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A diferença entre lixo, resíduo e rejeito e como é feito o seu gerenciamento


Saber a diferença entre lixo, rejeito e resíduo proporciona uma gestão eficiente e de qualidade. O lixo é tudo aquilo que não se quer mais e joga fora. Já o resíduo é aquilo que não serve para você, mas para outros pode se tornar matéria-prima de um novo produto ou processo. O rejeito é um tipo específico de resíduo, onde foram esgotados todas as possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem. Neste artigo vamos entender melhor qual é esta diferença. Confira!

Lixo, resíduo e rejeito são palavras normalmente usadas como sinônimos. Porém existem diferenças entre elas. Saber diferenciar três simples palavras pode mudar a visão que do seu empreendimento sobre o que sobra dos processos e atividades organizacionais.

Você pode estar jogando dinheiro fora se não souber a diferença entre lixo, rejeito e resíduo. No mercado, há fornecedores e compradores dos mais diversos tipos de materiais, e aquele seu coproduto, pode ser muito valioso para outra organização.

Veja abaixo o que abordaremos neste artigo: diferença entre lixo, resíduo e rejeito para onde destinar corretamente o lixo, rejeito e resíduo qual é a situação do Brasil nos dias atuais em relação aos resíduos e rejeitos.


Qual a diferença entre lixo, resíduo e rejeito?

Saber a diferença entre os termos proporciona uma gestão eficiente e de qualidade,

Vamos, então, às explicações sobre as diferença entre lixo, resíduo e rejeito.


O que é lixo?

A palavra lixo vem do latim lix que significa “cinza”. De acordo com o dicionário, lixo significa tudo àquilo que não se quer mais e se joga fora, sendo consideradas coisas inúteis, velhas e sem valor.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define o lixo como os restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis, podendo se apresentar no estado sólido e líquido, desde que não seja passível de tratamento.

O termo lixo no âmbito técnico não é utilizado e com todo conhecimento e tecnologia disponíveis hoje, grande parte do que é gerada em processos produtivos e afins pode ser de alguma forma reaproveitada ou reciclada, sendo considerado como resíduo e, quando isso não é possível, considera-se como rejeito.


O que é resíduo?


A definição de lixo tem haver com tudo aquilo que não apresenta nenhuma serventia para quem o descarta. Por outro lado, o que não serve para você pode se tornar para o outro, matéria-prima de um novo produto ou processo, ou seja, resíduo sólido.

Resíduo então é tudo aquilo que pode ser reutilizado e reciclado e, para isto, este material precisa ser separado por tipo, o que permite a sua destinação para outros fins. Podem ser encontrados nas formas sólida (resíduos sólidos), líquida (efluentes) e gasosa (gases e vapores).

Segundo a ABNT, NBR 10.004:2004, resíduos sólidos são aqueles que “resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções, técnica e economicamente, inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.”

Os resíduos são complexos e diversos e, para efeitos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), são classificados quanto:

**I - quanto à origem: **
  • resíduos domiciliares: originados de atividades domésticas em residências urbanas;
  • resíduos de limpeza urbana: originados da varrição, limpeza de logradouros e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;
  • resíduos sólidos urbanos: resíduos domiciliares e de limpeza urbana;
  • resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados nessas atividades. Não incluem nessa categoria os resíduos de limpeza urbana, os de serviço de saneamento básico, os de saúde, construção civil e de transporte;
  • resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas atividades, exceto os sólidos urbanos;
  • resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;
  • resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama e do SNVS;
  • resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis;
  • resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;
  • resíduos de serviços de transportes: originados em portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;
  • resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios;

**II - quanto à periculosidade: **
  • resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;
  • resíduos não perigosos.

O que é rejeito?

O rejeito é um tipo específico de resíduo, onde quando todas as possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem já tiverem sido esgotadas e não houver solução final para o item ou parte dele e, portanto, as únicas destinações plausíveis são encaminhá-lo para um aterro sanitário licenciado ambientalmente ou incineração, que devem ser feitas de modo que não prejudique o meio ambiente.


Para onde destinar corretamente o lixo, rejeito e resíduo?

Com a tecnologia atual disponível, é possível tratar os mais diversos tipos de resíduos das mais diversas formas. As formas de destinação adequadas que ocorrem no país são:

  • Compostagem
É um tipo de destinação, que ocorre por meio de um processo controlado de decomposição microbiana que transforma matéria orgânica em adubo ou ainda ração animal, reduzindo o envio de resíduos para aterros.

Muito utilizado quando os resíduos são compostos por grande quantidade de matéria orgânica, como por exemplo, restos de alimentos.

  • Co-processamento em fornos de cimento
É um tipo de destinação por meio da queima de resíduos em fornos de cimento com temperaturas acima de 1.200 °C, para reaproveitamento de energia, em que o material é utilizado como substituto ao combustível. Ou ainda para reaproveitamento como substituto da matéria-prima, em que os resíduos a serem eliminados apresentem características similares às dos componentes normalmente empregados na produção de clínquer.

Esta alta temperatura permite a destruição de quase toda a carga orgânica.

Este método não é permitido para queima de organoclorados, resíduos urbanos, radioativos e hospitalares.

  • Reciclagem
Uma das formas de destinar corretamente os resíduos é pela reciclagem, que é o processo de transformação dos resíduos sólidos, que envolve a alteração de suas propriedades físicas, físico-químicas ou biológicas, com vistas à transformação em insumos ou novos produtos.

  • Incineração
É conhecida como uma forma de destinação adequada, sendo basicamente uma decomposição térmica dos resíduos, com o objetivo de reduzir o volume e a sua toxicidade.

Por meio da incineração, é possível obter a redução de resíduos em até 5% do volume e 15% do peso original e ainda é possível recuperar a energia contida nos resíduos.

Por outro lado, o investimento é elevado, já que possui um alto custo de operação e manutenção, além de mão de obra especializada.

Para conhecer mais sobre tipos de tratamento de resíduos, leia o estudo sobre o setor no site da ABETRE.

Agora veja algumas formas de disposição final:

  • Aterro comum ou lixão
É uma forma de disposição final inadequada dos resíduos sólidos, visto que se caracteriza pela disposição de resíduos sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública.

Apesar de ainda existirem muitos lixões em todo país, esta forma de dispor não é recomendada.

  • Aterro controlado
É o aterro comum, porém com pequenas adaptações. O solo não é protegido contra a decomposição dos resíduos e não há controle dos gases, faz-se apenas um recobrimento dos resíduos com material inerte diariamente. Esta forma de disposição final também é considerada inadequada.

  • Aterro Sanitário
É a principal forma de disposição final adequada existente hoje, visto que é uma técnica que não causa danos ou riscos à saúde pública e à segurança.

É uma solução economicamente viável e que causa menos impactos ao meio ambiente, porém possui vida útil de curta duração, exige grandes extensões de terra e controle e manutenção constantes.

Os aterros sanitários recebem resíduos de classe II A e II B, não inertes e inertes, respectivamente. Os resíduos perigosos, classe I, são encaminhados para aterros industriais, que possuem formas de disposição final mais específicas devido as características dessa classe de resíduos.


Qual é a situação do Brasil nos dias atuais em relação aos resíduos e rejeitos?

Mais de 80% do material que vai para aterros poderia ter outra destinação, como por exemplo, a reciclagem e a compostagem. Isso quer dizer que a maior parte daquele material que convencionamos chamar de “lixo”, na verdade poderia ter outros usos, transformando um passivo ambiental em geração de receita, reciclando e reaproveitando itens.

