A Paraíba que, na década de setenta, através do trabalho do LES-UFPB, foi um dos estados precursores, senão o pioneiro, no desenvolvimento dos fogões solares no Brasil, volta mais uma vez a esta condição, só que desta feita, na produção comercial destes tipos de fogões. A fábrica comunitária de fogões solares, implantada em Areias, pequeno povoado de Uiraúna, cidade de aproximadamente 14.000 habitantes, situada no sertão paraibano e distante 470 km de João Pessoa.
Além de representar uma nova alternativa econômica para comunidade, tem no seu produto uma opção ecologicamente correta frente ao uso do fogão a gás ou de lenha. O empreendimento implantado através do intercâmbio entre a Paróquia local e Jovens Católicos da Alemanha, além de integrar e fortalecer a comunidade, ajuda a evitar o êxodo rural, conforme destacou o Pe. Domingos Cleides Claudino, principal responsável pelo surgimento desse frutífero relacionamento.
A ORIGEM DO PROJETO
O projeto do fogão tem sua origem na Alemanha. Um grupo de jovens ligados a pastoral da Diocese de Pascal, próximo a Munique, que haviam trabalhado nas experiências que resultaram no citado modelo, resolveram trazer uma unidade e doar a comunidade, onde cinco famílias passaram a utilizar o fogão comunitariamente. A experiência obteve bastante sucesso, tendo o uso do fogão sido muito bem aceito e, graças ao alto índice de insolação da região, proporcionado uma grande economia de gás, ou madeira e carvão, em alguns casos.
Dois anos após a doação, veio uma nova proposta; A implantação de uma unidade fabril na comunidade. A resposta foi imediata, tendo os membros se organizado e, em mutirão, construído o prédio para abrigar a fábrica, providenciando também toda a mobília necessária. E, conforme as coordenadas recebidas da Alemanha, toda a matéria prima a ser empregada na produção das primeiras unidades, que foi adquirida no comércio local, excetuando-se a superfície reflexiva, que é proveniente da Alemanha. Também foram escolhidos dentro da comunidade, os futuros responsáveis pela sua operação. Um dos critérios adotados para a habilitação dos candidatos foi a condição ativa de estudante.
A IMPLANTAÇÃO DA FÁBRICA NO SERTÃO PARAIBANO
Concluídos os requisitos iniciais, vieram da Alemanha cinco Jovens Católicos acompanhados de uma intérprete. Na bagagem trouxeram todo o ferramental necessário para linha de produção dos fogões solares, além do material reflexivo. Durante quinze dias, aproximadamente, ministraram treinamento intensivo para o grupo escolhido para operar a fábrica. No intuito de depurar possíveis falhas, o período de habilitação encerrou-se com uma fase final de observação dos treinandos, com estes assumindo completamente todo o processo de produção.
No dia 1º de maio de 1997, com muita alegria, numa comemoração que incluiu desfile organizado pelos moradores e uma exposição das primeiras unidades produzidas, foi festejada a inauguração da pequena fábrica.
Recente e ainda de dimensões bastante tímidas, o empreendimento é uma mostra do poder de inversão que pode ter a integração humana. O mesmo sol que, no encontro das secas, expulsou tantas famílias da região. A exemplo da família da ex-prefeita de São Paulo e filha ilustre da cidade de Uiraúna, Luísa Erundina, que se viu diante desta situação por duas vezes. Hoje é o combustível do produto deste empreendimento, que pode ajudar a fixar famílias e também a preservar a vegetação tantas vezes impiedosamente por ele castigada.
LIMITAÇÕES, E SOLUÇÕES PARA AMPLIAR SUA UTILIZAÇÃO
O fogão solar apresenta algumas restrições e exigências no seu uso. A maior restrição é que a sua utilização só poder ser feita durante os períodos de radiação solar, o que exige um local de instalação isento de sombras durante o dia e, principalmente, outro tipo de fogão para atender as necessidades de cozimento nos horários sem radiação solar e nos dias de chuva e ou céu nublado.
A operação do fogão solar também apresenta algumas exigências, como por exemplo a necessidade de ajuste de foco a pelo menos cada 20 minutos e, quando do preparo de alimentos que exigem muita manipulação, a exposição ao sol forte.
