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Transformação de dejetos das granjas em energia limpa no Rio Grande do Sul

Crescimento do número de granjas que transformam dejetos em energia limpa vem ganhando velocidade nos anos mais recentes, empurrado pela maior segurança oferecida pelo marco regulatório e disponibilidade de financiamentos.


A transformação de dejetos das granjas em energia limpa tem atraído cada vez mais a atenção do setor agropecuário no Rio Grande do Sul. Segundo dados do Centro Internacional de Energias Renováveis - Biogás (CIBiogás), o Rio Grande do Sul conta atualmente com 31 plantas de biogás em atividade, sendo que a maioria delas (16) entrou em operação a partir de 2016. Além de contribuir com a redução de gastos com combustível e com energia elétrica e térmica, o biogás tem sido apontado como fundamental para ajudar o Brasil a alcançar as metas relacionadas à redução de gases do efeito estufa.

Em 2020, segundo a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), a produção nacional de biometano (biogás purificado) ficou em 365 mil metros cúbicos por dia. A entidade calcula que o país tenha um potencial de produzir 120 milhões de metros cúbicos por dia. Para contribuir com a redução da pegada de carbono até 2030, a meta traçada pelo setor é avançar para 32 milhões de metros cúbicos por dia ao final desta década.

Segundo o vice-presidente da ABiogás, Gabriel Kropsch, o marco regulatório do segmento avançou ao longo dos últimos anos, trazendo segurança para investidores e consumidores, mas ainda há questões de ordem tributária a serem resolvidas. “Não queremos subsídios, mas condições de competição com outras energias”, explica, ressaltando que, em alguns estados, o ICMS do biogás é maior do que o do diesel.

Apesar do avanço registrado nos últimos anos, é consenso no setor que a produção de biogás encontra-se muito abaixo do potencial, tendo em vista a grande produção de aves, suínos e gado presente no Rio Grande do Sul e, consequentemente, o grande volume de matéria orgânica disponível. O Paraná, por exemplo, conta com 146 plantas. “Estamos enterrando energia”, resume a professora Suelen Paesi, do Laboratório de Diagnóstico Molecular da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Na avaliação dela, falta fazer com que a informação chegue aos interessados, pois os financiamentos estão disponíveis, inclusive por meio de recursos internacionais. Suelen coordenou, no final de março, o 3º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, realizado em formato on-line com o objetivo de discutir o desenvolvimento da cadeia.

Conforme a ABiogás, o Rio Grande do Sul conta com um potencial de geração de energia elétrica a partir do biogás na ordem de 8.271 GWh por ano. “No Brasil, o que é explorado representa menos de 2% do potencial. Temos muito chão para crescer ainda”, calcula Kropsch. Diferente do que ocorre com os combustíveis fósseis, o biogás é produzido pela decomposição da matéria orgânica, o que é um processo natural. Esse processo pode ocorrer de forma descontrolada, na natureza – gerando um passivo ambiental –, ou dentro de um ambiente controlado, aproveitando o produto para a geração de energia. De acordo com Kropsch, se todo o biogás gerado no Brasil fosse aproveitado, haveria produção suficiente para substituir cerca de 25% da energia elétrica no país, ou 70% do consumo de óleo diesel.


No meio rural, a instalação de biodigestores – reatores onde ocorrem os processos biológicos que geram o biogás – cresceu nos últimos anos, favorecida pelo surgimento de novas tecnologias, linhas de financiamento e oportunidades de negócios. “Os bancos são sensíveis a isso de uma maneira muito positiva. Eles têm interesse em financiar projetos que sejam amigáveis ao meio ambiente”, ressalta o pesquisador Airton Kunz, da Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC).

O equipamento tem sido utilizado por produtores rurais principalmente para a geração de energia elétrica. Porém, o sistema também possibilita a geração de energia térmica, que pode ser utilizada, por exemplo, em sistemas de secagem de grãos ou no aquecimento de aviários. A matéria orgânica utilizada para a produção do biogás é composta por dejetos da produção agropecuária, em especial da avicultura, suinocultura e bovinocultura de leite. “As fezes dos animais são materiais de excelente biodegradabilidade”, complementa Kunz.

Com a sustentabilidade na ordem do dia, a busca por energias renováveis envolve cada vez mais esforços, em especial nos países desenvolvidos. A preocupação dos consumidores com a busca de energias mais limpas abre espaço, inclusive, para a valorização comercial da carne e ovos. “Os produtos de suínos e aves que têm biodigestão nas suas granjas vão, logo mais, ter uma valorização extra, porque o consumidor vai exigir esse nível de certificação”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.

FONTE: Suinocultura Industrial

Dubai vai transformar 60% do lixo que produz em energia elétrica

Grandes cidades trazem grandes problemas, e um dos mais piores excessos expelidos pelos inchados centros urbanos é a imensa quantidade de lixo produzida. Diversos países como China, Suécia e a Noruega vêm transformando tal problema em solução não só para a questão do lixo como para o problema da energia, através de usinas de transformação de resíduos sólidos em energia. E Dubai será o próximo lugar a investir em tal tecnologia, construindo a maior usina desse tipo do mundo.

Tais usinas realizam a queima do lixo e utilizam o calor como alimento para uma grande turbina geradora de eletricidade. A usina em Dubai, a maior cidade dos Emirados Árabes, ocupará um espaço de 20 mil metros quadrados, com capacidade de tratar cinco mil toneladas de lixo e gerar 185 MW de eletricidade. Como a cidade produz 8 mil toneladas de resíduo por dia, o objetivo da usina é alcançar o montante de 1,82 milhões de toneladas por ano, transformando assim mais de 60% do lixo produzido em energia – e, chegando a esse número, abastecendo 120 mil residências por lá.


Simulação da usina a ser construída em Dubai



Se essas usinas resolvem tanto o problema do lixo quanto da energia, por outro lado elas criam um terceiro e nada discreto problema: a poluição. Diversos estudos já apontam para soluções eficazes, no entanto, que seriam capazes de neutralizar todas as emissões, através de capturas e armazenamento de carbono.


Transformar o lixo em energia é sem dúvida potencialmente uma excelente evolução para tais problemas, mas se, para isso, seguirmos poluindo o planeta, estaremos somente substituindo um problema por outro – em escala potencialmente ainda mais grave. Portanto, é fundamental que tais tecnologias de limpeza e neutralização evoluam juntas ou mais rápido do que as tecnologias poluentes. A usina em Dubai será uma parceria entre a empresa de água e eletricidade local, a empresa suíça Hitachi Zosen e a belga Besix Group, e estima-se que ela esteja funcionando em 2020.

Biogás poderia minimizar apagão no AP, indica estudo entregue em maio a Mourão

Biogás poderia minimizar apagão no AP, indica estudo entregue em maio a Mourão Imagem: Gabriel Penha/Photopress/Estadão Conteúdo Denise Luna Rio

O Amapá tem capacidade para gerar 15 milhões de metros cúbicos de biogás por ano, a partir de resíduos sólidos urbanos e dos rejeitos da piscicultura, o suficiente para gerar cerca de 31.136 megawatts-hora (MWh) de energia elétrica e abastecer quase 11.800 residências ou 50 mil pessoas, informa o Instituto Escolhas, que em maio já havia entregue ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, um estudo mostrando a vocação da Região Norte para a produção do biocombustível.

"Os números são ainda conservadores, já que o biogás pode ser produzido também com outras matérias-primas orgânicas. É a transformação do lixo em uma fonte energética, garantindo suprimento local e dando destinação correta aos resíduos", explica o estudo.

O potencial do Amapá para o biogás (31.136 MWh) equivale a toda população de Laranjal do Jari, terceira maior cidade do estado, e poderia também ser utilizado pelas indústrias locais, como as do peixe e açaí, evitando que sua produção fosse perdida pela falta de refrigeração, situação vista hoje, informa o documento produzido em parceria com a Instituição de Ciência e Tecnologia, CIBiogás.

"Diante do caos energético que vive o Amapá, fica claro que precisamos de um programa de energia para a Amazônia. São vidas de milhares de pessoas e negócios prejudicados e que poderiam se beneficiar do biogás. Uma fonte de energia local traz segurança à população e pode destravar o potencial de cadeias de valor da bioeconomia", segundo disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) a gerente de Projetos e Produtos do Instituto Escolhas, Larissa Rodrigues.