Mesmo com a Política Nacional de Resíduos sólidos em vigência desde 2010, com prazo para aplicação vencido em 2014, a situação do destino dos resíduos no Brasil pouco mudou. Cerca de 40% de todo resíduo gerado no país ainda é depositado em locais considerados inadequados, como lixões e aterros controlados. Ainda no ano de 2014, 1.559 municípios brasileiros tinham lixões.


E como reverter essa situação?

Um caminho para a solução dos problemas relacionados com os resíduos é apontado pelo Princípio dos 5 R’s. São nada mais do que a adoção de atitudes práticas no dia a dia para termos um mundo mais sustentável. Vejamos o que significa cada R:

1º Repensar

A responsabilidade ambiental nos faz refletir sobre os nossos hábitos de consumo. Isso não é muito diferente dentro de uma empresa que busca alcançar a sustentabilidade ambiental.

A ação repensar busca a reflexão sobre os processos socioambientais de produção, desde a aquisição da matéria prima, passando pelos processos e condições de trabalho (ou seja, modo de produzir), pela distribuição dos produtos, até o descarte dos resíduos. É necessário, também, repensar como o seu cliente descartará o produto no fim de seu ciclo de vida.

2º Recusar

Recusar na política dos 5R’s consiste na etapa de não aceitar produtos ou tratamento de resíduos que tenham um significativo impacto ambiental. A empresa deve dá preferência por adquirir produtos e serviços que não agridam o meio ambiente.

O ato de recusar incentiva os fornecedores a buscar tecnologia que melhore seus processos, tornando-os menos agressivos ao meio ambiente.

3º Reduzir

Quando reduzimos o consumo, consequentemente, reduzimos a geração de resíduos. O ponto chave ao reduzir os resíduos é identificar nas etapas do processo de fabricação os pontos de desperdício ou melhorias que aumente a eficiência.

Outro meio de reduzir é comprar somente aquilo que é necessário, verificando seu estoque e necessidade.

4º Reutilizar

A ação de reutilizar na política dos 5Rs permite a empresa diminuir seus custos de aquisição e de destinação, uma vez que não será necessário adquirir a matéria prima para fabricação ou pagar pelo tratamento e disposição em aterros sanitários.

Contribui para o desenvolvimento tecnológico, uma vez que será desenvolvido meios de reaproveitar essas sobras sem diminuir a qualidade dos produtos.

5º Reciclar

Na política dos 5 R’s o ato de reciclar deve ser o último procedimento adotado pelas empresas. O importante é diminuir o máximo de resíduos gerados.


Onde minha empresa se encaixa nesse cenário?

Com o agravamento da atual crise econômica, problemas relacionados à má gestão de resíduos acarretam em aumento da poluição, riscos de saúde pública e aumento nos gastos públicos de saneamento básico.

Mesmo diante deste cenário, o mercado é exigente frente às obrigações legais que precisam ser cumpridas e o empresário, que quer ter um diferencial competitivo para conseguir fornecer para grandes organizações, precisa reduzir custos, criar novas oportunidades e evitar problemas como multas e perda de clientes, além de está em dia com a legislação ambiental vigente e buscar métodos eficazes para uma correta e adequada gestão de resíduos.

As ações de preservação ou de redução dos resíduos e rejeitos, bem como os demais impactos ao meio ambiente devem ser realizadas com uma política sustentável de modo que não prejudiquem o crescimento econômico da empresa e possam impulsionar sua competitividade frente ao mercado atual.

A implantação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) vinculado à certificação ambiental favorece não apenas um ambiente mais sustentável, mas também as empresas certificadas, os fornecedores, os clientes e os órgãos ambientais, ou seja, todas as partes interessadas se beneficiam de um sistema como esse.

E para colocar um sistema de gestão ambiental nas empresas, utiliza-se a norma internacional ISO 14001, que foi projetada para ajudar na adequação de responsabilidades ambientais aos seus processos internos e dar continuidade ao crescimento das empresas, mantendo-as bem-sucedidas comercialmente.


O que é ISO 14001?

Esta norma é baseada no ciclo PDCA do inglês “plan-do-check-act” - planejar, fazer, checar e agir - e utiliza terminologia e linguagem de gestão conhecida, apresentando uma série de benefícios para a organização.

A estrutura de um sistema como este permite realizar uma correta e adequada gestão dos resíduos gerados nos processos, atendendo às expectativas de responsabilidades corporativas cada vez mais elevadas dos clientes, assim como aos requisitos legais ou regulamentares.

No Brasil, esta norma é conhecida como NBR ISO 14001 e, recentemente, teve sua versão atualizada, e a ABNT disponibilizou um arquivo sobre a nova versão, intitulado como Introdução à ISO 14001 2015 pdf.

A norma evoluiu ao longo dos anos para atender as necessidades do mercado, veja a evolução até a última lançada NBR ISO 14001:2015:

1996 – Primeira versão da norma, com o objetivo de definir critérios para implantação do Sistema de Gestão Ambiental e gerenciamento dos impactos ambientais das atividades das organizações;

2004 – Revisão e atualização de conceitos e definições. O grande destaque dessa versão é o conceito de desempenho ambiental.

2015 – A nova versão da ISO 14001 2015, publicada em setembro de 2015, tem como destaques: o alinhamento da Gestão Ambiental à estratégia da empresa, a gestão de riscos e a busca pela maior compatibilidade com as demais normas ISO.

Empresas certificadas ISO 14001 atendem as suas necessidades socioeconômicas em equilíbrio com a proteção do meio ambiente, veja quais são os objetivos dessa norma:

proteger o meio ambiente com a prevenção ou mitigação dos impactos ambientais adversos; mitigar os potenciais efeitos adversos das condições ambientais na organização; auxiliar a organização no atendimento aos requisitos legais e outros requisitos; aumentar o desempenho ambiental; controlar ou influenciar o modo que os produtos e serviços da organização são projetados, fabricados, distribuídos, consumidos e descartados, utilizando uma perspectiva de ciclo de vida que possa prevenir o deslocamento involuntário dos impactos ambientais dentro do ciclo de vida; alcançar benefícios financeiros e operacionais que resultem na implementação de alternativas ambientais que reforçam a posição da organização no mercado; comunicar as informações ambientais para as partes interessadas pertinentes, conhecidos como steakholders.



O que é tratamento de resíduos sólidos? Como a Política Nacional de Resíduos Sólidos trata esse assunto? Quais são as formas de tratamento? Como se tornar um especialista na área e se destacar no mercado?

Resíduos sólidos, um dos maiores problemas enfrentados na atualidade. A falta de conscientização e a escassez de profissionais especializados intensifica a problemática. A consequência do inadequado tratamento dos resíduos traz a deterioração da qualidade das águas e dos solos. Por outro lado, para os profissionais que têm a visão holística do segmento, o mercado é promissor e está cada vez mais aquecido, o que soa como música para os especialistas em tratamento de resíduos sólidos.

A busca por soluções na área dos resíduos é crescente. Se gerenciado de forma adequada, os resíduos adquirem valor comercial, desta forma podem ser introduzidos no mercado como matéria-prima para geração de novos produtos. Além disso, trará resultados satisfatórios no âmbito social, ambiental e econômico.

“Você tem o que é preciso para mudar essa realidade, mesmo que esteja começando”

Você se imagina atuando no mercado de resíduos sólidos? Se esse assunto lhe chama a atenção, conheça um pouco mais sobre o mercado de resíduos sólidos.


O que é Tratamento de Resíduos Sólidos?

