Mostrando postagens com marcador IRENA. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador IRENA. Mostrar todas as postagens

O que é hidrogênio verde?

Hidrogênio verde é um combustível com alto potencial de uso na geração de energia
Imagem de Linus Nylund em Unsplash

No sentido da sustentabilidade e da preservação do meio ambiente, “hidrogênio verde" é um termo utilizado para se referir ao hidrogênio obtido a partir de fontes renováveis, em um processo no qual não haja a emissão de carbono. Diferente dos combustíveis fósseis, o aproveitamento energético do hidrogênio raramente se dá por sua combustão, mas sim por meio de uma transformação eletroquímica, realizada em células conhecidas como células a combustível.

Nesses equipamentos, o oxigênio existente na atmosfera se combina com o hidrogênio, produzindo energia elétrica e água. Ou seja, o processo de geração de energia por meio de células a combustível em si não impacta o meio ambiente, razão pela qual pode-se classificá-lo como sendo um processo limpo.

Entretanto, antes de se avançar na discussão da geração de energia, é preciso ampliar a abordagem do processo de obtenção do hidrogênio puro (utilizado nas células a combustível). Deve-se analisar se a energia para sua obtenção provém de energias renováveis e, principalmente, se as matérias primas utilizadas para a obtenção do hidrogênio puro têm origem em fontes fósseis ou renováveis.

O que é hidrogênio?

O hidrogênio é o elemento químico de menor massa atômica (1 u) e menor número atômico (Z=1) entre todos os elementos conhecidos até hoje. Apesar de estar posicionado no primeiro período da família IA (metais alcalinos) da Tabela Periódica, o hidrogênio não apresenta características físicas e químicas semelhantes aos elementos dessa família e, por isso, não faz parte dela. De uma forma geral, o hidrogênio é o elemento mais abundante de todo o universo e o quarto elemento mais abundante no planeta Terra.

Hidrogênio como vetor de energia

Embora esteja presente em diversos locais, o hidrogênio raramente pode ser obtido diretamente na natureza. Assim, é necessário algum tipo de processamento, caracterizando-o como uma fonte secundária de energia.

As principais fontes de hidrogênio são as fósseis. O processo de separação de hidrogênio consiste basicamente no mesmo para a gasolina, nafta, metanol ou até outras fontes renováveis, como o etanol. Independente da fonte, esses processos sempre emitirão poluentes atmosféricos.

Sendo assim, a eletrólise da água é considerada como o método mais viável para a produção de hidrogênio verde como um meio versátil de armazenamento e transporte de longo alcance para a energia renovável intermitente.

Mesmo sem aparecer novas tecnologias, a eletrólise está ficando cada vez mais barata. No entanto, comparada a outros processos, sua utilização ainda é muito pequena, representando 0,1% da produção global de H2. O custo da energia elétrica envolvido nessa reação pode ser decisivo para essa modalidade, já que a energia dispendida para produção do gás puro sempre é maior do que aquela que o hidrogênio pode oferecer para uso.

Outro modo de obtenção de hidrogênio ocorre a partir da utilização de biomassa ou biogás. Trata-se de uma boa oportunidade para vários setores produtivos nacionais, principalmente para o sucroalcooleiro. Além disso, pode-se dizer que esse método contribui significativamente para a proteção do meio ambiente.

Após a seleção da fonte, as células combustíveis aparecem como próximo passo. No geral, elas permitem a junção do oxigênio e do hidrogênio para a formação de moléculas de água. Como resultado, são gerados corrente elétrica e calor.

O hidrogênio desempenha um papel essencial no caminho da transição energética e pode oferecer uma contribuição valiosa para a descarbonização de indústrias de alto consumo de energia. Mas, para torná-la um ator fundamental para um futuro energético mais sustentável, a eletrólise deve ser alimentada por energia renovável.

Novos métodos de produção de hidrogênio verde

Como dito anteriormente, o processo de produção de hidrogênio verde a partir da eletrólise da água ainda requer altos investimentos. Nesse cenário, especialistas estão desenvolvendo alternativas para substituir esse método produtivo, como eletrodos projetados e estruturados que dividem as moléculas de água sob a luz do Sol.

Além disso, outros estudiosos elaboraram uma maneira de produzir hidrogênio verde usando níquel barato e prontamente disponível como eletrocatalisador. Essas descobertas científicas mostram que esse elemento tem um grande potencial para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e diminuir as emissões de gás carbônico na atmosfera.

A chave para a descarbonização total

De acordo com um estudo realizado pela Agência Internacional de Energia (AIE), a produção de hidrogênio ocorre quase inteiramente a partir de combustíveis fósseis, causando a emissão de aproximadamente 830 milhões de toneladas de gás carbônico na atmosfera, o que é equivalente à soma das emissões produzidas pelo Reino Unido e pela Indonésia.

Somente uma produção realizada a partir de fontes renováveis, juntamente com uma estrutura regulatória adequada, poderá redefinir a pegada de carbono do hidrogênio e permitir que ele acelere a transição energética.

Para a Enel (Ente nazionale per l'energia elettrica), o hidrogênio verde representa a chave para um desenvolvimento sustentável e se encaixa perfeitamente na visão de sustentabilidade do Grupo Enel, que se baseia em um objetivo duplo: por um lado, a descarbonização com o uso das energias renováveis e o fechamento das usinas de carvão e, por outro, a produção de energia elétrica para consumo final.

Seguindo o Plano Estratégico do Grupo, que planeja se tornar uma empresa com emissão zero até 2050, a Enel Green Power está trabalhando para criar uma série de instalações híbridas que consistem de usinas de energias renováveis combinadas com eletrolisadores – estruturas que, por meio da eletricidade, dividem as moléculas de água em hidrogênio e oxigênio – para produzir hidrogênio verde, que será então vendido aos clientes para a descarbonização de seus processos.

Além disso, especialistas alemães desenvolveram uma nova tecnologia que permite que o hidrogênio seja distribuído pela rede junto com o gás natural, sendo separados no destino final. Essa descoberta também pode ser considerada chave para a descarbonização total.

Situação atual

A Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA) espera que até 2025, cerca de 6% do consumo final de energia global possa estar associado ao hidrogênio que, diferente de outros combustíveis, possui uma grande capacidade energética. Vale ressaltar que, para o mesmo peso, esse elemento contém três vezes o conteúdo energético do gás natural e sua combustão não envolve a emissão de gás carbônico, gerando apenas vapor de água.

Apesar de não ser uma alternativa para a geração de energia elétrica, o hidrogênio verde representa uma das soluções energéticas mais promissoras, acessíveis e sustentáveis para reduzir as emissões de gás carbônico. E para alcançar a neutralidade climática proposta para 2050, a descarbonização de indústrias que dependem do uso de combustíveis fósseis fará toda a diferença.

Além disso, se produzido dentro das fronteiras nacionais, o hidrogênio verde pode reduzir a dependência de importações de combustíveis fósseis de um país. A criação de uma nova cadeia de valor também pode refletir em implicações sociais positivas, com o aumento de novas oportunidades de emprego. No entanto, há muitas perguntas ainda sem resposta relacionadas à quantidade de energia usada na produção de hidrogênio renovável, à disponibilidade de grandes tecnologias de armazenamento ou aos altos custos de transporte.

FGV discute o papel das energias renováveis na transição energética brasileira


Saiba qual será o papel das energias renováveis nos próximos anos para a matriz energética brasileira

No debate a FGV discute que por mais que esteja em aceleração, a transformação da matriz energética mundial, ainda hoje calcada no setor petrolífero e cuja indústria definiu a era contemporânea, terá profundas consequências na ordem global. Já está claro que cada país fará a transição energética que puder, souber e lhe couber.

Transição energética brasileira – o papel das energias renováveis

Há muitos sinais de que a transição energética esteja ganhando velocidade no mundo. Para discutir o assunto, a FGV Energia e a International Renewable Energy Agency (IRENA), com apoio da agência EPBR, realizam, no dia 14 de outubro, o webinar “O Papel das Energias Renováveis na Transição Energética Brasileira”.

