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Preço vai determinar contratação de projetos de resíduos sólidos


Empreeendimentos de geração da fonte poderão participar do leilão de energia nova A-5

O Ministério de Minas e Energia sinalizou que pretende manter projetos de geração a partir de resíduos sólidos urbanos nos leilões de energia, mas a contratação de volumes mais significativos vai depender essencialmente do preço apresentado pela fonte nos certames. O custo da energia dessas usinas é pelo menos o dobro do que que tem sido contratado nos leilões, e mesmo com a criação de um produto próprio em que os projetos competirão apenas entre si o incentivo pode não ser suficiente, explicou o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Paulo Cesar Domingues.

O secretário reconheceu que os contratos de comercialização de energia elétrica são fundamentais para a disseminação de empreendimentos de recuperação energética de resíduos, mas destacou que a atividade requer sustentabilidade econômica.

Um aspecto importante é que os custos operacionais das usinas não poderão ser cobertos exclusivamente pela venda de energia no mercado, e os contratos de energia elétrica não suficientes muitas vezes para cobrir todos os custos. Por isso, a necessidade de que sejam estabelecidas tarifas adicionais e outras formas de receitas para cobrir os custos totais.

“Mesmo na Europa, onde em alguns países o preço da energia elétrica é maior que no Brasil, eles não são suficientes para cobrir todos esses custos. Então, é importante que sejam buscadas outras formas de receita para cobrir todos os custos”, completou Domingues, ao participar de um painel em evento promovido pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos.

O MME espera contratar uma certa quantidade de projetos no leilão de energia nova A-5, que está previsto para 30 de setembro. Empreendimentos de resíduos sólidos urbanos poderão concorrer no certame fora do produto biomassa, mas a contratação de grandes montantes de energia de RSU estará condicionada ao impacto tarifário. Mesmo com um produto próprio, há fontes mais competitivas no certame, especialmente eólica e solar que poder atuar como um elemento inibidor para contratação de projetos da fonte.

Paulo César Domingues lembrou que no A-6 de 2019, último realizado pelo governo, o maior preço negociado foi de pequenas centrais hidrelétricas, de R$ 232/MWh. Projetos solar fotovoltaicos e eólicos fecharam contratos por, no máximo, R$ 100/MWh.

A solução para contornar o problema inclui a cobrança de uma taxa ou tarifa pelos municípios pela coleta de lixo. Praticamente a metade dos mais de 5.700 municípios brasileiros não cobra pela coleta de resíduos sólidos, disse o secretário.

O presidente executivo da Abren, Yuri Schmitke, afirmou durante o evento que para cumprir a meta do Plano Nacional de Resíduos Sólidos em relação à capacidade de recuperação energética por meio de tecnologias WTE (Waste-to-Energy) seria necessária uma taxa de de R$ 11 por tonelada de resíduos enviada a aterro a partir de 2024, com incremento gradual anual de 11 R$/t RSU, além de uma tarifa de energia que começaria em R$ 670/MWh e teria redução média de 2,6% ao ano (R$17,30/MWh), chegando a 250 R$/MWh. A tarifa média de energia até 2040 seria de 329 R$/MWh.

Schmitke disse que o potencial de recuperação energética de resíduos nas 28 regiões metropolitanas é de 46 milhões de toneladas/ano, o que poderia ser feito por 274 plantas, com investimento de R$ 78,4 bilhões. Somente 4% desses resíduos iriam para o aterro após tratamento.

O secretário nacional de Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional, Pedro Maranhão, também defendeu a manutenção das usinas de resíduos sólidos nos leilões regulados. Ele explicou que a recente revisão do marco legal do saneamento básico estabelece que a prestação do serviço público de manejo de resíduos sólidos deve levar em conta sua sustentabilidade econômico-financeira, assegurada pela cobrança de taxa ou tarifa pelas prefeituras.

A lei estabelece que os prefeitos terão até 15 de julho desse ano para aprovar essa taxa ou tarifa nas câmaras municipais, deixando de subsidiar a coleta de resíduos sólidos, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade.

Para o secretário do MDR, a recuperação energética é uma alternativa de gerenciamento dos resíduos produzidos pelas cidades. “Hoje nos temos uma série de regiões metropolitanas com os aterros chegando ao seu final. Não tem mais como prorrogar. Então, com o aproveitamento dos resíduo sólidos, você diminui o volume, da mais longevidade a esse aterros.”

O ministério tem trabalhado na orientação aos municípios para a formação de consórcios. Maranhão acredita que se conseguir transportar os benefícios da recuperação de resíduos para a planilha de custos será possível reduzir o preço da energia gerada. Ele contou que o MDR assinou um acordo de cooperação técnica com uma organização não governamental inglesa, para o enquadramento da recuperação energética de resíduos em ESG. Enquanto isso não acontece, o secretário defende que haja nesse momento um subsidio à fonte.

A tese de que os projetos de geração de energia tem que ser subsidiados por um período limitado também foi apoiada pelos deputados Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) e Lafayette de Andrada (Republicanos-MG). Para Jardim, assim como aconteceu como Proalcool e o Proinfa, a criação de um subsidio por um período específico seria aceitável para que a fonte atinja a maturidade. Andrada também considerou o subsídio necessário como política pública.

Por Sueli Montenegro, 
Fonte: Agência CanalEnergia, de Brasília

Recuperação de resíduos deve seguir trajetória de renováveis, diz ministro

Para Bento Albuquerque, fonte deve passar pelo mesmo estagio de aprendizagem das fontes solar, eólica, biomassa e PCHs

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou nesta quinta-feira, 27 de maio, que a produção de energia elétrica a partir de resíduos sólidos urbanos deverá seguir trajetória semelhante à de fontes de energia renovável. “Cada uma das fontes energéticas utilizadas na nossa matriz, como a biomassa, pequenas centrais hidrelétricas, eólica e solar, teve seu próprio estagio de maturação tecnológica. Os resíduos sólidos também deverão passar por esse período de aprendizagem e desenvolvimento”, disse em vídeo de abertura do Fórum da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos.

Albuquerque destacou que a fonte incluída no leilão de energia nova A-5 cria uma nova possibilidade de diversificação da matriz elétrica no país. O certame está previsto para 30 de setembro desse ano, e terá um produto específico para projetos de geração a partir de RSU.

Atualmente, o Brasil descarta 96% dos resíduos em aterros ou lixões, enquanto alguns países europeus destinam 50% do lixo para usinas de incineração, destacou o ministro. Ele acrescentou que essa é uma questão que abrange as esferas ambiental e de saúde pública, em razão do elevado gasto com o tratamento de doenças resultantes do contato inadequado de pessoas com o lixo urbano.

Para o ministro, a recuperação energética pode ser uma forma de mitigar o problema. Pela experiência internacional e nacional, a exploração econômica da fonte pela pode ser feita por meio de modelos distintos de negócios, levando em conta características locais e regionais, a maturidade e a competitividade dos mercados, acrescentou o ministro.

Existem em operação no mundo 2.448 usinas usando tecnologias WTE (Waste-toEnergy), das quais 1063 localizadas no Japão, fazendo com que a Ásia responda por 54% dos empreendimentos da fonte. Outros 35% estão na Europa.

No Brasil, há cinco projetos com potência instalada total de 183 MW. Quatro deles estão em São Paulo e um no Rio de Janeiro. O pais tem 38 fábricas com licença ambiental para processamento do combustível derivado de resíduos (CDR), mas consegue substituir apenas 16,2% do combustível fóssil por CDR. Na Alemanha esse percentual chega a 62% e na Bélgica a 58%, segundo dados da Abren. A meta é substituir 44% dos fósseis em 2050.

POR SUELI MONTENEGRO, 
FONTE AGÊNCIA CANALENERGIA

Força eólica desenvolverá resíduos de Karadiyana para usina de energia

A Windforce, a maior empresa de energia de capital aberto do Sri Lanka, tem como objetivo acelerar o desenvolvimento da Usina Elétrica de Resíduos em Energia de Karadiyana. A empresa assinou um contrato de compra e venda de ações com a Fairway Holdings para o controle da Fairway Waste Management.