Consiste em um conjunto de métodos, operações e uso de tecnologias apropriadas, aplicáveis aos resíduos, desde sua produção até o destino final, com o objetivo de mitigar o impacto negativo sobre a saúde humana e o meio ambiente e transformá-los em um fator de geração de renda como a produção de matéria prima secundária. Dessa forma podemos denominar de tratamento de resíduos as várias tecnologias existentes.


Como a Política Nacional de Resíduos Sólidos trata esse assunto?

De acordo com o Art. 9° da Lei 12.305/2010, o Tratamento de Resíduos Sólidos tem a quinta prioridade na gestão e gerenciamento de resíduos a ser aplicada no Brasil. Veja:

“Lei 12.305/2010 Art. 9 Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

1° Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental.

2° A Política Nacional de Resíduos Sólidos e as Políticas de Resíduos Sólidos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios serão compatíveis com o disposto no caput e no § 1o deste artigo e com as demais diretrizes estabelecidas nesta Lei. “

Quais são as formas de tratamento?

Para aprofundar um pouco mais sobre o assunto podemos separar as formas de tratamento de resíduos em 3 grupos: Tratamento Mecânico, Tratamento Bioquímico, Tratamento Térmico. Aprofunde um pouco mais sua visão, veja:

Tratamento Mecânico

No tratamento mecânico são realizados processos físicos geralmente no intuito de separar (usinas de triagem) ou alterar (reciclagem) o tamanho físico dos resíduos. Neste processo não ocorrem reações químicas entre os componentes como nos muitos casos do tratamento térmico.

Os maiores exemplos de tratamento mecânico de resíduos são encontrados no setor de reciclagem. Muitas vezes, o processo de reciclagem de produtos são divididas em várias etapas que agem de maneira interdependente. Em alguns casos como na reciclagem de resíduos eletrônicos, os processos mecânicos costumam ser complexos.

De uma forma geral, podemos classificar as formas de tratamento mecânico de resíduos de acordo com sua finalidade. Vejamos alguns exemplos abaixo:

Diminuição do tamanho das partículas: 
  • Quebra, trituração, moinhos;
  • Aumento do tamanho das partículas: aglomeração, briquetagem, peletagem;
  • Separação da fração física: Classificação;
  • Separação pelo tipo de substância;
  • Mistura de substâncias: extrusão, compactação;
  • Separação de fases físicas: sedimentação, decantação, filtração, centrifugação, floculação;
  • Mudança de estados físicos: condensação, evaporação, sublimação.

Tratamento Bioquímico

O tratamento bioquímico ocorre através da ação de grupos de seres vivos, (em sua maioria micro-organismos como bactérias e fungos mas também organismos maiores como lesmas e minhocas), que ao se alimentarem dos resíduos, quebram suas moléculas grandes transformando-as em uma mistura de substâncias e moléculas menores. Dependendo de alguns fatores como por exemplo a temperatura, pressão e acidez dessa mistura de substâncias (moléculas), as substâncias resultantes desse processo podem reagir entre si quimicamente, caracterizando assim o processo bioquímico.

Em alguns casos só ocorre o processo biológico, em outros somente o químico. Isso vai depender da tecnologia e metodologia utilizada.

Os processos de tratamento bioquímico mais conhecidos são:

Biodigestão: 

Decomposição da matéria orgânica na ausência de oxigênio nos chamados Biodigestores ou Centrais de Biogás.
  • Biodigestor para resíduos sólidos orgânicos urbanos
  • Biodigestor para resíduos sólidos orgânicos rurais
  • Biodigestor para resíduos com alto teor de celulose

Compostagem: 

Decomposição da matéria orgânica na presença de oxigênio em Usinas de Compostagem.
  • Usina de compostagem de Salerno na Itália
  • Usina de Compostagem de Bremen na Alemanha

Tratamento Térmico

No tratamento térmico, os resíduos recebem uma grande quantidade de energia em forma de calor a uma temperatura mínima que varia de acordo com a tecnologia aplicada (Temperatura de reação) durante uma certa quantidade de tempo (Tempo de reação) tendo como resultado uma mudança nas suas características como por exemplo a redução de volume, devido a diversos processos físico-químicos que acontecem durante o processo.

Podemos diferenciar 5 principais processos de tratamento térmicos separados em função da temperatura de operação e o meio onde ocorre o processo. São eles:

Secagem: Retirada de umidade dos resíduos com uso de correntes de ar. Ocorre na presença do ar atmosférico e temperatura ambiente.

Pirólise: Decomposição da matéria orgânica a altas temperaturas e na ausência total ou quase total de oxigênio. As temperaturas do processo podem variar de 200 a 900°C.

Gaseificação: Transformação de matéria orgânica em uma mistura combustível de gases (gás de síntese). Na maioria dos processos não ocorre uma oxidação total da matéria orgânica em temperaturas variando entre 800 e 1600°C.

Incineração: Oxidação total da matéria orgânica com auxílio de outros combustíveis a temperaturas variando entre 850 e 1300°C

Plasma: Desintegração da matéria para a formação de gases.


Conheça algumas tecnologias para tratamento de resíduos sólidos

Comumente no Brasil, as tecnologias para tratamento de resíduos sólidos mais utilizados são: o tratamento mecânico, bioquímico e térmico. O objetivo maior das tecnologias de tratamento de resíduos é diminuir o impacto negativo no meio ambiente e para a saúde humana, além de, em alguns casos, gerar retorno financeiro para as organizações. Neste artigo você conhecerá algumas tecnologias para tratamento de resíduos sólidos.

Para cumprir com as leis vigentes e aplicáveis aos resíduos sólidos (Lei nº 12.305/10), deve-se analisar e pesquisar o melhor método para tratar seus resíduos.

Sendo a quinta prioridade no gerenciamento de resíduos, as tecnologias podem consistir em: disposição final ou tratamento intermediário, para diminuir a periculosidade dos mesmos, possibilitando a sua reutilização ou reciclagem.


O que diz a Lei 12.305/2010 sobre tratamento de resíduos?

De acordo com a Lei dos resíduos sólidos, as prioridades da gestão e gerenciamento dos resíduos tem a seguinte ordem de prioridade:
  • não geração;
  • redução;
  • reutilização;
  • tratamento;
  • disposição final.

Sendo a quinta prioridade no gerenciamento de resíduos, o tratamento utiliza tecnologias apropriadas para neutralizar a periculosidade do resíduo, possibilitando muitas vezes a reutilização e reciclagem.

A Lei 12305/2010 define que para o tratamento de resíduos sólidos:

“§ 1o Poderão ser utilizadas tecnologias visando à recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido comprovada sua viabilidade técnica e ambiental e com a implantação de programa de monitoramento de emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental.

Portanto, tendo em vista o cumprimento da Lei, o tratamento dos resíduos é uma atividade essencial para que uma empresa esteja de acordo com a legislação, além de estar construindo uma boa imagem perante os clientes e público em geral.

Caso a empresa não cumpra com a legislação, sofrerá com implicações que geram prejuízos financeiros e desgaste na imagem de seus serviços e produtos e consumidores.


Tecnologias para tratamento de resíduos sólidos

As tecnologias para tratamento de resíduos sólidos mais utilizadas pode ser separado em 3 grupos: tratamento mecânico; tratamento bioquímico; e tratamento térmico.

Geralmente todos os bens de consumo são resíduos sólidos em potencial. Tudo que é produzido pela atividade humana e consumido em residências, comércios e indústrias, após não ter mais utilidade, pode ser separado, selecionado e processado, resultando em resíduo sólido.

