria ou reforço na rede. A resolução normativa 687 estabelece que:
  • Os custos de eventuais melhorias ou reforços no sistema de distribuição em função exclusivamente da conexão de microgeração distribuída não devem fazer parte do cálculo da participação financeira do consumidor, sendo integralmente arcados pela distribuidora, exceto para o caso de geração compartilhada. 
  • Os custos de eventuais melhorias ou reforços no sistema de distribuição em função exclusivamente da conexão de minigeração distribuída devem fazer parte do cálculo da participação financeira do consumidor. 
Então, primeiramente deve-se identificar se o custo trata-se de melhoria ou reforço no sistema de distribuição. Depois, identificar se trata-se de uma micro ou minigeração. A microgeração representa os menores sistemas possíveis (até 75 kW), então, por se tratar de sistemas pequenos os custos de melhorias e reforços são arcados pelas distribuidoras. A microgeração representa apenas 1,5% da faixa de potência disponibilizada para geração distribuída. Ainda assim não é muito raro que clientes reclamem da cobrança indevida de melhorias e reforços na rede mesmo quando trata-se de uma microgeração.

No entanto, se tratando de sistemas acima de 75 kW até 5 MW (98,5% da faixa de potência), o consumidor que desejar se conectar ao sistema de distribuição é obrigado a arcar com todos os custos de melhoria e reforços no sistema de distribuição. É neste ponto que são eliminados ou postergados os investimentos no sistema de distribuição.

Portanto, é FAKE que todos os usuários da rede com geração distribuída não tem nenhum custo com melhorias na rede. É FATO que a microgeração não deve arcar com os custos de melhoria ou reforços da rede e é FATO que a minigeração deve arcar com estes custos.

8. Conclusão

A sociedade está se movimentando em mídias digitais, redes sociais e buscando o apoio da classe política não para a obtenção de privilégios, mas para garantir a manutenção das regras atuais da geração distribuída no Brasil, estabelecidas pela Resolução Normativa Nº 482 da ANEEL.

Segundo dados da ABSOLAR, caso as regras vigentes sejam alteradas, o Governo Federal e os Governos Estaduais vão perder mais de R$ 25 bilhões em arrecadação até 2027 e deixarão de abrir mais de 672 mil novos empregos apenas nos segmentos de micro e minigeração distribuída solar fotovoltaica até 2035. Se considerarmos os demais segmentos, como biogás, pequenas eólicas, pequenas centrais hidroelétricas (PCH’s), dentre outros, este número se torna bem mais significativo. Ademais, certamente teremos o fechamento de várias micro e pequenas empresas de um setor que felizmente se mantém aquecido e gerando empregos mesmo em tempos de crise econômica.

Por falar em crise econômica, não faz muito tempo que tivemos apagões no setor elétrico. Curiosamente, durante uma das audiências públicas em março de 2019 foi registrado um apagão no Estado de Roraima. E quando nossa economia voltar a crescer, de onde virá a energia elétrica necessária? De caras termoelétricas que precisarão ser construídas, queimando carvão vegetal e aumentando os custos de geração de energia para todos?

Além disso, a insegurança jurídica causada por uma eventual mudança de regras no meio do jogo, como a que está sendo planejada com a mudança da resolução normativa 482, já está impactando negativamente o desenvolvimento do setor, com risco de atrasar ainda mais a entrada efetiva do Brasil em um mercado mundial de 200 bilhões de dólares anuais das energias renováveis.

Muitos outros aspectos da micro e minigeração distribuída que pesam em seu favor poderiam ser abordados neste artigo, porém, para não estender bastante o assunto e não tornar a sua leitura uma tarefa exaustiva, pontuamos apenas os tópicos mais polêmicos e os argumentos que careciam de fundamentação técnica.