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Como reinventar uma usina gigante movida a carvão para produzir energia verde?

O Reino Unido planeja acabar com a eletricidade a carvão até 2025. O que acontecerá com as enormes fábricas deixadas para trás? Uma instalação é pioneira na conversão para a energia verde.

A conversão da usina de energia Drax – de carvão em biomassa – custou R$ 3,8 bilhões — Foto: Chris Baraniuk

No trem em direção a um dos últimos locais do Reino Unido que ainda queimam carvão para produzir energia, passo por três fazendas solares. Também passo pela usina de carvão de Eggborough, que parou suas operações. Não há fumaça saindo de suas gigantes torres de resfriamento. Ela será fechada em setembro.

Mas a usina que vou visitar é diferente. Seu nome é Drax, por causa de um vilarejo de mesmo nome, e trata-se da maior usina de energia da Europa Ocidental. Em 2023, seus donos vão parar completamente de queimar carvão. Eles esperam que, em vez disto, a instalação consumirá apenas gás natural e biomassa – no caso, aglomerados de madeira triturados.

A União Europeia tem metas para reduzir a poluição nas próximas décadas e há a previsão de se fechar as usinas de energia a carvão em vários países para cumprir os objetivos. No Reino Unido, o governo planeja interromper a geração de eletricidade por carvão até 2025.

Uma história parecida ocorre em vários lugares no mundo. Muitas nações, incluindo os Estados Unidos, estão se afastando da energia a carvão à medida que outras fontes de energia se tornam mais baratas e as regulações ambientais esfriam o mercado de combustíveis fósseis.

Mas isso deixa uma grande questão: o que fazer com todas as antigas usinas?

No último século, essas unidades tiveram grande importância para o mercado global de energia. As usinas têm conexões caras a redes nacionais – e simplesmente derrubá-las pode não ser a medida mais inteligente. Muitas pessoas, incluindo os administradores da Drax, insistem que há outras saídas.

A dimensão da Drax é imponente. De cada lado das enormes construções que abrigam suas caldeiras e turbinas, estão seis torres de resfriamento. Um vapor branco segue em direção ao céu. No centro da instalação, está uma chaminé de 259 metros. E nos fundos, uma enorme pilha de carvão – o volume do depósito, no entanto, já é menor do que em tempos passados, segundo a equipe da usina.

O carvão é deixado ali até que seja levado para a estação de energia em correias transportadoras. Depois, é moído e queimado em altíssimas temperaturas. O forno aquece a água, transformando-a em vapor, que passa por um complexo sistema de tubulações e gira as turbinas a uma velocidade constante de 3.000 rotações por minuto. É uma maneira fácil de produzir eletricidade. Mas é uma maneira suja.

Mudança energética

Os dias do carvão na geração de eletricidade estão contados. Em abril, o Reino Unido ficou mais de três dias seguidos sem nenhuma energia produzida por carvão – uma redução que aconteceu muito mais rápido do que o esperado. Essa tendência significa que desde o início de 2018, o país tem conseguido um total de 1.000 horas sem energia a carvão, ultrapassando o nível do ano passado.

“Em 2012, a geração de energia por carvão foi de 45% do total da matriz energética”, disse Matthew Gray, do think tank Carbon Tracker. “Hoje, a quantidade é muito baixa”.

Da perspectiva de um operador da usina, no entanto, substituir o carvão não é fácil. Isso porque a biomassa é mais complexa de se manusear, explica o CEO Andy Koss.

“Ela entope as coisas”, diz Koss, lembrando de como as primeiras tentativas de mover a biomassa em transportadoras de carvão resultou em pedaços de madeira se desintegrando e virando poeira. A biomassa também precisa ser mantida seca o tempo todo, diferentemente do carvão.

O material também pode explodir à medida que se oxida, por isso, as pilhas devem ser constantemente verificadas quanto ao aumento de temperatura. A Drax gastou £700 milhões (R$ 3,8 bilhões) para garantir que a biomassa pudesse ser transportada por trajetos protegidos da chuva na usina.

E a estação de energia já investiu em quatro cúpulas, cada uma com 50 metros de altura, para depositar a biomassa. Todos os dias, 16 trens chegam lotados e depositam novos pedaços de madeira para garantir que o abastecimento da instalação permaneça no nível máximo.