O evento da FGV contou com a participação de especialistas e foi transmitido ao vivo a partir das 18h no canal da FGV no Youtube. Por mais que esteja em aceleração, a transformação da matriz energética mundial, ainda hoje calcada no setor petrolífero e cuja indústria definiu a era contemporânea, terá profundas consequências na ordem global. Já está claro que cada país fará a transição energética que puder, souber e lhe couber.

Brasil é principal motor de crescimento de energias renováveis na América Latina

O grupo Iberdrola aposta em um modelo de negócio limpo, confiável e inteligente que substitua a produção com fontes contaminantes por energias limpas e intensifique a necessária descarbonização e eletrificação da economia mundial. Uma visão da FGV que nos permitiu que nos antecipássemos 20 anos à atual transição energética.

A luta contra as mudanças climáticas é um dos mais importantes desafios que a humanidade deve enfrentar no século XXI e o envolvimento no processo de mudança para uma economia descarbonizada, baseada em energias renováveis, é uma tarefa de todos. A meta mínima de 32 % de energia proveniente de fontes renováveis até 2030, fixada pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho na Diretriz de Energias Renováveis, é alcançável.

No entanto, isso exige um cenário de alta descarbonização e eletrificação da economia, através da utilização de combustíveis descarbonizados em nichos difíceis de eletrificar.

Mas e a transição energética no mundo na prática? Especialistas da FGV responderam

Vamos por partes. Primeiro, onde se gasta energia, segundo a FGV: indústria, agricultura, transporte, edifícios e residências. Os gases de efeito estufa são gerados pela queima de combustível para, entre outros, gerar energia elétrica, mas também pela pecuária (a criação de animais gera sozinha 15% dos gases de efeito estufa liberados no planeta!), pelo uso de motores à combustão de derivados de petróleo tanto para transporte quanto para processos industriais e agrícolas, e pelo desmatamento das florestas, que naturalmente sequestram o carbono.

No Brasil, a agropecuária e o desmatamento geram 55% dos gases de efeito estufa. Esse relatório de 2018 da Renewable Energy Policy Network aponta que a maior parte dos esforços até hoje tem se concentrado na emissão de gases do setor elétrico, mas outras áreas também são igualmente importantes, como a conservação das florestas, a isolação dos edifícios e o setor de transporte, por exemplo.

Dia da Inovação no solo de Charrúa

Epicentro latino-americano uruguaio para falar sobre energias renováveis.

Foto: Wikimedia Commons / Desi burgos

Com o apoio da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA sigla), o Ministério da Indústria, Energia e Mineração do Uruguai e do Escritório de Infra-estrutura da Suécia, foi inaugurado no país sul-americano Innovation Day um espaço para a troca de idéias entre especialistas e autoridades uruguaias com seus pares das nações vizinhas para falar sobre a geração de energia a partir de energias renováveis.

Olga Otegui, subsecretária de Indústria do governo anfitrião: "O intercâmbio nos permitirá tentar ver essas inovações emergentes, como elas podem nos inspirar e nos informar de alguma maneira para continuar no caminho dessa transformação e continuar incorporando a energia renovável".

Reunida como a que foi desenvolvida na última terça e quarta-feira, a IRENA organiza a cada dois anos na Alemanha, agora com o apoio do governo uruguaio, a agência internacional de energia organizou um workshop entre tomadores de decisão sobre soluções inovadoras para atingir 100% de energia proveniente de fontes renováveis.

Um dos temas relevantes do Dia da Inovação foi a descarbonização do setor elétrico global, o que está de acordo com os objetivos do Acordo de Paris da Organização das Nações Unidas.

Em uma das tabelas de análise foi enfatizado que o processo de descarbonização exigirá um aumento significativo de energias renováveis ​​na geração total até 2050.

Dentro de três décadas, energias limpas, como solar e eólica, representarão 60% da energia total gerada no mundo.

Quatro novas instalações fotovoltaicas inauguradas em Cuba graças ao financiamento da IRENA / ADFD

Quatro parques fotovoltaicos localizados nas províncias de Matanzas, Sancti Spíritus e Camagüey começaram a operar em Cuba. Fazem parte de um projeto financiado pela IRENA através do Abu Dhabi Development Fund.

O parque solar fotovoltaico de Yaguajay, em Cuba. Foto: Sancti Spíritus Electric Company

Na sexta-feira passada, quatro usinas fotovoltaicas, totalizando 10 MWp, foram inauguradas em Cuba e estão localizadas nas províncias de Matanzas, Sancti Spíritus e Camagüey. Sua construção faz parte de um projeto financiado pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) através do Fundo de Desenvolvimento de Abu Dhabi, conhecido como financiamento IRENA / ADFD, que visa aumentar o acesso à energia, melhorar os meios de vida e promover o desenvolvimento sustentável.

Especificamente, em Cuba, foram alocados 15 milhões de dólares para a construção dos projetos localizados na Usina Mecânica de Camagüey, com 2,5 MWp; Mayajigua e Venegas em Sancti Spíritus com 2,5 MWp e 1,25 MWp respectivamente; e Cárdenas 1, em Matanzas, com 3,75 MWp, cuja inauguração contou com a presença de Francesco la Camera, CEO da IRENA.

Cuba pretende promover o uso de energia limpa para transformar a matriz energética até que, em 2024, ela gere 24% de sua eletricidade por meio de fontes renováveis.

A Câmara mencionou que com a inauguração dos quatro parques fotovoltaicos que serão sincronizados com o Sistema Elétrico Nacional até a sexta-feira, quase 7.000 famílias cubanas serão favorecidas, e outras 300 pessoas obtiveram emprego como resultado da execução das obras.

O embaixador dos Emirados Árabes Unidos em Cuba, Bader Almatrooshi, indicou que a abertura do parque solar Cárdenas 1 representa o início da cooperação do seu país com a ilha para enfrentar os efeitos negativos das mudanças climáticas como um todo.

De acordo com os dados oficiais atuais, Cuba já possui mais de 70 usinas fotovoltaicas em todo o país que geram 1,15% do consumo total de eletricidade.

Cuba inaugura projeto solar de 10 MW desenvolvido com empréstimos de Abu Dhabi

O novo projeto foi desenvolvido sob os auspícios de um acordo entre o Fundo de Abu Dhabi para o Desenvolvimento e a IRENA, que fornece financiamento concessional de empréstimos para instalações de energia renovável.

Abu Dhabi emprestou o dinheiro para até metade dos custos de desenvolvimento em uma base de 20 anos. Imagem: Mathias Apitz (München) / Flickr

A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) inaugurou um projeto solar de 10 MW em Cuba, que foi parcialmente financiado pelo Fundo para o Desenvolvimento de Abu Dhabi (ADFD).

O projeto, que foi inaugurado oficialmente na sexta-feira, foi identificado para financiamento de empréstimo concessional pela IRENA em 2015 e recebeu US$ 15 milhões do ADFD a uma taxa de juros de 1-2% por 20 anos.

O projeto cubano foi desenvolvido no segundo ciclo da instalação do projeto ADFD / IRENA , pelo qual o fundo de desenvolvimento da emirati fornecerá US$ 350 milhões em empréstimos em blocos anuais de US$ 50 milhões até 2021.

Os US$ 15 milhões emprestados para o projeto cubano, cuja localização não foi especificada em um comunicado de imprensa anunciando sua inauguração, é o máximo disponível para projetos de renováveis ​​individuais no âmbito da instalação.

O financiamento pode fornecer até metade dos custos dos projetos recomendados pela IRENA e o governo cubano financiará o custo restante do desenvolvimento do esquema de 10 MW. A IRENA não especificou que percentagem dos custos de desenvolvimento do projeto foram cobertos pelo empréstimo do ADFD.

Mais de 120 MW de nova capacidade de energia renovável em todo o mundo estão programados para entrar online nos primeiros quatro ciclos da instalação de empréstimo com o projeto cubano e outra instalação de 10 MW, planejada na Maurícia, os maiores esquemas solares atualmente em desenvolvimento.