O Pe. Cleides reconhece estas características, tendo inclusive nos falado de uma solução local destinada a ampliar o uso do fogão solar. Trata-se de um recipiente para conservar a temperatura dos alimentos na própria panela, denominado de "Balaio Térmico". O nome deve-se ao emprego do balaio como invólucro. O isolante utilizado é o algodão, na forma de tecido e também no estado bruto. Afirmou que o recipiente pode conservar o alimento por mais de dez horas. Além disto, com a prática, as panelas podem ser retiradas um pouco antes do tempo, e o cozimento ser finalizado no referido reservatório, pois graças a diminuição das perdas térmicas, o calor armazenado na panela será suficiente para concluir a operação.
O Padre mencionou a existência de mecanismos para acompanhamento do sol, mas reconhece que esta última solução encarece o produto. Concluindo, afirmou que mesmo apresentando tais restrições, o uso do fogão solar apresenta muitos benefícios, tornando-se bastante aceitável e vantajoso, principalmente na região.
O USO NA REGIÃO E SUA DIVULGAÇÃO
O uso do fogão solar pode ser percebido em alguns quintais no povoado. Na opinião de José Pereira, o Bibi, um dos responsáveis pela operação e administração da fábrica comunitária, a quantidade só não é maior devido ao baixo poder aquisitivo das famílias.
Bibi aponta como aplicação mais vantajosa o cozimento do feijão, que é a base da alimentação das famílias rurais nordestinas, pois como exige muito tempo de cozimento, com a alternativa do fogão solar economiza-se muito gás ou, nos casos onde substitui a lenha ou carvão, evita-se o desmatamento e as queimadas feitas para permitirem a retirada de madeira mais facilmente. Acrescentou ainda que anseia pelo crescimento das vendas o que permitirá aumento da oferta de trabalho na comunidade.
Um dos testemunhos a favor do fogão solar é do Sr. Heleno, que nos acompanhou durante a visita. Segundo ele, a busca de lenha no cerrado é também muito penalizante, pois além do desconforto do sol forte, os longos trajetos percorridos são feitos por trilhas estreitas, onde os espinhos são armadilhas constantes. "Só quem passou por isto é que sabe quanto sofrimento causa" referindo-se a sua infância, quando esta tarefa era parte do seu cotidiano.
Atualmente um dos grande esforços da comunidade tem sido na divulgação do empreendimento que já foi notícia nas rádios, TV´s e imprensa local. Por iniciativa do IDHEA – Instituto para Desenvolvimento da Habitação Ecológica, um dos fogões foi apresentado em São Paulo, na exposição "Viver Ecológico", realizada no Shopping Market Place entre julho e agosto. Sua apresentação atraiu bastante atenção, tendo inclusive sido veiculado em telejornais e revistas de circulação nacional como uma das maiores atrações da referida exposição.
Para poder tornar seu produto conhecido a fábrica conta com a divulgação do Pe. Domingos, que além de ter coordenado a implantação da mesma, promoveu e trabalha na manutenção de vários outros projetos na comunidade como criação de cabras, trator comunitário, barragens subterrâneas e perfuração de poços entre outros.
Motivado pelo fato da comunidade não pode arcar com custos das propagandas convencionais, o padre faz uma divulgação alternativa como as cartas enviadas a diversas pastorais sociais ou mesmo na transmissão pessoal em encontros, palestras, enfim, sempre que há oportunidade. Também já encaminhou a algumas prefeituras, sugestões para que adotem o fogão solar no preparo da merenda escolar.
Apesar de não haver recebido nenhum apoio maciço de outras entidades ou órgãos governamentais, e mesmo dispondo de pouco espaço para sua divulgação, os fogões produzidos na comunidade de Areias, têm conseguido razoável aceitação, já tendo sido vendidas unidades para quase todos estados da federação.
O TRABALHO DO LES-UFPB NA DÉCADA DE SETENTA
Criado em 1973, no Campus I de João Pessoa, o LES - Laboratório de Energia Solar, é um dos centros de pesquisa em energia solar pioneiro no Brasil. Rapidamente, passou ocupar a situação de destaque em vários dos seguimentos de pesquisas da energia solar, inclusive a nível internacional. Sua atuação prática iniciou-se com a instalação de 16 estações solarimétricas no estado da Paraíba - trabalho essencial para o conhecimento das potencialidades da região.