© Windforce

Famosa por introduzir uma tecnologia inovadora na indústria de energia renovável do Sri Lanka, a planta de Karadiyana refletirá essa proeza de ponta com uma planta incineradora de 400 toneladas métricas por dia e um digestor anaeróbico de 100 toneladas métricas por dia, juntos gerando 10 MW de eletricidade para o Grade nacional.

A planta, localizada a apenas 15 quilômetros do centro de Colombo, pode acomodar um total de 500 toneladas métricas de insumos por dia, o que será uma contribuição significativa para gerenciar as 7.000 toneladas métricas de resíduos diários que estão sendo acumuladas no Sri Lanka, das quais 60% são de apenas a província ocidental. Uma vez comissionada, a planta de digestão anaeróbia produzirá biogás através da entrada de resíduos orgânicos, enquanto a planta de incineração irá gerar vapor de alta pressão para operar uma turbina a vapor.

A gestão de resíduos continua a ser um grande desafio para o Sri Lanka, com o acúmulo de resíduos em aterros sanitários recebendo um destaque negativo quando o aterro Meethotamulla de 300 pés de altura desabou em abril de 2017, matando 32 pessoas e afetando 1.765. Mitigar desastres catastróficos como esses é um imperativo, ao mesmo tempo que se mantém a pegada de carbono do país no mínimo.

Por que a gestão de resíduos é fundamental para acabar com o lixo plástico?


O plástico é um material altamente versátil e toca todos os aspectos de nossas vidas. Está na embalagem que usamos, nos carros que dirigimos, nas roupas que vestimos. Situa-se no centro do mundo moderno, em redes de comunicação, computadores e construção. Por maior que seja o plástico - quando deixa de ser útil, pode se tornar um problema.

Alguns possuem sistemas de gestão de resíduos municipais eficazes para coletar e capturar nossos resíduos e reciclá-los ou descartá-los de forma responsável; enquanto em outros, os resíduos de plástico não são coletados, descartados de forma inadequada ou irresponsavelmente despejados ou queimados - causando um risco maior de vazamento em nosso meio ambiente. O Banco Mundial estima que um terço dos resíduos “não é gerenciado de maneira ambientalmente segura” e, nos países em desenvolvimento, 90% dos resíduos são abertamente despejados ou queimados .

O plástico é um material útil que muitas vezes oferece a melhor escolha ambiental em termos de uso de recursos e energia, mas não pertence ao meio ambiente como resíduo. São necessários sistemas de gerenciamento de resíduos adequados - processos para coletar resíduos e descartá-los de maneira responsável ou reciclá-los para fazer novos produtos.

Grzegorz Lisak, professor assistente na Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Tecnológica de Nanyang, Cingapura, diz que todos os setores da sociedade trabalham juntos para um sistema de gerenciamento de resíduos eficaz e eficiente.

"É necessário financiamento suficiente para construir e manter a infraestrutura de coleta, processamento, reciclagem e descarte de resíduos."

Essa lacuna deve ser preenchida para alcançar uma economia circular - um modelo que se concentra em reduzir, reutilizar e reciclar o máximo possível de nossos resíduos para reter o valor do material por meio de um sistema de circuito fechado.

The Economics of Waste

Repensando os resíduos, mais países estão começando a ver os resíduos como um recurso e estão investindo em instalações para coletar e processar materiais para reutilização, enquanto introduzem políticas para encorajar a reciclagem. Uma vez que uma escala significativa de reciclagem seja alcançada, um sistema abordará uma economia acessível e sustentável; a indústria de gerenciamento de resíduos do Reino Unido é estimada em cerca de £ 20 bilhões por ano e recicla cerca de 380.000 toneladas de garrafas plásticas anualmente. O potencial em outros países, incluindo nações menos desenvolvidas, é considerável.

Mas a reciclagem é tão eficaz quanto o sistema de gestão de resíduos em que opera.

Três níveis de maturidade do sistema de gerenciamento de resíduos

De acordo com Toby Manners, Diretor de Projetos da Alliance to End Plastic Waste (Alliance), existem essencialmente três níveis de maturidade do sistema de gerenciamento de resíduos, que ele relaciona como Tiers.


Na hierarquia de gestão de resíduos, o objetivo é elevar as comunidades em direção à circularidade. O Nível 1 indica pouco ou nenhum gerenciamento de resíduos e alto risco de vazamento; O nível 2 envolve alguma captura e reciclagem mínima; e o Nível 3 é um sistema totalmente circular, onde a maioria dos resíduos é reciclada e o valor retido.

Os países com pouca gestão de resíduos são considerados no Nível 1, diz Manners.

“Veja a Indonésia. Com uma população de 260 milhões de pessoas, menos da metade tem seus resíduos coletados - e a porcentagem é muito menor nas áreas rurais . Grande parte do país simplesmente não tem um sistema para capturar e processar os resíduos de forma eficaz para evitar vazamentos. ”

Em lugares como a Indonésia, argumenta Manners, as pessoas só se preocupam com o desperdício se isso afetar diretamente suas vidas; quando entope a hélice de um barco de pesca. Manners diz que organizações como a Alliance podem ajudar as comunidades a compreender a escala do problema e encontrar soluções duradouras para enfrentá-lo.

Por exemplo, em um dos projetos da Manner com a Alliance, estamos apoiando a implementação de um sistema formal de coleta, triagem e reciclagem em Jembrana, no noroeste de Bali. Com a implantação das operações começando no início de 2021, o sistema acabará servindo 160.000 pessoas, algumas recebendo serviços de gerenciamento de resíduos pela primeira vez.


Em Jembrana, o lixo doméstico é coletado e levado para uma nova instalação. Lá, ele é classificado em materiais orgânicos e inorgânicos e, em seguida, em categorias recicláveis, como plásticos, alumínio ou papel. Os recicláveis ​​são enfardados e vendidos, gerando renda que contribui para a sustentabilidade financeira do sistema. Foto cedida pelo Projeto STOP.

Para esses casos de Nível 1, diz Manners, a prioridade é garantir que a coleta adequada e o descarte responsável estejam ocorrendo, para acabar com o vazamento ambiental e mover progressivamente / coletivamente toda a comunidade para o segundo Nível.

O segundo nível vê um sistema onde os resíduos são coletados das residências e, em seguida, processados ​​de forma organizada e planejada, evitando vazamentos ambientais devido ao descarte inadequado. No entanto, esse processo ainda é linear.

Modelos lineares, onde os resíduos são coletados e dispostos em aterros ou por incineração com pouca ou nenhuma reciclagem, têm um custo. Um estudo do Banco Mundial estima que só o Sudeste Asiático perde cerca de US $ 6 bilhões por ano quando os plásticos descartáveis ​​não são reciclados. Isso mostra por que mudar para uma economia circular - um modelo que se concentra na retenção do valor material por meio de soluções como a reciclagem - não só é melhor para o nosso meio ambiente, mas faz sentido para os negócios.

Esses são os benefícios que os países de Nível 3 podem desfrutar. Países como o Reino Unido e a Noruega têm instalações eficazes de coleta, transporte e reprocessamento e reciclagem de resíduos domésticos e comerciais. As grandes quantidades de resíduos em sistemas de grande porte, com tecnologia e infraestrutura para produzir recicláveis ​​de alta qualidade, permitem às operadoras arcar com os custos operacionais desses sistemas. Ainda mais poderosas, as soluções circulares em geral trarão uma redução significativa nas emissões de carbono, ajudando o mundo a cumprir suas metas de carbono.

No entanto, mesmo em países com as maiores taxas de reciclagem do mundo - a Noruega recicla 43% de seus resíduos plásticos - não há espaço para complacência.