Há uma semana, o Estado do Amapá sofre com a falta de energia elétrica causada por um incêndio do único transformador em operação da empresa responsável pela transmissão da energia. As causas e as responsabilidades pelo apagão ainda estão sendo apuradas, enquanto 70% da população vive em racionamento e 30% das cidades continuam sem nenhum abastecimento.

Em dezembro será publicada a versão completa do estudo, que trará números mostrando que a população e os negócios do Amapá poderiam, com o biogás, não só evitar a situação de calamidade e prejuízos decorrentes da falta de energia, mas também estruturar o crescimento da economia regional.

O trabalho vai revelar ainda os potenciais de geração de biogás a partir de resíduos sólidos urbanos e da piscicultura para outros três estados: Amazonas, Roraima e Rondônia. No início de 2021, o Instituto Escolhas e o CIBiogás fornecerão um mapa completo do potencial de geração de biogás em toda a Amazônia, incluindo também os resíduos da produção de mandioca.

Fonte: https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2020/11/09/biogas-poderia-minimizar-apagao-no-ap-indica-estudo-entregue-em-maio-a-mourao.htm

Energias renováveis: como escolher a melhor para sua empresa


Se no início da Revolução Industrial, a queima de carvão era a principal forma de obtermos energia, nas últimas décadas presenciamos muitos avanços tecnológicos referentes às matrizes energéticas disponíveis. Muitas formas de energias renováveis estão hoje disponíveis. E diante de tantas opções, é importante saber como escolher a melhor delas para sua empresa.

Optar por fontes de energias alternativas e renováveis, também conhecida como energia verde, é de grande importância ambiental. Afinal, elas causam menos impacto ecológico, auxiliando no combate ao aquecimento global e na preservação do meio ambiente.

Porém, esse não é o único motivo para apostar em energias renováveis e escolher uma delas para o seu negócio. As fontes de energia verde também costumam ser mais econômicas do que as opções tradicionais. Em alguns casos, você pode economizar até mesmo 95% nas contas de luz!

Para saber mais sobre as opções de energia renováveis, como escolher e quais suas vantagens, é só continuar a leitura!

Empresa sustentável: uma tendência

Segundo uma pesquisa global da Deloitte, importante organização de auditoria e consultoria empresarial, “a energia renovável está rapidamente se tornando uma fonte preferida de energia convencional”.

Ainda de acordo com o estudo, a maioria dos países do mundo possui capacidade solar e eólica, por exemplo. O Brasil, em especial, é um dos principais mercados para ambos os tipos da energia.

E caso você esteja se perguntando se é possível usar esse tipo de energia em seu negócio, temos boas notícias!

Diferentes tipos de empresas vem investindo em energias renováveis nos últimos anos, como:
  • Supermercados;
  • Padarias;
  • Restaurantes;
  • Instituições de ensino;
  • Fábricas e indústrias de diferentes tipos, entre outras.
Até mesmo grandes empresas multinacionais fazem uso de energias verdes. Esta publicação da Exame lista algumas dessas organizações. Entre elas, temos nomes como Intel, Microsoft, Apple, Walmart, Unilever, e Google.

Energia verde: entenda as vantagens

Como introduzimos no início do texto, ações como escolher energias renováveis para seu negócio pode trazer diversos benefícios.

A preservação dos recursos naturais é uma das principais vantagens da energia verde. E além de um bem coletivo, esse valor também pode ser revertido de forma positiva para sua marca.

Já quando falamos de custos, o Fórum Econômico Mundial indica que em alguns países, como o Brasil, temos o chamado ponto de inflexão. Isso significa que as energias renováveis custam o menos ou até menos que as fontes poluentes.

E ao investir nesse tipo de energia, você também colabora com:
  • A geração de empregos;
  • O desenvolvimento tecnológico;
  • O desenvolvimento econômico;
  • Impactos positivos para a saúde e qualidade de vida da população local.

Energias renováveis: como escolher

Existem diferentes tipos de energias renováveis. E para fazer a melhor escolha para sua empresa, é necessário compreender suas demandas e objetivos. Além disso, alguns dos tipos de geração de energia dependem de configurações climáticas e geográficas que garantem seu rendimento. Por isso, é importante observar também esses fatores.

Energia eólica

A energia eólica é aquela proveniente da força dos ventos, uma fonte inesgotável e que não emite gases poluentes.

A geração de energia nesse modelo se dá da seguinte forma:
  • O fluxo de ar passa pelas turbinas eólicas;
  • Elas giram e transformam a energia mecânica em energia elétrica.
  • As turbinas estão conectada à rede de transmissão elétrica;
  • Ocorre à transmissão da energia gerada.
O Nordeste brasileiro é um dos principais polos de energia eólica do país. Isso porque a configuração geográfica e climática da região garante maior volume de ventos durante todo o ano.

O lado negativo desse tipo de energia, porém, diz respeito à poluição sonora, uma vez que as pás das turbinas eólicas geram muito barulho. Por isso e por outras questões práticas, não é indicado instalar esse tipo de equipamento em áreas urbanas.

Energia das ondas

O Brasil é um país com grande área litorânea e o mar também pode atuar como gerador de energia.

O movimento das ondas e das marés gera energia cinética, que pode ser transformada em energia elétrica.

Ainda é necessário maiores pesquisas e investimentos nesse setor energético, mas ele já é considerado uma das grandes apostas para o futuro.

Energia de Biomassa

Também é possível produzir energia de materiais biodegradáveis!

Os gases liberados pela decomposição dessa biomassa pode ser canalizado e utilizado como combustíveis em motores de gás, por exemplo.

Energia solar fotovoltaica

Uma das maiores tendências energéticas atuais é a energia solar fotovoltaica. Com a tecnologia avançada do sistema, é possível transformar a luz e calor do sol em energia elétrica.

Por aqui, muitos negócios e até mesmo residências vem investindo na energia solar fotovoltaica. Apenas de 2017 a 2016, o número de conexões registradas no território brasileiro cresceu 244%.

E como é ressaltado em uma reportagem da revista Pequenas Empresas Grandes Negócios, espera-se que em 2024 aconteça um aumento de 200 vezes se comparado ao patamar atual desse tipo de energia no país.

E é importante frisar que os painéis fotovoltaicos podem ser instalados em diferentes tipos de imóveis. Essa tecnologia é silenciosa, não gera nenhum tipo de poluição e pode ser utilizada tanto na cidade quanto no campo!

Como vimos, há diferentes opções de energias renováveis. Como escolher a melhor para sua empresa varia de acordo com as possibilidades da sua região e seus objetivos.

Lembramos também que os empresários que desejam utilizar a energia renovável em seus negócios contam com o auxílio do ProGD, o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica.

O ProGD tem como objetivo incentivar pessoas físicas e jurídicas a adotarem a energia solar. Ele garante financiamentos especiais, entre outras possibilidades para o empresário que investe na energia do sol.

Mesmo em tempos de crise, como nesta quarentena, é possível fazer esse tipo de investimento! Leia nosso post sobre o assunto e descubra porquê investir em energia solar na quarentena é um bom negócio!

Biogás representa a nova revolução no setor de bioenergia


Os cenários envolvendo a produção e o mercado de biogás representam uma nova revolução para o setor de bioenergia. Essa perspectiva e os desafios da nova economia foram a tônica no primeiro evento do ciclo de webinar da área de bioenergia promovido pela FENASUCRO & AGROCANA com o patrocínio da Dassault Systèmes.

O setor de produção de biogás no Brasil, até 2019, contava com 524 plantas de usinas em operação produzindo 1,3 bilhão de m³. No entanto, especialistas advertem que o uso do biocombustível é subdimensionado, já que existe um potencial de produção de biogás de 84,6 bilhões de Nm³/ano, sendo que o setor sucroenergético tem capacidade para gerar o correspondente a 41,4 bilhões Nm³/ano e o setor da agroindústria a 37,4 bilhões Nm³/ano.

O biocombustível também apresenta condições para ser associado à produção de energia elétrica com potencial de produção de 190 mil GWh/ano, equivalente a 20% do consumo nacional, ou para ser adotado como substituto para 45 bilhões de litros de diesel, cerca de 35% do consumo brasileiro.