Os vagões passam por galpões que se abrem automaticamente por meio de um mecanismo magnético. Os aglomerados de madeira passam por uma grade e são jogados em um depósito antes de serem levados para as cúpulas para o armazenamento temporário.

Em termos de operações de biomassa, “eu diria que é a maior do mundo”, afirma Koss. Na minha visita, a Drax tinha capacidade de produção de 2 gigawatts tanto com carvão quanto com biomassa. Ela agora completou sua quarta unidade de geração de energia por biomassa. As duas restantes vão, ao fim da adaptação, queimar gás.

A Drax tenta se apresentar como uma alternativa do que pode ser feito com as velhas usinas de carvão – nos lugares onde houver muita vontade e, de fato, dinheiro para pagar pelas conversões. Muitas unidades pequenas de carvão nos EUA recentemente se converteram para queimar gás – uma forma mais barata de transição do que para a biomassa.

E a Drax quer construir grandes baterias no local para estocar eletricidade. Há outros projetos semelhantes ao redor do mundo. Uma empresa canadense, a Hydrostor, desenvolveu projetos para transformar as antigas usinas de carvão em baterias de compressão de ar. O ar pode ser liberado para forçar a turbina da usina a se mover quando a eletricidade for necessária.

Há muitas outras ideias para reinventar antigas unidades de carvão. Em 2016, a China anunciou seus planos de converter algumas de suas instalações em estações de energia nuclear – embora não existam muitas notícias sobre o desenrolar das propostas desde então.

Na Dinamarca, a usina de carvão de Copenhagen será transformada em uma unidade 100% de biomassa. E no telhado de um incinerador, está sendo construída uma área de lazer com uma pista de esqui artificial.

Nem todas as conversões de usinas de carvão estão servindo à produção de energia. O Google está transformando uma unidade antiga no Alabama, nos EUA, em um centro de dados.

Rei do carvão

Também é verdade que, em alguns lugares, o carvão ainda se mantém forte. Embora tenha abandonado mais de cem usinas de carvão, a China ainda se baseia fortemente nos combustíveis fósseis como fonte de energia.

E a Alemanha, que decidiu fechar todas as estações de energia nuclear, atualmente produz mais de um quinto de sua energia a partir do carvão, incluindo o lignito – um tipo de carvão ainda mais poluente.

Um mapa interativo das estações de carvão no mundo do site ambiental CarbonBrief revela grandes usinas fechando nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, mas muitas novas em construção na Ásia.

Enquanto isso, alguns mercados questionaram o carvão e depois retornaram a ele. Em 2015, o governo de New South Wales, na Austrália, vendeu grandes instalações de carvão. Ao mesmo tempo, políticos acreditaram que a unidade seria fechada em dez anos, mas os preços da eletricidade na região escalaram. A usina está agora avaliada em cerca de R$ 2,1 bilhões e seus novos donos não têm planos de fechá-la tão cedo.

No entanto, a fé depositada no carvão pode nem sempre ser recompensada. Na Polônia, a gigante da energia PGE tem investido pesado em infraestrutura de carvão, na esperança de continuar lucrando ainda por muitos anos com o mineral. Mas isso custa centenas de milhões de dólares num momento em que as energias renováveis, principalmente eólica e solar, estão rapidamente barateando.

Também é preciso se questionar o quão verde é, de fato, a conversão de algumas usinas de carvão.

É o caso da biomassa. Embora os pedaços de madeira liberem carbono quando são queimados, a biomassa é promovida como “verde” porque as árvores cortadas podem ser substituídas ao longo do tempo, posteriormente sequestrando o carbono da atmosfera.

Mas nem todos concordam que isso realmente a torne uma fonte de energia neutra em carbono. Até mesmo a página 33 do relatório anual da Drax revela que a biomassa libera mais CO2 por unidade de eletricidade gerada do que o carvão.

Repetindo os principais argumentos a favor da biomassa, um diretor da Drax afirma que isso é compensado pela reposição das florestas que forneceram a biomassa. Diz ainda que, depois de contabilizar as florestas reabastecidas e as emissões da cadeia de suprimentos, o uso de biomassa representa 80% menos CO2 emitido na comparação com o que seria liberado se o carvão tivesse sido usado.