Maneiras da Alliance novamente: “Podemos encontrar maneiras de alcançar maior qualidade de plástico reciclado e só temos que continuar procurando novas abordagens e melhores maneiras de fazer as coisas. Isso é o importante - continuar investindo na busca de melhores maneiras de lidar com o problema ”, conclui.

Então, existe um 'padrão ouro' na gestão de resíduos, algo que pode ser considerado o ideal?

O padrão ouro e como avançamos

De acordo com Helen Bird, gerente de engajamento estratégico da instituição de caridade de economia circular do Reino Unido WRAP, nenhum país chegou lá ainda, embora alguns estejam próximos.

“A Alemanha é muito boa. Lá, a reciclagem é incentivada por meio de medidas fiscais. Você paga para que seus resíduos sejam levados, mas não para reciclar. É um incentivo financeiro para as pessoas reciclarem. ”

E embora o envolvimento da comunidade seja importante, o que é levado para reciclagem também é um fator de quão eficaz um sistema de gerenciamento de resíduos pode ser, diz Bird.

“Na Alemanha, eles estão coletando uma grande variedade de materiais, incluindo filme plástico. Isso é muito importante, porque quase um terço dos resíduos de plástico é filme plástico. Se você deseja atingir metas de reciclagem elevadas, é necessário coletar esse material ”.

O caminho para um futuro sustentável é, em muitos casos, pavimentado com boas intenções, mas a entrega exigirá esforços comprometidos de governos, líderes empresariais e consumidores.

Um bom ponto de partida é a educação. Com mais pessoas cientes dos efeitos positivos da reciclagem, a pressão do consumidor para usar mais material reciclado aumenta e os incentivos econômicos para atender a essa demanda também aumentam.

Devemos lidar com a quantidade de resíduos que todos nós produzimos e produzir menos, e onde geramos resíduos, devemos ver de forma diferente. Devemos reutilizá-lo tanto quanto pudermos. Como o professor assistente Grzegorz Lisak aponta:

“Lixo não é um desperdício, mas um recurso extraviado.”

Pensamentos da Aliança: Classificando soluções para resíduos de plástico


Há muita discussão sobre se a reciclagem dará uma contribuição significativa no tratamento dos resíduos plásticos. Acreditamos que a resposta seja “muito mesmo”. Os plásticos circulares são uma meta alcançável e a reciclagem será um grande contribuinte para isso.

Por Martyn Tickner,

No entanto, temos que avançar em diferentes frentes paralelamente, e esses esforços requerem coordenação para acelerar o progresso. Considere as muitas soluções que são necessárias como um quebra-cabeça; peças que serão colocadas lado a lado para, eventualmente, criar uma imagem completa - uma de circularidade e o menor impacto ambiental. Concluir este quebra-cabeça é nosso trabalho na Aliança.

O ponto de partida, entretanto, é um amontoado de peças do quebra-cabeça recém-saído da caixa; alguns de que não precisaremos e alguns que ainda estão faltando - novas tecnologias e diferentes modelos de negócios que ainda estão sendo desenvolvidos, embora em um ritmo notável. E temos apenas uma visão nebulosa do resultado final, complicada por muitos interessados ​​com visões muito diferentes de como lidar com esse quebra-cabeça, quem deve fazer o quê.

Então, por onde começamos? Devemos olhar primeiro para os modelos de negócios circulares - reduzir, reutilizar e reciclar - que reduzem o volume de resíduos de plástico a serem tratados? Começamos com a coleta e o descarte gerenciado, pois isso vai impedir o vazamento para o meio ambiente? Ou devemos explorar a reciclagem, já que é a maior alavanca que está imediatamente disponível para nós?

Todos são relevantes, e o que é mais importante depende da perspectiva individual e da definição do problema. Mas vamos começar em algum lugar, no centro do quebra-cabeça. A etapa imediatamente antes da reciclagem - classificação - em países com um sistema de coleta de lixo já desenvolvido, para ter uma ideia do estado final.

Em tal ambiente, mecanismos como coleta segregada na origem; coleta seletiva (informal); esquemas de devolução de depósitos; mecanismos de devolução do proprietário da marca / varejista; PRO e esquemas de logística reversa serão apresentados neste canto da imagem.

Mas ainda teremos um fluxo misto de resíduos para lidar. Talvez resíduos mistos; talvez recicláveis ​​secos, incluindo papel, papelão, metal, vidro; ou talvez apenas plástico misturado, idealmente limpo e seco. Reciclar estes - tanto químicos quanto mecânicos - requer primeiro a separação (e limpeza), para garantir alta pureza e matéria-prima consistente.

A boa notícia é que as tecnologias para o trabalho já existem - ou estão em processo de aumento comercial final - que permitem a classificação detalhada de objetos, flocos ou grânulos. Por exemplo, olhando para a extremidade superior do espectro de tecnologia:
  • Varredura óptica e infravermelho próximo para detectar o tipo de polímero
  • Reconhecimento de objetos habilitado para IA
  • Reconhecimento de objetos por meio de marcação digital de água (códigos de barras invisíveis ou marcadores infravermelhos)
  • Marcadores químicos que identificam um plástico - tornando-o rastreável ao longo de todo o seu ciclo de vida


Este sistema da AMP Robotics usa aprendizado de máquina e IA para permitir a classificação robótica de material tão granular quanto um tipo de plástico a uma taxa de seleção de mais de 80 itens por minuto - duas vezes mais rápido que a classificação humana e com maior precisão e consistência. A startup foi finalista de nosso hub do Vale do Silício da Plataforma de Inovação de Resíduos de Plástico Final.

Essas tecnologias serão mais eficazes quando implantadas em linhas de classificação automatizadas; classificação correta de artigos ou tipos de plástico específicos para reciclagem; rejeitar contaminantes; ou dividir um fluxo de resíduos de plástico misturado em frações distintas que podem ser separadas novamente e novamente.

A Aliança está procurando se envolver na expansão e implantação de tais tecnologias, acreditando que este é um passo importante para fechar as lacunas da circularidade.

A implantação bem-sucedida em escala exigirá que muitas outras mudanças ocorram em paralelo - intervenções econômicas para apoiar o investimento necessário em infraestrutura; controles regulatórios para permitir o uso de plástico reciclado em aplicações de contato com alimentos; evolução nas instalações de triagem e reciclagem para lidar com filmes e flexíveis; mudanças no design de embalagens de alta funcionalidade, como filmes de barreira de oxigênio e umidade para facilitar a reciclagem; adaptação a países com mão de obra de baixo custo onde a seleção manual faz mais sentido; e desenvolvimento e expansão da indústria de reciclagem downstream. Essas são várias peças do quebra-cabeça que podemos discutir a seguir. Mas, principalmente, as peças estão lá e prontas para serem montadas - só precisamos nos alinhar para que isso aconteça.

Então, junte-se a nós na discussão de como resolver esse quebra-cabeça, passo a passo!

Pensamentos da Aliança: Classificando soluções para resíduos de plástico

Há muita discussão sobre se a reciclagem dará uma contribuição significativa no tratamento dos resíduos plásticos. Acreditamos que a resposta seja “muito mesmo”. Os plásticos circulares são uma meta alcançável e a reciclagem será um grande contribuinte para isso.

Por Martyn Tickner, chefe de terceirização e desenvolvimento de projetos

No entanto, temos que avançar em diferentes frentes paralelamente, e esses esforços requerem coordenação para acelerar o progresso. Considere as muitas soluções que são necessárias como um quebra-cabeça; peças que serão colocadas lado a lado para, eventualmente, criar uma imagem completa - uma de circularidade e o menor impacto ambiental. Concluir este quebra-cabeça é nosso trabalho na Aliança.

O ponto de partida, entretanto, é um amontoado de peças do quebra-cabeça recém-saído da caixa; alguns de que não precisaremos e alguns que ainda estão faltando - novas tecnologias e diferentes modelos de negócios que ainda estão sendo desenvolvidos, embora em um ritmo notável. E temos apenas uma visão nebulosa do resultado final, complicada por muitos interessados ​​com visões muito diferentes de como lidar com esse quebra-cabeça, quem deve fazer o quê.

