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Transformando o plástico pós-consumo em vanilina

Os cientistas criaram a E. coli geneticamente modificada para permitir que ela convertesse o ácido tereftálico - uma molécula derivada do tereftalato de polietileno (PET) - em vanilina.

© geshas - stock.adobe.com

O jornal Green Chemistry publicou recentemente um artigo sobre pesquisa propondo uma forma de usar bactérias para transformar o plástico pós-consumo em vanilina, o composto que dá sabor e cheiro à baunilha.

“Este é o primeiro exemplo de uso de um sistema biológico para transformar resíduos plásticos em um produto químico industrial valioso e isso tem implicações muito interessantes para a economia circular”, disse Joanna Sadler, primeira autora do artigo, em um comunicado. nossa pesquisa tem implicações importantes para o campo da sustentabilidade do plástico e demonstra o poder da biologia sintética para enfrentar os desafios do mundo real. "

Na nova pesquisa, conduzida por uma equipe da Universidade de Edimburgo, a E. coli foi geneticamente modificada para permitir a conversão do ácido tereftálico - uma molécula derivada do tereftalato de polietileno (PET) - em vanilina. A equipe conseguiu uma conversão de 79 por cento do ácido tereftálico em vanilina. Eles demonstraram o processo convertendo uma velha garrafa de plástico em vanilina, adicionando E. coli aos resíduos plásticos degradados.

Em seguida, os cientistas irão ajustar ainda mais as bactérias para aumentar ainda mais a taxa de conversão e também trabalharão na ampliação do processo para converter maiores quantidades de plástico. Outras moléculas valiosas também podem ser fabricadas a partir do ácido tereftálico, como algumas usadas em perfumes.

Embora os pesquisadores afirmem que a vanilina produzida é adequada para consumo humano, isso ainda não foi verificado e mais testes são necessários. Também é utilizado na indústria de cosméticos e é um importante produto químico a granel, utilizado em herbicidas e produtos de limpeza.

A solução inovadora contra a montanha de lixo plástico que produzimos

A maneira como o plástico normalmente é reciclado é uma espiral descendente de resíduos, mas há outra opção — desfazer o processo e transformar o plástico novamente em óleo.





Existe um material feito pelo homem que você pode encontrar na terra, no ar e nas profundezas do oceano.

É tão durável que a maior parte do que foi criado ainda está presente em nosso ecossistema.

Uma vez na cadeia alimentar, ele permeia nossos corpos, fluindo do nosso sangue para nossos órgãos, chegando até mesmo à placenta humana.

Estamos falando do plástico, e essa durabilidade é também o que faz dele um material tão útil. Cabos que se estendem pelo fundo do oceano, tubulações de água subterrâneas e embalagens que mantêm os alimentos frescos, tudo depende dessa propriedade.

A reciclagem eficiente do plástico por meios convencionais ainda é difícil, e apenas 9% de todo o plástico já produzido foi reciclado em plásticos novos.

Mas e se houvesse uma maneira de transformar o plástico de volta no material do qual foi feito?

O "próximo grande desafio" para a química de polímeros — área responsável pela criação dos plásticos — é aprender a desfazer o processo e transformar o plástico novamente em óleo.

Este processo — conhecido como reciclagem química — tem sido explorado como uma alternativa viável à reciclagem convencional por décadas.

Até agora, o obstáculo tem sido a grande quantidade de energia necessária.

Isso, combinado ao preço volátil do petróleo bruto, às vezes torna mais barato produzir novos produtos de plástico do que reciclar o plástico existente.

Todos os anos, mais de 380 milhões de toneladas de plástico são produzidas em todo o mundo.

Conheça os desafios enfrentados com a reciclagem do plástico no Brasil

A título de comparação, isso equivale a quase o mesmo que 2,7 milhões de baleias azuis — ou mais de 100 vezes o peso de toda a população de baleias azuis.

Apenas 16% dos resíduos plásticos são reciclados para fazer novos plásticos, enquanto 40% são enviados para aterros sanitários, 25% para incineração e 19% são descartados no meio ambiente.

Grande parte do plástico que poderia ser reciclado — como o polietileno tereftalato (PET), usado em garrafas de refrigerante e outras embalagens — vai parar em aterros sanitários.

Muitas vezes, isso se deve à confusão sobre o que pode ou não ser reciclado e à contaminação com alimentos ou outros tipos de resíduos.

Outros plásticos — como sacos de salada e outros recipientes de comida — vão parar no aterro porque são feitos de uma combinação de diferentes plásticos que não podem ser facilmente separados em uma usina de reciclagem.

O lixo jogado na rua e os plásticos leves deixados em aterros sanitários ou despejados ilegalmente podem ser levados pelo vento ou arrastados pela chuva para os rios, acabando no oceano.

A reciclagem química é uma tentativa de reciclar o que não é reciclável.

Em vez de um sistema em que alguns plásticos são rejeitados porque são da cor errada ou feitos de compósitos, a reciclagem química poderia permitir que todos os tipos de plástico alimentem um sistema de reciclagem "infinito", que transforma os plásticos de volta em óleo, para que possam ser usados ​​na fabricação de plástico novamente.

A forma como o plástico é reciclado atualmente é mais uma espiral descendente do que um loop infinito.

Os plásticos são geralmente reciclados mecanicamente: são separados, limpos, triturados, derretidos e remodelados. Cada vez que o plástico é reciclado dessa forma, sua qualidade diminui.

Alguns plásticos que poderiam ser reciclados acabam em aterros sanitários devido a instalações precárias ou confusão sobre o que é ou não reciclável. — Foto: Alamy via BBC

Alguns plásticos que poderiam ser reciclados acabam em aterros sanitários devido a instalações precárias ou confusão sobre o que é ou não reciclável. — Foto: Alamy via BBC

Quando o plástico é derretido, as cadeias poliméricas são parcialmente quebradas, diminuindo sua resistência à tração e viscosidade, tornando-o mais difícil de processar.

O plástico reciclado, de qualidade inferior, muitas vezes se torna inadequado para uso em embalagens de alimentos, e a maioria dos plásticos pode ser reciclada um número bastante limitado de vezes antes de se degradar a ponto de se tornar inutilizável.

A indústria emergente de reciclagem química tem como objetivo evitar esse problema, fragmentando o plástico em seus blocos de construção químicos, que podem então ser usados ​​como combustíveis ou para fabricar novos plásticos.

A versão mais versátil da reciclagem química é a "reciclagem da matéria-prima".

Também conhecida como conversão térmica, a reciclagem de matéria-prima é qualquer processo que quebre os polímeros em moléculas mais simples usando calor.

O processo é bastante simples — vejamos o que acontece com uma garrafa de plástico.