Mas leva décadas até as árvores crescerem. Além disso, em escala global, as florestas estão se reduzindo em tamanho total. A capacidade das florestas mundiais de reabsorver o CO2 atmosférico está cada vez menor, e não maior.

“Concordo que isso seja ruim”, diz Koss. Mas com relação ao desmatamento, ele insiste, isso “está ocorrendo fora de nossas áreas de abastecimento. Não estamos relacionados a nada disso”.

Mas isso não é suficiente para convencer alguns ambientalistas. Especialistas ressaltam que precisamos cortar as emissões já, e não nas próximas décadas quando as árvores crescerem.

A Drax espera mitigar suas emissões de outra forma: com uma tecnologia de um piloto de armazenamento de captura de carbono de bioenergia (BECCS). Nesse caso, gases da queima de biomassa na usina irão, se tudo seguir como previsto, passar por um solvente que reage com o CO2, capturando-o antes que ele entre na atmosfera. Esse CO2 pode, então, ser restaurado para que o solvente possa ser usado na captura repetidas vezes.

Pode haver claramente vida após o carvão. Mas se quisermos aproveitar ao máximo essas velhas instalações, precisamos ser competentes, ter uma mentalidade verde e estar preparados para pagar antecipadamente por resultados importantes.

O carvão produziu energia por muitas décadas no mundo. Foi um símbolo da Revolução Industrial. Em vez de simplesmente varrê-lo para longe, poderíamos nos beneficiar do uso inovador das estruturas que a grande indústria está deixando para trás.

Fonte: G1

"Provavelmente daqui a 100 anos petróleo e gás não valerão nada", alerta especialista

A energia solar e as baterias de armazenamento se tornarão massivas no futuro e substituirão os combustíveis fósseis, disse Álvaro Ríos, diretor da consultoria Gas Energy Latin America.

Carro elétrico (foto: AFP).

O avanço tecnológico em direção a combustíveis mais baratos significaria que em poucas décadas o petróleo e o gás perderão o valor que têm agora, estimou Álvaro Ríos, diretor da consultoria internacional Gas Energy Latin America.

"Com a aceleração que estamos indo para baterias de armazenamento e energia solar, provavelmente em 100 anos, petróleo e gás não valerão nada", disse Ríos durante sua apresentação em um evento organizado esta semana pela Sociedade Peruana de Hidrocarbonetos.

Nos países desenvolvidos, o uso de energia solar e baterias de armazenamento (em casas, veículos, etc.) já está crescendo , então estima-se que no futuro seu uso se espalhe pelo mundo.

O especialista disse que, por essa razão, o Peru deve racionalizar o uso de seus recursos, como petróleo e gás natural , sem negligenciar os padrões ambientais.

"Para isso, será fundamental que as licenças e permissões ambientais não sejam infinitas. Se o Peru resolver essa questão, seria um grande passo ", afirmou o ex-ministro dos Hidrocarbonetos da Bolívia.

Ele também disse que até agora o Pipeline Sul Gas falhou "porque não pode ser ancorada a uma planta de GNL no final do projeto e exportar o gás ou Chile ou no exterior , " ele disse Rios.

"Então, o lote 58 é como uma reserva e não pode ser monetizado. É um problema social e político que os peruanos têm que debater. Se as empresas não puderem monetizar seu gás e seu petróleo, o investimento privado não virá ", disse ele.

Solar, eólica e baterias formam trio imbatível contra combustíveis fósseis

Análise da Bloomberg New Energy Finance mostra que a redução dos custos das tecnologias verdes ofusca investimentos em carvão e gás.

(Sean Gallup/Getty Images)

Os tempos do carvão e do gás como fontes de energia atrativas para se investir, tanto pelo baixo custo quanto pela flexibilidade de responder às altas e baixas da demanda na rede, estão cada vez mais próximos do fim.

Segundo uma análise da Bloomberg New Energy Finance, o carvão e o gás enfrentam uma ameaça crescente a sua posição no mix mundial de geração de eletricidade, como resultado das “espetaculares” reduções nos custos das tecnologias de geração eólica e solar e, principalmente, com a expansão do mercado de baterias para armazenamento de energia.