Energia renovável emprega cada vez mais


A última análise da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) mostra que onze milhões de pessoas estavam empregadas no setor de energia renovável em todo o mundo em 2018. Em 2017, eram 10,3 milhões. A edição da Pesquisa Anual sobre Energia Renovável e Empregos sinaliza ainda que, à medida que mais e mais países fabricam, comercializam e instalam tecnologias de energia renovável, os empregos renováveis ​​alcançaram seu mais alto nível, apesar do crescimento mais lento nos principais mercados de energia renovável, incluindo a China.

Segundo o levantamento da IRENA, a diversificação da cadeia de fornecimento de energia renovável está mudando a pegada geográfica do setor. Até agora, as indústrias de energia renovável permaneceram relativamente concentradas em um punhado de grandes mercados, como China, Estados Unidos e União Europeia. No entanto, cada vez mais os países da Ásia Oriental e do Sudeste surgem ao lado da China como principais exportadores de painéis solares fotovoltaicos (PV). Nações como Malásia, Tailândia e Vietnã foram responsáveis ​​por uma parcela maior do crescimento em empregos renováveis ​​no ano passado, o que permitiu à Ásia manter uma participação de 60% dos empregos em energia renovável em todo o mundo.

“Além das metas climáticas, os governos estão priorizando as energias renováveis ​​como um motor do crescimento econômico de baixo carbono, reconhecendo as inúmeras oportunidades de emprego criadas pela transição para as energias renováveis”, disse Francesco La Camera, diretor-geral da IRENA. “As energias renováveis ​​atendem a todos os principais pilares do desenvolvimento sustentável – ambiental, econômico e social. À medida que a transformação global da energia ganha força, essa dimensão do emprego reforça o aspecto social do desenvolvimento sustentável e fornece mais uma razão para os países se comprometerem com as energias renováveis ​​

Energia solar fotovoltaica (PV) e eólica permanecem como os mais dinâmicos de todos os setores de energia renovável. Contabilizando um terço do fluxo total de trabalho com energia renovável, a energia solar fotovoltaica mantém o primeiro lugar em 2018, à frente dos biocombustíveis líquidos, energia hidrelétrica e energia eólica. Geograficamente, a Ásia concentra mais de três milhões de empregos fotovoltaicos, quase nove décimos do total global.

A maior parte da atividade da indústria eólica ainda ocorre em terra e é responsável pela maior parte dos 1,2 milhão de empregos do setor. Só a China é responsável por 44% do emprego global eólico, seguida pela Alemanha e pelos Estados Unidos. A energia eólica marítima poderia ser uma opção especialmente atraente para alavancar a capacidade doméstica e explorar as sinergias com a indústria de petróleo e gás.

No Brasil, o setor de biocombustíveis continua sendo o mais importante empregador no segmento de energias renováveis. A produção de etanol combustível subiu para níveis recordes em 2018, e os planos são para aumentar ainda mais – de 27,8 bilhões de litros para 47,1 bilhões de litros em 2028.

A produção de biodiesel de 5,4 bilhões de litros também bateu um recorde em 2018, impulsionada por um aumento na mistura de biodiesel para 10%. A produção deverá dobrar para 11,1 bilhões de litros na próxima década. Para atender essas metas, são necessárias novas usinas de etanol e milho e de extração de óleo de soja; estes poderiam criar mais 1,4 milhão de empregos na próxima década. O emprego em biodiesel subiu para cerca de 257.000 postos de trabalho em 2018, enquanto a mecanização contínua da cadeia de fornecimento de matérias-primas causou uma redução de cerca de 575.000 postos de trabalho em bioetanol em 2017.

Novas adições à capacidade de geração de energia eólica do Brasil atingiram 2,1 GW em 2018, a quinta maior no mundo, elevando a capacidade acumulada para 14,7 GW. Mais de 85% dessa capacidade está localizada no Nordeste. O setor eólico pode trazer desenvolvimento industrial e criação de empregos para uma área com desenvolvimento econômico comparativamente baixo, mas déficits de habilidades são um obstáculo para a contratação local. A IRENA estima a mão de obra eólica do país em cerca de 34.000 pessoas. Cerca de um terço dos empregos são de manufatura, 42% de construção e o restante de operações e manutenção.

As estatísticas do comércio sugerem que, em 2014, o conteúdo nacional no setor de fabricação de energia eólica no Brasil era de cerca de 89%. O BNDES oferece empréstimos subsidiados se os desenvolvedores atenderem aos requisitos de conteúdo local de 65%. Ao longo dos anos, essa exigência estimulou o surgimento de uma cadeia de suprimentos doméstica de mais de 300 empresas. Entre os fabricantes estrangeiros que investem no Brasil, a instalação de pás da LM Wind Power no Complexo Portuário de Suape, em Pernambuco, emprega hoje cerca de 900 pessoas.

Novas instalações no mercado de aquecimento solar no Brasil diminuíram 1,1% em 2018 e estima-se que o emprego tenha diminuído para 40.630 empregos.

Mas o país está aumentando as atividades em energia solar fotovoltaica, instalando 828 MW de capacidade em larga escala e 318 MW de capacidade distribuída durante 2018. Em operação desde meados de 2018, o complexo solar de Pirapora, em Minas Gerais, com 399 MW, é um dos maiores da América Latina e usa módulos domésticos. Os cálculos do fator de emprego da IRENA sugerem que o Brasil tem atualmente cerca de 15 600 empregos em energia solar fotovoltaica, principalmente em construção e instalação. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, cerca de 1 GW de capacidade provavelmente será instalada durante 2019, e a ABSOLAR projeta que 15.000 novos empregos poderiam ser criados como resultado. (Canal, com Assessoria de imprensa da IRENA).

Tailândia lança esquema de medição líquida para PV residencial

O governo tailandês está tentando demitir instalações no telhado - mas o pagamento de medição líquida não é generoso. Imagem: Johan Fantenberg / Flickr.
O programa será aberto a sistemas de energia solar com capacidade de geração superior a 10 kW. Inicialmente, cerca de 100 MW de energia solar serão alocados através do mecanismo. As tarifas líquidas de medição, no entanto, serão pouco mais do que a metade do preço atual da eletricidade.

As autoridades metropolitanas e provinciais de eletricidade da Tailândia lançaram um esquema de medição líquida para instalações fotovoltaicas residenciais com capacidade de geração de até 10 kW.

Os pedidos terão de ser apresentados ao Gabinete da Comissão Reguladora de Energia do país, que também será o comprador do excedente de energia produzido pelos sistemas de cobertura.

A tarifa líquida de medição, fixada para 10 anos, será de THB1,68 / kWh (US$ 0,052), substancialmente abaixo do preço atual da energia residencial de THB3,80 / kWh. Os proprietários de sistemas solares também terão que pagar uma taxa de conexão de rede de cerca de THB8,500.

Transição dos FITs para o autoconsumo

O esquema é parte do plano de desenvolvimento de energia recentemente atualizado, que será executado até 2037 e prevê que as fontes renováveis ​​forneçam 35% da energia da Tailândia até esse ponto. A energia limpa atende atualmente a cerca de 10% da demanda.

De acordo com as últimas estatísticas divulgadas pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), a Tailândia atingiu uma capacidade de geração de energia solar instalada de 2.720 MW no ano passado. Desse total, no entanto, apenas 23 MW foram implantados em 2018, com a maior parte da capacidade fotovoltaica instalada entre 2011 e 2016, quando os FITs foram concedidos a projetos em larga escala e em telhados.

A meta solar para 2036 é de 6 GW, mas a IRENA sugeriu em um relatório recente que a ambição poderia ser aumentada para 17 GW . A agência citou o potencial abundante de recursos de energia solar e os custos do sistema que caem rapidamente como a combinação perfeita para um mercado de painéis fotovoltaicos no último andar, que está em grande parte inexplorado.

No final de 2017, a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional e a agência alemã de desenvolvimento, Deutsche Gesellschaft fuer Internationale Zusammenarbeit (GIZ), emitiram recomendações para facilitar a implantação de PV em telhados na Tailândia. A GIZ Tailândia disse na época que investidores e consumidores finais precisavam de diretrizes de implementação simples para impulsionar a implantação no telhado.