O presidente da ABiogás (Associação Brasileira de Biogás), Alessandro Gardemann, ressalta que o grande desafio do setor é colocar toda produção no mercado, aproveitando o que já é produzido e desperdiçado.

“As expectativas são boas. Atualmente, existe a tecnologia para o uso do biogás como combustível em veículos pesados. A Scania e alguns modelos chineses já oferecem essa tecnologia no mercado. Além disso, em vistas do RenovaBio, programa que valorizará a produção com menores emissões de gases de efeito estufa, o biogás contribui para aumentar a nota de eficiência da usina por meio da emissão de um número maior de créditos, os CBios, e aumentar a receita advinda do programa”, observa Gardemann.

O gerente de bioeletricidade da UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Zilmar de Souza, também destaca o grande potencial que está sendo desperdiçado. Ele ressalta que a expectativa é de aumento no consumo de energia, com um crescimento médio de 4% ao ano entre 2021 e 2024, e que esse cenário pode ser explorado pelo setor.

“Se os resíduos fossem aproveitados apenas nas usinas sucroenergéticas do Estado de São Paulo, o potencial de geração de eletricidade somente com biogás atingiria quase 32 mil GWh, o que significa atender 16,5 milhões de residências durante o ano inteiro. Por outro lado, um levantamento recente da UNICA, mostra que a geração de energia elétrica para a rede, utilizando o biogás na agroindústria, foi de apenas 18,5 GWh em 2019”, afirma Souza.

Processo de revolução

De acordo com Daniel Rossi, o mercado oferece possibilidades para o gás natural e para o biogás, sendo que este último tem um grande potencial e representa uma fonte nobre por ser renovável.

“À medida que ocorra a redução do desconhecimento do produto, o biogás pode ser utilizado na produção de energia, reduzindo em 95% a emissão de C0² em relação ao diesel e de 70% em comparação com o gás natural. Uma das soluções é orientar sobre a produção in loco. A região do centro-oeste, por exemplo, tem uma vocação para ser um grande produtor de gás. Temos um mapeamento com potenciais postos de produção de gás no interior e acredito que estamos próximos a um processo de revolução como foi a utilização do bagaço de cana para a produção de energia elétrica”, revela Rossi.

Em relação aos canais de distribuição para estimular o consumo e a capacidade da rede, o CEO da GasBrasiliano, Alex Gasparetto, diz que existe uma infraestrutura preparada para atender a produção e programas em operação visando o estímulo do uso pelas indústrias e consumidores.

“Contamos com uma rede de distribuição de 1.100 km, que pode ser conectada rapidamente a algo em torno de 50 a 60 usinas com potencial de produção, o que viabilizará o consumo em larga escala”, diz. “Além disso, existem projetos em operação como o uso da tecnologia diesel-gás para frotas pesadas, o uso do gás para alavancar a geração de energia elétrica, denominado usina híbrida, e o projeto Cidades Sustentáveis, que deve entrar em operação até o final de 2021 e permitirá atender as cidades Pirapozinho e Presidente Prudente com o biometano proveniente da vinhaça”, completa Gasparetto.

Maior eficiência

O consultor de processos de negócios sênior da Dassault Systèmes, João Vicente Ribeiro Ferreira, afirma que os projetos contribuem para uma maior eficiência das usinas, principalmente, em relação às paradas de produção.

“As empresas devem se adaptar a essa nova realidade para serem competitivas. O investimento em tecnologia vem para habilitar essa transformação de forma sustentável. É essencial para a sociedade não depender de uma única fonte e a energia renovável é um diferencial. Em países como a Alemanha, China e Estados Unidos existem várias iniciativas buscando alternativas. A grande vantagem é que no Brasil temos uma capacidade de diversificação única em relação a outros países”, comenta Ferreira.

Ciclo de webinar FENASUCRO & AGROCANA

O primeiro debate, realizado na última quinta-feira (04/06), abordou o tema “Como o mercado de biogás está se preparando para os desafios da nova economia?”, e contou com a participação de dirigentes de associações, CEO e representantes de grandes empresas do setor, e mais de 1,5 mil inscritos.

De acordo com Paulo Montabone, diretor do portfólio de combustíveis da Reed Exhibitions Brasil, o biogás representa um dos segmentos estratégicos do biocombustível e possui um grande potencial de crescimento e de oportunidade de negócios. “O webinar alcançou o objetivo ao estimular o debate sobre as perspectivas envolvendo o cenário, já que o biogás apresenta um enorme potencial para toda cadeia produtiva e empresas envolvidas no setor de bioenergia, além de ser destaque no RenovaBio”, afirma.

O ciclo de encontros faz parte das ações de interação em formato digital direcionada aos expositores e visitantes da FENASUCRO & AGROCANA, que teve a edição de 2020 adiada para o período de 17 a 20 de agosto de 2021, em virtude dos efeitos da pandemia da Covid-19 (novo Coronavírus).

A FENASUCRO & AGROCANA é o único evento da América Latina a reunir inovações e conteúdo de alto nível técnico voltados às indústrias de alimentos e bebidas, papel e celulose, biodiesel, usinas de etanol/açúcar, usinas de etanol de milho, distribuidora e comercializadora de energia e agrícola.

O que são biodigestores e como gerar biogás?


Produzir biogás, na teoria é bastante simples. Nada mais é que a fermentação da matéria orgânica em processo anaeróbio, ou seja, sem a presença de oxigênio e que resulta na liberação de gases com potencial metanogênico. Mas na prática o biodigestor é o elemento essencial para esse processo. Então, afinal o que são biodigestores e como podemos gerar biogás?

Sendo assim, o principal equipamento para o tratamento anaeróbio de resíduos é o biodigestor. De variados modelos, ele deve suprir as necessidades para a transformação do biogás. Por isso, antes de determinar qual o modelo de biodigestor que será utilizado, é importante saber qual substrato que será tratado, ou seja, que tipo de resíduo orgânico será utilizado para produção do biogás. Além disso, você precisa considerar o investimento e as condições ambientais para produção de um composto de qualidade.

Todos esses critérios devem fazer parte do projeto de construção e implantação de uma planta de biogás, antes mesmo de decidir a escolha por um ou outro modelo de biodigestor.

Mas afinal, o que são os biodigestores?

É comum visitarmos plantas de biogás no meio rural e nos depararmos com um espaço no terreno coberto por lona. Essa lona flexível, é utilizada para promover o ambiente ideal de fermentação do biogás, sem oxigênio e também para armazenar os gases por um período – o que acaba dando a aparência de “balão”.

Mas nem todos os modelos são flexíveis, alguns fatores são determinantes, como o tipo de alimentação, frequência, volume de resíduos e tecnologias à disposição.

Então de modo geral, os biodigestores são máquinas caracterizadas pelo regime de alimentação, forma de alimentação, concentração de sólidos no reator e sistema de agitação.

Cada modelo vai ter características específicas para que a transformação do resíduo em biogás seja a correta do composto.

Veja a seguir os principais modelos de biodigestores que podem ser fabricados ou adquiridos no Brasil.

1 – Biodigestor Lagoa Coberta (BLC)

Biodigestor de Lagoa Coberta – BLC, instalada na Granja Colombari, em São Miguel do Iguaçu (PR)
Geralmente encontrado em áreas rurais, o Biodigestor de Lagoa Coberta ou BLC, é empregado em propriedade rural devido a produção animal. Normalmente instalado por meio de um tanque escavado no solo, é impermeabilizado e coberto com um material geossintético (produto feito com polímero sintético ou natural, em forma de manta ou tira) como PVC (policloreto de vinil), PEAD (Polietileno de Alta Densidade) entre outros.

Este modelo é considerado de baixo nível tecnológico e se caracteriza pela baixa permeabilidade de fluídos e gases. Seu formato geralmente é retangular, mas a inclinação e a instalação dependem das características do solo de cada propriedade.

A falta do sistema de aquecimento determina a variação de temperatura da biomassa do biodigestor, ou seja, a geração de biogás em regiões com temperatura baixa determinante será bastante afetada.

O Lagoa Coberta normalmente é usado para o tratamento de efluentes que contém baixa concentração de sólidos e baixa carga volumétrica.