Você a joga fora junto com o lixo reciclável para coleta. Ela é levada, junto com todos os outros resíduos, para uma unidade de triagem. Lá, o lixo é separado, mecanicamente ou manualmente, em diferentes tipos de materiais e diferentes tipos de plásticos.

Sua garrafa é lavada, triturada e empacotada em fardos, pronta para ser transportada até a central de reciclagem — até agora, igual ao processo convencional.

Em seguida, vem a reciclagem química: o plástico que antes compunha sua garrafa pode ser levado para um centro de pirólise, onde é derretido.

Na sequência, é colocado em um reator de pirólise, onde é aquecido a temperaturas extremas.

Este processo transforma o plástico em um gás que é então resfriado para condensar em um líquido semelhante ao óleo e, finalmente, destilado em frações que podem ser utilizadas para diferentes fins.

As técnicas de reciclagem química estão sendo testadas em todo o mundo. A empresa Recycling Technologies, do Reino Unido, desenvolveu uma máquina de pirólise que transforma plásticos difíceis de reciclar, como filmes, sacolas e plásticos laminados, em Plaxx (tipo de óleo).

Esta matéria-prima de hidrocarboneto líquido pode ser usada para fabricar plásticos virgens de qualidade. A primeira unidade em escala comercial foi instalada em Perth, na Escócia, em 2020.

Já a empresa Plastic Energy possui duas usinas de pirólise em escala comercial na Espanha e planeja expandir para a França, Holanda e Reino Unido.

Essas usinas transformam resíduos plásticos difíceis de reciclar, como embalagens de confeitaria, sacos de ração e de cereais matinais em uma substância chamada "TACOIL".

Esta matéria-prima pode ser usada para fazer plásticos próprios para alimentos.

Nos EUA, a empresa química Ineos se tornou a primeira a usar uma técnica chamada despolimerização em escala comercial para produzir polietileno reciclado, que vai para sacolas e plástico filme.

A Ineos também tem planos de construir várias usinas de reciclagem de pirólise novas.

No Reino Unido, a Mura Technology iniciou a construção da primeira fábrica em escala comercial do mundo capaz de reciclar todos os tipos de plástico.

A usina pode tratar plásticos mistos, plásticos coloridos, plásticos de todas as composições, em todos os estágios de decomposição, até mesmo plásticos contaminados com alimentos ou outros tipos de resíduos.

A técnica "hidrotérmica" da Mura é um tipo de reciclagem de matéria-prima que usa água dentro da câmara do reator para propagar o calor uniformemente. Aquecida a temperaturas extremas, mas pressurizada para impedir a evaporação, a água se torna "supercrítica" — um estado que não é sólido, líquido nem gasoso.

É o uso de água supercrítica, evitando a necessidade de aquecer as câmaras pelo lado de fora, que Mura diz que torna a técnica inerentemente escalonável.

"Se você aquecer o reator por fora, é muito difícil manter uma distribuição uniforme da temperatura. Quanto maior, mais difícil fica. É um pouco como cozinhar", explica o presidente-executivo da Mura, Steve Mahon.

"É difícil fritar um bife grande por completo, mas se você ferver, é fácil ter certeza de que está cozido uniformemente."

Os resíduos de plástico chegam ao local em fardos — várias camadas de plástico contaminado, como filmes flexíveis e bandejas rígidas que, de outra forma, teriam ido para incineração ou usinas que geram energia a partir de resíduos.

Borra de café vira adubo poderoso depois de reciclagem de cápsulas de alumínio

Os fardos são colocados na instalação de triagem inicial para remover quaisquer contaminantes inorgânicos, como vidro e metal.

Contaminantes orgânicos, como resíduos de alimentos ou do solo, podem passar pelo processo. O plástico é então triturado e limpo, antes de ser misturado com a água supercrítica.

Uma vez que este sistema de alta pressão é despressurizado e os resíduos saem dos reatores, a maior parte do líquido evapora.

Este vapor é resfriado em uma coluna de destilação, e os líquidos condensados ​​são separados em diferentes pontos de ebulição para produzir quatro hidrocarbonetos líquidos e óleos: nafta, gasóleo destilado, gasóleo pesado e resíduo de cera pesada, semelhante ao betume.

Estes produtos são então transportados para a indústria petroquímica.

Assim como acontece com outras técnicas de matéria-prima, não há ciclo descendente, uma vez que as ligações de polímero podem ser formadas novamente, o que significa que os plásticos podem ser reciclados infinitamente.

Com uma taxa de conversão de mais de 99%, quase todo o plástico se transforma em um produto útil.

"O elemento hidrocarboneto da matéria-prima será convertido em novos produtos de hidrocarbonetos estáveis ​​para uso na fabricação de novos plásticos e outros produtos químicos", diz Mahon.

Mesmo os materiais de preenchimento usados ​​em alguns plásticos — como calcário, corantes e plastificantes — não são um problema.

"Eles caem em nosso produto mais pesado de hidrocarboneto, o resíduo pesado de cera, que é um aglutinante do tipo betume para uso na indústria de construção."

Os gases quentes e excedentes gerados durante o processo serão usados ​​para aquecer a água, aumentando sua eficiência energética, e a usina será abastecida com 40% de energia renovável.

"Queremos usar o máximo de energia renovável possível e buscaremos, sempre que possível, chegar a 100%", diz Mahon.

A usina de Teesside da Mura, com conclusão prevista para 2022, tem como objetivo processar 80 mil toneladas de resíduos de plástico que até então não eram reciclados ​​todos os anos — e servirá de modelo para implementação global, com instalações planejadas na Alemanha e nos Estados Unidos.

Em 2025, a empresa pretende fornecer 1 milhão de toneladas de capacidade de reciclagem em operação ou desenvolvimento no mundo.

"[Nossa] reciclagem de resíduos plásticos em matérias-primas virgens equivalentes oferece os ingredientes para criar plásticos 100% reciclados, sem limite para o número de vezes que o mesmo material pode ser reciclado — desvinculando a produção de plástico dos recursos fósseis e inserindo o plástico em uma economia circular", explica Mahon.

Cientistas como Sharon George, professora de Ciências Ambientais na Universidade de Keele, no Reino Unido, veem com bons olhos a iniciativa da Mura.

"Isso supera o desafio da qualidade ao 'desfazer' o polímero plástico para nos oferecer os blocos de construção químicos brutos para começarmos de novo", diz George.

"Esta é a verdadeira reciclagem circular."

Ainda assim, nos últimos 30 anos, a reciclagem química revelou sérias limitações. Consome muita energia, tem enfrentado desafios técnicos e é difícil de expandir para níveis industriais.