E esses resíduos devem ter seu tratamento ambiental correto, vejamos os tipos de tratamento: reciclagem: consiste na reintrodução dos resíduos no processo de produtos. Gera economia de energia nos processos de produção, e diminui a utilização de matéria-prima.

A reciclagem é o processo de reaproveitamento do resíduo que não serve mais para o processo, com mudanças em seus estados físico, físico-químico ou biológico, de modo a atribuir características para que se torne novamente matéria-prima ou produto;

biodigestores: consiste na decomposição da matéria orgânica na ausência de oxigênio nos Biodigestores. Esse processo tem várias tecnologias;

compostagem: realizado através de processo biológico de decomposição da matéria orgânica, o resultado final é um composto orgânico, podendo ser utilizado no solo sem ocasionar riscos ao meio ambiente.

Muito utilizado na zona rural. Mas no meio urbano, deve ser realizado uma triagem e livrar o componente orgânico de componentes tóxicos ou perigosos;

aterro sanitário: forma de disposição final dos resíduos sólidos no solo, em local estratégico e com técnicas de engenharia, seguindo normas operacionais para evitar danos à saúde público e impactos ambientais;

incineração: processo que consiste redução de peso e volume do lixo pela combustão controlada. Esse método ainda é mais utilizado para o tratamento dos resíduos hospitalares e industriais, no caso do Brasil;

Há tecnologias para tratamento de resíduos sólidos capazes de realizar a gestão de resíduos com ecoeficiência as etapas desde: coleta, seleção, tratamento, reintrodução nas cadeias produtivas e destinação final dos rejeitos. Vejamos: combustíveis derivados de resíduos: o tratamento térmico dos resíduos gera energia térmica em duas fases: logo no início da separação dos materiais recicláveis, matéria orgânica e resíduos não recicláveis, serão encaminhados para a incineração.

Esses materiais são triturados e depois incinerados a temperatura de aproximadamente 1000°C.

Os gases emitidos são neutralizados pelo processo de filtragem, sendo lavados com água alcalina. Esses gases limpos são lançados na atmosfera e os resíduos inertes são levados para um decantador e podem ser aproveitados na produção de material de construção civil. tecnologias de separação e classificação de resíduos: utilizam tecnologias de sensores óticos para diferenciar os tipos de materiais e acelerar a separação dos materiais recicláveis. Esta tecnologia pode ser utilizada para resíduos domésticos, industriais, comerciais, limpeza urbana e construção civil.

Esta tecnologia pode ser utilizada na aplicação da eliminação dos resíduos clorados e metais e na homogeneização do valor calorífico do combustível; plasma térmico: é uma tecnologia que pode ser utilizada para o processamento de resíduos perigosos como: lama, cinzas de incineração, lixo hospitalar, sucatas metálicas, resíduos de produção de alumínio e outros metais.

Uma chama é lançada diretamente sobre os resíduos, produzindo a dissociação das ligações moleculares dos resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, orgânicos ou inorgânicos, perigosos ou não, alterando a composição química original para compostos mais simples.

No processo das duas câmaras, os resíduos são inseridos em uma primeira câmara onde a parte orgânica é gaseificada e parte inorgânica é fundida.

Os gases e líquidos são lançados em uma segunda câmara através do reator de plasma. Os gases são lavados e os metais voláteis e gases ácidos são incinerados; produção de adubos orgânicos: os adubos são muito eficientes na recomposição dos solos e pastagens e na melhoria da fertilidade da agricultura. Esta é uma tecnologia muito versátil que pode ser aplicada para a produção independente.

A importância da classificação dos resíduos para a escolha da tecnologia para tratamento


Para descobrir qual o melhor tratamento para o seu resíduo, deve-se primeiramente classificá-lo de acordo com a NBR 10004, para identificar se são: perigosos, resíduos inertes ou não inertes, sendo as classificações: Classe I, II A e II B, respectivamente.

E, para classificar os resíduos deve-se fazer uma amostra representativa (NBR 10.007) e realizar os procedimentos para classificação (NBRs: 10.005 e 10.006). A norma NBR 10.004, divide os resíduos nas classes abaixo:
  • Classe I – resíduos perigosos
  • Classe II A – resíduos não inertes
  • Classe II B – resíduos inertes

Os resíduos perigosos deverão ter tratamento especial, devido às suas características. E os resíduos não inertes, mesmo tendo esse nome sugestivo, não devem ser descartados de qualquer forma, pois podem causar impactos ambientais negativos.

É importante destacar que as empresas devem classificar os resíduos corretamente, para não sofrerem punições legais junto aos órgãos ambientais por destiná-los de forma incorreta. E, também uma forma de cumprir a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

As instituições que classificam corretamente seus resíduos possuem mais rentabilidade nos seus negócios, pois assim conseguem identificar os resíduos que podem ser vendidos e os que não podem ser vendidos, além de realizarem o tratamento correto.

Para a venda dos resíduos, o empreendedor pode utilizar a plataforma Mercado de Resíduos, que é um software criado para estabelecer o encontro entre as empresas geradoras de resíduos e os compradores de resíduos.

Prefeito de Ribeirão das Neves pede ajuda a Zema para abrir aterro e receber o lixo de 40 cidades

Romeu Zema (Novo) e Junynho Martins (DEM) | Crédito: Gil Leonardi/Imprensa MG

Dia 21 de maio, data em que o prefeito de Ribeirão das Neves, Junynho Martins (DEM), publicou nas redes sociais a imagem de uma carta entregue ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), para solicitar “atenção no tocante à liberação do novo aterro sanitário, situado na BR 040 – KM 505, divisa de Ribeirão das Neves com Esmeraldas, que aguarda licenciamento”.

O pedido de “autorização para o início das operações” do aterro sanitário que beneficiaria 40 cidades, feito pelo prefeito, indignou o movimento social “Acorda Neves”, o qual foi criado para a fiscalização do trabalho do executivo e do legislativo do município.

Carta postada nas redes sociais do Prefeito de Ribeirão das Neves | Fonte: Instagram

De acordo com um dos advogados do “Acorda Neves”, Gabriel Wirz, o movimento reconhece a necessidade de que cada município precisa dar destinação adequada a seus resíduos e que a possibilidade de um aterro controlado, dentro de todos os parâmetros, é útil.

Porém, quando o prefeito dá o aceite na carta para que o novo empreendimento de Parceria Público-Privada (PPP) seja responsável por receber o lixo de 40 cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a pauta foge do interesse do cidadão.

Na postagem das redes sociais, o prefeito Junynho Martins (DEM) informa que “fazer de Ribeirão das Neves a cidade do desenvolvimento é a minha missão, e todas as oportunidades de buscar visibilidade e investimentos para a cidade, serão aproveitadas. Assim, vamos construindo um futuro promissor para o nosso município“.

Histórico de luta contra o aterro de Ribeirão das Neves

Desde 2014, a população, inspirada pelo movimento “Acorda Neves”, luta contra a possibilidade de um novo aterro nessas proporções, situado na divisa com a cidade de Esmeraldas. À época, houve o veto da ex-prefeita Daniela Corrêa ao Projeto de Lei 039-C/2015, de autoria do ex-vereador Juarez Carvalho, o qual autorizava o empreendimento.

Projeto de Lei do ex-vereador Juarez Carvalho | Fonte: Acorda Neves

Contudo, em março de 2016, os vereadores ativos da casa derrubaram o veto da ex-prefeita, o que abriu a oportunidade do município receber o lixo de estabelecimentos privados de gerenciamento de resíduos sólidos, desde que em local fora da região urbana e licenciado.