As fontes renováveis atingiram um terço da capacidade global de energia em 2018


O documentário da BBC (Climate Change – The Facts) mostra que o crescimento das atividades antrópicas, impulsionadas pelo uso generalizado de combustíveis fósseis, está gerando um aquecimento global sem precedentes no Holoceno (últimos 12 mil anos), com consequências catastróficas para a vida no Planeta. No vídeo, o grande ambientalista, Sir David Attenborough, entrevista alguns dos principais cientistas climáticos do mundo e aponta possíveis soluções para essa ameaça global. Uma das soluções imprescindíveis é a mudança da matriz energética global.

Uma boa notícia é que as fontes renováveis de energia responderam por cerca de um terço de toda a capacidade de energia global em 2018, segundo relatório divulgado no início de abril de 2019 pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). As renováveis foram responsáveis por 63% da capacidade líquida instalada em 2018.

A IRENA mostrou que foram adicionados 171 GW de nova capacidade de energia renovável em 2018, um aumento anual de 7,9%. Este aumento foi impulsionado principalmente pelas novas adições de capacidade eólica e solar. Isso eleva a capacidade total de geração de energia renovável para um total de 2.351 GW no final de 2018, representando cerca de um terço da capacidade instalada total de eletricidade do mundo.

Como mostra o gráfico abaixo, a energia hidrelétrica continua sendo a maior fonte de energia renovável baseada na capacidade instalada, com 1.172 GW, seguida pela energia eólica com 564 GW e energia solar com 480 GW. O grande destaque da nova capacidade instalada em 2018 foi da energia solar, com acréscimo de impressionantes 94 GW. A energia eólica adicionou cerca de 50GW, a hidrelétrica adicionou 20 GW e a bioenergia e a geotérmica com acréscimos modestos.


A IRENA também mostrou que houve crescimento de energia renovável em todas as regiões do mundo, embora em níveis variados. A Ásia respondeu por 61% da nova capacidade em 2018 (ligeiramente abaixo do ano passado) e resultou em 1,024 Terawatt de capacidade renovável (44% do total global). Ásia e Oceania também foram as regiões de maior crescimento, com expansão de 11,4% e 17,7%, respectivamente. A Europa cresceu no mesmo período do ano passado (+24 GW ou variação de 4,6%, ficando com 23% da participação global). A expansão na América do Norte se recuperou ligeiramente, com um aumento de 19 GW (mais 5,4%) e participação global de 16%. A África acrescentou 3,6 GW (mais 8,4%), mas com participação de somente 2% na capacidade global. A América do Sul aumentou 9,4 GW (mais 4,7%), representando 9% da capacidade global.


O crescimento das energias renováveis (especialmente solar e eólica) é, indubitavelmente, uma boa notícia, tanto no sentido de cumprir as metas climáticas do Acordo de Paris (de 2015), quanto as metas do Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os países que aproveitam ao máximo o potencial de renováveis se apropriam de uma série de benefícios socioeconômicos, além de descarbonizar suas economias.

Além disto, as energias renováveis são a alternativa diante da iminência do Pico do Petróleo. Artigo do site The Beam, mostra que, sem novos investimentos, a produção global de petróleo – todas as fontes não convencionais – cairá em 50% até 2025, conforme a figura abaixo. A produção anual global de petróleo pode diminuir em aproximadamente seis milhões de barris por dia a partir de 2020. Alguns países produtores de combustíveis fósseis (e não somente a Venezuela) já convivem com a queda da produção.


Desta forma, mesmo diante do avanço da produção de energia renovável, os desafios são cada vez mais urgentes. O ritmo da transição energética tem se mostrado lento diante da gravidade dos desafios ecológicos e da inevitabilidade do Pico de Hubbert. Como a população e a economia mundial continuam crescendo em volume, aumentam, em consequência, a extração de recursos do meio ambiente, elevam as emissões de gases de efeito estufa (GEE), acelerando o aquecimento global, o que aumenta a Pegada Ecológica do Planeta e reduz a biocapacidade e a biodiversidade (ver o vídeo da BBC: Climate Change – The Facts).

Artigo de Nafeez Ahmed (Motherboard, 27/08/2018) mostra que os cientistas alertam a ONU sobre a possibilidade do fim iminente do capitalismo, pois um abandono dos combustíveis fósseis, necessário para deter as mudanças climáticas, significa que a economia mundial fundamentalmente precisará mudar. O capitalismo emissor de CO2, como o conhecemos, acabou e não oferece respostas para os desafios do século XXI.

Assim, o processo de transição energética e o fim do uso dos combustíveis fósseis, a despeito dos avanços, pode chegar tarde e não ser suficiente para evitar um colapso ambiental. Se o Planeta se transformar em uma estufa e ficar inabitável, não haverá mais Dia da Terra, pois o colapso ecológico será também um colapso civilizacional. Será o verdadeiro fim da história humana e os únicos culpados serão os próprios seres humanos.


Artigo: José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br


Referências:

The Beam The Largely Ignored Problem Of Global Peak Oil Will Seriously Hit In A Few Years.
April 18th, 2019

IRENA, Renewable capacity highlights, 31 March 2019

Nafeez Ahmed. Scientists Warn the UN of Capitalism’s Imminent Demise, Motherboard, 27/08/2018 https://motherboard.vice.com/en_us/article/43pek3/scientists-warn-the-un-of-capitalisms-imminent-demise

BBC. Climate Change – The Facts https://www.youtube.com/watch?v=0ypaUH57MO4

Um futuro climático seguro passa pela eletrificação impulsionada por energias renováveis

Diante da urgência cada vez maior de empreender ações efetivas contra a mudança do clima, uma nova análise realizada pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, sigla em inglês) conclui que a intensificação do uso de fontes renováveis de energia para expansão da eletrificação poderia viabilizar mais de 3/4 da redução de emissões relacionadas a energia necessária para conter o aquecimento global.

De acordo com o relatório Global Energy Transformation – A roadmap to 2050, a eletrificação seria responsável por quase metade da combinação global de fontes de energia, sendo que o fornecimento global de eletricidade mais que dobraria até 2050 – em grande parte, gerado a partir de fontes renováveis, principalmente solar fotovoltaica e eólica.


“A corrida para garantir um futuro climático seguro está em um momento decisivo”, afirma Francisco La Camera, diretor-geral da IRENA. “As energias renováveis representam a solução mais eficaz, e que já existe, para inverter a tendência ascendente de emissões de carbono. Com a soma das energias renováveis com uma eletrificação mais ampla, é possível obter mais de 75% da redução necessária de emissões relacionadas a energia”.

Além disso, se a transição for acelerada de acordo com o roteiro desenhado pela IRENA até 2050, isso poderia gerar uma economia acumulada de até US$ 160 bilhões nos próximos 30 anos em custos evitados em saúde, subsídios relacionados à energia e danos climáticos. E a economia global teria condições de crescer cerca de 2,5% por ano até meados deste século. No entanto, os danos causados por eventos climáticos extremos podem gerar perdas socioeconômicas significativas.

“A transição para energias renováveis é lógica do ponto de vista econômico”, acrescenta La Camera. “Políticas que promovam uma transição justa, equitativa e inclusiva podem maximizar os benefícios para diferentes países, regiões e comunidades. Estamos falando de uma transformação que não se limita apenas à energia, mas que tem efeitos mais amplos, que englobam a sociedade e a economia como um todo”.

No entanto, o relatório avisa que as ações necessárias para aproveitar esse potencial estão atrasadas. Enquanto as emissões de gases de efeito estufa (GEE) relacionadas a energia continuaram a crescer a uma média de 1% ao ano nos últimos cinco anos, para atingir as metas climáticas globais precisaríamos reduzir as emissões em 70% com relação aos níveis atuais até 2050. Isso passa pelo aumento substancial do nível de ambição dos compromissos nacionais e das metas climáticas e de energia renovável.