Então, por onde começamos? Devemos olhar primeiro para os modelos de negócios circulares - reduzir, reutilizar e reciclar - que reduzem o volume de resíduos de plástico a serem tratados? Começamos com a coleta e o descarte gerenciado, pois isso vai impedir o vazamento para o meio ambiente? Ou devemos explorar a reciclagem, já que é a maior alavanca que está imediatamente disponível para nós?

Todos são relevantes, e o que é mais importante depende da perspectiva individual e da definição do problema. Mas vamos começar em algum lugar, no centro do quebra-cabeça. A etapa imediatamente antes da reciclagem - classificação - em países com um sistema de coleta de lixo já desenvolvido, para ter uma ideia do estado final.

Em tal ambiente, mecanismos como coleta segregada na origem; coleta seletiva (informal); esquemas de devolução de depósitos; mecanismos de devolução do proprietário da marca / varejista; PRO e esquemas de logística reversa serão apresentados neste canto da imagem.

Mas ainda teremos um fluxo de resíduos misto para lidar. Talvez resíduos mistos; talvez recicláveis ​​secos, incluindo papel, papelão, metal, vidro; ou talvez apenas plástico misturado, idealmente limpo e seco. Reciclar estes - tanto químicos quanto mecânicos - requer primeiro a separação (e limpeza), para garantir alta pureza e matéria-prima consistente.

A boa notícia é que as tecnologias para o trabalho já existem - ou estão em processo de escala comercial final - que permitem a classificação detalhada de objetos, flocos ou grânulos. Por exemplo, olhando para a extremidade superior do espectro de tecnologia:
  • Varredura óptica e infravermelho próximo para detectar o tipo de polímero
  • Reconhecimento de objetos habilitado para IA
  • Reconhecimento de objetos por meio de marcação digital de água (códigos de barras invisíveis ou marcadores infravermelhos)
  • Marcadores químicos que identificam um plástico - tornando-o rastreável ao longo de todo o seu ciclo de vida

Este sistema da AMP Robotics usa aprendizado de máquina e IA para permitir a classificação robótica de material tão granular quanto um tipo de plástico a uma taxa de seleção de mais de 80 itens por minuto - duas vezes mais rápido que a classificação humana e com maior precisão e consistência. A startup foi finalista de nosso hub do Vale do Silício da plataforma End Plastic Waste Innovation.

Essas tecnologias serão mais eficazes quando implantadas em linhas de classificação automatizadas; classificação correta de artigos ou tipos de plástico específicos para reciclagem; rejeitar contaminantes; ou dividir um fluxo de resíduos de plástico misturado em frações distintas que podem ser separadas novamente e novamente.

A Aliança está procurando se envolver na expansão e implantação de tais tecnologias, acreditando que este é um passo importante para fechar as lacunas da circularidade.

A implantação bem-sucedida em escala exigirá que muitas outras mudanças ocorram em paralelo - intervenções econômicas para apoiar o investimento necessário em infraestrutura; controles regulatórios para permitir o uso de plástico reciclado em aplicações de contato com alimentos; evolução nas instalações de triagem e reciclagem para lidar com filmes e flexíveis; mudanças no design de embalagens de alta funcionalidade, como filmes de barreira de oxigênio e umidade para facilitar a reciclagem; adaptação a países com mão de obra de baixo custo onde a seleção manual faz mais sentido; e desenvolvimento e expansão da indústria de reciclagem downstream. Essas são várias peças do quebra-cabeça que podemos discutir a seguir. Mas, principalmente, as peças estão lá e prontas para serem montadas - só precisamos nos alinhar para que isso aconteça.

Então, junte-se a nós na discussão de como resolver esse quebra-cabeça, passo a passo!

MDR debate utilização de resíduos sólidos urbanos como fonte de geração de energia

Encontro virtual também reuniu representantes dos ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da iniciativa privada.

Brasília (DF) – O secretário nacional de Saneamento do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), Pedro Maranhão, participou nesta terça-feira (11) de reunião do grupo de trabalho interministerial que discute a entrada dos resíduos sólidos urbanos no rol das matrizes energéticas do Brasil. O encontro, realizado de forma on-line, contou com a participação de representantes dos ministérios de Minas e Energia (MME) e do Meio Ambiente (MMA), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da iniciativa privada.

Na avaliação do secretário, a reunião permitiu que o Governo Federal conhecesse a realidade do segmento às portas do leilão de novas matrizes energéticas autorizado pelo MME. O certame está previsto para setembro deste ano e tem como uma de suas novidades exatamente a inclusão da produção energética por meio de resíduos sólidos urbanos.

“O Governo Federal tem todo o interesse em diversificar a matriz energética e a entrada dos resíduos sólidos urbanos é uma novidade importante, pois poderemos dar uma destinação adequada a esses materiais e permitir a geração de novas fontes de receita para o setor”, afirmou Maranhão.

O diretor de Informações e Estudos Energéticos do MME, André Luiz Rodrigues Osório, reforçou que a geração por meio de resíduos sólidos urbanos terá importância para o Brasil nos próximos anos. A fonte energética, inclusive, deverá ser incluída no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2030. O documento é um indicativo das perspectivas de expansão futura do setor de energia sob a ótica do Governo Federal.

“A redução de carbono é uma questão que está na agenda do Ministério de Minas e Energia e a entrada de resíduos sólidos como matriz está inserida nesse escopo e, por isso, também está no nosso radar para a expansão das fontes energéticas”, observou Osório.

Também participaram do encontro representantes do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana (Selurb); da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe); da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA, na sigla em inglês); da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos Sólidos (Abren); da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Sindesam); da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Urbana (ABLP); e da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi).

FONTE: www.gov.br/mdr

Lixo urbano pode gerar energia em Belém/PA


Estudo mostra que área metropolitana e seus 2,5 milhões de habitantes, com geração diária de 2,2 mil toneladas por dia, permitiria a geração de 53 MW ao ano, através de usinas

Catadores atuam na capital: com usinas adequadas, Belém poderia gerar energia para ajudar a abastecer a cidade (Thiago Gomes/O Liberal)

Belém reúne um grande potencial para transformar lixo urbano em energia, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social regional e para proteção ambiental na capital paraense. Esse assunto pode, inclusive, contribuir com o debate entre os municípios da RMB, sobre como ficará a armazenagem dos detritos urbanos com o término do aterro sanitário em Marituba. Uma tecnologia de transformação do lixo urbano bem utilizada é a recuperação energética, por meio do tratamento térmico dos resíduos (waste-to-energy – WTE). De acordo com a Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), “a região metropolitana de Belém tem uma população de 2,5 milhões de habitantes, com uma geração anual de 803 mil toneladas de lixo urbano, e uma geração diária de 2,2 mil toneladas por dia”. Segundo a Abren, isso permitiria a geração de 53 MW de potência instalada, por meio de usinas waste-to-energy (WTE).

No entanto, esses 53 MW potenciais seriam reduzidos de sete a dez vezes, caso se decida utilizar aterro sanitário com captura de gás. Isso aconteceria porque uma tonelada de lixo gera de 450 a 600kW/h em usina waste-to-energy, ao passo que, em usina de captura de gás de aterro, o desempenho é de 65kw/h por tonelada de lixo. Na operação da usina, estima-se uma economia de R$ 990 milhões no atendimento médico decorrente do contato inadequado com o lixo urbano, R$ 1,4 bilhões em danos ambientais, que serão evitados, e R$ 128 milhões no transporte do lixo urbano, já que as usinas WTE geralmente ficam mais próximo à geração do lixo, quando comparado com os aterros sanitários.