Em 2020, um relatório da Aliança Global para Alternativas à Incineração (Gaia, na sigla em inglês), um grupo de organizações e indivíduos que promove movimentos sociais para reduzir o desperdício e a poluição, concluiu que a reciclagem química é poluente, consome muita energia e está sujeita a falhas técnicas.

O relatório apontou que a reciclagem química não era uma solução viável para o problema do plástico, sobretudo no ritmo e na escala necessários.

Além disso, se o produto final da reciclagem química for um óleo usado como combustível, o processo não reduzirá a necessidade de plástico virgem, e a queima desses combustíveis liberaria gases de efeito estufa, exatamente como os combustíveis fósseis comuns fazem.

"As ONGs ambientais estão de olho nos métodos de reciclagem emergentes", diz Paula Chin, especialista em materiais sustentáveis ​​da WWF, ONG de preservação ambiental.

"Estas tecnologias estão numa fase inicial e não são de forma alguma a solução mágica para o problema dos resíduos plásticos. Devemos nos concentrar em aumentar a eficiência dos recursos como uma forma de minimizar o desperdício por meio de uma maior reutilização, refis e sistemas de reparo — e não dependendo da reciclagem como salvador."

Mas a Mura argumenta que sua usina preencherá um nicho muito necessário.

"A reciclagem [química] é um setor novo, mas a escala em que está se desenvolvendo, especificamente na Mura, mostra a necessidade urgente de novas tecnologias para enfrentar o problema crescente de resíduos de plástico e vazamento ambiental, e uma oportunidade para reciclar um recurso disponível valioso, que atualmente vai ser desperdiçado", afirma Mahon.

O processo da Mura visa complementar a infraestrutura e os processos mecânicos existentes, e não competir com eles, reciclando materiais que de outra forma iriam parar em aterros, incineradores ou no meio ambiente.

Todos os resíduos plásticos que a empresa processa serão transformados em plásticos novos ou em outros materiais, nenhum será queimado como combustível.

A Mura diz esperar que o uso de água supercrítica para transferência eficiente de calor permita à companhia expandir para níveis industriais, reduzindo o uso de energia e os custos.

Pode ser um fator crucial para o sucesso numa área em que houve tanto fracasso.

Um dos principais motivos pelos quais a reciclagem química não decolou até agora foi o colapso financeiro.

Em um relatório de 2017, a Gaia citou vários projetos que fracassaram, incluindo a instalação da Thermoselect, na Alemanha, que perdeu mais de US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) em cinco anos; a Interserve, no Reino Unido, que perdeu US$ 100 milhões (R$ 506 milhões) em vários projetos de reciclagem química; e muitas outras empresas que faliram.

A dificuldade financeira é algo que tem impedido não apenas a reciclagem química, mas todos os tipos de reciclagem de plástico.

"Não faz sentido do ponto de vista econômico. Coletar, fazer a triagem e reciclar embalagens é simplesmente mais caro do que produzir embalagens virgens", explica Sara Wingstrand, gerente de projetos de economia de novos plásticos na Fundação Ellen MacArthur, ONG estabelecida em 2010 com a missão de acelerar a transição rumo a uma economia circular.

Segundo ela, o único caminho para o "financiamento dedicado, contínuo e suficiente em larga escala" da reciclagem é por meio de esquemas de Responsabilidade Estendida do Produtor (REP) baseados em taxas. A REP uma estratégia de mercado destinada a promover a integração dos custos ambientais associados com os produtos ao longo da sua vida, segundo a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

Todas as indústrias que introduzem o plástico contribuiriam com fundos para coletar e processar suas embalagens após o uso.

"Sem isso, é muito improvável que a reciclagem de embalagens seja escalonada na medida necessária", diz Wingstrand.

Mas Mahon acredita que um sistema como o da Mura é outra forma de tornar a reciclagem de plástico viável economicamente, produzindo um óleo que pode ser vendido com lucro.

A Mura anunciou recentemente parcerias com as fabricantes de plástico Dow e Igus GmbH, além da construtora KBR.

"O interessante aqui é que a Mura pode encontrar valor em plásticos que geralmente não são economicamente viáveis para reciclar mecanicamente", avalia Taylor Uekert, pesquisadora do Cambridge Creative Circular Plastics Centre, instituto de pesquisa para a eliminação de resíduos plásticos ligado à Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Mesmo com a capacidade de "desfazer" todos os tipos de plástico para que possam ser reutilizados novamente, é improvável que todos os problemas relativos à poluição por plástico desapareçam.

Enquanto continuar parando em aterros sanitários e no meio ambiente, o plástico seguirá cumprindo a missão para o qual foi criado: durar

Por BBC News/G1


Por que a ação coletiva de empresas rivais poderia ajudar a acabar com o desperdício de plástico

Juntas, as marcas podem aumentar as taxas de reciclagem em todo o mundo.

Os rivais - tradicionalmente - tendem a não trabalhar juntos. Essa abordagem pode ajudar as empresas a se manterem distintas como inovadoras únicas e a manter vantagens competitivas. Pode até proteger os interesses dos consumidores. Existe legislação em todo o mundo para evitar cartéis que poderiam forçar os consumidores a pagar mais por determinados produtos do que de outra forma.

Mas, quando se trata de problemas como resíduos de plástico, os rivais precisarão aprender a resolver os problemas de novas maneiras. A necessidade urgente de mudanças em todo o sistema para beneficiar o meio ambiente pode desencadear mudanças duradouras na forma como os rivais trabalham juntos pelo planeta e pelos lucros.

Uma questão histórica

De acordo com o PNUMA , o mundo produz mais de 300 milhões de toneladas de lixo plástico por ano - mais do que o peso da população mundial. Ainda assim, de acordo com algumas estimativas , apenas cerca de 6% do plástico é reciclado globalmente.

Com certeza, nem todo local recicla plásticos em altas taxas e algumas embalagens de plástico não podem ser reutilizadas quando atingem seu estágio de 'fim de vida'. Ainda mais plástico não é reciclado por causa da variedade impressionante de embalagens plásticas que são produzidas. Quase nenhuma embalagem é exatamente igual. Essa variedade de material, cor, forma e design cria dois problemas principais. Do lado do consumidor, os consumidores simplesmente não entendem o que pode ser reciclado em sua localidade. Do lado da classificação e da reciclagem, é difícil classificar a variedade de embalagens nas frações adequadas para reciclagem, tornando a classificação mais difícil e cara e reduzindo o volume de embalagens plásticas que podem ser recicladas e, com elas, as taxas de reciclagem.

Na Europa, isso significa que apenas cerca de 20% a 40% de todos os resíduos de plástico são reciclados . Freqüentemente, existe 'downcycling' ou 'reciclagem de ciclo aberto', onde os materiais da embalagem são reciclados para uso em aplicações mais básicas (por exemplo, embalagens de contato com alimentos transformam-se em vasos de plantas).