Você sabia que os primeiros biorreatores foram criados em 1914 para atender a elevada produção de acetona?

2 – Biodigestor CSTR Continuous Stirred Tank Reactor , ou Tanque de Agitação Contínua

Já pelo nome, podemos prever que a tecnologia aplicada neste modelo de biodigestor é mais complexa. Isso porque o CSTR, Continuous Stirred Tank Reactor ou Reator de Tanque de Agitação Contínua, foi criado para suportar grandes cargas volumétricas, sua característica principal é o sistema de agitação que mantém o conteúdo em homogeneização. Outros parâmetros também são controlados, como temperatura, pH e nível de biomassa.

Como é mais utilizado em plantas de biogás, essa configuração é mais eficaz, já que executa a codigestão (mistura de substratos) e aceita a concentração mais elevada de sólidos.

Esse biodigestor é um dos mais usados na Europa com 90% de aderência. O Seu tempo de retenção hidráulica (TRH) e tempo de retenção de sólidos (TRS) não se diferenciam, já que não há um acúmulo de lodo no reator. Seu THR dura no mínimo entre 15 a 30 dias dependendo do tipo do substrato a ser digerido.

Apesar do processo mais desenvolvido devido ao sistema de agitação, a alternativa acrescenta custos de implantação e manutenção da máquina. Uma vez que existe a transferência de calor e melhora o contato entre a matéria e os microrganismos a capacidade de produção do biogás aumenta. A utilização desse recurso, implica em um ganho de 15 a 30% na produtividade de biogás, já que quando feita adequadamente aumenta a distribuição de substratos, nutrientes, enzimas e microorganismos no biodigestor.

3 – Biodigestor em fase sólida (dry digestion)

Biodigestor Dry Digestion, empresa Pöttinger localizada na Áustria, nesses biodigestores são mais comuns com operação batelada e alimentação de resíduos que contém entre 20 e 40% de sólidos. O substrato é adicionado juntamente com o inóculo e o líquido percolado recirculado sobre a fração sólida.

De acordo com a quantidade de sólidos no biodigestor, o volume e o processo de tratamento serão afetados. Devido a baixa concentração nesse tipo de sistema a digestão em fase sólida pode durar entre 2 a 4 semanas, de acordo do tipo de substrato. Neste modelo a concentração de metano é próxima a 80%, uma proporção relativamente alta.

Nesta fase, a digestão apresenta algumas características:
  • Produção de biogás com até 40% a menos que a via úmida.
  • Menor volume do biodigestor.
  • Suporta substratos com maior concentração de sólidos e tamanho da partícula
  • Não são necessárias grandes diluições aos substratos.
  • O biorreator precisa ser aberto para manutenção;
  • Alimentação descontínua do biorreator.
  • Produção de biogás: gestão da tecnologia e segurança na operação dos biodigestores

A operação dos biodigestores deve ser feita com devido cuidado e precauções e com profissionais qualificados. São inúmeros os perigos que existentes em um digestor anaeróbio ou planta de biogás ou de biometano. A fiscal do projeto da UD Itaipu, Bruna Smaniotto diz que os cuidados são essenciais no manuseio das máquinas.

“Sendo o biodigestor uma das principais partes de um sistema de produção de biogás, existem alguns cuidados a serem tomados como, por exemplo, estanqueidade (para evitar vazamentos e entrada de ar)”

Bruna afirma que além disso, existem ainda outros parâmetros importantes para monitoramento e que vão depender do quanto se pretende investir e do quão controlada será a produção de biogás, “como agitação e controle de temperatura”, explica.

Os riscos podem estar relacionados tanto às condições ocupacionais, ambientais e também quanto a efetividade do processo de produção. A mistura do biogás apresenta perigos químicos e físicos devido a mistura gasosa, corrosividade e outras toxicidades.

Usinas híbridas de energia solar e biogás ampliam potencial energético de produtores rurais


Novo modelo em desenvolvimento pelo Grupo Alexandria, permite o máximo aproveitamento da eletricidade gerada com resíduos orgânicos e mantém as usinas e fazendas produzindo energia o ano inteiro

A produção de energia a partir de material orgânico já é prática conhecida no Brasil. Permite produzir a própria eletricidade no mesmo local de consumo e reduzir perdas, o que reduz o custo de um insumo que pesa bastante na produção rural. Mas, esta capacidade pode aumentar ainda mais se combinada com outra fonte de produção de energia, também instalada no mesmo terreno das usinas: sistemas fotovoltaicos.

Trata-se de um novo modelo que combina biogás e energia solar, que está sendo desenvolvido pelo Grupo Alexandria, e terá capacidade para extrair o máximo do potencial de geração das duas fontes: compostos orgânicos e o sol.

São as usinas híbridas, que vão elevar o patamar de produção de energia dos produtores rurais. Durante o dia, os painéis fotovoltaicos geram a eletricidade para o funcionamento da usina. Já os resíduos orgânicos são transformados em biogás, que é armazenado em cilindros ou grandes reservatórios para ser usado nos momentos em que não há irradiação solar, ou para abastecer caminhões e máquinas colheitadeiras, por exemplo.

Fluxograma

“As usinas poderão gerar 100% de toda a energia que os produtores rurais consomem em suas fazendas, agroindústrias e granjas de forma constante e distribuída, por todo o período de funcionamento, sem interrupção”, explica Alexandre Brandão, CEO do Grupo Alexandria.

Esta combinação da energia já produzida com o biogás, a partir de resíduos orgânicos, com a energia solar, vai potencializar as vantagens já conhecidas: menor custo por ser produzida no mesmo local de consumo, oferta constante energia também durante o período de entressafra, menor dependência de fontes externas em períodos de seca, com o benefício extra de aliviar os reservatórios, além de dar uma destinação ambientalmente correta para os resíduos orgânicos.


“Em um dos países que recebem a maior irradiação solar do planeta e que possui grandes propriedades rurais com alta produção de resíduos orgânicos, a introdução das usinas híbridas, é uma alternativa natural”, diz Brandão. A propriedade continua gerando eletricidade mesmo no período entressafras, e pode alugar parte da usina para terceiros, mantendo uma renda constante durante todo o ano, com outra vantagem importante: a Alexandria faz toda a gestão dos contratos de locação, ou seja, o produtor rural não precisa de estrutura administrativa para esta atividade.

COP 26

A construção de usinas híbridas solar + biogás deve se tornar uma tendência global, por ser ambientalmente correta e possível de ser instalada também em áreas periféricas de grandes cidades, para aproveitamento do lixo orgânico na produção do biogás.

E será tema de uma palestra de Alexandre Brandão na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 26), que acontecerá na Escócia.

Mapa do setor


O potencial do setor de biometano no Brasil

biogás é alternativa no campo

O Brasil é um dos países mais promissores no setor de biometano de acordo com o relatório global de Mercado de Biometano publicado e promovido pela Zion Market Research. Além do Brasil, o estudo mapeou Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, China, Japão, Índia e regiões do Oriente Médio e África. O país foi o único mencionado na América Latina.

O Brasil é uma potência agropecuária, o que resulta na produção de uma enorme quantidade de resíduos orgânicos, que poderiam ser transformados em biogás e, posteriormente, biometano. Tem, portanto, um dos maiores potenciais no planeta de produção. Dados da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) apontam que o biometano apresenta o potencial para suprir 70% do consumo de diesel. Até 2030, a Associação pretende atingir a produção de 11,7 bilhões m3/ano de biometano.

Em 2019, o Brasil registrou mais de 400 plantas de biogás em operação, um crescimento de 40% em relação a 2018, com empreendimentos de grande porte em andamento que somam investimentos da ordem de R$ 700 milhões – registrou avanços nas políticas que favorecem o biogás.

Para 2020, as expectativas são ainda melhores. O vice-presidente da associação, Gabriel Kropsch, acredita que haverá um incentivo ainda maior para o investimento em novas unidades de produção após o início do RenovaBio. “Desde a regulamentação pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) da produção de biometano, em junho de 2017, vários projetos começaram a ser desenvolvidos, então este volume só tende a crescer”, afirmou.