Antes das eleições de 2016, o próprio prefeito Junynho Martins (DEM) se dizia contrário em trazer o lixo de outros municípios para a cidade, e que somente entenderia como viável caso existisse alguma compensação do Estado.

Em 02 de maio de 2016, a prefeita Daniela Corrêa revogou e deu outras providências sobre a Lei Municipal 3.748, que dispunha sobre os resíduos sólidos no município de Ribeirão das Neves.

Uma dessas providências foi reestabelecer o vigor da Lei Municipal 3.106/2008 (efeito repristinatório), que proibia o “recebimento de resíduos de natureza domiciliar e/ou residencial proveniente de outros Municípios”.

Em 2019, o aterro controlado do Bairro Viena, em Justinópolis, foi desativado e o prefeito Junynho (DEM) ainda dizia, em entrevista a uma rádio local (Sintonia Neves), que não pretendia receber em um novo aterro o lixo de 30 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

Entretanto, na última carta entregue à assessoria do governador Romeu Zema (Novo), o prefeito de Ribeirão das Neves assina que “com essa mudança, mais de 40 cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte serão beneficiadas”.
O que mudou sobre o aterro de Ribeirão das Neves?

As justificativas do prefeito de Neves para o pedido de celeridade na liberação do empreendimento, que é proveniente da Parceria Público-Privada (PPP), são a redução dos custos aos cofres públicos (em torno de R$ 800 mil mensais) e o fomento de um meio ambiente mais sustentável e equilibrado para o município.

Conforme documento disponibilizado pelo advogado do movimento “Acorda Neves” e presente no portal de parcerias do governo, a concessionária envolvida no PPP, mediante contrato, é a Empresa Metropolitana de Tratamento de Resíduos S/A – EMTR.

A concessionária teria 30 anos de “concessão administrativa para a exploração dos serviços de transbordo, tratamento e disposição final de resíduos sólidos urbanos nos municípios convenentes da Região Metropolitana de Belo Horizonte e colar metropolitano, em conformidade com o disposto no edital de concorrência nº 02/2013 – Sedru”.

O Jornal Norte Livre buscou informações com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) sobre o processo de licenciamento na pasta, mas obteve a seguinte resposta:

“A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informa que não há processo de licenciamento protocolado para o município de Ribeirão das Neves na Superintendência de Meio Ambiente Central metropolitana (Supram Central) para a atividade indicada. A carta indica uma Parceria Público-Privada (PPP), porém sem nome de empreendedor ou outra referência que nos permita melhor avaliação.
Assim, sendo disponibilizadas outras informações, a demanda poderá ser atendida de forma mais adequada”.

A demanda foi detalhada e reenviada para a Semad, a qual ainda apura informações sobre os dados do contrato fornecido.

A matéria será atualizada com a nova resposta assim que entregue pela pasta.

EM TEMPO (23/06/2021): Nota enviada pela Semad

“Consta, no Sistema Integrado de Informação Ambiental (Siam), processo para a Empresa Metropolitana de Tratamento de Resíduos S/A – EMTR, com licença de operação concedida (LO) para o empreendimento operar o aterro com validade até 24/01/2029, conforme arquivo em anexo. Há, nos processos, documentos que comprovam a entrega de relatórios de atendimento às condicionantes impostas”.

O Jornal Norte Livre questionou, também, a Prefeitura de Ribeirão das Neves. Porém, desde o envio do e-mail, no dia 15 de junho, e sucessivas ligações, não obteve resposta para a demanda.

A assessoria da prefeitura retornou uma das ligações no dia 21 de junho e informou a tentativa de retorno na mesma data. Contudo, ainda não enviou respostas

Usina de biogás de 4,65 MW no GD inaugurada no Brasil

A TZK Energia constrói e a Clara SA conecta à rede a maior usina de biogás GD do Brasil.

© Perytskyy - stock.adobe.com

A empresa brasileira de telecomunicações Claro SA anunciou na semana passada que conectou à rede a maior usina de biogás de geração distribuída (GD) do país, com capacidade para produzir até 4,65 megawatts médios (MWa).

Construída pelo braço de energia do conglomerado local Grupo Rezek, RZK Energia, a usina de biogás estende-se por 700 m² (7.534,7 pés quadrados) no município de Nova Iguaçu, estado do Rio de Janeiro.

A instalação consiste em um conjunto de quatro motores que são conectados ao aterro municipal da cidade. O biogás será gerado a partir do gás metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) liberado por resíduos orgânicos em decomposição no aterro.

A saída será destinada ao atendimento da demanda das 2.991 unidades consumidoras que a operadora de telecomunicações possui no estado, entre torres de telefonia e data centers. Com isso, a Claro poderá compensar 15.723 toneladas de emissões de dióxido de carbono (CO2) anualmente.

A usina faz parte do programa de energia limpa da telecom, 'A Energia da Claro', que prevê o uso de energia renovável em todas as operações brasileiras.

Ministério do Meio Ambiente fecha acordo por atlas da conversão do lixo em energia



Instrumento vai mapear potencial de investimento para aproveitamento energético de resíduos

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) assinou nesta segunda-feira, 14/6, um acordo de cooperação junto às associações ABCP, ABETRE, ABRELPE e ABIOGAS, visando impulsionar a recuperação energética de resíduos sólidos. O acordo é mais um passo numa sequência de ações que o MMA vem tomando desde 2019 para alicerçar o aproveitamento do lixo como fonte de energia no Brasil.

No âmbito do programa Lixão Zero, o acordo dá início a ações que visam criar um ambiente de negócios favorável para investimentos no setor. A parceria entre poder público e iniciativa privada na gestão de resíduos está prevista no Marco Legal do Saneamento Básico, que determina o encerramento de todos os lixões do País até 2024. As associações signatárias integram a Frente Brasil de Recuperação Energética de Resíduos (FBRER), constituída em 2020, na Semana do Meio Ambiente.

Em destaque no acordo há o desenvolvimento do Atlas de Recuperação Energética de Resíduos Sólidos, ferramenta digital que indicará as regiões com maior potencial para investimentos em recuperação energética de resíduos sólidos. Apenas no Leilão de Energia Nova A-5/2021, foram cadastrados 12 projetos, com um potencial de geração de energia elétrica para 40 milhões de brasileiros ao ano, a partir de a partir do aproveitamento energético de 15 mil toneladas de lixo por dia, totalizando mais de 5,5 milhões de toneladas ao ano que deixarão de ser enterradas.

O ministro Ricardo Salles enfatizou o potencial da sustentabilidade energética da ação: “O que esse novo atlas vai indicar é um grande potencial energético, esperando para ser convertido em eletricidade para o setor produtivo, e de forma mais sustentável. Cada tonelada de lixo reaproveitada contribui para a redução de mais de 1,3 tonelada de gases de efeito estufa. Por outro lado, você acaba com o caos no lixo que se alastrou nas últimas décadas”, afirmou.

Entre outros frutos do acordo assinado hoje, estão a integração de informações setoriais e de infraestrutura sobre recuperação energética no SINIR (sistema de informação nacional lançado pelo MMA em 2019), a modernização normativa e o desenvolvimento de conteúdos para a qualificação de órgãos ambientais e consórcios públicos.

Na perspectiva do meio ambiente urbano, o acordo permitirá o encerramento de lixões e a redução da quantidade de resíduos dispostos em aterros sanitários, que tendem a ficar cada vez mais distantes das cidades. Para a atração de investimentos, a ação traz mais informação qualificada, maior segurança jurídica e previsibilidade e, do ponto de vista da geração de energia, a medida representa uma maior diversificação da matriz energética brasileira.