“O 5º Relatório do IPCC (ONU, 2011) – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – aponta que as usinas WTE reduzem em oito vezes as emissões de gases de efeito estufa, quando comparado com aterro sanitário com captura de metano. Com isso, estima-se que serão evitadas emissões de 43 milhões de toneladas por ano de CO2 equivalente, o que representa 130 milhões de árvores plantadas ou 234 mil veículos a gasolina eliminados por ano das ruas”, destacou o presidente da Abren, Yuri Schmitke Almeida Belchior Tisi, à redação integrada de O Liberal.

“As usinas WTE também irão reciclar 4 milhões de toneladas de minerais como agregado por ano, e recuperar 838 mil toneladas de metais ferrosos e não ferrosos por ano. Por fim, estima-se que Belém poderá demandar R$ 1,9 bilhões em investimentos iniciais para usinas WTE (CAPEX), e R$ 442 milhões em receita bruta anual, aumentando significativamente a arrecadação tributária nos Municípios e no Estado do Pará”, calcula Belchior Tisi.

Material coletado por catadores por semana, em Belém, é de 12 toneladas (divulgação)

Desafio é separar o lixo na fonte

Na avaliação do professor universitário e doutor em Engenharia Ambiental Paulo Pinho, em Belém, a implantação de um projeto nesse sentido abrange um programa de segregação dos resíduos na fonte, seja em uma casa, seja em um comércio, uma feira livre. Isso porque é decisivo se colocar no gerador de energia somente o material específico, a fim de se evitar perda de energia.

“Uma condição preliminar é nós termos uma boa coleta seletiva na cidade, e toda uma população sabendo o que fazer: separar os seus resíduos sólidos urbanos por classe, seja reciclado, seja compostado seja ela também incinerável (tratado termicamente-grifo nosso)”, ressaltou.

Pinho considera que Belém pode aproveitar o lixo urbano para geração de energia, mas o desafio são os custos de implantação e operação do projeto, o que tem de ser considerado em um estudo de viabilidade.

Transformação em riqueza

A recuperação energética por meio do tratamento térmico dos resíduos (WTE), mediante processo de combustão, reduz em 99% o volume do rejeito destinado ao aterro, sendo que de 12% a 18% são escórias que podem servir para a pavimentação e construção civil, e de 3% a 5% são metais ferrosos e não ferrosos, que retornam para a indústria. O vapor gerado também pode ser utilizado. Ele serve ao aquecimento ou resfriamento de residências ou edifícios, e para a gerar energia elétrica limpa e renovável.

Outra tecnologia relevante, como destaca Yuri Tisi, é a separação e preparação (blendagem) do Combustível Derivado de Resíduos (CDR) do lixo urbano, que poderá ser utilizado em processos industriais na forma de coprocessamento. O CDR contribui para a redução dos gases de efeito estufa.

Segundo estudo da Abren, “o Brasil tem o potencial de fazer a recuperação energética (WTE) de 48% da população brasileira, situada nas 28 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes”. A Abren diz ainda que o tratamento térmico do lixo urbano ocorre somente com a fração não reciclável, e que a reciclagem ocorre nas residências e nas centrais de triagem e separação, que existem em praticamente todas as 28 regiões metropolitanas. Assim, os catadores de recicláveis podem separar previamente os resíduos, sem impacto para tais atividades, avalia a entidade.

FONTE: O LIBERAL

Brasil pode ter 2,3 GW e solução de saneamento com usinas WTE

Estudo da ABREN mostra 28 regiões do país com maior potencial de geração de energia a partir do lixo urbano entre pelo menos 114 usinas, com 130 MW em projetos que podem entrar nos próximos leilões do setor.

Planta de biogás no PR é uma das poucas no país que usa lixo urbano para gerar energia 
(CS Bioenergia)

Tecnologia ainda pouco explorada no Brasil, a geração de energia elétrica a partir do lixo tem potencial para atrair pelo menos a construção de 114 usinas em 28 regiões metropolitanas com população acima de 1 milhão de habitantes, podendo atingir uma potência instalada de 2,3 GW e performance anual na ordem de 18.864.000 MWh, mas sendo encarada sobretudo como uma solução de saneamento para as cidades.

Realizado pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN), o primeiro mapeamento nacional sobre potenciais para esse tipo de destinação do lixo das cidades e produção de energia levou em conta uma população urbana de 100 milhões de pessoas (48% do país), mostrando boas perspectivas de investimentos em usinas Waste to Energy (WTE), que podem atingir mais de R$ 77 bilhões nos próximos anos e atender até 3% da demanda nacional de eletricidade.

A demanda atual surge diante das condições criadas pelo novo marco legal do saneamento (Lei nº 14.026/2020), que obriga todas as prefeituras a estruturarem Parcerias Público Privadas (PPPs) de 30 anos no caso de delegação do serviço público de coleta, transporte e destinação ambientalmente adequada dos resíduos sólidos urbanos.

O presidente da associação, Yuri Schmitke, ressalta que esse número não é expressivo, no sentido de causar desequilíbrio de mercado e incomodar outros tipos de fontes com preços mais competitivos, além de configurar uma termelétrica mais limpa por contar com modernos filtros e sofisticados sistemas de controle de emissões atmosféricas, tendo os níveis mais baixos comparado a outras UTEs.

“É uma parcela da futura geração que pode ter uma importância enorme, pois são as térmicas de base mais limpas atualmente, com fator de capacidade de 93% e gerando mais de 8 mil horas por ano garantido”, destaca Schmitke, lembrando que atualmente existem cerca de 2.448 usinas desse tipo no mundo inteiro, sendo mais de 520 na Europa, localizada nos centros das cidades para evitar custos com transporte.

Dentro do critério do estudo, cada cidadão brasileiro está gerando hoje uma média de 1 quilo de lixo urbano por dia, o que significa 100.000 toneladas, provocando nas prefeituras dessas regiões um desgaste anual de quase 2,7 bilhões de reais com custos ambientais.

O caso principal é o estado de São Paulo, que com 21 milhões de habitantes na região da capital produz 7 milhões de toneladas ano de resíduos, tendo uma oportunidade de produzir 468 MW através de 24 usinas, conferindo 3,7 TW ao ano, num aporte estimado em R$ 15 bilhões.

“O objetivo não é gerar energia elétrica e sim cuidar do problema de saneamento, com benefícios socioambientais que superam qualquer discussão sobre preço ou participação na matriz elétrica”, pontua o executivo, referindo-se aos investimentos mais elevados para esse tipo de empreendimento.

Segundo ele, atualmente o país vive uma situação de ilegalidade, onde 96% dos resíduos vão para os aterros sanitários sem nenhuma forma de tratamento, causando um prejuízo de R$ 5,4 bilhões por ano só no tratamento de saúde em função do contato inadequado com o lixo urbano, conforme dados da International Solid Waste Association – ISWA.

“Hierarquia, tratamento orgânico e térmico e nada de aterro sanitário. Esse é o futuro que queremos para o Brasil, baseado no que já acontece na Alemanha, Áustria, Bélgica, Finlândia, Suécia”, ressalta, destacando que o tratamento via WTE usa a combustão, eliminando tanto a fração orgânica quanto inorgânica e reduzindo em 98% o volume do resíduo urbano, além de recuperar a escória para pavimentação e metais para reciclagem.

Schmitke, que também é advogado e sócio da Girardi & Advogados Associados, estuda o tema a mais de sete anos e decidiu criar a Abren em 2018 para defender essa rota tecnológica no Brasil, afirmando que embora o país possua muitas plantas de biogás a grande maioria não utiliza lixo, citando apenas duas: uma em Curitiba, da CSBioenergia, e a outra também no Paraná, do Grupo Philus, uma usina modelo que usa resíduos para gerar mais biogás com menos problemas de corrosão, além de produzir biofertilizantes, sem nenhuma externalidade ambiental.