Segundo os cálculos da ABiogás, atualizados em dezembro, o potencial de produção do biogás, intercambiável com o gás natural, chega a 42 bilhões de m³/ano, contabilizando todo o resíduo produzido pela agroindústria e saneamento. “Estamos otimistas para 2020. Com o início da comercialização dos CBIOs, e toda a movimentação que temos mapeado no cenário do biogás, nossa expectativa é de que teremos o dobro da expansão registrada em 2019. A projeção é de investimentos de cerca de R$ 50 bilhões até 2030”, conclui Alessandro Gardemann, presidente da ABiogás. De acordo com o estudo, o mercado global de biometano deve atingir US $ 2,61 bilhões até 2025. Abiogás

Geração de usinas a biomassa cresce 3% em 2019


Números divulgados pela Câmara de Comércio de Energia Elétrica (CCEE) revelam que a geração de energia das usinas térmicas a biomassa aumentou 3% em 2019, quando comparado com o ano anterior. Ao todo, o Brasil produziu 3.108,6 MW médios, superando o resultado de 3.007,1 MW médios de 2018.

O crescimento decorre principalmente da ampliação do número de empreendimentos dedicados à produção de energia a partir de biomassa. Em 2019 foram contabilizadas 295 usinas em dezembro contra 274 no mesmo mês de 2018.

A capacidade instalada também apresentou crescimento, com 13,09 GW aferidos em dezembro de 2019, 2% maior que os 12,82 GW do mesmo mês no ano anterior.

São Paulo lidera produção

Com 41% da capacidade instalada das usinas a biomassa do país, o estado de São Paulo é o maior produtor de energia elétrica a partir desta fonte. Em 2019, a produção cresceu 5%, alcançando 1.391 MW médios. Mato Grosso do Sul, com 514,9 MW médios, e Minas Gerais, com 390,4 MW médios, completam a lista dos maiores geradores a biomassa no ano passado. 

Fonte: CCEE

Aumentam fontes de biomassa para energia


A biomassa para produção de energia corresponde a 8,81% de potência na matriz energética brasileira. O eucalipto, por seu potencial e grande quantidade de produção por área, é uma das plantas que se destacam nesse setor. O pesquisador Erich Schaitza, da Embrapa Florestas, comenta que a biomassa florestal é muito importante no Brasil, seja de eucalipto, pinus, bracatinga ou acácia ou ainda lenha explorada e florestas naturais. “O eucalipto, especificamente, é muito usado e é talvez a principal madeira utilizada como biomassa para energia. Eucaliptos alimentam uma indústria muito forte de carvão vegetal e o carvão, por sua vez, é usado industrialmente em siderurgia e outras áreas.” Ele comenta que há um consumo agrícola muito grande de energia para geração de calor usado na secagem de produtos agrícolas, no aquecimento de aves ou na geração de vapor e calor para processos industriais.

Além disso, a madeira também é utilizada para gerar energia elétrica, ou calor e energia elétrica. “Quase todas as indústrias de celulose e papel usam a madeira de eucalipto ou pinus para a produção de papel, mas aproveitam resíduos, na forma de lixívia ou sobras como casca e finos, para produzir energia elétrica. Outras indústrias de madeira, como serrarias, também usam seus resíduos para gerar energia”, diz Schaitza. Em regiões de produção madeireira tradicional, onde há polos de processamento mecânico de madeira, há um comércio intenso de resíduos industriais, como cavacos, costaneiras, casca e outros que são usados para a geração de energia.

O pesquisador ressalta que a cultura do eucalipto, se bem manejada, pode não só produzir energia, mas também prover serviços ambientais importantes. “Já passamos da fase de substituir florestas nativas por plantios florestais de eucalipto ou outra espécie.” Segundo ele, se compararmos as florestas de eucalipto com agricultura, elas levam vantagens em vários aspectos ambientais: mantém um estoque de carbono na área ocupada muito maior do que o que teríamos em agricultura ou pecuária, são boas para a produção de água, servem como corredores biológicos e abrigam muito mais vida do que lavouras, são bons agentes de controle de erosão e usam muito poucos defensivos agrícolas.

Florestas energéticas

Conforme esclarece Schaitza, há algum tempo se fala de florestas energéticas e florestas energéticas de eucalipto. “O eucalipto é uma das árvores que crescem mais rápido no mundo, produzindo muita biomassa por unidade de área. Com isso, tem um potencial muito grande de ser plantado para a geração de energia também.” Como exemplo, aponta a Down Química, indústria química instalada na Bahia que se associou a ERB para produzir energia para sua fábrica e também para a rede. Outro exemplo é a nova fábrica da Klabin, conhecida como projeto Puma, com capacidade de produzir 270MW a partir de resíduos de madeira de pinus, eucaliptus e de licor negro. Ela gera calor e eletricidade para seus processos industriais e vende energia elétrica para o mercado. Minas Gerais é o lugar onde mais se produz energia com eucaliptos, principalmente para produção de carvão para siderurgia.

Com as mudanças e avanços, há tecnologias para se produzir energia em quase toda a escala e há uma oportunidade grande de se integrar a geração de energia a produção dos mais diversos produtos.

O Brasil, seguindo uma tendência mundial, tem voltado os olhos para as energias renováveis, que teve sua produção ainda mais estimulada após as COP 21 e 23. “Hoje estamos entrando na era (ou deveríamos estar) das energias renováveis. Energias com um balanço de carbono neutro ou baixo. Apesar de ser líder na geração de energia limpa, apenas 40% da nossa matriz energética é renovável. Apesar de vários grupos de pesquisa estarem desenvolvendo tecnologias para uso de madeira como biocombustíveis, a biomassa de cana e o diesel de óleo de soja são as estrelas nesse segmento, com potencial para aumentar sua participação caso haja condições econômicas para tal”, ressalta Schaitza. Se olharmos energia elétrica, 75% é renovável. Olhando energia em geral, os 60% não renováveis são representados principalmente por derivados de petróleo e, em menor escala, gás e carvão – a maior parte é óleo diesel e gasolina.

No caso da energia elétrica, os 25% não renováveis são representados principalmente por gás e carvão, e a madeira pode substituí-los quase que totalmente. Schaitza entende que, “se quiséssemos, poderíamos ter todas as termoelétricas nacionais tocadas a biomassa, com uma grande participação da madeira. É claro que existem restrições econômicas para tal e nem sempre produzir com biomassa de madeira é uma alternativa economicamente viável”.

Diferenciais

A produção de energia elétrica a partir de biomassa tem algumas vantagens. A primeira é que pode gerar desenvolvimento rural local, com produção de madeira por produtores próximos às usinas. A segunda é que a energia da biomassa é plenamente despachável, enquanto as energias solares e eólicas não são. “A energia térmica de biomassa não é melhor que a solar ou a eólica, mas há espaço para todas. A energia de biomassa poderia muito bem substituir nossas usinas térmicas movidas a gás e carvão, geradoras de gases de efeito estufa”, aponta Schaitza.

Com relação ao questionamento sobre a viabilidade em investir em florestas energéticas, Schaitza considera que é difícil comentar, já que deve-se observar os casos específicos. Ele entende que, em princípio, vale a pena investir em florestas se houver perspectiva de vendê-las para um cliente, seja uma fábrica de celulose, uma serraria ou uma usina termoelétrica, e se esses clientes pagarem um preço justo pela floresta. “Fiz uma análise econômica de um sistema de produção de energia elétrica e o custo da madeira não era o principal fator restritivo da produção. O custo específico de uma usina e seu fator de capacidade é mais importante do que o custo da matéria-prima biomassa. Isso quer dizer que, se tivermos sistemas industriais eficientes e baratos, podemos pagar bem a madeira e aí o negócio vale a pena.”

Tecnologias

Algumas tecnologias são disponíveis para a geração de energia a partir da madeira. A principal delas é a combustão, nas suas diferentes formas, como queima direta, pirólise rápida e lenta e gaseificação. Para a geração de energia elétrica, o mais comum é esquentar vapor em uma caldeira e então gerar energia em uma turbina movida a vapor. “No entanto, novas tecnologias, como a gaseificação, onde se gera um gás para mover motores e turbinas, estão aparecendo e com o tempo se tornarão comuns”, acredita Schaitza. A Embrapa desenvolveu um software voltado para simulação de produções de eucalipto em diferentes condições e verificação de quanto se vai produzir, o SisEucalipto. Se houver informações econômicas de custos de produção e de preços de venda regionais, ele pode ser associado a uma ferramenta de análise de investimento, o Planin, e com isso as pessoas podem fazer suas simulações e cálculos. Os dois programas são gratuitos e disponibilizados para download no site da empresa.