Para todas as tecnologias, o relatório da BNEF analisou os custos nivelados da eletricidade (ou LCOE), que cobre todas as despesas de geração de uma planta nova, como custos de desenvolvimento de infraestrutura, licenciamento e permissões, equipamentos e obras civis, finanças, operações, manutenção e matéria-prima.

A análise destaca que as energias eólica e solar fotovoltaica vêm reduzindo sistematicamente seus custos nivelados de eletricidade e aumentando sua posição competitiva, graças à queda dos custos de capital com tecnologias mais baratas ganhos em eficiência e aumento de leilões em todo o mundo.

No primeiro semestre de 2018, por exemplo, o LCOE global de referência para a energia eólica terrestre é de US$ 55 por megawatt-hora (MWh), 18% abaixo dos primeiros seis meses do ano passado, enquanto o equivalente para a fotovoltaica solar é de US $ 70 por MWh, também 18% abaixo.

Além disso, o desenvolvimento do mercado de baterias de armazenamento tem aumentado a capacidade das fontes renováveis responderem às solicitações de rede para aumentar ou diminuir a geração de eletricidade a qualquer hora do dia, flexibilidade outrora garantida por usinas de carvão e gás.

Segundo a BNEF, as baterias independentes estão cada vez mais rentáveis ​​e começando a competir em preço com outras tecnologias. Desde 2010, os custos das baterias de íons de lítio para armazenamento caíram 79% desde 2010. Dados da consultoria indicam uma queda no preço de US$ 1.000 por kWh em 2010 para US$ 209 por kWh em 2017.

Segundo os analistas da BNEF, algumas usinas a carvão e gás existentes ainda exercerão um papel importante por muitos anos na matriz energética mundial, mas o “argumento econômico” para a construção de novas capacidades de carvão e gás está, claramente, perdendo espaço.

Fonte: Exame

Empresas de combustíveis fósseis podem perder US$ 1,6 trilhão até 2025

Se ignorarem transição de baixo carbono, as empresas de energia podem destruir o valor do acionista em bilhões de dólares.

As empresas de combustíveis fósseis correm o risco de desperdiçar US$ 1,6 trilhão em gastos até 2025 se basearem seus negócios em políticas de emissões já anunciadas pelos governos em vez das metas climáticas internacionais, alerta o relatório Carbon Tracker, divulgado nesta semana.

Mind the gap: the $1.6 trillion energy transition risk é o primeiro relatório a analisar as implicações financeiras para os investidores do hiato existente entre o Acordo de Paris, que se compromete a manter a mudança climática bem abaixo de 2°C acima dos tempos pré-industriais, visando 1.5°C, e as políticas governamentais, que são consistentes com um aquecimento de 2.7°C.

“Atualmente, as políticas dos governos ficam longe do objetivo final comprometido em Paris, mas devemos esperar um aumento dos esforços internacionais. Empresas que interpretam mal os sinais e sobre-investem em projetos marginais de petróleo, gás e carvão com base em um falso senso de segurança poderiam destruir o valor do acionista em bilhões de dólares”, disse o autor do relatório, Andrew Grant, analista sênior da Carbon Tracker.

“A INDÚSTRIA DA ENERGIA ESTÁ ENTRANDO EM UMA ERA DE INCERTEZAS”

O Carbon Tracker comparou a demanda por combustíveis fósseis em um mundo de 1.75°C – o ponto médio do Acordo de Paris – com a demanda em um mundo de 2.7°C, olhando para a produção de petróleo, gás e carvão até 2035 e os investimento de capital para 2025. As conclusões foram:

ÓLEO – US$ 1,3 trilhão de gastos futuros estão em risco. Os novos investimentos em oil sands não serão econômicos. Os EUA estão mais expostos, com US$ 545 bilhões em risco, seguido do Canadá (US$ 110 bilhões), China (US$ 107 bilhões), Rússia (US$ 85 bilhões) e Brasil (US $ 70 bilhões).

GÁS – US$ 228 bilhões de investimentos futuros estão em risco. A metade dos gastos futuros potenciais do desenvolvimento de gás europeu poderia ser não econômica e não haverá necessidade de nova capacidade de gás natural liquefeito (GNL) por uma década. A Rússia está mais exposta, com US$ 57 bilhões em risco, seguida pelos EUA (US $ 32 bilhões), Qatar (US $ 14 bilhões) e Austrália, Canadá e Noruega (todos US $ 13 bilhões).