Na sua lista de produção encontram-se inúmeras colaborações na formação do conhecimento para o aproveitamento da energia solar com trabalhos na áreas de baixa e alta concentração incluindo: aquecimento d'água, destiladores, fogões solares, secadores de frutas, motores térmicos, bombeamento d'água, fornos de alta temperatura para utilização siderúrgica e sistemas para obtenção de hidrogênio, entre outras.
A equipe de pesquisadores coordenada pelo prof. Cleantho da Câmara Torres, contava, em seu primeiro ano, com os seguintes professores: Antonio Souto Coutinho; Arnaldo Moura Bezerra; Emerson Freitas Jaguaribe, Júlio Goldfarb; Paulo Martins de Abreu, Rogério Pinheiro Kluppel e Zenonas Stasevskas. A projeção alcançada pelo trabalho desenvolvido foi bastante significativa, conseguindo, o LES, selar vários acordos internacionais de cooperação e contratos de financiamentos de projetos.
Parte destes trabalhos teve boa divulgação, tanto na imprensa como através de seminários, congressos e simpósios. Além do trabalho de desenvolvimento, o LES se preocupou também com a divulgação / difusão destas tecnologias, tendo sido criado ainda nos primeiros anos o "Boletim LES", de edição semestral, onde eram publicados trabalhos especializados nas mais diversas ramificações da energia solar.
OS FOGÕES SOLARES DO CAMPUS
Na área de fogões solares, o LES desenvolveu vários modelos, avaliando desempenho e resultado do emprego de novos materiais em sua construção. Os modelos incluíam os dois tipos de fogões solares mais difundidos; o de concentrador parabólico e o de efeito estufa ou "caixa quente". Foi alcançado um estágio de desenvolvimento bastante satisfatório. Mas, apesar de se haver demonstrado a viabilidade de uso e o importante papel que estes tipos de fogões poderiam desempenhar nas áreas rurais do sertão nordestino, infelizmente não houve nenhum empreendimento ou programa oficial para sua difusão em larga escala.
Na intenção de conhecer e apresentar um pouco sobre o trabalho desenvolvido por aquele laboratório na área de fogões solares, fomos até João Pessoa. Nossa motivação para a viagem foi reforçada pelo contato que já tínhamos pela internet com o prof. Arnaldo Moura Bezerra, um dos pesquisadores pioneiros do LES. Que cordialmente, além de nos recepcionar proporcionou nossa visita ao prof. Cleantho da Câmara Torres e ao eng.º Carlos Alberto, ex-pesquisadores do LES, e que atualmente, da mesma forma que ele, mesmo estando atualmente aposentados e afastados das atividades acadêmicas, continuam a trabalhar na promoção e defesa do uso da energia solar.
Também fomos ao LES, mas infelizmente, era dia feriado universitário e o seu atual coordenador, o prof. Antonio Carlos Cabral, encontrava-se em um congresso, assim não pudemos ter contato pessoal com os pesquisadores atuais. Mas esperamos poder voltar àquele laboratório em outra oportunidade.
PIONEIRISMO, DETERMINAÇÃO E CONTINUIDADE
O eng.º Carlos Aberto Souza, aluno de engenharia no tempo em que o LES iniciou suas atividades, como técnico em mecânica participou de diversos trabalhos de pesquisa e desenvolvimento patrocinados pelo laboratório na época. Após a conclusão do curso passou a professor da UFPB, ficando por um ano e em seguida foi trabalhar na iniciativa privada (durante 20 anos), onde desenvolveu vários trabalhos de grande benefício ecológico, como o aproveitamento de gases de combustão para neutralização de efluentes industriais.
Trabalho premiado pela CNI - Confederação Nacional da Indústria, através do V Prêmio de Incentivo a Qualidade e Produtividade, ocorrido em 1995, quando obteve o terceiro lugar entre os 60.930 trabalhos inscritos naquela oportunidade. No mesmo ano ainda, foi agraciado pelo SESI-PB com o prêmio Talento Paraibano. Não é para menos, pois vantagens ambientais e econômicas se somam na adoção do referido sistema. Com sua implantação, as poluidoras chaminés industriais passam a inexistir, os gases tomam outro caminho, e ganham utilidade, passando, após o devido processo, a substituir o ácido, empregado para neutralizar os referidos efluentes.