Canal-Jornal da Bioenergia

Marabá: Guseiras começam a operar com potencial de ampliação da produção

Após amargar longa crise com paralisações e demissões em massa por problemas ambientais, o polo siderúrgico retoma a produção de ferro gusa no Distrito Industrial de Marabá


Após amargar longa crise com paralisações e demissões em massa por problemas ambientais, alto preço de produção, escassez de mercado, dentre outras dificuldades, o polo siderúrgico de Marabá retoma, aos poucos, a produção de ferro gusa no Distrito Industrial de Marabá (DIM).

No auge da produção, por volta de 2003/2004, o complexo do polo siderúrgico instalado no DIM chegou a ter 12 siderúrgicas produzindo ferro gusa 24 horas em três turnos, operacionalizando 22 alto fornos à plena produção.

Simara, Cosipar, Sinobras, Sidepar, Ferrogusa Carajás, Brasil Novo, Usimar, Da Terra, Sidenorte, Ibérica e Maragusa/Âncora compravam a matéria-prima básica da Vale, que a transportava por sua ferrovia que liga Parauapebas (PA) ao porto de Ponta da Madeira, em São Luís (MA), com ramal em Marabá.

Um dos maiores desafios dessas empresas é equacionar a autossuficiência florestal ao longo do funcionamento da Siderúrgica, visto que a disponibilidade de florestas próprias para produção de carvão vegetal é uma condição necessária para o seu funcionamento regular e duradouro. A pressão de órgãos ambientais como Ibama e ICMBio, que aplicaram pesadas multas por conta da origem do carvão vegetal (matéria prima do gusa) é um desafio a ser superado.

Outra questão é obter um preço diferenciado da matéria-prima fornecida pela Vale, conforme atesta Zeferino de Abreu Neto, executivo do setor e presidente do Sindicato das Indústrias de Ferro Gusa.

Outra opção, mais cara e complexa, e de alto custo, seria alimentar as siderúrgicas com gás, construindo dutos para abastecer as plantas industriais de Marabá, solução que na opinião do ex-Presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá, Ítalo Ipojucan daria condição de competitividade, abandonando o carvão vegetal, o maior gargalo da produção do setor.

ACIM

Por telefone, o presidente da Associação Comercial e Industrial de Marabá (ACIM), empresário e advogado Raimundo Nonato Araujo Junior, disse que a entidade está trabalhando em três eixos que garantam condições essenciais para que o setor volte a operar o polo siderúrgico do DIM.

“A ACIM vem, ao longo do tempo, envidando esforços junto às autoridades constituídas do Executivo e do Legislativo estadual e federal no tocante à possibilidade de uma modernização da legislação ambiental vigente, nos termos em que hoje acontece no vizinho estado do Tocantins”, explicou Araujo Junior.


O presidente da ACIM destacou que a entidade tem todo o interesse que o setor volte a produzir, gerando empregos, renda e avanços para toda a sociedade marabaense e paraense. “Com fazendas licenciadas, um bom manejo florestal e tributação diferenciada, aos moldes do que é praticado para o fornecimento de madeira para a produção da indústria de celulose, criaremos condições de competitividade de preço de produção e responsabilidade ambiental”, detalhou.

Araujo Junior revelou que a ACIM tem articulado junto ao governo e à mineradora Vale um preço de minério diferenciado para as plantas industriais de ferro gusa no DIM. “Defendemos que haja a participação do poder público e da Vale como indutores desse setor, a partir de fornecimento de minério de ferro com preço diferenciado às empresas. A produção das minas da Vale são próximas ao DIM e não há porque a Vale não participe desse processo de retomada do setor guseiro”, defendeu.

No auge da produção de 12 plantas industriais de ferro gusa, a Vale fornecia ao DIM apenas 1% do total de sua produção para abastecer as indústrias em Marabá.

Derrocada

A partir de 2008 ruíram como um castelo de cartas, uma guseira estabelecidas no DIM após a outra, encerrando um ciclo econômico industrial que gerava mais de 20 mil empregos diretos, produzia riquezas, salários, compras no comércio local, incrementava o setor imobiliário e gerava dezenas de milhões de dólares com a venda da produção, toda ela exportada para o exterior; agora, surgem novos investimentos resultando na abertura de algumas siderúrgicas.

Logística

Os investidores consideram que o DIM é bem servido do ponto de vista da logística, com acesso por aeroporto, três rodovias federais, ferrovia e uma hidrovia a ser concluída com a obra de derrocamento do Pedral do Lourenço, que permitirá a navegabilidade do Rio Tocantins, prevista para iniciar no final de 2020.

O acesso ao Distrito Industrial de Marabá se dá por meio da rodovia federal BR-155 (antiga PA-150), pista simples de sentido duplo, que tornou-se uma via perigosa para o tráfego (não é de hoje) intenso de veículos de passeio, caminhões e carretas. Um caminhão que sai do DIM para acessar a BR passa por uma atividade de risco, sujeito a grave acidente. “Essa rodovia precisa de atenção das autoridades, e o ideal seria sua duplicação, com acostamentos planejados para a demanda que já havia e torna a ressurgir”, disse Francisco Arnilson de Assis, empresário e ex-gerente do Distrito Industrial de Marabá (2008 a 2010).

Na entrada do DIM caberia também um trevo, com rotatória, para não atrapalhar o intenso fluxo de veículos que passa diariamente no local.

Nas vias internas de acessos às siderúrgicas há problemas de conservação que ocasionaram vários pontos de erosão, causando riscos ao tráfego das pesadas carretas e caminhões que transportam a matéria-prima e o carvão vegetal que alimenta os alto fornos.

Novas siderúrgicas estão surgindo no DIM

Aos poucos, novas empresas ou antigas estão retomando a produção. Confira quais as empresas estão ativas e as que têm planos de operar no DIM.

Siderúrgica Âncora

Após o fechamento de todas as guseiras, eram mais de uma dezena, gerando milhares de empregos diretos e indiretos e fortalecendo uma cadeia produtiva enorme, beneficiando municípios e estados, em junho de 2018 ressurgiu a Maragusa, com o nome de Siderúrgica Âncora. Investidores mineiros arrendaram a planta industrial e hoje empregam mais de 160 funcionários, com um leque enorme de negócios envolvidos, desde o transporte de trabalhadores por uma empresa terceirizada com vários ônibus a circular em três turnos de trabalho. A Maragusa era de propriedade do Leonildo Rocha que edificou um projeto moderno de produção de ferro gusa, e ganhou vida e está produzindo normalmente.

No fechamento dessa reportagem recebemos a notícia de que a Âncora foi obrigada a suspender suas atividades na última semana por falta de matéria-prima (minério de ferro) para alimentar o seu alto forno.

Gusa Brasil


Com um novo quadro administrativo à frente, a antiga siderúrgica Sidepar. que no passado funcionava com três fornos e três turnos, com quadro de mais de 800 funcionários, ressurge como a Gusa Brasil. O forno foi reativado em 18 de dezembro de 2019 e já responde por 160 empregos diretos. Nem precisa ser um grande observador para ver nos rostos dos trabalhadores uma grande satisfação ao voltar para o mercado de trabalho, poder, com o fruto de seu suor, garantir uma melhor condição de vida para suas famílias. O brasileiro se transforma quando volta a trabalhar e essa expressão está visível, daí todos os esforços empresariais se revestem de grande importância.

Sidepar

Quando operava, a Sidepar (Siderúrgica do Pará) detinha mina própria para extração de minério de ferro, chegando a operar quatro alto fornos em sua planta no DIM sem depender da Vale para comprar minério de Ferro. Sua mina, em Floresta do Araguaia abastecia sua grande necessidade de matéria-prima. Tragada pelo efeito dominó que iniciou em 2008, o DIM viu uma a uma as guseiras fecharem as portas. Nove empresas do setor não suportaram o tranco em função da crise mundial que fez despencar o preço do minério de ferro e também do gusa.