Leilão de RSU e precificação

De acordo com presidente da Abren, uma alternativa para viabilidade de projetos que usam Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) para geração de eletricidade é o pagamento progressivo de uma tarifa a ser cobrada na conta de água e que pode resolver a questão municipal, além de partir para o outro desafio, que é conseguir fonte de receita com a venda da energia elétrica.

“Como os prefeitos não vão subir as tarifas precisamos convencer o Ministério de Minas e Energia a realizar um leilão específico para a fonte, com um preço um pouco mais elevado para compensar essa deficiência da taxa de tratamento, que hoje é muito baixa”, explica o executivo, que aguarda a publicação de um certame A-5 específico no Diário Oficial da União, salientando que o gás de aterro terá outro leilão separado, pois possui intermitência, ao passo que as WTEs são tidas como energia firme.

WTE em sistema de gestão integrado: tratamento térmico dos rejeitos, orgânicos e triagem de recicláveis (Abren)

O primeiro balanço de desenvolvimento setorial da Abren aponta pelo menos 130 MW entre três usinas com Licenças Prévias já emitidas pelos órgãos ambientais e mais 55 MW em projetos ainda com processos de licenciamento em tramitação e que poderão vir a participar também de leilões com outras fontes: A-5 e A-6, em setembro. O MME publicou na semana passada as diretrizes do A-5, confirmando a participação da fonte, mas colocou o A-6 em revisão.

Um deles é do Grupo Lara, que opera aterros e planeja construir uma usina de 80 MW em Mauá (SP); o segundo é uma planta da Foxx-Haztec de 20 MW em Barueri (SP), que tem como sócio a empresa chinesa Jing Jang; e o terceiro uma unidade de 30 MW da empresa Ciclus, que será construído em uma unidade de transferência de resíduos no bairro do Caju, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ao todo as iniciativas devem demandar R$ 2,5 bilhões em investimentos Capex, fora a receita gerada ao longo da concessão, sendo mais da metade dos recursos advindos com a WTE de 80 MW.

“Esperamos que o certame seja positivo e que haja quantidade suficiente para contratação dos três projetos, o que incentiva também o mercado para mais projetos no ano que vem”, comenta o Schmitke, informando que o preço da fonte varia entre R$ 550 a 650/MWh, dependendo do tamanho da iniciativa e das condições.

Um dos pedidos da Associação ao MME é que a tecnologia tenha um preço mediano de R$ 600/MWh, ponderando que com o passar dos anos e a criação de uma cadeia de valor esse custo possa cair para R$ 250/MWh, processo comparável ao passado pelas eólicas, quando o Proinfa contratou em 2004-2006 parques em R$ 450/MWh, que hoje é atualizado para R$ 600/MWh, sem contar que 25% do despacho do ONS é acima desse preço.

“É mais barato do que estamos despachando hoje, sem contar nos outros benefícios para a sociedade que nenhuma outra fonte traz”, destaca, lembrando também que a pegada atual de ESG pode também favorecer a essa tomada de decisão pelas WTEs no âmbito da pauta ambiental, além desses projetos integrarem parte do complexo de títulos verdes existentes no mercado, com as companhias podendo emitir debêntures incentivadas.

“É possível fabricar 95% aqui com apenas uma pequena quantidade de equipamentos eletrônicos sendo importados, até porque somos líderes mundiais em biomassa, com as caldeiras saindo aqui pela metade do preço da Europa, porque que temos uma escala de produção”, salienta Yuri, ressaltando o convencimento do ministro Bento Albuquerque quanto aos custos evitados com a saúde pública e o transporte do lixo e da energia, que é injetada diretamente no SIN.

“Devemos até receber pela Tusd porque vamos equilibrar o grid, visto não ser uma PCH que fica mais distante dos centros urbanos”, acrescenta.

Brasil é 4º maior produtor de resíduos no mundo e quase metade ainda vai para lixões 
(Agência Brasil)

O relatório do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, em português) aponta que a solução WTE reduz as emissões de gases de efeito estufa em até 8 vezes, visto ser possível capturar em média apenas 50% do biogás nos aterros, proveniente do metano, que por sua vez é 25 vezes mais nocivo do que o gás metano, apontando então que a melhor forma de gestão de resíduos para mitigação do aquecimento global são as usinas WTE, que utilizam tecnologias como plasma, fusão a laser, incineração, gaseificação e a pirolise, com praticamente nenhum uso de oxigênio.

Outra questão que se soma é da água potável, visto que muitos aterros e lixões contaminam os aquíferos, lençóis freáticos e demais recursos hídricos, os quais representam quase a metade do lixo produzido no Brasil, situação que tende a se agravar, ainda mais porque poucos aterros usam osmose reversa ou tecnologias melhores para o tratamento do chorume, por conta dos custos.

Outro ponto de trunfo envolvendo o processo das WTEs é recuperação de metais após o tratamento térmico, com a estimativa de 735 mil toneladas por ano de metais ferrosos e não ferrosos, evitando 54 milhões de toneladas de CO2 equivalente a atmosfera, considerando o rol do estudo realizado pela Abren.

“As waste-to-energy resolvem todos esses problemas, sendo considerado uma economia circular, que não causa danos à saúde pública e ainda transforma os materiais não recicláveis em energia”, finaliza Yuri Schmitke.

POR HENRIQUE FAERMAN, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DO RIO DE JANEIRO

Lixo Urbano daria para gerar eletricidade para 15 mil casas


Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren) mostra que Campinas tem potencial para gerar energia elétrica a partir do lixo. Atualmente, a cidade produz cerca de 1.400 toneladas por dia, o que dá em média 1,2 quilos por morador, segundo dados da Secretaria Municipal de Serviços Públicos. Com essa quantidade de resíduos seria possível fornecer eletricidade para cerca de 15 mil residências, segundo a Abren.

O vice-presidente da associação, Rubens Herber Aebi, explica que Campinas foi um dos municípios selecionados para o mapeamento feito pela entidade. De acordo com ele, o levantamento concentra “praticamente metade” da população nacional. “Nós identificamos 30 localidades no Brasil, entre cidades e regiões metropolitanas, com as características necessárias para a implementação de uma Usina de Recuperação Energética (URE). Campinas é um dos municípios selecionados por conta da quantidade de lixo de que produz”, explica.

O processo de geração de energia ocorre a partir dos resíduos sólidos secos que não podem ser reciclados ou utilizados no processo de compostagem, segundo Aebi. Ainda de acordo com o ele, esses resíduos são levados às UREs, que são as plantas de tratamento térmico presentes em diversas cidades do mundo como, Paris (França) Mônaco, Lucerna (Suíça), Rosignano (Itália), Shenzhen (China) e Copenhague (Dinamarca).

“Nesse processo de recuperação de energia temos um custo ambiental excepcionalmente reduzido, uma vez que diminui consideravelmente o volume de lixo que vai para aterros, evitando assim a contaminação do solo, como ocorreu em Brasília com o chamado Lixão da Estrutural”, destaca Aebi. O antigo aterro do Distrito Federal, lembra ele, provocou a contaminação de águas subterrâneas e foi fechado em janeiro de 2018, após uma determinação do Tribunal de Justiça.

O vice-presidente da Abren aponta ainda que o levantamento elencou a produção diária de lixo das cidades selecionadas e constatou que Campinas tem uma produção de lixo diária semelhante a Belo Horizonte, que tem mais do que o dobro da população campineira – 1,2 milhão ante os 2,7 milhões da capital mineira. Aebi explica que a associação faz um cálculo, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sistema Nacional de Resíduo, para apontar o custo médio ambiental que cada cidade tem com saúde pública por causa dos aterros. Segundo a Abren, Campinas tem potencial de economizar cerca de R$ 30 milhões.

Para defender as vantagens ambientais do processo de recuperação energética de resíduos, o vice-presidente da Abren diz que a as usinas de recuperação térmicas “gera um mínimo de poluição” em razão do uso de tecnologias de controle de gás carbônico por meio de filtros.