O roteiro da IRENA recomenda que a política nacional se concentre em estratégias de longo prazo para viabilizar emissões líquidas zero até 2050. Ele também destaca a necessidade de promover e aproveitar a inovação sistêmica, o que inclui o fomento de sistemas energéticos mais inteligentes por meio da digitalização e da eletrificação, ampliando-a para setores de uso final, como aquecimento, refrigeração e transporte.

“A transformação energética está ganhando força, mas precisa ser acelerada”, conclui La Camera. ‘A Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável e a revisão dos compromissos nacionais no âmbito do Acordo de Paris são marcos para elevar o nível de ambição nos próximos anos. É vital que uma ação urgente seja tomada em todos os níveis e, particularmente, que se viabilizem os investimentos necessários para impulsionar essa transformação energética. A velocidade e a liderança com visão de futuro serão elementos críticos, já que o mundo que queremos em 2050 depende das decisões sobre energia que tomarmos hoje”.

Acesso universal a energia: muito mais que eletricidade

Ainda há muito a ser feito para fornecer à população mundial combustíveis limpos, fontes renováveis ​​modernas e tecnologias de eficiência energética.

Estação de metro impulsionada por energia solar em Brasília, Brasil. PAULO BARROS (METRO-D)

Você tem acesso a eletricidade confiável em casa a um preço acessível? E como é o forno que você usa? É elétrico ou usa carvão, gerando fumaça toda vez que você cozinha?

Um bilhão de pessoas (13% da população mundial) ainda vivem sem eletricidade e mais de 3 bilhões (41%) usam combustíveis poluentes para cozinhar, o que afeta sua saúde, produtividade e qualidade de vida. É por isso que as Nações Unidas incluíram o acesso universal à eletrificação e às tecnologias limpas de cozinha entre os objetivos relacionados a energia a serem alcançados dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030.

O ODS número 7 também requer um aumento substancial na participação de fontes renováveis modernas (solar, eólica, hidrelétrica e geotérmica, por exemplo) no mix energético global, além de um uso mais eficiente da energia.

O novo estudo Monitorando o ODS 7: Relatório de Progresso Energético 2018 revela como o mundo está avançando nos objetivos de acesso a eletricidade, combustíveis limpos para cozinhar, energia renovável e eficiência energética.

E embora o documento mostre que o mundo não está fazendo o suficiente para cumprir essas metas até 2030, ele destaca experiências recentes que trazem esperança, principalmente na Ásia e na África subsaariana, mas também na América Latina.

O relatório é um esforço coletivo da Agência Internacional de Energia (IEA), da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), da Divisão de Estatísticas das Nações Unidas (UNSD), do Banco Mundial e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Acendendo a luz

Até 2030, espera-se que a América Latina e o Caribe alcancem acesso quase universal a energia. Em toda a região, o Haiti deve o único país em que menos de 90% da população estará conectada.

Outra boa notícia vem da África, onde nos últimos anos a eletrificação ultrapassou o crescimento populacional pela primeira vez. Entre 2010 e 2016, Etiópia, Quênia e Tanzânia conseguiram aumentar em 3% ao ano a parcela da população com acesso a eletricidade. No mesmo período, na Índia, 30 milhões de pessoas conquistavam acesso a eletricidade a cada ano. Nenhum outro país fez isso.

No entanto, ainda há muito trabalho pela frente: se as tendências atuais de acesso continuarem, 8% da população mundial ainda estará às escuras até 2030.

“A experiência de países que aumentaram substancialmente o número de pessoas com eletricidade em um curto espaço de tempo oferece uma esperança real de que conseguiremos alcançar o bilhão de pessoas que ainda vivem sem eletricidade”, diz Riccardo Puliti, diretor de Energia e Indústrias Extrativas do Banco Mundial.

“Com as políticas certas, investimentos em eletrificação dentro e fora da rede (como nos sistemas de energia solar para as casas), estruturas de financiamento bem adaptadas e mobilização do setor privado, é possível fazer grandes conquistas em alguns anos. Isso, por sua vez, terá impactos reais e positivos nas perspectivas de desenvolvimento e na qualidade de vida de milhões de pessoas”, acrescenta.

Combustíveis limpos para cozinhar

Dentre os ODS para o setor de energia, o acesso a tecnologias limpas de cozinha é o mais atrasado: se a atual trajetória de progresso continuar, 2.3 bilhões de pessoas continuarão a queimar madeira, carvão e outros tipos de biomassa em 2030.

Esses métodos tradicionais causam poluição dentro de casa, provocando cerca de 4 milhões de mortes por ano, mais do que o HIV e a tuberculose juntos. Mulheres e crianças correm os maiores riscos.

A lentidão se deve à baixa conscientização dos consumidores, ao pouco financiamento para o setor, ao baixo progresso tecnológico e à falta de infraestrutura para a produção e distribuição de combustíveis limpos, de acordo com o relatório. Entre as raras histórias de sucesso em todo o mundo, estão as da Indonésia e do Vietnã, que proporcionaram acesso a mais 3% de suas populações ao ano entre 2010 e 2016.

O relatório também destaca que, dos 20 países que mais avançaram entre 2010 e 2016, quatro deles estão na América Latina: Guiana, Peru, El Salvador e Paraguai.

Energia renovável

Em 2015, o mundo obteve 17,5% do seu consumo total de energia final a partir de fontes renováveis, dos quais 9,6% corresponderam a formas modernas de energia renovável, como energia geotérmica, hidroelétrica, solar e eólica. O resto são usos tradicionais de biomassa (como lenha e carvão).

Embora o ODS 7 não defina uma meta fixa para energia renovável, clama por um “aumento substancial” na proporção de fontes renováveis no mix energético global. Com base nas tendências atuais, espera-se que a participação das renováveis chegue a apenas 21% até 2030 (ante 16,7% em 2010), sem alcançar o aumento defendido pelas Nações Unidas.

Transporte e aquecimento, que respondem por 80% do consumo global de energia, ainda precisam se tornar mais sustentáveis. No transporte, por exemplo, apenas 2,8% do consumo energético veio de fontes renováveis em 2015.

As principais áreas de preocupação continuam sendo o transporte aéreo, ferroviário e marítimo, onde os percentuais de uso de biocombustíveis (como etanol e biodiesel) são insignificantes no momento. Já para aquecimento, o uso tradicional de lenha e carvão (entre outros tipos de biomassa) ainda representa 65% da cota de energia renovável.

A eletricidade representa os 20% restantes do consumo global e obteve melhores resultados graças aos custos decrescentes das energias eólica e solar. Nesse tema, em particular, a participação de fontes renováveis chegou a 22,8% em 2015. A energia hidrelétrica continua a ser a principal fonte de eletricidade renovável, mas a eólica cresceu mais rapidamente de 2010 a 2015.

Na América Latina, o Brasil se destaca por usar mais que o dobro da média global de fontes renováveis em eletricidade, aquecimento e transporte.

Eficiência energética

Melhorar a eficiência energética significa ser capaz de produzir mais com menos energia. E as evidências mostram que o crescimento econômico e o uso de energia estão cada vez mais dissociados. Entre 2010 e 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) mundial cresceu quase duas vezes mais rápido que o fornecimento de energia primária. O crescimento econômico excedeu o avanço no uso de energia em todas as regiões, exceto na Ásia Ocidental.

Uma das métricas mais importantes para essa meta dos ODS é a intensidade energética – a proporção de energia usada por unidade do PIB, que caiu 2,8% em 2015, a queda mais rápida desde 2010. No entanto, ainda é preciso avançar mais para dobrar a taxa global de melhoria na eficiência energética até 2030.

A indústria, o maior setor de consumo de energia, também fez o progresso mais rápido, reduzindo a intensidade de energia em 2,7% ao ano.

Fonte: EL PAÍS

Energia renovável emprega 10,3 milhões de pessoas no mundo

O segmento de energia solar fotovoltaica continua sendo o maior empregador respondendo por cerca de 3,4 milhões de empregos.