Embora também tenha sido afetada pela queda do preço do aço, a Sinobras não entra na conta das nanicas guseiras porque sua produção é comercializada no mercado nacional e alcançou autossuficiência na produção de carvão vegetal por ter investido de forma correta e de acordo com a legislação vigente no plantio de eucalipto em dez fazendas no vizinho estado do Tocantins, mas, mesmo assim fechou. Na época dos problemas, um dos fatores que desmotivaram os diretores da Sidepar foi o baixo preço do ferro gusa que a China estava praticando no mercado internacional, vendendo o produto por US$ 200 dólares a tonelada, num famoso caso de dumping —expediente utilizado para a venda produtos a um preço inferior ao do mercado, especialmente o mercado internacional —, prática condenada pela Organização Mundial do Comércio (OMC). O custo para produção no DIM à época era de US$ 350 dólares. “Temos uma carga tributária muito alta. Apesar de toda a estrutura logística que possui e ainda uma mineração própria, a Sidepar também não aguentou e encerrou suas atividades”, disse Neiba Nunes que presidiu o Sindicato dos Metalúrgicos de Marabá.

Ferrogusa Carajás

A antiga siderúrgica Terra Norte funcionou por muitos anos com dois fornos. Foi vendida bem antes da crise do mercado mundial, tornou-se a Cikel, empreendimento dos mais organizados dentro do DIM. Com projeto moderno, o seu conjunto industrial, ambiental e de trabalho está adequado aos novos tempos, mas, foi obrigada a fechar as portas e ressurge novamente, com previsão de voltar a funcionar a partir de julho de 2020, informou um funcionário da administração com uma alegria sem tamanho. Para tanto, já foi recuperado um forno de grande capacidade produtiva. As cores estão voltando nas instalações, estruturas sendo recuperadas, renovadas. No seu momento de consolidação de produção, quando tinha dois fornos funcionando, gerou mais de 500 empregos diretos.

Carvopar

Empresa estabelecida em São Luís do Maranhão, tendo a logística como sua atividade principal, mudou-se para o DIM e está implantada ao lado da grande Gusa Brasil. Veio agregar valores à produção e gerar mais empregos. O seu proprietário está muito entusiasmado e confiante na retomada do setor.

Novos Negócios

Um ex-guseiro que pediu para não ter o seu nome revelado disse que está com suas atividades bastante avançadas na extração de minério de ferro, extração e flotação do minério de cobre. “Novos negócios começam a agitar o setor após a crise de 2008 e o governo tinha que dar uma atenção especial para esses empreendimentos”, comentou.

“A tristeza não é apenas pelo fechamento das siderúrgicas, mas por falta de uma política pública para que o Brasil não viva apenas de exportar matéria prima e depois comprar produtos industrializados lá de fora”, lamentou Neiba Nunes.

Florestas energéticas são alternativas limpas e renováveis

Foto: Divulgação John Deere

Desde os primórdios, o homem queimava as florestas para obter calor e energia. E nos tempos atuais, a combustão ainda é fonte de energia. Na matriz energética brasileira, por exemplo, a queima de biomassa e de carvão mineral representa 10,5%, isso é 18.039 Megawatt (MW) da energia consumida no Brasil.

Uma das principais fontes desta energia são as florestas energéticas, em especial de pinos – mais comum no Sul do país- e de eucaliptos no restante do país. De acordo com um estudo do Instituto de Bioenergia e Meio Ambiente (IEMA) é possível produzir energia elétrica a partir da biomassa de eucalipto suficiente para reduzir em um quinto as emissões do sistema interligado nacional (SIN).

Segundo Vinicius de Sousa, pesquisador no IEMA, a capacidade instalada das florestas energéticas corresponde em aproximadamente 0,3% da matriz elétrica nacional. Projeções do IEMA indicam que essa fonte teria potencial para chegar a 5,6% em 2030 caso sua contratação em leilões fosse ampliada e ela fosse usada para substituir térmicas a carvão ao fim de seus contratos. “Contudo, ainda seria necessário avaliar aspectos territoriais, ambientais e sociais mais profundamente antes de tomar essa decisão,” pontua.

Para propiciar alternativas de energias renováveis que compensam a intermitência das energias eólicas e solares, foi realizado pelo IEMA o estudo “Florestas Energéticas: potencial da biomassa dedicada no Brasil”. O objetivo foi avaliar o potencial de aumento da participação de biomassa de madeira na matriz elétrica do Brasil, tendo em vista as necessidades do setor elétrico e a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) brasileira no âmbito do Acordo de Paris. “Nesse sentido, o eucalipto foi selecionado devido à experiência nacional com o seu cultivo para reflorestamento”, pontua Sousa. No documento de 2015, o Brasil se comprometeu reduzir as emissões de gases estufa em 37% em relação aos níveis de 2005 considerando toda a sua economia.

Ainda provou que o potencial da biomassa de eucalipto é expressivo. Em um cenário mais ambicioso, as projeções mostraram que com a restauração de florestas para produção de biomassa chegaria a 6,3 milhões de hectares. Só isso garantiria 52,8% da meta brasileira no Acordo de Paris. Dentro de boas práticas de manejo florestal, 1,6 milhões de hectares seriam mantidos como áreas de reserva legal. Essa floresta plantada teria um estoque de carbono equivalente a 17 vezes as emissões totais do SIN, sem considerar as áreas de reserva legal.

Assim, no estudo estimou-se que a biomassa de eucalipto poderia evitar um quinto das emissões do SIN em 2030 considerando que cada unidade de energia gerada por essa fonte evitaria – por apresentar fator de emissão nulo -uma quantidade de emissões de acordo com o fator de emissão médio do SIN em 2017 (0,09 tCO2e/MWh).

A substituição da queima de combustíveis fósseis foi utilizada apenas para projetar a potencial expansão dessa fonte ao substituir usinas a carvão no término de seus contratos. O estudo do IEMA também não teve a ambição de formular políticas públicas para a expansão da fonte, uma vez que isso exigiria também uma avaliação mais aprofundada de outros aspectos, como o planejamento territorial e ambiental.

“Destacamos também que o potencial da biomassa de madeira tem sido considerado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que lançou estudo sobre o tema no ano passado. Nesse esboço, além da geração centralizada, também se aborda o potencial de uso da biomassa residual de manejo sustentável nos Sistemas Isolados, onde atualmente predomina a utilização de sistemas a diesel, com altos custos e problemas socioambientais relacionados”, afirma Vinicius.

Números

Não existem dados públicos sistematizados sobre a produção de energia a partir da biomassa de eucalipto no Brasil. Contudo, dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), há 470,8 MW de capacidade instalada de geração a partir de lenha e resíduos florestais – não necessariamente de eucalipto.

Das 58 usinas existentes, a maior parcela está em Santa Catarina (13), seguida por Mato Grosso (9) e Paraná (8). A maior parte da capacidade instalada também está em Santa Catarina (29%), seguida por Minas Gerais (20%) e Paraná (10%).

No exterior, existem usinas a cavaco de madeira ou resíduos florestais com mais de 50 MW de capacidade instalada nos Estados Unidos, Finlândia, Suécia, Bélgica, Reino Unido, Dinamarca, Japão e Polônia.

Usos

O pesquisador da Embrapa Florestas, Erich Schaitza, pontua que o eucalipto é muito utilizado como fonte de calor e energia na indústria, em especial na do aço. “Nessa indústria não se usa o carvão mineral. A queima das florestas energéticas é uma fonte de energia menos poluente”, explica.

Um segundo uso da energia proveniente do eucalipto é a secagem de grãos, seja por estufas ou secadoras, a madeira é queimada em caldeiras. “Um exemplo é o milho seco usado para a alimentação ou até mesmo para a produção de etanol”, mostra Schaitza. Não menos importante é o uso para a própria geração de energia, um bom exemplo é a indústria de celulose e papel.

Dificuldades

De acordo com o pesquisador da IEMA, um dos gargalos identificados no estudo é o alto preço da madeira, principalmente em regiões com mercado menos consolidado, que leva a altos preços para a energia gerada. Outro são as diferenças na forma de contratação nos setores elétrico e florestal: as termelétricas a biomassa florestal são contratadas para operação variável, enquanto a produção e compra/venda de madeira precisam de previsibilidade.