“O lixo depositado no aterro polui 15 vezes mais a atmosfera devido ao gás metano gerado. Os filtros das plantas são tão seguros que a usina de Mônaco, por exemplo, fica a poucos metros do Palácio Real. Os turistas não sabem, mas a planta de Paris está próxima à Torre Eiffel”, exemplifica Aebi que revelou que a Abren deve apresentar o estudo para as cidades selecionadas ao longo deste ano.

O secretário de Serviços Públicos de Campinas, Ernesto Dimas Paulella, diz que considera a recuperação energética de resíduos “o modelo mais eficiente, apesar de ser muito caro”. O secretário revela, inclusive, que visitou uma usina de recuperação na Suíça e constatou que elas realmente funcionam dentro da cidade. “Em minha opinião, esse é um modelo ideal para o lixo seco, já que praticamente não gera rejeitos, que são da ordem de 2% a 3% de cinzas. O problema é que os filtros poderosos custam 50% de toda a usina”, aponta Paulella que explicou que, embora reconheça a eficiência do modelo, não acredita que ele tenha fácil aceitação dos órgãos brasileiros de fiscalização ambiental.

“A incineração tem um problema. Mesmo com todos os filtros, com toda a tecnologia que envolve, ainda escapa um produto chamado dioxina, que é uma substância química criada de forma inadvertida a partir da queima do cloro. Dioxina é cancerígena e, por isso, há muita restrição no Brasil e em todo o mundo”, destaca o secretário.

Ainda de acordo com Paulella, o processo de recuperação energética por meio da incineração é “condenado pelos movimentos de sustentabilidade” e, por isso, teria “difícil aceitação” nas cidades brasileiras. “Falando tecnicamente, eu não deixei de achar que [a recuperação energética de resíduos] é o modelo mais eficiente. Mas é uma forma condenada do ponto de vista ambiental e nós, como agente públicos, temos que olhar para essas questões. Porque certamente teremos a atuação do Ministério Público e movimentos ambientalistas”, esclarece o secretário, que explicou que a Prefeitura de Campinas quer expandir o trabalho de reciclagem e compostagem da cidade.

Hoje, 90% dos resíduos têm como destino o aterro

Atualmente, 90% dos resíduos gerados diariamente em Campinas vão para aterro sanitário. A usina de compostagem processa 100 toneladas por dia, mas tem capacidade para 300 toneladas. “Estamos em um período de adaptação e dentro de dois a três anos vamos conseguir fazer essa expansão do processo”, revela Ernesto Paulella, secretário de Serviços Públicos, Segundo ele, o total de lixo que vai para compostagem representa 7% dos resíduos de Campinas e a meta, ao processar 300 toneladas, é chegar a 40%. A reciclagem, por sua vez, comporta apenas 3% do entulho produzido na cidade e o objetivo é aumentar para 25%.

“Na nossa equação, o tratamento de lixo prevê uma usina de reciclagem, para reciclar até 25% dos resíduos produzidos, uma usina de compostagem, com a capacidade de 300 toneladas, e uma terceira usina que será de CDR, o chamado combustível derivado de resíduo, que é a produção de carvão a partir do lixo”, aponta Paulella, que explicou que esse carvão substitui o carvão natural nas caldeiras de indústrias, por exemplo.

O secretário, no entanto, lembra que a Prefeitura de Campinas teve que anular a contratação de uma parceria público-privada para a gestão do lixo de Campinas. O certame estava suspenso desde maio de 2020, após decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que acatou questionamentos de empresas interessadas em relação aos critérios técnicos e preço, além da exigência de atestados de capacidade técnica.

O contrato, que previa o pagamento de R$ 10,5 bilhões ao longo de 30 anos, trazia a exigência de investimentos de R$ 900 milhões na construção das três usinas: reciclagem, compostagem e CDR.

Paulella explica que a Prefeitura está “refazendo toda a PPP” para atender o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que foi atualizado e está com consulta pública aberta até o dia 3 de abril. A minuta do plano atualizado pode ser consultada na página da Prefeitura. “Estamos refazendo todos os cálculos para realizar a audiência pública. No dia 7 de abril, vamos realizar uma audiência pública, de forma remota, por meio de um endereço eletrônico que será divulgado posteriormente pela Prefeitura”, finaliza.
Fonte: Correio Popular

CEO da ABREN diz que pelo menos 130 MW de projetos de RSU com Licenças Prévias estão em condições de disputar os leilões A-5 e A-6


Pelo menos 130 MW de projetos que já receberam Licenças Prévias de respectivos órgãos ambientais e mais 55 MW ainda com processos de licenciamento em tramitação poderão vir a participar dos primeiros leilões de energia de térmicas movidas a resíduos sólidos urbanos: A-5 e A-6, em setembro.

A estimativa é do presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN), Yuri Schmitke Almeida Belchior, que defende um preço teto no valor de R$ 650,00/MWh, prazo de 30 anos e flexibilidade na comprovação do combustível.

Em 2020, segundo dados da Câmara de Comércio de Energia Elétrica ( CCEE), as térmicas a biogás produziram cerca de 110,2 MW médios ao ano, superando a marca de 102,3 MW médios de 2019.Para Belchior, esse dado considera apenas o aproveitamento de gás de aterro, cuja grande maioria dos projetos é contratada por meio da Geração Distribuída (GD), via sistema de compensação remota (net meetering), conforme Resolução Normativa ANEEL 484/2012, ou no mercado livre. “Existem formas mais eficientes e sustentáveis de geração de energia por meio do lixo, por usinas de recuperação energética de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU)”, sustenta o CEO da ABREN.

São Paulo, segundo ele, é o hoje o estado mais avançado na produção de energia de RSU, embalado por cerca de 15 milhões de toneladas por ano de resíduo doméstico, sem considerar os resíduos comerciais e industriais. “Com essa demanda, gera-se a necessidade de mais aterros e soluções melhores, como a recuperação energética”, assinala Belchior.

Ele lembra que o estado também é pioneiro na regulamentação de emissões atmosféricas das Usinas de Recuperação Energética (URE), ou Waste-to-Energy (WTE), por meio da Portaria SMA 79/2009. Nessa linha, recentemente foram emitidas licença de instalação para a URE Barueri, com 20 MW de potência instalada, e licença ambiental prévia para a URE Mauá, com 80 MW de potência instalada.

O estado do Rio de Janeiro vem em segundo no ranking nacional do setor, tendo emitido licença prévia ambiental para o projeto da URE Ciclus, com 30 MW de potência instalada.
“Há estados que estão bastante atrasados, como Minas Gerais, que estranhamente proíbe a recuperação energética de RSU por meio da incineração, cuja tecnologia hoje coloca essa fonte como a termoelétrica mais limpa hoje existente, classificada mundialmente como energia lima e renovável”, assinala Belchior.


Lembra o dirigente que o Brasil somente veio a regulamentar o assunto em 2019, por meio da Portaria Interministerial 274 (MME, MDR e MMA), “o que faz com que as leis estaduais ou municipais que proíbem a recuperação energética sejam flagrantemente inconstitucionais, além de inimigas do meio ambiente e da saúde pública”.

Sobre o Plano Decenal de Expansão – PDE 2030, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que previu para o setor 60 MW de potência instalada, o empresário assinala que se trata de mero indicativo. “Apesar disso, a instituição já aponta pela existência desta fonte na matriz elétrica, o que é um grande avanço para a sociedade brasileira”, pontua ele.

Segundo dados da ABREN, apenas nas 28 regiões metropolitanas com mais de 1 milhão de habitantes, que representa 48% da população brasileira ou 100 milhões de habitantes, existe um potencial de 18,9 TWhe por ano, ou 2,3 GW de capacidade instalada a partir de RSU.

Com base na média do CAPEX por MWt de 48 projetos no exterior , a entidade chegou a um valor total de investimentos no Brasil de R$ 75 bilhões correspondente a 118 usinas de 20 MW de potência instalada cada uma. Ou seja, o tratamento de 60 milhões de toneladas ano de resíduos urbanos, que representa o lixo de 48% da população brasileira, atenderia 3% da demanda nacional de eletricidade.