O setor de energia renovável criou mais de 500.000 novos empregos em todo o mundo em 2017, um aumento de 5,3% em relação a 2016, segundo os últimos dados divulgados pela Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA). De acordo com a quinta edição do relatório Renewable Energy and Jobs – Annual Review, lançado hoje na 15º Reunião do Conselho da IRENA em Abu Dhabi, o número total de pessoas empregadas no setor (incluindo grandes hidrelétricas) está atualmente em 10,3 milhões, superando a marca dos 10 milhões pela primeira vez.

China, Brasil, Estados Unidos, Índia, Alemanha e Japão continuam a ser os maiores empregadores do mercado de energia renovável no mundo, representando mais de 70% de todos os empregos no setor globalmente. Embora um número crescente de países esteja colhendo os benefícios socioeconômicos das energias renováveis, a maior parte da produção ocorre em relativamente poucos países e os mercados domésticos variam enormemente em tamanho.

“A energia renovável tornou-se um pilar do crescimento econômico de baixo carbono para governos em todo o mundo, um fato refletido pelo crescente número de empregos criados no setor”, declarou Adnan Z. Amin, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável.

“Os dados também ressaltam um quadro cada vez mais regionalizado, destacando que os benefícios econômicos, sociais e ambientais das energias renováveis ​​são mais evidentes nos países onde existem políticas atraentes para o setor”, continuou o Sr. Amin. “Fundamentalmente, esses dados apoiam nossa análise de que a descarbonização do sistema energético global pode fazer a economia global crescer e criar até 28 milhões de empregos no setor até 2050”.

O segmento de energia solar fotovoltaica continua sendo o maior empregador de todas as tecnologias de energia renovável, respondendo por cerca de 3,4 milhões de empregos, quase 9% a partir de 2016, após um recorde de 94 gigawatts (GW) de instalações em 2017. Estima-se que a China responda por dois terços dos empregos fotovoltaicos – equivalente a 2,2 milhões – o que representa uma expansão de 13% em relação ao ano anterior.

Apesar de uma ligeira queda no Japão e nos Estados Unidos, os dois países seguiram a China como os maiores mercados de empregos em energia solar fotovoltaica no mundo. Índia e Bangladesh completam a lista dos cinco principais empregadores globais neste segmento, que juntos respondem por cerca de 90% dos empregos em energia solar fotovoltaica em todo o mundo.

Empregos em energia eólica

A indústria eólica retraiu-se ligeiramente no ano passado para 1,15 milhão de empregos em todo o mundo. Embora os empregos desse segmento sejam encontrados em um número relativamente pequeno de países, o grau de concentração é menor do que no setor fotovoltaico solar. A China responde por 44% dos empregos em energia eólica em todo o mundo, seguida pela Europa e América do Norte, com 30% e 10%, respectivamente. Metade dos dez principais países com a maior capacidade instalada de energia eólica do mundo são europeus.

“A transformação do setor energético é uma das oportunidades de melhorar a economia e aumentar o bem-estar social à medida que os países implementam políticas de apoio e estruturas regulatórias atraentes para impulsionar o crescimento industrial e a criação de empregos sustentáveis”, disse o Dr. Rabia Ferroukhi, chefe da Unidade de Políticas da IRENA e Diretor de Conhecimento, Política e Finanças da agência.

“Ao fornecer aos formuladores de políticas esse nível de detalhe sobre a composição dos requisitos de emprego e habilidades em energia renovável, os países podem tomar decisões informadas sobre vários objetivos nacionais importantes, desde educação e treinamento até políticas industriais e regulamentações do mercado de trabalho”, continuou Dr. Ferroukhi. “Tais considerações apoiarão uma transição justa e equitativa para um sistema energético baseado em energias renováveis.”

Energia renovável emprega mais de 10 milhões de pessoas no mundo

O setor de energia renovável, incluindo hidrelétricas, responde por 10 milhões de empregos no mundo (Arquivo/Agência Brasil).

Sobradinho – A Usina Hidrelétrica de Sobradinho tem capacidade total de 1050 megawatts, mas com a falta de água só tem sido possível gerar cerca de 160 megawatts (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O setor de energia renovável, incluindo as grandes hidrelétricas, emprega mais de 10 milhões de pessoas no mundo, de acordo com dados da quinta edição do relatório Renewable Energy and Jobs – Annual Review, lançado hoje (8) na 15º Reunião do Conselho da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, na sigla em inglês), em Abu Dhabi. De acordo com o relatório, em 2017 foram criados mais de 500 mil empregos, um aumento de 5,3% em relação a 2016.

Segundo a Irena, organização intergovernamental global com 156 membros, a China, o Brasil, os Estados Unidos, a Índia, Alemanha e o Japão continuam a ser os maiores empregadores do mercado de energia renovável no mundo, representando mais de 70% de todos os empregos no setor globalmente.

“Embora um número crescente de países esteja colhendo os benefícios socioeconômicos das energias renováveis, a maior parte da produção ocorre em relativamente poucos países e os mercados domésticos variam enormemente em tamanho”, avalia a agência.

Para a Irena, a economia global poderá criar até 28 milhões de empregos no setor até 2050, com a descarbonização do sistema energético. Os dados mostram que a produção de energia solar fotovoltaica continua sendo o maior empregador de todas as tecnologias de energia renovável, respondendo por cerca de 3,4 milhões de empregos. A estimativa é que a China responda por dois terços dos empregos fotovoltaicos, equivalente a 2,2 milhões, o que representa uma expansão de 13% em relação a 2016.

Ao lado da China, Blangladesh, Indía, Japão e os Estados Unidos são os principais empregadores no mercado de energia solar fotovoltaica no mundo. Juntos, os cinco países respondem por cerca de 90% dos empregos em energia solar fotovoltaica em todo o mundo.
Brasil

No Brasil, o relatório destaca que o número de empregos no segmento de biocombustíveis aumentou 1% em 2017, totalizando 593 400 postos de trabalho. “Os empregos em etanol diminuíram devido à constante automação e ao declínio da produção de etanol”, aponta a agência.

Apesar da queda na produção de empregos no setor de etanol, a agência disse que houve compensação com os empregos gerados pelo biodiesel. A Irena estima que o Brasil empregou 202 mil pessoas no setor de biodiesel em 2017, 30 mil a mais em relação ao ano anterior.

Já no que diz respeito à indústria eólica, o levantamento estima que o setor emprega cerca de 33.700 pessoas na fabricação, construção, instalação, operação e manutenção. Em 2017, a indústria eólica fechou o ano com 12,8 GigaWatts (GW) de energia acumulados.

De acordo com a agência, novas instalações no mercado de aquecimento solar no Brasil caíram 3% em 2017. O emprego total em 2017 foi estimado em cerca de 42.000 postos de trabalho, com cerca de 27.500 na indústria transformadora e 14.500 na instalação.

Segundo Adnan Z. Amin, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Renovável, a energia renovável tornou-se um pilar do crescimento econômico de baixo carbono para governos em todo o mundo, um fato refletido pelo crescente número de empregos criados no setor. Ainda segundo o diretor da agência, os dados também ressaltam um quadro cada vez mais regionalizado, destacando que os benefícios econômicos, sociais e ambientais das energias renováveis são mais evidentes nos países onde existem políticas atraentes para o setor.

Fonte: ISTOÉ

Crescimento energético limpo


A Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), instalou a Comissão Global sobre a Geopolítica da Transformação Energética no inicio de 2018, visando acompanhar o rápido crescimento internacional das energias renováveis e dos esforços de promoção do desenvolvimento sustentável. “Os recursos de energia renovável são abundantes, sustentáveis e têm o poder de melhorar significativamente o acesso à energia, segurança e independência”, disse Adnan Amin, Diretor Geral da IRENA.

O Brasil, destacado e observado internacionalmente pelo potencial natural das suas fontes energéticas renováveis, alcançou nesta última semana de fevereiro 13 Gigawatts (GW) de capacidade instalada de energia eólica. O vento chega a abastecer mais de 10% do país em alguns meses (mais de 60% do Nordeste), suficiente para suprir 24 milhões de residências por mês. A Bahia, com 93 projetos eólicos em operação e capacidade instalada de 2.410,04 Megawatts (MW), dispõe de parque industrial com grandes empreendimentos instalados como a GE/Alstom, Gamesa, Torrebras, Acciona, Torres Eólicas do Nordeste (TEN), Wobben Windpower e Tecsis.