O pesquisador da Embrapa Florestas concorda, para ele não existe um planejamento de consumo de madeira no Brasil. “Falta um projeto em longo prazo. A produção de energia desta fonte sofre para ser competitiva, afirma. Porém, Erich destaque para a geração de energia para o próprio consumo, a energia gerada pelas florestas energéticas ou a queima de biomassa é mais barata que a adquirida pela concessionária de energia. “O KW da concessionária sai por aproximadamente R$ 0,70, o gerado sai mais em conta”, revela.

Schaitza ainda complementa que o Brasil tem as florestas energéticas mais produtivas do mundo. Mas destaca que devido às mudanças climáticas, a produtividade das florestas têm caído. “Não são problemas, mas sim desafios para nos adaptaa”, reflete.

Fonte: Cejane Pupulin-Canal-Jornal da Bioenergia

Gerador de energia a biometano


Depois de lançar a linha de geradores a diesel, ampliando o portfólio no setor de energia, a FPT Industrial participou da FIEE Smart Future, 30ª Feira Internacional da Indústria Elétrica, Eletrônica, Energia e Automação, um dos mais importantes eventos do setor na América do Sul, em São Paulo. A empresa expôs o gerador GSNEF140B na configuração Cabinado, com 140 kVA de potência; o motor N45 disponível para geradores (G-Drive), e a última grande novidade do segmento: o gerador GENEF160B BIO a Biometano, Gás Natural Comprimido (CNG) e Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), em sistemas de baixa e alta pressão.

O gerador de energia GENEF160B BIO movido a Biometano, Gás Natural Comprimido (CNG) e Gás Liquefeito de Petróleo (GLP). A tecnologia simboliza a transformação energética em operações como fazendas e aterros sanitários, possibilitando independência não só na geração de energia, como também na geração de combustível renovável. Equipado com o motor FPT N60, o gerador GENEF160B BIO se difere dos geradores movidos a diesel pelo sistema de injeção, que utiliza a tecnologia estequiométrica multiponto, otimizando a combustão e permitindo um menor consumo de combustível associado a uma performance estável e otimizada para a geração de energia. Entre as principais vantagens está a possibilidade de operação com o biometano, fonte renovável de combustível que entrega menor custo de operação. Além disso, é um equipamento mais silencioso e com menores emissões de CO2 e poluentes, comparado aos geradores tradicionais movidos a diesel.

O biometano é produzido a partir do biogás de resíduos (biodigestão) para a produção de eletricidade de agricultores e operações sanitárias, podendo se tornar uma fonte elétrica extra para abastecer comunidades, pequenas indústrias e fazendas com baixo custo.

“A geração de energia a gás tornou-se uma opção extremamente vantajosa para produtores que investem alto em tecnologias sustentáveis para aumentar a produtividade e reduzir os custos de operação”, afirma o especialista de Marketing Produto da FPT Industrial, André Faria. (Canal Jornal da Bioenergia com dados da Assessoria de Imprensa da FPT Industrial).

Colômbia concederá PPAs mais longos em leilão de energias renováveis

Já adiada de junho para 30 de setembro, a aquisição será realizada até o final de outubro. O exercício estará aberto a novos projetos de energias renováveis ​​com mais de 5 MW de capacidade de geração. Os desenvolvedores selecionados receberão contratos de energia de 15 anos em vez dos acordos de 12 anos oferecidos na tentativa abortada de fevereiro.

Os termos do exercício adiado duas vezes foram alterados. Imagem: alphastockimages.com

O Ministério de Minas e Energia da Colômbia publicou novas regras para o próximo leilão de energia renovável. Originalmente planejado para junho, depois adiado para 30 de setembro, o leilão será realizado até o final de outubro, de acordo com um comunicado do ministério.

O exercício de compras estará aberto a novos projetos de energia renovável com mais de 5 MW de capacidade de geração, com cada projeto precisando fornecer eletricidade durante três diferentes blocos de tempo predefinidos para garantir a segurança do suprimento.

Os contratos serão elaborados com base em 'take or pay', com o comprador obrigado a comprar energia contratada, independentemente de ser usada e o gerador ter que fornecer uma quantidade fixa de eletricidade. Os projetos bem-sucedidos garantirão um contrato de compra e venda de energia (PPA) de 15 anos e os projetos deverão entrar em operação em 1º de janeiro de 2022. No leilão falhado realizado em fevereiro , os PPAs em oferta tiveram uma duração de 12 anos.

Os contratos serão denominados em pesos colombianos e atualizados com base no Índice de Preços ao Produtor certificado pelo Departamento Administrativo Nacional de Estatística da Colômbia.

Preço de teto para energia

O regulador de energia CREG estabelecerá um preço máximo para o leilão e definirá os requisitos da concorrência, descrevendo o número de licitantes e a escala de capacidade necessária para participar de concursos bem-sucedidos.

Os termos do concurso foram alterados após o exercício falhado de fevereiro. Na época, a Unidade Nacional de Planejamento de Energia e Mineração da Colômbia disse que nenhum projeto foi selecionado, pois muitos não cumpriram os termos de licitação estabelecidos pelo CREG, particularmente com relação à concentração de prêmios do projeto entre as entidades licitantes.

Em fevereiro, 15 empresas apresentaram propostas para 22 projetos: 17 solar, juntamente com quatro projetos eólicos e uma instalação de biomassa.

“Na definição das novas regras, consideramos as observações e comentários dos diferentes stakeholders e agentes do setor para encontrar o melhor equilíbrio de condições para vendedores e compradores, além de beneficiar os consumidores”, disse a ministra de Minas e Energia, María Fernanda Suárez. .

Desenvolvedores colombianos pensam muito antes do leilão de setembro

As autoridades colombianas têm um registro de 3,55 GW de capacidade de geração solar. Imagem: gregroose / Pixabay
Nos primeiros cinco meses do ano, 16 projetos solares com capacidade de geração superior a 99 MW foram aprovados pelas autoridades colombianas. Um dos projetos pode chegar a uma capacidade de 700 MW, outro tem 240 MW e outros cinco podem gerar até 200 MW, já que cerca de 3,55 GW de capacidade fotovoltaica foram adicionados ao gasoduto nacional.

O projeto FV Sebastosol tem 700 MW de capacidade e é o maior projeto fotovoltaico a obter aprovação na Colômbia até o momento.

A enorme instalação é um dos vários esquemas de grande escala incluídos no registro compilado pela Unidade de Planejamento de Minas e Energia da Colômbia.

O projeto Sebastosol, na cidade de Cimitarra, no departamento de Santander, entrou no registro em 14 de maio. O desenvolvedor é Sebastosol SAS ESP, e o projeto poderia ser realizado na refinaria de Sebastopol, no Cimitarra, pertencente à empresa petrolífera estatal Empresa Colombiana. de Petróleos. A companhia petrolífera anunciou no ano passado planos para instalar o PV em suas instalações, começando com uma usina de 20 MW para o campo de petróleo de Castela, o segundo maior da Colômbia.

Mais projetos de mais de 99 MW

O segundo maior projeto que entrou no registro colombiano é a usina de 300 MWp da SC Solar San Martin - na verdade, 240 MWac - que a desenvolvedora SC Solar SAS quer construir em El Paso, no departamento de Cesar. A maior usina fotovoltaica na Colômbia atualmente também está em Cesar: o parque solar El Paso, de 86 MW, desenvolvido pela empresa italiana Enel.

O registro também inclui outros cinco projetos fotovoltaicos com capacidade de geração de 200 MW, um com saída de 181,2 MW, outro de 120 MW, um com 102 MW, três de 100 MW e outros três de 99 MW, além de inúmeras instalações menores .

Pronto para o leilão de setembro

Atualmente, o registro consiste em 59 projetos com uma capacidade de geração combinada de 3,55 GW. A maioria deles deve competir no próximo leilão de renováveis ​​que a Unidade de Planejamento de Mineração e Energia realizará, em 30 de setembro. As usinas selecionadas terão que iniciar suas operações comerciais até 2022.

O primeiro leilão do país para renováveis ​​em grande escala, realizado no final de fevereiro, foi concluído sem qualquer aquisição porque as ofertas recebidas não cumpriam os critérios para garantir a concorrência no mercado. Nesse exercício, 15 empresas apresentaram propostas para 22 projetos: 17 deles solares, além de quatro projetos eólicos e uma instalação de biomassa.