Assim ao mesmo tempo, contribui para eliminar gases promotores do efeito estufa e chuva ácida, e permite a economia na compra do ácido, afastando ainda, os perigos de seu transporte e manuseio. O mais interessante é que novas vantagens devem ser agregadas, pois o Carlos Alberto, através de sua empresa de inovação tecnológica e, em parceria com o LES-UFPB, está trabalhando na segunda etapa do empreendimento, que refere-se ao aproveitamento do calor residual dos citados gases de combustão como fonte de energia para sistema de refrigeração.
Isto ampliará muito seu retorno, já que sistemas de refrigeração se fazem muito necessários no meio industrial, sendo responsáveis por significativa parcela do consumo energético. Por outro lado, o aproveitamento do calor dos gases de combustão eliminará desperdício de outra boa parcela da energia consumida nestas mesmas indústrias. Não fica só nisto, pois já trabalha no desenvolvimento da terceira etapa, que será a utilização da energia solar nos sistemas de refrigeração e climatização.
Um sistema diverso, bastante atrativo, que está desenvolvendo é o projeto de uma churrasqueira solar de 6,6 kw, com sistema de servomecanismo para acompanhar o movimento do sol. Pelo ritmo dos trabalhos deve ser concluída ainda este ano. Apesar de não haver ainda a data marcada, já estamos convidados para sua inauguração.
O interessante é a visão do Eng. Carlos Alberto, que foca solução de problemas relevantes, atua de fato para resolver e coloca em prática com relativa facilidade. Ele defende a tese de que devemos resolver nossos problemas sem a influência do "primeiro mundo", visto que a nossa solução, a maioria das vezes vai de encontro a outros interesses. A utilização da energia solar, por exemplo, acha que deve ser conduzida para aplicações onde de fato ofereça uma grande contribuição e traga melhoria da qualidade de vida. Para ele, é um absurdo fazermos a importação de energias (petróleo, gás natural, nuclear e até elétrica) a qualquer custo, para desperdiçar no mínimo em 30%. Pelas chaminés são jogados na atmosfera cerca de 20% da energia queimada. A refrigeração e climatização responde pela maior parcela do nosso consumo de energia elétrica (32% do consumo residencial)
Os sistemas de refrigeração são 99% elétrico.
Ainda segundo ele, a utilização da energia solar para refrigeração é fantástica visto que quando mais se precisa de refrigeração é quando se tem maior incidência da radiação solar e não há nenhum segredo para desenvolver os equipamentos solares (o primeiro mundo é frio). A cocção dos nossos alimentos é praticamente feita a GLP, uma pequena parcela a lenha e carvão, outra elétrico (fornos microondas) e uma tendência de crescimento para gás natural.
O consumo da lenha e carvão ocorre nas regiões Norte e Nordeste e em churrascarias e padarias espalhadas em todo nosso território. "A utilização da energia solar para essa aplicação não há nem o que discutir, pelo contrário já está provado que os alimentos assados em churrasqueiras são cancerígenos. A devastação das nossas florestas, a chuva ácida e o efeito estufa são problemas seríssimos, pelos quais nossos filhos e netos não nos perdoarão", concluiu ele em sua explanação.
O prof. Cleantho da Câmara Torres, fundador e coordenador do LES nos primeiros anos, ao lado do professor Arnaldo é autor dos modelos de fogões solares desenvolvidos naquele laboratório na década de setenta. Atualmente, está afastado das pesquisas e do meio acadêmico, mas continua a defender a energia solar, como ministrando algumas palestras.
No nosso encontro, além de falar-nos sobre os fogões solares e as experiências do LES, explanou sua utilização desde as civilizações mais remotas, as formas atuais de aproveitamento e as pespectivas para a exploração da energia solar - frisando a necessidade de pesquisa de materiais para o uso mais simples como fogões e destiladores solares, que podem desempenhar um papel social muito importante em algumas regiões do nosso país.