O modelo de mercado livre permite a compra e produção de energia pelo consumidor. Além de abastecer a sua demanda energética, as empresas podem comercializar energia excedente, contribuindo para descarbonizar as economias onde atuam. Hoje, estados da federação oferecem isenção de impostos sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) sobre energia renovável.

A nível nacional, as Teles querem liderar a corrida. A meta da Oi é que 42,5% da energia consumida seja oriunda de fontes limpas em 2019. As duas fazendas de fontes renováveis mistas (eólica e solar), contratadas pela Oi, devem adicionar 3 mil unidades consumidoras de energia (UCs) este ano. Hoje, as 63 mil UCs da Oi consomem 1,6 mil GWh em um ano e a empresa quer ter 22 fazendas de fontes mistas até 2021 e busca parceiros para 20 novas estruturas no Nordeste e Sudeste. Segundo a empresa, a conta anual de energia da Oi seria de R$ 1,1 bilhão. No entanto, com esta iniciativa, será reduzida para R$ 750 milhões.

A meta da Claro Brasil, dona das marcas Claro, Net e Embratel, é que 80% das 55 mil UCs sejam atendidas via geração distribuída até o fim de 2018, quando a empresa espera contar com 45 usinas. O projeto conectaria mais UCs à geração distribuída do que o montante atendido no país atualmente. A Vivo, maior grupo de telecom do país, onde 26% da energia consumida é limpa e oriunda do mercado livre, tem por meta atingir 60% até 2020, e informa que está prospectando iniciativas de geração distribuída que devem ser anunciadas ao mercado ainda em 2018.

Movimentos por autogeração de energia também ocorrem em outros setores da indústria. Em 2014, a Honda inaugurou um parque eólico na cidade de Xangri-lá (RS) para suprir a demanda energética da empresa em território nacional. Projetos similares foram desacelerados com a crise, mas desde o ano passado houve uma retomada e outros setores da economia estão interessados na autoprodução, diz Élbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).

Hoje, com a queda dos custos, o domínio chinês e a concorrência em tecnologia de bateria, 20% da eletricidade mundial já é produzida por energia renovável. Enquanto o Ministério de Minas e Energia (MME) estimula a criação de instrumentos que facilitem a eficiência energética na indústria, a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) trabalha metodologias para a certificação para a indústria, incentivando a adesão a um selo como exigência para a inclusão no cadastro de fornecedores de baixo carbono.

Fonte: Correio*

Brasil passa a integrar a IRENA, Agência Internacional de Energia Renovável

A organização intergovernamental apoia o desenvolvimento de energias renováveis nos países membros.



Criada em 2009, a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) é uma organização intergovernamental que apoia o desenvolvimento de energias renováveis nos países membros, bem como a redução de emissões de gases de efeito estufa.

A Comissão Interministerial de Participação em Organismos Internacionais do Governo Federal aprovou na semana passada, por unanimidade, o início do processo de adesão do Brasil à Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA).

“Esta é uma ótima notícia e que esperávamos com ansiedade porque, na prática, significa um grande avanço para as energias renováveis de baixo impacto, como é o caso da energia eólica. (…) Fazer parte da IRENA certamente nos coloca num novo patamar de maturidade perante a comunidade internacional. Tenho certeza que temos muito a aprender e a ensinar fazendo parte da IRENA”, avalia Elbia Gannoum, Presidente Executiva da ABEEólica, a Associação Brasileira de Energia Eólica.

Sobre a IRENA

A IRENA possui hoje 152 países membros e cerca de 30 países estão em processo de adesão, como o Brasil. Criada em 2009, a agência é hoje autoridade mundial em energia renovável. Os estudos realizados pela agência, por exemplo, são largamente utilizados por empresas e órgãos governamentais, uma vez que trazem leituras de cenário amplas, de alta inteligência, produzidas por profissionais com grande conhecimento do setor. 

Um dos últimos estudos divulgados pela agência, por exemplo, o “Renewable Power Generation Costs in 2017”, trouxe um panorama da queda dos custos das renováveis ao redor do mundo.

Para saber mais sobre a IRENA, veja aqui.

Veja o que dizem especialistas sobre o ingresso do Brasil na IRENA


Abrir espaço para o Brasil colocar suas pautas na área de energias renováveis em contexto com as discussões que estão sendo feitas globalmente. Esse é o principal benefício defendido por especialistas ouvidos pela E&P Brasil sobre o ingresso do país na Agência Internacional de Energia Renovável (“International Renewable Energy Agency”, IRENA).

Na última sexta-feira, o Ministério das Relações Exteriores informou que solicitou ingresso à IRENA . “A iniciativa é demonstração da importância que o Brasil devota às energias renováveis, ao combate à mudança do clima e ao desenvolvimento sustentável, bem como ao engajamento construtivo na governança internacional”, disse o ministério em nota.

O que é a IRENA?

A IRENA foi criada em 2009, com sede em Abu Dhabi. Atualmente, conta com 154 estados membros, além de 26 estados em adesão. É uma organização intergovernamental que apoia o desenvolvimento de energias renováveis nos países membros, bem como a redução de emissões de gases de efeito estufa . A agência teve como foco o fomento às tecnologias eólica e solar produzidas nos países desenvolvidos. A partir de 2011, passou a considerar os bicombustíveis e a energia hidráulica no escopo dos seus trabalhos. A alteração estimulou o ingresso de países em desenvolvimento, como a África do Sul, Índia e China.

E o que dizem os especialistas?

  • Clarissa Lins, da Catavento Consultoria
A decisão do governo brasileiro de aderir à Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) representa mais um passo na direção de integrar o país ao círculo relevante de debate internacional na área de energia. Sem dúvida, o perfil energético diversificado de nossas matrizes, tanto energética quanto elétrica, nos posiciona de maneira diferenciada no panorama global. Se levarmos em conta a intenção já declarada do governo de estimular maior penetração das energias solar e eólica, bem como de biocombustíveis, faz todo sentido o Brasil participar ativamente das discussões internacionais, beneficiando-se de um ambiente de troca de experiências e práticas. O MME dá mais uma demonstração de que a melhor maneira de aumentar a competitividade brasileira passa por maior exposição internacional.

  • Jean-Paul Prates – Diretor-Presidente do CERNE – Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia
“Considero um passo natural, para o Brasil. Afinal, há dez anos atrás, iniciamos um processo inédito de leilões reversos que vem ensinando ao mundo como incentivar a geração de fontes antes ditas “alternativas” sem subsídios diretos. Além disso, dentre as grandes economias do mundo, o Brasil é a matriz energética mais renovável. Portanto, o Brasil tem muito a contribuir, e também tem muito a aprender com os importantes projetos globais e estudos da Agência Internacional de Energia Renovável.

  • Felipe Nabuco – Analista Ambiental do Ibama e mestre em Análise e Modelagem de Sistemas Ambientais 
Acredito que seja um passo importante para a expansão da matriz elétrica brasileira e para o alcance das metas assumidas pelo país no Acordo de Paris, em especial a que se refere a ampliar o uso de fontes renováveis, além da energia hídrica, para 28% a 33% até 2030. Entendo que temos muitas lacunas regulatórias e técnicas, muito na área ambiental, que a atuação da IRENA pode nos proporcionar oportunidades de aprendizado, cooperação e investimentos.