CARVÃO – US$ 62 bilhões estão em risco, incluindo US$ 41 bilhões na China e US$ 10 bilhões nos EUA. Nenhuma nova mineração de carvão será viável, exceto na Índia, para substituir as importações, e nenhuma nova produção de carvão para exportação será necessária.

Investidores privados correm maior risco do que as empresas estatais

Os investimentos privados estão expostos a 88% dos gastos com projetos de petróleo e gás desnecessários. Para o carvão, as despesas de capital do setor privado em um mundo de 1.75°C são metade do nível abaixo de 2.7°C. O relatório observa: “Os investidores estão cada vez mais focados em uma” transição ordenada que minimize a interrupção financeira no processo”.

A pesquisa anterior da Carbon Tracker mostrou como o rápido crescimento de tecnologias limpas está prejudicando o business case para o investimento em combustíveis fósseis, independentemente de metas climáticas. A queda dos custos de veículos elétricos e da tecnologia solar poderia deter a demanda global de petróleo e carvão a partir de 2020.

Para Andrew Grant, “A indústria da energia está entrando em uma era de incertezas. Desenvolvimentos tecnológicos e políticas climáticas estão se combinando para retardar a demanda de combustíveis fósseis de uma forma sem precedentes no mundo moderno, levando os investidores a exigir que as empresas sejam testadas contra cenários que refletem níveis mais altos de ambição climática.

“As empresas de energia devem ser transparentes quanto ao seu pensamento em torno de resultados de baixa emissão de carbono e convencer os acionistas de que eles estão levando esses riscos a sério”.

Fonte: Ciclo Vivo

É por isso que os combustíveis fósseis estão condenados

Um dos argumentos de governos e empresas para não mudar o consumo de energia para fontes renováveis é que isso demandaria um custo muito maior do que os bons e velhos combustíveis fósseis. Embora este argumento possa ter sido verdade, ele está prestes a se tornar parte do passado. Segundo um novo relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), divulgado em sua cúpula anual em 13 de janeiro em Abu Dhabi, na maior parte do mundo, a eletricidade renovável já tem preços competitivos com a energia produzida pelos combustíveis fósseis. Melhor do que isso: o relatório faz a previsão de que até 2020, todas as formas de eletricidade renovável serão consistentemente mais baratas do que a energia produzida pela queima de combustíveis fósseis.

“Mudar para a geração de energia renovável não é simplesmente uma decisão ambientalmente consciente, agora é uma decisão economicamente inteligente”, diz Adnan Amin, dirigente da Irena. Hoje, a energia gerada por combustíveis fósseis geralmente custa entre 0,05 a 0,17 dólares por kWh. Segundo a Irena, este custo está no mesmo patamar do que o de energia gerada por fontes renováveis, como hidrelétrica (0,05 dólares por kWh), energia eólica terrestre (0,06 dólares por kWh), bioenergia e energia geotérmica (0,07 dólares por kWh) e energia solar fotovoltaica (0,10 dólares por kWh).

Outras formas de energia renovável, como a energia produzida pela energia eólica “offshore” (construída em corpos de água) e solar térmica, ainda não são competitiva com os combustíveis fósseis, mas isso deve mudar até 2020. A Irena prevê que o custo da energia solar cairá para 0,06 dólares por kWh e a energia eólica “offshore” para 0,10 dólares por kWh até lá. Os drivers serão desenvolvimento de tecnologia, sistemas de licitação competitiva e grande base de desenvolvedores de projetos experientes em todo o mundo.

Desafios

Apesar de ter seu custo em queda, as fontes de energia renovável ainda precisam superar alguns obstáculos para se tornarem soluções viáveis globalmente. A energia solar fotovoltaica e a energia eólica, por exemplo, são intermitentes (ou seja, possuem intervalos durante sua produção). Portanto, mesmo que os custos de sua geração caiam, outras fontes de energia – normalmente combustíveis fósseis ou nucleares – são necessárias para preencher as lacunas, e os geradores deste tipo de energia poderão cobrar mais por isso.