Como projetar uma solução

A padronização no estágio de projeto do produto pode transformar as taxas de reciclagem para melhor. Embalagens facilmente recicláveis ​​podem ser priorizadas e os consumidores podem classificá-las de maneira mais fácil e apropriada. Depois de coletados, esses resíduos podem ser classificados de forma mais fácil e barata por instalações. Níveis mais altos de resíduos iriam para a etapa de reciclagem e menos seriam perdidos em aterros, incineração ou exportação (como é o caso atualmente). Por meio da padronização, novas economias de escala de reciclagem poderiam ser desenvolvidas, facilitando grandes aumentos nas taxas de reciclagem.

Com embalagens mais padronizadas aumentando as taxas de reciclagem, poderia ser possível criar um fornecimento mais confiável de saída de reciclagem pós-consumo (PCR), aumentando, portanto, o fornecimento (e a qualidade) de PCR. Esta é uma boa notícia para as marcas. Em primeiro lugar, muitos estabeleceram metas para incluir uma certa quantidade de plástico reciclado em suas embalagens. No momento, o fornecimento de reciclado de alta qualidade é baixo, o que significa que as marcas estão lutando para obter as quantidades de que precisam e continuam a depender muito da resina virgem. Em segundo lugar, ao aumentar os níveis de reciclagem em suas embalagens, as marcas aumentam sua resiliência. Com o PCR disponível localmente, eles reduzem sua exposição às volatilidades dos mercados internacionais de commodities. (Embora o preço do petróleo permaneça baixo hoje, isso pode mudar à medida que a exploração desacelera e os impostos sobre o carbono entram em ação.

Os concorrentes poderiam melhorar essas taxas, trabalhando em conjunto e padronizando os tipos de embalagem que usam. Embora os governos tenham um papel a desempenhar por meio dos sistemas de Responsabilidade Estendida do Produtor (EPR), os proprietários das marcas entendem tanto os consumidores finais quanto os requisitos de embalagem associados muito melhor e, tradicionalmente, também são capazes de agir muito mais rapidamente do que os governos.

O que deve ser superado?

Ainda assim, esses esforços enfrentam muitas barreiras. Entre elas estão ideias arraigadas, desde a necessidade de embalagens exclusivas para atrair os consumidores até a ideia de que trabalhar em conjunto com rivais simplesmente não deve ser uma opção.

A educação também desempenha um papel. As marcas devem aceitar que os dias de flexibilidade ilimitada no que diz respeito ao design de embalagens acabaram. Os consumidores precisam entender o valor da embalagem padronizada e parar de recompensar as marcas que usam soluções de embalagem personalizadas que não contribuem para as taxas de reciclagem. E os governos precisam trabalhar em estreita colaboração com as marcas para garantir que os sistemas EPR façam sentido (por exemplo, embalagens gratificantes que podem ser facilmente recicladas em nível local).

Os problemas antitruste, no entanto, são provavelmente os maiores obstáculos a serem superados. A padronização do tipo descrito neste artigo exige que vários participantes de toda a cadeia de valor trabalhem juntos e cheguem a um acordo sobre especificações de embalagem, materiais e até mesmo fornecedores. Atualmente, as regras antitruste limitam a quantidade de informações que os concorrentes podem compartilhar uns com os outros, às vezes dificultando os esforços para comercializar soluções sustentáveis. Como Amelia Miazad, uma especialista em capitalismo sustentável na Berkeley Law, colocou em um artigo acadêmico recente: "A coordenação com os concorrentes para oferecer um produto embalado de forma mais sustentável é uma violação antitruste per se".

Como as multas antitruste podem ser altas e a maioria dos executivos nem sempre é fluente na linguagem da regulamentação antitruste, esse nível de colaboração costuma ser evitado.

Políticas para o futuro

A ajuda está disponível, pelo menos na Europa. A Comissão da UE anunciou que está examinando como pode ajustar a legislação antitruste para apoiar o recém-anunciado Acordo Verde da UE. Como 'simplificar a embalagem' é um de seus principais objetivos na cadeia de valor dos plásticos, encontrar maneiras de os rivais trabalharem juntos é crucial para isso. Esperançosamente, soluções sensatas podem ser encontradas que protegem os consumidores, ao mesmo tempo que protegem o planeta.

Os líderes também estão aprendendo o valor das conversas pré-competitivas com os rivais. Organismos da indústria como a Alliance to End Plastic Waste e a New Plastics Economy da Ellen Macarthur Foundation oferecem a oportunidade para as marcas trabalharem juntas na troca de ideias.

O Fórum Econômico Mundial, por meio de sua Global Plastic Action Partnership , também trabalha em estreita colaboração com governos, empresas e sociedade civil para traduzir compromissos em ações significativas em nível global e nacional. Esses esforços também serão ajudados pela mudança de mercados. Os consumidores estão cada vez mais preocupados com o clima e entendem cada vez mais que a embalagem padronizada é a chave para lidar com o desperdício de plástico. Com essa mudança, o business case para embalagens não padronizadas diminuirá e as embalagens plásticas padronizadas se tornarão uma forma de sinalizar um compromisso com a sustentabilidade e construir o valor da marca.

Lidar com os enormes problemas de sustentabilidade que o planeta enfrenta exige uma ação urgente em todo o sistema. Mas também requer uma nova abordagem à inovação. Em um futuro mais positivo para o clima, a inovação não se baseará em uma única mente ou invenção, ela virá das soluções criadas por diversos grupos de pessoas. Os rivais trabalhando juntos não irão apenas remodelar seus setores - eles mudarão a forma como entendemos a solução de problemas e a natureza da inovação.

Por Mo Chatterji , bolsista do projeto, Scale360 ° e consultor sênior da Kearney, Fórum Econômico Mundial
Este artigo foi publicado originalmente no Fórum Econômico Mundial . Usado com permissão.

Por que a gestão de resíduos é fundamental para acabar com o lixo plástico?


O plástico é um material altamente versátil e toca todos os aspectos de nossas vidas. Está na embalagem que usamos, nos carros que dirigimos, nas roupas que vestimos. Situa-se no centro do mundo moderno, em redes de comunicação, computadores e construção. Por maior que seja o plástico - quando deixa de ser útil, pode se tornar um problema.

Alguns possuem sistemas de gestão de resíduos municipais eficazes para coletar e capturar nossos resíduos e reciclá-los ou descartá-los de forma responsável; enquanto em outros, os resíduos de plástico não são coletados, descartados de forma inadequada ou irresponsavelmente despejados ou queimados - causando um risco maior de vazamento em nosso meio ambiente. O Banco Mundial estima que um terço dos resíduos “não é gerenciado de maneira ambientalmente segura” e, nos países em desenvolvimento, 90% dos resíduos são abertamente despejados ou queimados .

