ANDRÉ DORF, PRESIDENTE: "OLHAMOS TODOS OS ATIVOS QUE NOS CHEGAM E QUE ESTÃO COM UMA PREDISPOSIÇÃO DE FAZER ALGUMA COISA NO SETOR DE RENOVÁVEIS"
Braço do grupo CPFL em fontes alternativas de energia, a CPFL Renováveis planeja realizar novas aquisições de empresas do setor nos próximos anos. A companhia concluiu ontem a incorporação da Dobrevê Energia (Desa), empreendedora paranaense de projetos de energias renováveis, com a aprovação do negócio em assembleia de acionistas.
"Vamos continuar perseguindo transações que permitam consolidar um pouco mais a indústria e, ao mesmo tempo, desenvolver o nosso 'pipeline' de 4 gigawatts nos próximos anos", disse o presidente da CPFL Renováveis, André Dorf, ao Valor. "Olhamos todos os ativos que nos chegam e que estão com uma predisposição de fazer alguma coisa no setor de renováveis", completou ele.
Com a incorporação da Desa, o parque gerador em operação da CPFL Renováveis aumentará em 277,6 megawatts (MW), totalizando 1,8 mil MW instalados. Desse montante, cerca de 60% são de eólicas, 20% de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e 20% de termelétricas a biomassa.
Com o negócio, a CPFL Renováveis também soma agora 335 MW de projetos em construção já contratados em leilão, com previsão de entrada em operação nos próximos anos. Além disso, a carteira de projetos em desenvolvimento (de fonte solar, eólica, PCH e biomassa) passa a ser de aproximadamente 4 mil MW.
Segundo Dorf, desde a criação da CPFL Renováveis, em 2011, até hoje, a capacidade instalada da companhia triplicou. A empresa, que tinha pouco mais de 600 MW instalados no momento de sua criação, ampliou seu parque em 630 MW por meio de projetos contratados em leilões e acrescentou outros 540 MW através de aquisições no setor.
"Quem olhou a CPFL Renováveis lá atrás, na criação, em 2011, e depois quem revisitou a CPFL Renováveis no IPO [sigla em inglês para oferta primária de ações], no ano passado, não reconhece mais a empresa hoje. Crescemos mais de 50% do ano passado para agora", disse o executivo, ressaltando que a empresa está entre as dez maiores geradoras de energia privada do país.
Com relação ao aumento do preço-teto para a fonte eólica definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para os próximos leilões de energia, em relação aos últimos anos, Dorf entende que essa é uma tendência. A elevação dos preços considera o risco na conexão dos parques com o sistema nacional e a redução da disponibilidade de equipamentos eólicos no curto prazo.
"A tarifa sugerida está refletindo essas condições de contorno para os empreendedores de eólica", avaliou. "Essa tendência deve continuar ao longo deste ano e do ano que vem", completou.
A CPFL Renováveis também avalia se disputará contratos de energia para projetos de fonte solar no próximo leilão de energia de reserva, marcado para este mês. O preço-teto para os empreendimentos do tipo é de R$ 262 por MWh. "Temos alguns projetos [de energia solar] cadastrados. Ainda estamos analisando. Estamos fazendo as contas e comparando com as propostas que têm vindo para fornecimento, construção e montagem", afirmou o presidente da empresa. Segundo ele, também é preciso estudar as condições de financiamento principalmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Com a operação aprovada ontem, o Fundo de Investimento e Participações (FIP) Arrow, controlador da Desa, passa a deter 12,27% do capital da CPFL Renováveis. Os demais acionistas da empresa tiveram a participação reduzida proporcionalmente. A CPFL Geração de Energia continua controladora da CPFL Renováveis, com participação de 51,61%, ante a fatia de 58,83% que detinha anteriormente.
"Foi uma transação que não envolveu o caixa da companhia. Juntamos a base acionária das duas empresas. É uma associação em que a CPFL vai incorporar a Desa, e quem era acionista da Desa vai receber ações da CPFL Renováveis", explicou Dorf.