Programa Lixão Zero

Lançado em 2019 pelo Ministério do Meio Ambiente, o Lixão Zero é um dos eixos da Agenda Ambiental Urbana, que tem como objetivo melhorar o meio ambiente nas cidades, onde vivem 85% dos brasileiros. Desde o lançamento, importantes resultados foram alcançados no Brasil, como o encerramento de 600 lixões em menos de um ano e o recorde de reciclagem de latas de alumínio.

Saiba mais sobre o programa Lixão Zero

Por que a gestão de resíduos é fundamental para acabar com o lixo plástico?


O plástico é um material altamente versátil e toca todos os aspectos de nossas vidas. Está na embalagem que usamos, nos carros que dirigimos, nas roupas que vestimos. Situa-se no centro do mundo moderno, em redes de comunicação, computadores e construção. Por maior que seja o plástico - quando deixa de ser útil, pode se tornar um problema.

Alguns possuem sistemas de gestão de resíduos municipais eficazes para coletar e capturar nossos resíduos e reciclá-los ou descartá-los de forma responsável; enquanto em outros, os resíduos de plástico não são coletados, descartados de forma inadequada ou irresponsavelmente despejados ou queimados - causando um risco maior de vazamento em nosso meio ambiente. O Banco Mundial estima que um terço dos resíduos “não é gerenciado de maneira ambientalmente segura” e, nos países em desenvolvimento, 90% dos resíduos são abertamente despejados ou queimados .

O plástico é um material útil que muitas vezes oferece a melhor escolha ambiental em termos de uso de recursos e energia, mas não pertence ao meio ambiente como resíduo. São necessários sistemas de gerenciamento de resíduos adequados - processos para coletar resíduos e descartá-los de maneira responsável ou reciclá-los para fazer novos produtos.

Grzegorz Lisak, professor assistente na Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Tecnológica de Nanyang, Cingapura, diz que todos os setores da sociedade trabalham juntos para um sistema de gerenciamento de resíduos eficaz e eficiente.

"É necessário financiamento suficiente para construir e manter a infraestrutura de coleta, processamento, reciclagem e descarte de resíduos."

Essa lacuna deve ser preenchida para alcançar uma economia circular - um modelo que se concentra em reduzir, reutilizar e reciclar o máximo possível de nossos resíduos para reter o valor do material por meio de um sistema de circuito fechado.

The Economics of Waste

Repensando os resíduos, mais países estão começando a ver os resíduos como um recurso e estão investindo em instalações para coletar e processar materiais para reutilização, enquanto introduzem políticas para encorajar a reciclagem. Uma vez que uma escala significativa de reciclagem seja alcançada, um sistema abordará uma economia acessível e sustentável; a indústria de gerenciamento de resíduos do Reino Unido é estimada em cerca de £ 20 bilhões por ano e recicla cerca de 380.000 toneladas de garrafas plásticas anualmente. O potencial em outros países, incluindo nações menos desenvolvidas, é considerável.

Mas a reciclagem é tão eficaz quanto o sistema de gestão de resíduos em que opera.

Três níveis de maturidade do sistema de gerenciamento de resíduos

De acordo com Toby Manners, Diretor de Projetos da Alliance to End Plastic Waste (Alliance), existem essencialmente três níveis de maturidade do sistema de gerenciamento de resíduos, que ele relaciona como Tiers.


Na hierarquia de gestão de resíduos, o objetivo é elevar as comunidades em direção à circularidade. O Nível 1 indica pouco ou nenhum gerenciamento de resíduos e alto risco de vazamento; O nível 2 envolve alguma captura e reciclagem mínima; e o Nível 3 é um sistema totalmente circular, onde a maioria dos resíduos é reciclada e o valor retido.

Os países com pouca gestão de resíduos são considerados no Nível 1, diz Manners.

“Veja a Indonésia. Com uma população de 260 milhões de pessoas, menos da metade tem seus resíduos coletados - e a porcentagem é muito menor nas áreas rurais . Grande parte do país simplesmente não tem um sistema para capturar e processar os resíduos de forma eficaz para evitar vazamentos. ”

Em lugares como a Indonésia, argumenta Manners, as pessoas só se preocupam com o desperdício se isso afetar diretamente suas vidas; quando entope a hélice de um barco de pesca. Manners diz que organizações como a Alliance podem ajudar as comunidades a compreender a escala do problema e encontrar soluções duradouras para enfrentá-lo.

Por exemplo, em um dos projetos da Manner com a Alliance, estamos apoiando a implementação de um sistema formal de coleta, triagem e reciclagem em Jembrana, no noroeste de Bali. Com a implantação das operações começando no início de 2021, o sistema acabará servindo 160.000 pessoas, algumas recebendo serviços de gerenciamento de resíduos pela primeira vez.


Em Jembrana, o lixo doméstico é coletado e levado para uma nova instalação. Lá, ele é classificado em materiais orgânicos e inorgânicos e, em seguida, em categorias recicláveis, como plásticos, alumínio ou papel. Os recicláveis ​​são enfardados e vendidos, gerando renda que contribui para a sustentabilidade financeira do sistema. Foto cedida pelo Projeto STOP.

Para esses casos de Nível 1, diz Manners, a prioridade é garantir que a coleta adequada e o descarte responsável estejam ocorrendo, para acabar com o vazamento ambiental e mover progressivamente / coletivamente toda a comunidade para o segundo Nível.

O segundo nível vê um sistema onde os resíduos são coletados das residências e, em seguida, processados ​​de forma organizada e planejada, evitando vazamentos ambientais devido ao descarte inadequado. No entanto, esse processo ainda é linear.

Modelos lineares, onde os resíduos são coletados e dispostos em aterros ou por incineração com pouca ou nenhuma reciclagem, têm um custo. Um estudo do Banco Mundial estima que só o Sudeste Asiático perde cerca de US $ 6 bilhões por ano quando os plásticos descartáveis ​​não são reciclados. Isso mostra por que mudar para uma economia circular - um modelo que se concentra na retenção do valor material por meio de soluções como a reciclagem - não só é melhor para o nosso meio ambiente, mas faz sentido para os negócios.

Esses são os benefícios que os países de Nível 3 podem desfrutar. Países como o Reino Unido e a Noruega têm instalações eficazes de coleta, transporte e reprocessamento e reciclagem de resíduos domésticos e comerciais. As grandes quantidades de resíduos em sistemas de grande porte, com tecnologia e infraestrutura para produzir recicláveis ​​de alta qualidade, permitem às operadoras arcar com os custos operacionais desses sistemas. Ainda mais poderosas, as soluções circulares em geral trarão uma redução significativa nas emissões de carbono, ajudando o mundo a cumprir suas metas de carbono.

No entanto, mesmo em países com as maiores taxas de reciclagem do mundo - a Noruega recicla 43% de seus resíduos plásticos - não há espaço para complacência.

Maneiras da Alliance novamente: “Podemos encontrar maneiras de alcançar maior qualidade de plástico reciclado e só temos que continuar procurando novas abordagens e melhores maneiras de fazer as coisas. Isso é o importante - continuar investindo na busca de melhores maneiras de lidar com o problema ”, conclui.

Então, existe um 'padrão ouro' na gestão de resíduos, algo que pode ser considerado o ideal?

O padrão ouro e como avançamos

De acordo com Helen Bird, gerente de engajamento estratégico da instituição de caridade de economia circular do Reino Unido WRAP, nenhum país chegou lá ainda, embora alguns estejam próximos.