O plástico é um material útil que muitas vezes oferece a melhor escolha ambiental em termos de uso de recursos e energia, mas não pertence ao meio ambiente como resíduo. São necessários sistemas de gerenciamento de resíduos adequados - processos para coletar resíduos e descartá-los de maneira responsável ou reciclá-los para fazer novos produtos.

Grzegorz Lisak, professor assistente na Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Tecnológica de Nanyang, Cingapura, diz que todos os setores da sociedade trabalham juntos para um sistema de gerenciamento de resíduos eficaz e eficiente.

"É necessário financiamento suficiente para construir e manter a infraestrutura de coleta, processamento, reciclagem e descarte de resíduos."

Essa lacuna deve ser preenchida para alcançar uma economia circular - um modelo que se concentra em reduzir, reutilizar e reciclar o máximo possível de nossos resíduos para reter o valor do material por meio de um sistema de circuito fechado.

The Economics of Waste

Repensando os resíduos, mais países estão começando a ver os resíduos como um recurso e estão investindo em instalações para coletar e processar materiais para reutilização, enquanto introduzem políticas para encorajar a reciclagem. Uma vez que uma escala significativa de reciclagem seja alcançada, um sistema abordará uma economia acessível e sustentável; a indústria de gerenciamento de resíduos do Reino Unido é estimada em cerca de £ 20 bilhões por ano e recicla cerca de 380.000 toneladas de garrafas plásticas anualmente. O potencial em outros países, incluindo nações menos desenvolvidas, é considerável.

Mas a reciclagem é tão eficaz quanto o sistema de gestão de resíduos em que opera.

Três níveis de maturidade do sistema de gerenciamento de resíduos

De acordo com Toby Manners, Diretor de Projetos da Alliance to End Plastic Waste (Alliance), existem essencialmente três níveis de maturidade do sistema de gerenciamento de resíduos, que ele relaciona como Tiers.


Na hierarquia de gestão de resíduos, o objetivo é elevar as comunidades em direção à circularidade. O Nível 1 indica pouco ou nenhum gerenciamento de resíduos e alto risco de vazamento; O nível 2 envolve alguma captura e reciclagem mínima; e o Nível 3 é um sistema totalmente circular, onde a maioria dos resíduos é reciclada e o valor retido.

Os países com pouca gestão de resíduos são considerados no Nível 1, diz Manners.

“Veja a Indonésia. Com uma população de 260 milhões de pessoas, menos da metade tem seus resíduos coletados - e a porcentagem é muito menor nas áreas rurais . Grande parte do país simplesmente não tem um sistema para capturar e processar os resíduos de forma eficaz para evitar vazamentos. ”

Em lugares como a Indonésia, argumenta Manners, as pessoas só se preocupam com o desperdício se isso afetar diretamente suas vidas; quando entope a hélice de um barco de pesca. Manners diz que organizações como a Alliance podem ajudar as comunidades a compreender a escala do problema e encontrar soluções duradouras para enfrentá-lo.

Por exemplo, em um dos projetos da Manner com a Alliance, estamos apoiando a implementação de um sistema formal de coleta, triagem e reciclagem em Jembrana, no noroeste de Bali. Com a implantação das operações começando no início de 2021, o sistema acabará servindo 160.000 pessoas, algumas recebendo serviços de gerenciamento de resíduos pela primeira vez.


Em Jembrana, o lixo doméstico é coletado e levado para uma nova instalação. Lá, ele é classificado em materiais orgânicos e inorgânicos e, em seguida, em categorias recicláveis, como plásticos, alumínio ou papel. Os recicláveis ​​são enfardados e vendidos, gerando renda que contribui para a sustentabilidade financeira do sistema. Foto cedida pelo Projeto STOP.

Para esses casos de Nível 1, diz Manners, a prioridade é garantir que a coleta adequada e o descarte responsável estejam ocorrendo, para acabar com o vazamento ambiental e mover progressivamente / coletivamente toda a comunidade para o segundo Nível.

O segundo nível vê um sistema onde os resíduos são coletados das residências e, em seguida, processados ​​de forma organizada e planejada, evitando vazamentos ambientais devido ao descarte inadequado. No entanto, esse processo ainda é linear.

Modelos lineares, onde os resíduos são coletados e dispostos em aterros ou por incineração com pouca ou nenhuma reciclagem, têm um custo. Um estudo do Banco Mundial estima que só o Sudeste Asiático perde cerca de US $ 6 bilhões por ano quando os plásticos descartáveis ​​não são reciclados. Isso mostra por que mudar para uma economia circular - um modelo que se concentra na retenção do valor material por meio de soluções como a reciclagem - não só é melhor para o nosso meio ambiente, mas faz sentido para os negócios.

Esses são os benefícios que os países de Nível 3 podem desfrutar. Países como o Reino Unido e a Noruega têm instalações eficazes de coleta, transporte e reprocessamento e reciclagem de resíduos domésticos e comerciais. As grandes quantidades de resíduos em sistemas de grande porte, com tecnologia e infraestrutura para produzir recicláveis ​​de alta qualidade, permitem às operadoras arcar com os custos operacionais desses sistemas. Ainda mais poderosas, as soluções circulares em geral trarão uma redução significativa nas emissões de carbono, ajudando o mundo a cumprir suas metas de carbono.

No entanto, mesmo em países com as maiores taxas de reciclagem do mundo - a Noruega recicla 43% de seus resíduos plásticos - não há espaço para complacência.

Maneiras da Alliance novamente: “Podemos encontrar maneiras de alcançar maior qualidade de plástico reciclado e só temos que continuar procurando novas abordagens e melhores maneiras de fazer as coisas. Isso é o importante - continuar investindo na busca de melhores maneiras de lidar com o problema ”, conclui.

Então, existe um 'padrão ouro' na gestão de resíduos, algo que pode ser considerado o ideal?

O padrão ouro e como avançamos

De acordo com Helen Bird, gerente de engajamento estratégico da instituição de caridade de economia circular do Reino Unido WRAP, nenhum país chegou lá ainda, embora alguns estejam próximos.

“A Alemanha é muito boa. Lá, a reciclagem é incentivada por meio de medidas fiscais. Você paga para que seus resíduos sejam levados, mas não para reciclar. É um incentivo financeiro para as pessoas reciclarem. ”

E embora o envolvimento da comunidade seja importante, o que é levado para reciclagem também é um fator de quão eficaz um sistema de gerenciamento de resíduos pode ser, diz Bird.