Varun Sivaram, especialista em energia solar do Conselho de Relações Exteriores, uma entidade americana voltada para assuntos internacionais, aponta que as fontes de energia intermitentes sofrem de deflação de valor à medida que se tornam mais importantes no mix de energia – ou seja, à medida que a participação deste tipo de energia na produção de eletricidade aumenta, o custo de cada novo projeto deve cair para competir. 

Em uma simulação do mercado de energia da Califórnia, ele descobriu que “quando uma grade depende da energia solar para 15% de suas necessidades energéticas totais, o valor da energia solar cai em mais da metade. Com 30% de energia solar, o valor da energia solar diminui em mais de dois terços”, aponta ele no livro Taming The Sun (Domando o sol, em tradução livre).

Uma maneira de superar esses problemas é usar fontes de energia renováveis ou de baixa emissão de carbono mais estáveis, como energia hidrelétrica, geotérmica, solar térmica ou nuclear. Mas a energia hidrelétrica e geotérmica são ditadas pela geografia, uma restrição que não é fácil de superar – além dos problemas ambientais que geralmente desencadeiam.

Em alguns lugares, a energia solar térmica pode ser uma opção, mas continua sendo relativamente mais cara do que outras fontes renováveis, assim como a energia nuclear, que, além de enfrentar altos custos de capital, possui percepções públicas negativas. Outra opção seria desenvolver armazenamento em grande escala de energia, como baterias enormes, mas isso continua sendo uma proposta muito cara.

Se o mundo quiser realmente adotar fontes de energia sem emissão de carbono, a indústria de renováveis ​​terá que superar esses problemas através do investimento em pesquisas básicas. Segundo Sivaram, isso não está acontecendo tanto quanto deveria.

Fonte: Hypescience

Energia solar e eólica serão em breve mais baratas que carvão, diz Statkraft

Nos países escandinavos, usinas eólicas onshore já são a fonte mais barata para a construção de novas usinas.

AEROGERADORES EM PARQUE EÓLICO DA STATKRAFT 
(FOTO: TORBJÖRN BERGKVIST / SSVAB / FLIKR STATKRAFT)

A elétrica estatal norueguesa Statkraft espera uma transição mais rápida para energias renováveis no mundo, uma vez que o custo de novas usinas solares e eólicas deverá cair e se tornar mais baixo que a geração a carvão na próxima década, mesmo sem subsídios, disse nesta quinta-feira o CEO da companhia, Christian Rynning-Toennesen.

“Haverá uma série de novas oportunidades de negócios emergindo dessa corrida para as renováveis. Nós precisamos nos adaptar e olhar para essas novas possibilidades”, disse ele, ao participar de uma conferência em Oslo.
“O que nós temos visto é só o começo”, adicionou o executivo.
Ele disse esperar que em cerca de sete anos as novas usinas solares possam competir com o custo operacional de usinas a carvão em operação, o que significa que será atingido um ponto em que a geração solar poderá competir com o carvão em questão de custos mesmo sem qualquer subsídio.

“Em quase todos nossos mercados, novas solares e novos projetos eólicos onshore já são as tecnologias de menor custo entre todas fontes quando pensamos em nova capacidade”, afirmou.

Ele adicionou que, nos países escandinavos, usinas eólicas onshore já são a fonte mais barata para a construção de novas usinas ligadas à rede.

“Essas também são tecnologias que não têm dificuldades de construção… então as barreiras para entrada no mercado são pequenas, as possibilidades para que novas empresas que nunca foram da indústria de energia estão lá, e a competição é extremamente forte”, concluiu.

Por: Joachim Dagenborg

Fonte: Época

Energia solar se torna mais barata que combustíveis fósseis


As energias renováveis atingiram um importante marco em 2016. De acordo com relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), em 30 países, incluindo o Brasil, as energias solar e eólica já podem ser produzidas gastando-se menos do que com algumas oriundas de combustíveis fósseis, caso do carvão e do gás.

Carvão e gás são responsáveis atualmente por 62% da geração total de energia do mundo, segundo dados do Banco Mundial.