Também referiu-se as tendências para o aproveitamento energia solar em larga escala ou para grandes produções, onde destacou algumas utilizações mais acessíveis - como as piscinas solares, ainda inexploradas no Brasil, apesar do grande potencial apresentado -, a importância das questões ligadas ao armazenamento - onde relembrou o projeto do LES de usina eólico-solar para a obtenção de hidrogênio - e também a provável futura captação da energia solar no espaço, através de sondas espaciais, o que eliminaria a necessidade de sistemas de armazenamento. Expôs ainda os problemas ligados à poluição atmosférica devido a utilização de combustíveis fósseis e da nova crise do petróleo, manifestações que devem ajudar a trazer de volta as atenções as energias renováveis.
Além de nos ser bastante informativo, o encontro foi também divertido, dentro dos fatos que nos narrou, um bastante interessante, foi a forma como um jornal da época divulgou a notícia da implantação, em 1974, de uma bomba d'água movida por um motor térmico-solar no prédio do LES. O jornal exibia na manchete algo como: "A Paraíba vai fazer a Bomba Solar", dando a entender que seria uma bomba de uso bélico. O equívoco foi desfeito através de um convite feito ao jornalista para conhecer o equipamento, e grande foi sua surpresa ao atendê-lo.
O prof. Arnaldo Moura Bezerra passou a integrar a equipe de pesquisadores do LES ainda no seu primeiro ano de atividade, tendo trabalhado ativamente, entre outros, no desenvolvimento dos fogões solares daquele laboratório. Atualmente mantém um trabalho pessoal de divulgação, bastante amplo e atuante.
Além da grande produção literária a respeito do aproveitamento da energia solar, principalmente na área do aproveitamento térmico, onde, com certeza, forma uma das listas mais extensas e completas, está sempre disposto e parece não medir esforços para divulgar o assunto: Ministra palestras a respeito, mantém uma página na internet e já produziu diversos materiais didáticos e ilustrativos como a "Vila Solar" maquete feita especialmente para presentear, em 1993, a Estação Ciência da Paraíba. Na Vila Solar, pode ser visto, de uma forma bastante esclarecedora e em detalhes, as mais diversas alternativas de aproveitamento das energias renováveis como: biodigestores, energia eólica, e a energia solar nas mais variadas de suas formas.
Em relação aos fogões solares, além dos vários trabalhos já mencionados, continua trabalhando em seu aprimoramento. A última versão de seu fogão, que tem como base o modelo tipo concentrador parabólico por ele desenvolvido no LES em 1974, utiliza segmentos de espelho plano e, além de compacto, atinge temperaturas de até 350º C, sendo capaz de derreter chumbo, ou de incandescer um chapa de madeira em questões de segundos, como pudemos observar em loco.
Em conversa sobre a fábrica de fogões de Uiraúna, afirmou já ter conhecimento do empreendimento, inclusive tendo feito contato com o padre Cleides, ao tempo da inauguração da fábrica, quando soube de tal através dos jornais. Acha louvável a iniciativa e citou inclusive outro caso de sucesso que também possui um perfil social: uma fábrica de fogões no Peru, mantida pela PERU CHILDREN´S TRUST que emprega 100 crianças pobres, prestando-lhes também assistência social e educação - Os dois em preendimentos são citados em seu trabalho "A Cozinha Solar na Atividade Humana". Lembrou ainda a aplicabilidade do fogão solar para atividades de "Camping", para a qual já existem modelos bastante apropriados, tipo "umbrela", prático e fácil de transportar.
RETORNO
Dispensável dizer da nossa satisfação nesta oportunidade ímpar em poder ouvir, conversar e aprender um pouco mais com estes pesquisadores pioneiros da energia solar. Foi também bastante motivador poder testemunhar tal empenho e determinação pessoais em continuar promovendo a difusão das energias renováveis.
Só há de se lamentar que com o esfriamento da Crise do Petróleo e por motivos diversos, o incentivo a pesquisa e ao desenvolvimento científico no Brasil, tenha sofrido bastante restrições, trazendo um certo descompasso nos trabalhos de pesquisa desenvolvidos nas universidades como um todo. Esperamos que esta situação possa ser revertida em breve e que todo o conhecimento produzido venha a desfrutar de programas sistemáticos de difusão, o que certamente traria enormes benefícios a comunidade e em favor do meio-ambiente. Pelo lado dos pesquisadores determinação, vontade e disposição é o que não falta, isto pudemos comprovar de perto nesta oportunidade.
Assistam a Reportagem sobre a fábrica de fogões solares de Uiraúna:
Postado por Romulo Rostand