“Na Alemanha, eles estão coletando uma grande variedade de materiais, incluindo filme plástico. Isso é muito importante, porque quase um terço dos resíduos de plástico é filme plástico. Se você deseja atingir metas de reciclagem elevadas, é necessário coletar esse material ”.

O caminho para um futuro sustentável é, em muitos casos, pavimentado com boas intenções, mas a entrega exigirá esforços comprometidos de governos, líderes empresariais e consumidores.

Um bom ponto de partida é a educação. Com mais pessoas cientes dos efeitos positivos da reciclagem, a pressão do consumidor para usar mais material reciclado aumenta e os incentivos econômicos para atender a essa demanda também aumentam.

Devemos lidar com a quantidade de resíduos que todos nós produzimos e produzir menos, e onde geramos resíduos, devemos ver de forma diferente. Devemos reutilizá-lo tanto quanto pudermos. Como o professor assistente Grzegorz Lisak aponta:

“Lixo não é um desperdício, mas um recurso extraviado.”

Pensamentos da Aliança: Classificando soluções para resíduos de plástico


Há muita discussão sobre se a reciclagem dará uma contribuição significativa no tratamento dos resíduos plásticos. Acreditamos que a resposta seja “muito mesmo”. Os plásticos circulares são uma meta alcançável e a reciclagem será um grande contribuinte para isso.

Por Martyn Tickner,

No entanto, temos que avançar em diferentes frentes paralelamente, e esses esforços requerem coordenação para acelerar o progresso. Considere as muitas soluções que são necessárias como um quebra-cabeça; peças que serão colocadas lado a lado para, eventualmente, criar uma imagem completa - uma de circularidade e o menor impacto ambiental. Concluir este quebra-cabeça é nosso trabalho na Aliança.

O ponto de partida, entretanto, é um amontoado de peças do quebra-cabeça recém-saído da caixa; alguns de que não precisaremos e alguns que ainda estão faltando - novas tecnologias e diferentes modelos de negócios que ainda estão sendo desenvolvidos, embora em um ritmo notável. E temos apenas uma visão nebulosa do resultado final, complicada por muitos interessados ​​com visões muito diferentes de como lidar com esse quebra-cabeça, quem deve fazer o quê.

Então, por onde começamos? Devemos olhar primeiro para os modelos de negócios circulares - reduzir, reutilizar e reciclar - que reduzem o volume de resíduos de plástico a serem tratados? Começamos com a coleta e o descarte gerenciado, pois isso vai impedir o vazamento para o meio ambiente? Ou devemos explorar a reciclagem, já que é a maior alavanca que está imediatamente disponível para nós?

Todos são relevantes, e o que é mais importante depende da perspectiva individual e da definição do problema. Mas vamos começar em algum lugar, no centro do quebra-cabeça. A etapa imediatamente antes da reciclagem - classificação - em países com um sistema de coleta de lixo já desenvolvido, para ter uma ideia do estado final.

Em tal ambiente, mecanismos como coleta segregada na origem; coleta seletiva (informal); esquemas de devolução de depósitos; mecanismos de devolução do proprietário da marca / varejista; PRO e esquemas de logística reversa serão apresentados neste canto da imagem.

Mas ainda teremos um fluxo misto de resíduos para lidar. Talvez resíduos mistos; talvez recicláveis ​​secos, incluindo papel, papelão, metal, vidro; ou talvez apenas plástico misturado, idealmente limpo e seco. Reciclar estes - tanto químicos quanto mecânicos - requer primeiro a separação (e limpeza), para garantir alta pureza e matéria-prima consistente.

A boa notícia é que as tecnologias para o trabalho já existem - ou estão em processo de aumento comercial final - que permitem a classificação detalhada de objetos, flocos ou grânulos. Por exemplo, olhando para a extremidade superior do espectro de tecnologia:
  • Varredura óptica e infravermelho próximo para detectar o tipo de polímero
  • Reconhecimento de objetos habilitado para IA
  • Reconhecimento de objetos por meio de marcação digital de água (códigos de barras invisíveis ou marcadores infravermelhos)
  • Marcadores químicos que identificam um plástico - tornando-o rastreável ao longo de todo o seu ciclo de vida


Este sistema da AMP Robotics usa aprendizado de máquina e IA para permitir a classificação robótica de material tão granular quanto um tipo de plástico a uma taxa de seleção de mais de 80 itens por minuto - duas vezes mais rápido que a classificação humana e com maior precisão e consistência. A startup foi finalista de nosso hub do Vale do Silício da Plataforma de Inovação de Resíduos de Plástico Final.

Essas tecnologias serão mais eficazes quando implantadas em linhas de classificação automatizadas; classificação correta de artigos ou tipos de plástico específicos para reciclagem; rejeitar contaminantes; ou dividir um fluxo de resíduos de plástico misturado em frações distintas que podem ser separadas novamente e novamente.

A Aliança está procurando se envolver na expansão e implantação de tais tecnologias, acreditando que este é um passo importante para fechar as lacunas da circularidade.

A implantação bem-sucedida em escala exigirá que muitas outras mudanças ocorram em paralelo - intervenções econômicas para apoiar o investimento necessário em infraestrutura; controles regulatórios para permitir o uso de plástico reciclado em aplicações de contato com alimentos; evolução nas instalações de triagem e reciclagem para lidar com filmes e flexíveis; mudanças no design de embalagens de alta funcionalidade, como filmes de barreira de oxigênio e umidade para facilitar a reciclagem; adaptação a países com mão de obra de baixo custo onde a seleção manual faz mais sentido; e desenvolvimento e expansão da indústria de reciclagem downstream. Essas são várias peças do quebra-cabeça que podemos discutir a seguir. Mas, principalmente, as peças estão lá e prontas para serem montadas - só precisamos nos alinhar para que isso aconteça.

Então, junte-se a nós na discussão de como resolver esse quebra-cabeça, passo a passo!

Pensamentos da Aliança: Classificando soluções para resíduos de plástico

Há muita discussão sobre se a reciclagem dará uma contribuição significativa no tratamento dos resíduos plásticos. Acreditamos que a resposta seja “muito mesmo”. Os plásticos circulares são uma meta alcançável e a reciclagem será um grande contribuinte para isso.

Por Martyn Tickner, chefe de terceirização e desenvolvimento de projetos

No entanto, temos que avançar em diferentes frentes paralelamente, e esses esforços requerem coordenação para acelerar o progresso. Considere as muitas soluções que são necessárias como um quebra-cabeça; peças que serão colocadas lado a lado para, eventualmente, criar uma imagem completa - uma de circularidade e o menor impacto ambiental. Concluir este quebra-cabeça é nosso trabalho na Aliança.