“A Alemanha é muito boa. Lá, a reciclagem é incentivada por meio de medidas fiscais. Você paga para que seus resíduos sejam levados, mas não para reciclar. É um incentivo financeiro para as pessoas reciclarem. ”

E embora o envolvimento da comunidade seja importante, o que é levado para reciclagem também é um fator de quão eficaz um sistema de gerenciamento de resíduos pode ser, diz Bird.

“Na Alemanha, eles estão coletando uma grande variedade de materiais, incluindo filme plástico. Isso é muito importante, porque quase um terço dos resíduos de plástico é filme plástico. Se você deseja atingir metas de reciclagem elevadas, é necessário coletar esse material ”.

O caminho para um futuro sustentável é, em muitos casos, pavimentado com boas intenções, mas a entrega exigirá esforços comprometidos de governos, líderes empresariais e consumidores.

Um bom ponto de partida é a educação. Com mais pessoas cientes dos efeitos positivos da reciclagem, a pressão do consumidor para usar mais material reciclado aumenta e os incentivos econômicos para atender a essa demanda também aumentam.

Devemos lidar com a quantidade de resíduos que todos nós produzimos e produzir menos, e onde geramos resíduos, devemos ver de forma diferente. Devemos reutilizá-lo tanto quanto pudermos. Como o professor assistente Grzegorz Lisak aponta:

“Lixo não é um desperdício, mas um recurso extraviado.”

Cidades de Minas vão receber R$ 100 milhões da União para acabar com lixões

Acordo entre governo Zema e Ministério do Meio Ambiente, firmado nesta segunda-feira (17), vai contemplar municípios com equipamentos para triagem de resíduos.


Por Guilherme Peixoto

O governo de Minas Gerais e o Ministério do Meio Ambiente firmaram, nesta segunda-feira (17/5), acordo para repassar R$ 100 milhões a municípios do estado que pretendem desativar lixões a céu aberto.

O governador Romeu Zema (Novo) e o ministro Ricardo Salles oficializaram o acordo por meio de edital que faz avançar o Programa Lixão Zero. O trato foi assinado na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), em Belo Horizonte.

A concorrência vai premiar as melhores iniciativas sugeridas por cidades e consórcios de municípios. A ideia é substituir os lixões por centros de triagem mecanizada de recursos.

Os R$ 100 milhões a serem aplicados são fruto de acordo por multa ambiental paga pela mineradora Vale ao Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Ambientais (Ibama).

A sanção financeira foi estabelecida por causa do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, pouco mais de dois anos atrás. Outros montantes da multa estão previstos para financiar outras iniciativas, como o investimento em parques nacionais cravados em solo mineiro.

"É aquela separação de resíduos para que se possa, de um lado, dar valor ao que pode ser reinserido. E, por outro, diminuir o volume de lixo que vai para os aterros", disse o ministro Salles, ao explicar a proposta.

A estimativa é de que 400 cidades mineiras sejam beneficiadas com a verba. O edital estabelece um sistema de pontos para determinar as localidades que serão contempladas com os recursos.

Zema espera fôlego financeiro

O governador mineiro celebrou o acordo com a União. Além das vantagens ambientais, Romeu Zema projeta ganhos financeiros e renda a mais cidadãos.

"Isso significa movimentação econômica, geração de empregos e menos danos ambientais. Tudo isso contribui para um estado como o nosso, que enfrenta sérias dificuldades", vislumbrou, em menção aos problemas fiscais que acometem Minas.

Apoio a prefeitos

A ajuda federal deve facilitar a ação de prefeitos que querem extinguir os lixões. O senador Carlos Viana (PSD-MG), participante da solenidade, lembrou que a união de gestões locais em consórcios podem fazer engrenar os projetos de triagem mecânica.

"É uma situação calamitosa. Sozinhas, as cidades não conseguem dar atendimento à questão do lixo. Daí a necessidade dos consórcios e do apoio dos governos federal e estadual", sustentou.

Em parte do estado o Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Ambiental do Norte de Minas Gerais (Codanorte) trabalha para acelerar iniciativas do tipo. A coalizão é vista como exemplo a ser seguido por outras regiões mineiras.

Em troca dos recursos, prefeituras e consórcios precisam entregar contrapartidas. Para receber o equipamento capaz da triagem de resíduos, é preciso ter um terreno para abrigar a máquina e treinar equipes para manusear o sistema..

O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe, também celebrou o acordo. "Estamos transformando lixo em geração de renda e produtos para a sociedade".

Deputados federais e estaduais mineiros também estiveram na comitiva que acompanhou a visita de Ricardo Salles.

Visita recente

Em dezembro do ano passado, Ricardo Salles esteve em Minas para encerrar uma série de lixões localizados no Norte do estado. O ato simbólico ocorreu em Francisco Dumont, cidade de pouco mais de 5 mil habitantes, que também encerrou o espaço público para depósito a céu aberto de rejeitos.

A área foi trocada por uma Unidade de Triagem e Compostagem (UTC), onde ocorre a separação dos detritos entre itens recicláveis, rejeitos e matéria orgânica.

O Programa Lixão Zero foi implantado pela pasta de Meio Ambiente em 2019.

Fonte: Estado de Minas

Brasil pode ter 2,3 GW e solução de saneamento com usinas WTE

Estudo da ABREN mostra 28 regiões do país com maior potencial de geração de energia a partir do lixo urbano entre pelo menos 114 usinas, com 130 MW em projetos que podem entrar nos próximos leilões do setor.

Planta de biogás no PR é uma das poucas no país que usa lixo urbano para gerar energia 
(CS Bioenergia)

Tecnologia ainda pouco explorada no Brasil, a geração de energia elétrica a partir do lixo tem potencial para atrair pelo menos a construção de 114 usinas em 28 regiões metropolitanas com população acima de 1 milhão de habitantes, podendo atingir uma potência instalada de 2,3 GW e performance anual na ordem de 18.864.000 MWh, mas sendo encarada sobretudo como uma solução de saneamento para as cidades.

Realizado pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN), o primeiro mapeamento nacional sobre potenciais para esse tipo de destinação do lixo das cidades e produção de energia levou em conta uma população urbana de 100 milhões de pessoas (48% do país), mostrando boas perspectivas de investimentos em usinas Waste to Energy (WTE), que podem atingir mais de R$ 77 bilhões nos próximos anos e atender até 3% da demanda nacional de eletricidade.

A demanda atual surge diante das condições criadas pelo novo marco legal do saneamento (Lei nº 14.026/2020), que obriga todas as prefeituras a estruturarem Parcerias Público Privadas (PPPs) de 30 anos no caso de delegação do serviço público de coleta, transporte e destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos urbanos.

O presidente da associação, Yuri Schmitke, ressalta que esse número não é expressivo, no sentido de causar desequilíbrio de mercado e incomodar outros tipos de fontes com preços mais competitivos, além de configurar uma termelétrica mais limpa por contar com modernos filtros e sofisticados sistemas de controle de emissões atmosféricas, tendo os níveis mais baixos comparado a outras UTEs.

“É uma parcela da futura geração que pode ter uma importância enorme, pois são as térmicas de base mais limpas atualmente, com fator de capacidade de 93% e gerando mais de 8 mil horas por ano garantido”, destaca Schmitke, lembrando que atualmente existem cerca de 2.448 usinas desse tipo no mundo inteiro, sendo mais de 520 na Europa, localizada nos centros das cidades para evitar custos com transporte.