  • Maurício Tolmasquim, professor da Coppe e ex-presidente da EPE
É uma iniciativa boa e importante. O Brasil, como tem uma matriz renovável, pode ter um papel de destaque nesse mundo. É uma vitrine para apresentar sua matriz energética, já que poderá participar de fóruns e discussões importantes. Também permite ao país ajudar e influenciar em políticas para renováveis no mundo. Pode colocar suas pautas como questões globais

  • Rodrigo Lopes Sauaia – Presidente Absolar
O Brasil passa a poder acessar fóruns técnicos e especializados e debates sobre as diferentes fontes renováveis. Passa a poder influenciar o desenvolvimento de propostas no âmbito da Irena, buscando a expansão das fontes renováveis no mundo. Passa também a poder aprender com as boas práticas com a experiência de outros países e passa a contar com o suporte da Irena para o acesso à financiamento de qualidade que podem ajudar na aceleração do uso das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira. A adesão é um passo muito importante por questões práticas, também por questões políticas e de posicionamento no mercado internacional e pela oportunidade técnica que isso representa ao Brasil.

Fonte: E&P Brasil

É por isso que os combustíveis fósseis estão condenados

Um dos argumentos de governos e empresas para não mudar o consumo de energia para fontes renováveis é que isso demandaria um custo muito maior do que os bons e velhos combustíveis fósseis. Embora este argumento possa ter sido verdade, ele está prestes a se tornar parte do passado. Segundo um novo relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), divulgado em sua cúpula anual em 13 de janeiro em Abu Dhabi, na maior parte do mundo, a eletricidade renovável já tem preços competitivos com a energia produzida pelos combustíveis fósseis. Melhor do que isso: o relatório faz a previsão de que até 2020, todas as formas de eletricidade renovável serão consistentemente mais baratas do que a energia produzida pela queima de combustíveis fósseis.

“Mudar para a geração de energia renovável não é simplesmente uma decisão ambientalmente consciente, agora é uma decisão economicamente inteligente”, diz Adnan Amin, dirigente da Irena. Hoje, a energia gerada por combustíveis fósseis geralmente custa entre 0,05 a 0,17 dólares por kWh. Segundo a Irena, este custo está no mesmo patamar do que o de energia gerada por fontes renováveis, como hidrelétrica (0,05 dólares por kWh), energia eólica terrestre (0,06 dólares por kWh), bioenergia e energia geotérmica (0,07 dólares por kWh) e energia solar fotovoltaica (0,10 dólares por kWh).

Outras formas de energia renovável, como a energia produzida pela energia eólica “offshore” (construída em corpos de água) e solar térmica, ainda não são competitiva com os combustíveis fósseis, mas isso deve mudar até 2020. A Irena prevê que o custo da energia solar cairá para 0,06 dólares por kWh e a energia eólica “offshore” para 0,10 dólares por kWh até lá. Os drivers serão desenvolvimento de tecnologia, sistemas de licitação competitiva e grande base de desenvolvedores de projetos experientes em todo o mundo.

Desafios

Apesar de ter seu custo em queda, as fontes de energia renovável ainda precisam superar alguns obstáculos para se tornarem soluções viáveis globalmente. A energia solar fotovoltaica e a energia eólica, por exemplo, são intermitentes (ou seja, possuem intervalos durante sua produção). Portanto, mesmo que os custos de sua geração caiam, outras fontes de energia – normalmente combustíveis fósseis ou nucleares – são necessárias para preencher as lacunas, e os geradores deste tipo de energia poderão cobrar mais por isso.

Varun Sivaram, especialista em energia solar do Conselho de Relações Exteriores, uma entidade americana voltada para assuntos internacionais, aponta que as fontes de energia intermitentes sofrem de deflação de valor à medida que se tornam mais importantes no mix de energia – ou seja, à medida que a participação deste tipo de energia na produção de eletricidade aumenta, o custo de cada novo projeto deve cair para competir. 

Em uma simulação do mercado de energia da Califórnia, ele descobriu que “quando uma grade depende da energia solar para 15% de suas necessidades energéticas totais, o valor da energia solar cai em mais da metade. Com 30% de energia solar, o valor da energia solar diminui em mais de dois terços”, aponta ele no livro Taming The Sun (Domando o sol, em tradução livre).

Uma maneira de superar esses problemas é usar fontes de energia renováveis ou de baixa emissão de carbono mais estáveis, como energia hidrelétrica, geotérmica, solar térmica ou nuclear. Mas a energia hidrelétrica e geotérmica são ditadas pela geografia, uma restrição que não é fácil de superar – além dos problemas ambientais que geralmente desencadeiam.

Em alguns lugares, a energia solar térmica pode ser uma opção, mas continua sendo relativamente mais cara do que outras fontes renováveis, assim como a energia nuclear, que, além de enfrentar altos custos de capital, possui percepções públicas negativas. Outra opção seria desenvolver armazenamento em grande escala de energia, como baterias enormes, mas isso continua sendo uma proposta muito cara.

Se o mundo quiser realmente adotar fontes de energia sem emissão de carbono, a indústria de renováveis ​​terá que superar esses problemas através do investimento em pesquisas básicas. Segundo Sivaram, isso não está acontecendo tanto quanto deveria.

Fonte: Hypescience

A primeira usina de reciclagem de painéis solares da Europa começa a funcionar na França

Reciclagem de painéis solares da Veolia em Rousset, França.

O grupo francês Veolia inaugurou a primeira usina de reciclagem de painéis solares da Europa e planeja construir mais, já que milhares de toneladas de painéis solares devem chegar ao fim de sua vida útil nos próximos anos.

A nova fábrica em Rousset, no sul da França, tem um contrato com a organização PV Cycle France para reciclar 1.300 toneladas de painéis solares em 2018 – praticamente todos os painéis solares que chegarão ao fim de vida útil na França este ano – e estimasse que este número aumente para 4.000 toneladas em 2022.

Os funcionários trabalham na usina de reciclagem de painéis solares da Veolia em Rousset, França, em 25 de junho de 2018. Na usina, os painéis fotovoltaicos são desmontados e suas partes constituintes, como vidro, alumínio, silício e plásticos, são recicladas.

“Esta é a primeira usina dedicada de reciclagem de painéis solares na Europa, possivelmente no mundo”, disse Gilles Carsuzaa, chefe de reciclagem de eletrônicos da Veolia, a repórteres.

Os primeiros painéis fotovoltaicos envelhecidos – que têm vida útil de cerca de 25 anos – estão apenas começando a sair dos telhados e das usinas solares em volumes suficientemente estáveis ​​e significativos para garantir a construção de uma fábrica dedicada.


Até agora, os painéis solares envelhecidos ou quebrados foram tipicamente reciclados em instalações de reciclagem de vidro para uso geral, onde apenas as estruturas de vidro e alumínio são recuperadas e seu vidro especial é misturado com outro vidro. O restante é frequentemente queimado em fornos para cimento.

Em um estudo de 2016 sobre reciclagem de painéis solares, a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA) disse que, no longo prazo, a construção de usinas dedicadas de reciclagem de painéis fotovoltaicos faz sentido. A empresa estima que os materiais recuperados podem valer US $ 450 milhões até 2030 e exceder US $ 15 bilhões até 2050.

Os robôs da nova fábrica da Veolia desmontam os painéis para recuperar vidro, silício, plásticos, cobre e prata, que são esmagados em granulados que podem ser usados ​​para fazer novos painéis.

Um painel solar de silício cristalino típico é composto de 65-75 por cento de vidro, 10-15 por cento de alumínio, 10 por cento de plástico e apenas 3-5 por cento de silício. A nova fábrica não recicla painéis solares de película fina, que representam apenas uma pequena porcentagem do mercado francês.

A Veolia informou que pretende reciclar todos os painéis fotovoltaicos desativados na França e quer usar essa experiência para construir fábricas semelhantes no exterior. A capacidade solar instalada está crescendo de 30% a 40% ao ano na França, com 53.000 toneladas instaladas em 2016 e 84.000 toneladas em 2017. Em todo o mundo, a Veolia espera que as toneladas de painéis fotovoltaicos desativados aumente para vários milhões de toneladas até 2050.


A IRENA estimou que os fluxos globais de resíduos fotovoltaicos aumentarão de 250.000 toneladas no final de 2016 – menos de um por cento da capacidade instalada – para mais de cinco milhões de toneladas até 2050. Até lá, a quantidade de resíduos fotovoltaicos será quase igual à massa contida em novas instalações.

Fonte: REUTERS