O ponto de partida, entretanto, é um amontoado de peças do quebra-cabeça recém-saído da caixa; alguns de que não precisaremos e alguns que ainda estão faltando - novas tecnologias e diferentes modelos de negócios que ainda estão sendo desenvolvidos, embora em um ritmo notável. E temos apenas uma visão nebulosa do resultado final, complicada por muitos interessados ​​com visões muito diferentes de como lidar com esse quebra-cabeça, quem deve fazer o quê.

Então, por onde começamos? Devemos olhar primeiro para os modelos de negócios circulares - reduzir, reutilizar e reciclar - que reduzem o volume de resíduos de plástico a serem tratados? Começamos com a coleta e o descarte gerenciado, pois isso vai impedir o vazamento para o meio ambiente? Ou devemos explorar a reciclagem, já que é a maior alavanca que está imediatamente disponível para nós?

Todos são relevantes, e o que é mais importante depende da perspectiva individual e da definição do problema. Mas vamos começar em algum lugar, no centro do quebra-cabeça. A etapa imediatamente antes da reciclagem - classificação - em países com um sistema de coleta de lixo já desenvolvido, para ter uma ideia do estado final.

Em tal ambiente, mecanismos como coleta segregada na origem; coleta seletiva (informal); esquemas de devolução de depósitos; mecanismos de devolução do proprietário da marca / varejista; PRO e esquemas de logística reversa serão apresentados neste canto da imagem.

Mas ainda teremos um fluxo de resíduos misto para lidar. Talvez resíduos mistos; talvez recicláveis ​​secos, incluindo papel, papelão, metal, vidro; ou talvez apenas plástico misturado, idealmente limpo e seco. Reciclar estes - tanto químicos quanto mecânicos - requer primeiro a separação (e limpeza), para garantir alta pureza e matéria-prima consistente.

A boa notícia é que as tecnologias para o trabalho já existem - ou estão em processo de escala comercial final - que permitem a classificação detalhada de objetos, flocos ou grânulos. Por exemplo, olhando para a extremidade superior do espectro de tecnologia:
  • Varredura óptica e infravermelho próximo para detectar o tipo de polímero
  • Reconhecimento de objetos habilitado para IA
  • Reconhecimento de objetos por meio de marcação digital de água (códigos de barras invisíveis ou marcadores infravermelhos)
  • Marcadores químicos que identificam um plástico - tornando-o rastreável ao longo de todo o seu ciclo de vida

Este sistema da AMP Robotics usa aprendizado de máquina e IA para permitir a classificação robótica de material tão granular quanto um tipo de plástico a uma taxa de seleção de mais de 80 itens por minuto - duas vezes mais rápido que a classificação humana e com maior precisão e consistência. A startup foi finalista de nosso hub do Vale do Silício da plataforma End Plastic Waste Innovation.

Essas tecnologias serão mais eficazes quando implantadas em linhas de classificação automatizadas; classificação correta de artigos ou tipos de plástico específicos para reciclagem; rejeitar contaminantes; ou dividir um fluxo de resíduos de plástico misturado em frações distintas que podem ser separadas novamente e novamente.

A Aliança está procurando se envolver na expansão e implantação de tais tecnologias, acreditando que este é um passo importante para fechar as lacunas da circularidade.

A implantação bem-sucedida em escala exigirá que muitas outras mudanças ocorram em paralelo - intervenções econômicas para apoiar o investimento necessário em infraestrutura; controles regulatórios para permitir o uso de plástico reciclado em aplicações de contato com alimentos; evolução nas instalações de triagem e reciclagem para lidar com filmes e flexíveis; mudanças no design de embalagens de alta funcionalidade, como filmes de barreira de oxigênio e umidade para facilitar a reciclagem; adaptação a países com mão de obra de baixo custo onde a seleção manual faz mais sentido; e desenvolvimento e expansão da indústria de reciclagem downstream. Essas são várias peças do quebra-cabeça que podemos discutir a seguir. Mas, principalmente, as peças estão lá e prontas para serem montadas - só precisamos nos alinhar para que isso aconteça.

Então, junte-se a nós na discussão de como resolver esse quebra-cabeça, passo a passo!

ONG quer retirar 15 toneladas de lixo das praias e oceanos – entenda como você pode ajudar!


Por Jéssica Miwa

Retirar mais de 15 toneladas de resíduos de praias pouco habitadas e de difícil acesso do litoral do Paraná e Santa Catarina. Essa é a meta da etapa inicial do projeto Atitude Pelos Oceanos, que será lançado no próximo dia 22 de março – Dia Mundial da Água – pela Organização Não-Governamental Eco Local Brasil, sediada em Barra Velha (SC). As ações operacionais serão realizadas em todo país ao longo do ano e a primeira etapa inicia no mês de abril.

De acordo com o coordenador da ONG, Filipe Oliveira, apesar de pouco habitadas ou inóspitas, as praias escolhidas concentram grandes quantidades de resíduos. “Já fizemos uma triagem prévia dos locais por onde passaremos e estamos cientes de que as ações mais críticas e demoradas irão acontecer nas ilhas paranaenses e litoral norte de Santa Catarina. Infelizmente, é um problema ainda invisível para muitos”, explica.

Para marcar o Dia Mundial da Água, o lançamento será feito com uma ação de limpeza na praia da Península, em Barra Velha, com a presença apenas da equipe da ONG. Para todas as atividades realizadas pelo projeto, o cronograma vai depender dos decretos locais de combate à pandemia. As ações envolvem equipes reduzidas e, caso seja possível, contará com apoio da população local. “Queremos fazer as ações com a maior segurança possível e, por isso, vamos atuar com muito respeito e de acordo com as recomendações da vigilância sanitária de cada localidade”, destaca Oliveira.

Com ampla estrutura logística, que envolverá transporte terrestre e marítimo, o projeto Atitude pelos Oceanos conta com apoio de órgãos públicos competentes de cada área que envolve as ações e tem patrocínio da Portonave, Favretto Paineis e Core Case.

Assista aqui o vídeo teaser de lançamento do projeto, que colabora com um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) – ODS 14 Vida na Água -, atendendo a meta relacionada às medidas para restauração, a fim de assegurar oceanos saudáveis e produtivos. Mais informações sobre o Atitude pelos Oceanos podem ser obtidas no site da Eco Local Brasil.

A ONG Eco Local Brasil atua há 18 anos com ações ambientais de limpeza de praia e educação ambiental em escolas pelo Sul e Sudeste do país. Desde 2018, a entidade aplica um diferencial único em suas mobilizações, que é o de também se responsabilizar pelo descarte do que foi coletado, não utilizar aterros e ainda reaproveitar em 100% os resíduos retirados, usando-os como matéria prima para produtos sustentáveis. Em pouco mais de dois anos, já foram retiradas dos oceanos e transformadas 65 toneladas de resíduos.