Dentro do critério do estudo, cada cidadão brasileiro está gerando hoje uma média de 1 quilo de lixo urbano por dia, o que significa 100.000 toneladas, provocando nas prefeituras dessas regiões um desgaste anual de quase 2,7 bilhões de reais com custos ambientais.

O caso principal é o estado de São Paulo, que com 21 milhões de habitantes na região da capital produz 7 milhões de toneladas ano de resíduos, tendo uma oportunidade de produzir 468 MW através de 24 usinas, conferindo 3,7 TW ao ano, num aporte estimado em R$ 15 bilhões.

“O objetivo não é gerar energia elétrica e sim cuidar do problema de saneamento, com benefícios socioambientais que superam qualquer discussão sobre preço ou participação na matriz elétrica”, pontua o executivo, referindo-se aos investimentos mais elevados para esse tipo de empreendimento.

Segundo ele, atualmente o país vive uma situação de ilegalidade, onde 96% dos resíduos vão para os aterros sanitários sem nenhuma forma de tratamento, causando um prejuízo de R$ 5,4 bilhões por ano só no tratamento de saúde em função do contato inadequado com o lixo urbano, conforme dados da International Solid Waste Association – ISWA.

“Hierarquia, tratamento orgânico e térmico e nada de aterro sanitário. Esse é o futuro que queremos para o Brasil, baseado no que já acontece na Alemanha, Áustria, Bélgica, Finlândia, Suécia”, ressalta, destacando que o tratamento via WTE usa a combustão, eliminando tanto a fração orgânica quanto inorgânica e reduzindo em 98% o volume do resíduo urbano, além de recuperar a escória para pavimentação e metais para reciclagem.

Schmitke, que também é advogado e sócio da Girardi & Advogados Associados, estuda o tema a mais de sete anos e decidiu criar a Abren em 2018 para defender essa rota tecnológica no Brasil, afirmando que embora o país possua muitas plantas de biogás a grande maioria não utiliza lixo, citando apenas duas: uma em Curitiba, da CSBioenergia, e a outra também no Paraná, do Grupo Philus, uma usina modelo que usa resíduos para gerar mais biogás com menos problemas de corrosão, além de produzir biofertilizantes, sem nenhuma externalidade ambiental.

Leilão de RSU e precificação

De acordo com presidente da Abren, uma alternativa para viabilidade de projetos que usam Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) para geração de eletricidade é o pagamento progressivo de uma tarifa a ser cobrada na conta de água e que pode resolver a questão municipal, além de partir para o outro desafio, que é conseguir fonte de receita com a venda da energia elétrica.

“Como os prefeitos não vão subir as tarifas precisamos convencer o Ministério de Minas e Energia a realizar um leilão específico para a fonte, com um preço um pouco mais elevado para compensar essa deficiência da taxa de tratamento, que hoje é muito baixa”, explica o executivo, que aguarda a publicação de um certame A-5 específico no Diário Oficial da União, salientando que o gás de aterro terá outro leilão separado, pois possui intermitência, ao passo que as WTEs são tidas como energia firme.

WTE em sistema de gestão integrado: tratamento térmico dos rejeitos, orgânicos e triagem de recicláveis (Abren)

O primeiro balanço de desenvolvimento setorial da Abren aponta pelo menos 130 MW entre três usinas com Licenças Prévias já emitidas pelos órgãos ambientais e mais 55 MW em projetos ainda com processos de licenciamento em tramitação e que poderão vir a participar também de leilões com outras fontes: A-5 e A-6, em setembro. O MME publicou na semana passada as diretrizes do A-5, confirmando a participação da fonte, mas colocou o A-6 em revisão.

Um deles é do Grupo Lara, que opera aterros e planeja construir uma usina de 80 MW em Mauá (SP); o segundo é uma planta da Foxx-Haztec de 20 MW em Barueri (SP), que tem como sócio a empresa chinesa Jing Jang; e o terceiro uma unidade de 30 MW da empresa Ciclus, que será construído em uma unidade de transferência de resíduos no bairro do Caju, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ao todo as iniciativas devem demandar R$ 2,5 bilhões em investimentos Capex, fora a receita gerada ao longo da concessão, sendo mais da metade dos recursos advindos com a WTE de 80 MW.

“Esperamos que o certame seja positivo e que haja quantidade suficiente para contratação dos três projetos, o que incentiva também o mercado para mais projetos no ano que vem”, comenta o Schmitke, informando que o preço da fonte varia entre R$ 550 a 650/MWh, dependendo do tamanho da iniciativa e das condições.

Um dos pedidos da Associação ao MME é que a tecnologia tenha um preço mediano de R$ 600/MWh, ponderando que com o passar dos anos e a criação de uma cadeia de valor esse custo possa cair para R$ 250/MWh, processo comparável ao passado pelas eólicas, quando o Proinfa contratou em 2004-2006 parques em R$ 450/MWh, que hoje é atualizado para R$ 600/MWh, sem contar que 25% do despacho do ONS é acima desse preço.

“É mais barato do que estamos despachando hoje, sem contar nos outros benefícios para a sociedade que nenhuma outra fonte traz”, destaca, lembrando também que a pegada atual de ESG pode também favorecer a essa tomada de decisão pelas WTEs no âmbito da pauta ambiental, além desses projetos integrarem parte do complexo de títulos verdes existentes no mercado, com as companhias podendo emitir debêntures incentivadas.

“É possível fabricar 95% aqui com apenas uma pequena quantidade de equipamentos eletrônicos sendo importados, até porque somos líderes mundiais em biomassa, com as caldeiras saindo aqui pela metade do preço da Europa, porque que temos uma escala de produção”, salienta Yuri, ressaltando o convencimento do ministro Bento Albuquerque quanto aos custos evitados com a saúde pública e o transporte do lixo e da energia, que é injetada diretamente no SIN.

“Devemos até receber pela Tusd porque vamos equilibrar o grid, visto não ser uma PCH que fica mais distante dos centros urbanos”, acrescenta.

Brasil é 4º maior produtor de resíduos no mundo e quase metade ainda vai para lixões 
(Agência Brasil)

O relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, em português) aponta que a solução WTE reduz as emissões de gases de efeito estufa em até 8 vezes, visto ser possível capturar em média apenas 50% do biogás nos aterros, proveniente do metano, que por sua vez é 25 vezes mais nocivo do que o gás metano, apontando então que a melhor forma de gestão de resíduos para mitigação do aquecimento global são as usinas WTE, que utilizam tecnologias como plasma, fusão a laser, incineração, gaseificação e a pirolise, com praticamente nenhum uso de oxigênio.

Outra questão que se soma é da água potável, visto que muitos aterros e lixões contaminam os aquíferos, lençóis freáticos e demais recursos hídricos, os quais representam quase a metade do lixo produzido no Brasil, situação que tende a se agravar, ainda mais porque poucos aterros usam osmose reversa ou tecnologias melhores para o tratamento do chorume, por conta dos custos.

Outro ponto de trunfo envolvendo o processo das WTEs é recuperação de metais após o tratamento térmico, com a estimativa de 735 mil toneladas por ano de metais ferrosos e não ferrosos, evitando 54 milhões de toneladas de CO2 equivalente a atmosfera, considerando o rol do estudo realizado pela Abren.

“As waste-to-energy resolvem todos esses problemas, sendo considerado uma economia circular, que não causa danos à saúde pública e ainda transforma os materiais não recicláveis em energia”, finaliza Yuri Schmitke.

POR HENRIQUE FAERMAN, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DO RIO DE JANEIRO