Fonte: https://revistamodal.com.br/ceo-da-abren-diz-que-pelo-menos-130-mw-de-projetos-de-rsu-com-licencas-previas-estao-em-condicoes-de-disputar-os-leiloes-a-5-e-a-6/

Curitiba tem capacidade para receber duas Usinas para produção de Energia a partir do Lixo Urbano


O novo marco de saneamento apresenta um grande espaço para as empresas privadas apresentarem projetos visando à recuperação de resíduos como fonte de energia e combustíveis. E isso será fundamental, pois a partir de 3 de agosto de 2024, não será mais permitido que os Municípios despejem resíduos em lixões ou aterros controlados.

Eu conversei com o vice-presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos, a Abren, o executivo, Rubens Herbert Aebi, e ele me disse que nós estamos atrasados 30 anos em questões relacionadas ao saneamento e lixo.

Rubens Aebi me informou que a Abren realizou um levantamento em várias cidades brasileiras e Curitiba aparece entre as capitais com maior potencial de geração de energia do seu lixo urbano. De acordo com o último censo, a capital do Paraná tem perto de 2 milhões de habitantes. Cada pessoa gera por dia uma média de 730 gramas de lixo. Isso significa que a cidade produz quase 1.500 toneladas de lixo por dia e mais de 515 mil toneladas por ano. Esse volume de lixo representa um custo ambiental de quase 39 milhões de reais por ano com a saúde pública.

Diante desses números levantados pela Abren, Curitiba tem capacidade para receber a instalação de duas plantas geradoras de energia com a transformação de resíduos. O vice-presidente da Associação me adiantou que essas plantas juntas poderiam gerar 34 megawatts de potência instalada, totalizando a produção de mais de 274 mil megawatts/ano de energia elétrica só com a utilização do lixo.

Eu perguntei ao executivo qual o investimento necessário para colocar em funcionamento este tipo de indústria, e ele me disse que numa planta média seriam necessários recursos da ordem de R$ 550 milhões. Além do que, só as obras responderiam pela geração de 400 empregos diretos. Aebi me adiantou que pelo menos dez empresas estrangeiras já mostraram interesse em investir neste tipo de projeto no Brasil.

O vice-presidente da Associação também faz questão de destacar que a instalação dessas plantas de tratamento térmico de lixo para produção de energia não tiraria o trabalho dos catadores de lixo. Ele lembra que os países do mundo que mais incineram lixo são também os que mais reciclam. Na Alemanha, por exemplo, que é o País campeão em reciclagem de lixo, a taxa de reciclagem é de 40%. No Brasil, em média, apenas 3% do lixo é reciclado, sendo que em Curitiba o índice sobe para 6%.

Brasil quer testar contratação de térmicas movidas a lixo em leilões de energia

Depois de experiências de sucesso na inserção de novas fontes como parques eólicos e solares em sua matriz elétrica na última década, o Brasil quer testar em 2021 a contratação de usinas movidas a lixo em seus disputados leilões para novos projetos de geração de energia.

Usina de geração de energia com resíduos sólidos em Vancouver; tecnologia já é dominada em outros países, mas ainda busca espaço no Brasil REUTERS/Lindsey Wasson. Foto: Reuters

Os planos poderiam viabilizar tanto térmicas que usam de resíduos sólidos para entregar energia quanto empreendimentos associados a aterros sanitários, que produzem biogás e então eletricidade a partir de detritos principalmente orgânicos, disse à Reuters o presidente da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral.

A primeira tecnologia ainda não é explorada no Brasil, embora seja mais comum em países europeus, por exemplo, enquanto a geração com biogás é adotada em pequena escala no país.

Uma primeira tentativa de viabilizar usinas como essas em leilões já ocorreu em 2014, sem sucesso, e a ideia agora é testar novamente o mercado e a disposição dos empresários em investir, disse Barral.

“O Ministério de Minas e Energia tomou a decisão de reeditar um produto específico para essas usinas nos leilões agora de 2021, justamente para fazermos uma espécie de nova grande chamada para projetos de resíduos sólidos urbanos”, explicou ele.

Essas usinas de tratamento térmicos e de biogás de aterros terão assim um espaço dedicado nos chamados leilões de energia A-5 e A-6, agendados para 30 de setembro, que contratarão projetos para início de operação a partir de 2026 e 2027.

Mas o governo não revela quanto pretende contratar, o que dependerá do volume de projetos inscritos e sua competitividade.

“Estamos na expectativa de como vai ser o cadastramento desses empreendimentos e o nível de maturidade deles. Temos expectativa que apareçam as duas modalidades (incineração e aterros)”, disse Barral.

O Plano Decenal de Energia 2030 do governo, que traça diretrizes para a expansão da matriz elétrica na década, prevê a contratação de usinas térmicas movidas a resíduos sólidos urbanos “a título de política energética e ambiental”.

O documento indica limite mínimo de expansão de 60 megawatts para a fonte no período –volume baixo, equivalente a uma hidrelétrica de médio porte, mas que poderia movimentar cerca de 1,17 bilhão de reais em investimentos.

A viabilização dessas usinas ainda vai demandar incentivos, como um preço-teto diferenciado em relação a outras fontes, uma vez que essa forma de geração ainda precisa ganhar competitividade, disse Barral.

“A princípio ela exige, sim, alguma forma de incentivo… mas de uma forma geral esses projetos são uma parcela pequena (do total)”, afirmou ele, minimizando impactos desse apoio.

Embora gerem emissões, as usinas de tratamento ´termico são consideradas “energia limpa” pelo mundo, dado seu potencial de reduzir impactos do lixo sobre o ambiente, acrescentou Barral.

“Nos resíduos você tem plásticos, que têm origem fóssil. Então, rigorosamente falando, não é 100% renovável, mas tem sido enquadrado como energia limpa sim. Inclusive muitas vezes esses projetos têm crédito de carbono pelo benefício ambiental.”

Além dos leilões, o governo trabalha em avaliações sobre a viabilidade de usinas movidas a lixo também para venda da produção no chamado mercado livre de energia e para instalação de sistemas de geração de menor porte, conhecidos como geração distribuída, segundo a EPE.

PROJETOS DISPONÍVEIS

O movimento do governo para testar usinas movidas a lixo tem animado empresários do setor, e diversas empresas possuem projetos que poderão ser inscritos nos leilões, disse à Reuters o dirigente de uma associação que reúne interessados no nicho.

“Nossa visão é que poderíamos ter até 120 megawatts sendo contratados. Não sabemos quanto o governo vai contratar. E nem a questão do preço, que é fundamental para a viabilidade. Mas tem projetos, eles estão aguardando o leilão”, afirmou Yuri Schmitke, presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren).

Ele estimou que usinas de tratamento térmicos, mais competitivas, poderiam vender energia entre 555 reais e 600 reais por MWh.

Isso é quase o dobro do preço-teto para térmicas no último leilão A-6 do governo e da Aneel, em 2019, de 292 reais por MWh.

“Há mais de 30 anos essas usinas já são muito utilizadas na Europa, eles têm mais de 500 plantas”, disse Yuri, ao destacar que há uma usina de tratamento térmico na região central de Paris.

Entre projetos que poderiam entrar em leilões neste ano, ele citou um envolvendo usina em Barueri, com cerca de 20 megawatts, que já tem licença de instalação, e uma em Mauá, do Grupo Lara, responsável pelo tratamento do lixo local, entre outros.

Nos sonhos dos empresários do setor está a trajetória das fontes eólica e solar no Brasil –que se resumiam a poucos projetos antes de leilões específicos voltados às tecnologias, realizados em 2009 e 2014, respectivamente. O uso de leilões competitivos para expandir a presença dessas energias renováveis acabou depois replicado mundo afora.