Foto: Cleiton/GiroUrbano

Todos os plásticos são tecnicamente recicláveis, então o que está nos impedindo


A especialista em materiais, Sibele Cestari, afirma que o plástico pode ser um material sustentável, basta reiniciar o sistema.

O descarte de plásticos é um problema global. Eles são quase indestrutíveis em condições naturais, mas são descartados em grande escala em todo o mundo. O mundo produz cerca de 359 milhões de toneladas métricas de plásticos a cada ano. A natureza não pode lidar com a quantidade de que eles dispõem a uma velocidade rápida o suficiente para evitar danos aos seres vivos.

É consenso que o plástico é um material insustentável. E sim, os plásticos são certamente um problema enorme, mas não necessariamente precisam ser. A questão principal é com nosso modelo econômico linear: os bens são produzidos, consumidos e, em seguida, eliminados. Esse modelo pressupõe um crescimento econômico sem fim e não considera os recursos esgotáveis ​​do planeta.

A maioria das pessoas acredita que a reciclagem de plásticos é severamente restrita: apenas alguns tipos podem ser reciclados. Isso não é surpreendente. A proporção de plásticos reciclados é mínima. O Reino Unido, por exemplo, usa cinco milhões de toneladas de plástico a cada ano e apenas 370.000 toneladas são recicladas a cada ano: isso é apenas 7%.

Mas todos os polímeros são, tecnologicamente, 100% recicláveis. Alguns deles têm o ciclo de vida perfeito do berço ao berço: eles podem ser usados ​​repetidamente para produzir os mesmos produtos. Alguns plásticos podem ser reutilizados exatamente como o são, fragmentando um objeto em flocos, derretendo-o e reutilizando.

Esses plásticos reciclados podem ter propriedades mecânicas mais baixas em comparação com os plásticos virgens, porque cada vez que você derrete e processa um plástico, as cadeias poliméricas se degradam. Mas essas propriedades podem ser recuperadas misturando-o a aditivos ou plástico virgem. Exemplos de reciclagem industrial de sucesso incluem PET - poli (tereftalato de etileno), que é usado para fazer garrafas de refrigerantes, e poliestireno.


Todo o resto pode ser tecnicamente reprocessado em novos materiais para diferentes aplicações. No caso final, qualquer resíduo de plástico pode ser triturado e usado como enchimento de asfalto ou pirolisado para produzir combustível. A empresa japonesa Blest Corporation já vende uma máquina portátil para converter resíduos plásticos domésticos em combustível de uma forma simples e acessível.

Como viabilizar a reciclagem

O problema é que reciclar grande parte desse lixo plástico é atualmente inviável e não lucrativo. Polímeros como borrachas, elastômeros, termofixos e resíduos plásticos mistos são confortavelmente rotulados como “não recicláveis” pelo setor de reciclagem. Mas a quantidade desses materiais em todo o mundo é assustadoramente grande e continua crescendo. E se esse lixo plástico pudesse ser usado para produzir algo útil para a sociedade?

Muitas universidades e empresários estão tentando fazer isso. A maioria das soluções é voltada para resíduos plásticos mistos e sugere aplicações diferentes das originais. Por exemplo, vários grupos desenvolveram materiais de construção feitos de resíduos de plástico.

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Os plásticos são fortes, duráveis, à prova d'água, leves, fáceis de moldar e recicláveis ​​- todas propriedades essenciais para materiais de construção. E daí se todo esse lixo plástico pudesse ser convertido em materiais de construção para populações de baixa renda? As iniciativas existentes são promissoras, mas ainda não reproduzíveis em escala industrial.

Construindo blocos de plástico

Estudo resíduos plásticos com o objetivo específico de encontrar maneiras interessantes de removê-los do meio ambiente. Desde 2009, desenvolvi vários materiais de construção feitos de plásticos pós-consumo misturados com diferentes materiais de fluxo de resíduos. De resíduos agrícolas, como bagaço de cana-de-açúcar - um subproduto da indústria açucareira no Brasil - e borra de café, a resíduos de concreto e entulho de construção , compostos com plásticos reciclados, existem muitas maneiras de obter materiais para produzir tijolos, telhas, plástico madeira serrada e outros elementos úteis para a construção.


Nossa equipe está atualmente tentando desenvolver um bloco de construção viável feito de plásticos reciclados. Preparamos uma série de materiais potenciais usando uma mistura de plásticos virgens e reciclados (garrafas PET coloridas, polipropileno, polietileno) e outros materiais de resíduos locais - cânhamo, serragem, resíduos de concreto e lama vermelha.


Atualmente, estamos ajustando as propriedades dos materiais para o processo de rotomoldagem , uma tecnologia de moldagem de plásticos ideal para a fabricação de grandes artigos ocos. Queremos usar a quantidade máxima de plásticos reciclados neste bloco. Blocos feitos de 25% de plástico reciclado tiveram um desempenho extremamente bom em testes mecânicos. Em seguida, tentaremos 50%, 75% e 100%.

Também estamos pensando na estética dos blocos. As misturas de plásticos reciclados de várias cores geralmente acabam com uma cor cinza ou preta. Para habilitar a cor, estamos preparando misturas de plásticos virgens ou reciclados para cobrir a maior parte do bloco.


Portanto, talvez os plásticos não sejam necessariamente o problema. Eles podem fazer parte de um caminho para uma forma de vida mais sustentável. Usar um recurso natural ou renovável não é necessariamente amigo do ambiente. A pegada ecológica de um material polimérico é menor do que a de materiais naturais, que têm uma demanda considerável de terras aráveis, água limpa, fertilizantes e tempo de regeneração.

De acordo com a Global Footprint Network, antes da pandemia estávamos demandando 1,75 vezes os recursos disponíveis do planeta. Trabalhar com os resíduos “não recicláveis” e desenvolver alternativas de plásticos aos materiais naturais pode reduzir essa demanda e deixar um planeta mais limpo e sustentável para as próximas gerações.

Os materiais de construção feitos de plástico reciclado ainda não são amplamente usados ​​na indústria da construção - os protótipos têm sido usados ​​principalmente para instalações demonstrativas. Será necessária vontade política e ampla consciência ambiental para incentivar mais investimentos no potencial da reciclagem de plásticos.

Mas, esperançosamente, a maré está começando a mudar, como consequência da crescente pressão da opinião pública sobre a questão da poluição do plástico. Graças ao engajamento do governo e da indústria com a ideia de uma economia circular, parece que haverá uma abertura no mercado - e na mente das pessoas - para acolher iniciativas de plástico para substituir os materiais de construção convencionais.

Este artigo apareceu originalmente em The Conversation, e foi escrito por Sibele Cestari, pesquisador em Materiais Poliméricos, Queen's University Belfast.