Enquanto o custo da energia, o chamado LCOE (Custo Nivelado de Energia), do carvão gira em torno de US$ 100 o megawatt/hora, o preço da energia solar caiu de US$ 600, como era há uma década, para US$ 300 há cinco anos e atualmente já está próximo ou abaixo de US$ 100. O LCOE da energia eólica já chegou em alguns lugares próximo a US$ 50. A análise do WEF não leva em conta o custo da energia gerada pelo petróleo.

Os 30 países analisados, segundo o WEF, atingiram “um ponto de inflexão”, onde a energia solar custa o mesmo ou até menos do que a energia produzida pelas fontes tradicionais e mais poluentes. Chile, México, Brasil e Austrália são alguns dos países citados que alcançaram o “ponto de inflexão”. O WEF projeta que dois terços dos países do mundo vão chegar neste nível em alguns anos. 

Em 2020, a energia solar fotovoltaica terá um custo menor que o carvão e gás em todo o mundo. “As energias renóveis atingiram esse ponto”, disse Michael Drexler, que lidera a área de investimentos de infraestrutura e desenvolvimento do WEF, ao Quartz. “Não tornaram-se apenas uma opção viável comercialmente, mas bem como uma opção atrativa, pensando no longo prazo, estabilidade e considerando a inflação futura”.

Um ponto importante é avaliar que a redução de preço ocorreu sem necessariamente incremento de subsídios. “Segundo a International Energy Agency (IEA) , os combustíveis fósseis receberam US$ 493 bilhões em subsídios em 2014, quatro vezes mais do que os subsídios endereçados às energias renováveis”, analisa o relatório.

O levantamento também cita uma análise recente da International Energy Agency mostrando que a capacidade instalada de energia limpa cresceu 153 gigawatts, superando a estrutura instalada para carvão por exemplo. Na prática, isso significa que cerca de 500 mil paineis solares são instalados no mundo todos os dias.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, um dos maiores desafios para investidores nos próximos anos será lidar com um cenário de poucas oportunidades – e a necessidade crescente de alocar um maior capital considerando um maior número de passivos. Isso porque um dos maiores desafios do mundo é lidar com o aquecimento global e seus impactos econômicos e negativos para a humanidade.

Nesse sentido, segundo o fórum, as infraestruturas “renováveis” já atingiram um nível de maturidade que constituem um sólido investimento e aumentam as chances de reverter os impactos causados pelo aquecimento. Entre as barreiras para esse tipo de investimento estão incertezas regulatórias, contratos não padronizados e falta de ativos específicos dentro das instituições financeiras.

Sol e pilhas: combinação mais que frutífera

Exploração do sol através de pilhas solares. - Créditos: Achats-Industriels
Os esforços para o fornecimento de uma energia, ao mesmo tempo abundante e acessível, são confrontados com enormes desafios, em vista do aumento da população mundial, exigências em matéria da melhora dos meios de vida assim como o abandono bastante controverso dos combustíveis fósseis. A energia solar é considerada como uma alternativa, ao mesmo tempo ecológica e quase inexaurível, aos combustíveis tóxicos.

As pilhas solares tradicionais à base de silício são utilizadas em todo mundo para produzir milhões de watts de eletricidade a cada ano. Infelizmente, a utilização desse tipo de pilha coloca inúmeros problemas. A produção de silício de alta qualidade requerida pelas pilhas solares custa caro. Além do mais, a eficácia desse tipo de pilha em termos de conversão energética é relativamente baixa. Isso porque as pilhas solares não constituem uma alternativa prática e economicamente viável às fontes energéticas à base de combustíveis fósseis.

Contudo, novos materiais fotovoltaicos foram desenvolvidos recentemente. As pilhas solares repousando sobre a fotoexcitação de corantes constituem a alternativa mais promissora às pilhas solares tradicionais à base de silício. Essas pilhas solares sensibilizadas por corantes consistem de uma camada mesoporosa de nanopartículas de óxido de titânio (TiO2), recobertas com corantes orgânicos que aumentam a absorção espectral da luz solar na região do espectro visível.

A maior vantagem dessas pilhas sensibilizadas por corantes é que o principal componente, a saber, o dióxido de titânio, é econômico e não requer instalações complexas para sua fabricação. Além do mais, a eficácia da conversão de energia não é afetada pelas mudanças de temperatura e os diferentes ângulos. Daí essas pilhas solares se caracterizarem por performances crescentes.

FONTE: Achats-Industriels