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Mercado de lixo prevê onda de aportes

Nova lei do saneamento, maior demanda por recicláveis e restrições de área impulsionam mercado de resíduos.


Por Taís Hirata — De São Paulo

O mercado de tratamento de lixo, ainda bastante precário no Brasil, se prepara para uma nova onda de investimentos.

A expectativa é, enfim, acabar com os milhares de lixões ilegais no país - ou, ao menos, reduzir o número de forma significativa nos próximos anos. Além disso, começam a proliferar projetos de reaproveitamento do lixo. As iniciativas mais comuns são de geração de energia, mas outras técnicas, como a reutilização de recicláveis e a produção de adubo, começam a ser testadas.

O otimismo se reflete entre as empresas privadas. Um exemplo claro dessa movimentação foi a recente oferta inicial pública de ações (IPO) da Orizon Valorização De Resíduos, na qual a empresa levantou R$ 554 milhões. Há também outras companhias do ramo que têm se preparado para ampliar seus investimentos.

“Temos uma visão otimista para a formação de um novo mercado. É um caminho sem volta”, afirma Hugo Nery, presidente da Marquise Ambiental, um dos grandes grupos do setor, que opera aterros sanitários no Ceará (na região metropolitana de Fortaleza), em São Paulo (Osasco) e no Amazonas (Manaus).

O plano é expandir as atividades. A companhia acaba de comprar um centro de tratamento em Salvador (BA), está em fase de licenciamento de outros dois aterros, em Manaus (AM) e Aquiraz (CE), e avalia aquisições. Além disso, quer ampliar o uso de tecnologias de reaproveitamento do lixo. “Hoje, todos os novos projetos têm como objetivo a gestão industrial dos resíduos”, diz Nery.

O grupo francês Veolia, que possui seis aterros sanitários no Brasil, também planeja um crescimento, tanto com a aquisição e licenciamento de novos centros, quanto na aplicação de novas técnicas de reaproveitamento.

A movimentação do mercado é fruto de uma conjuntura de fatores, avaliam executivos e analistas do setor. Um dos principais estímulos é a nova lei do saneamento. A norma traz uma série de incentivos ao setor de resíduos sólidos, tanto pela regionalização dos serviços quanto pela obrigatoriedade da criação de taxas destinadas à gestão do lixo.

A expectativa do setor é que a cobrança, que hoje é feita em menos de um terço dos municípios brasileiros, garanta uma injeção de recursos no mercado, permitindo seu desenvolvimento.

“A remuneração é uma questão básica, principalmente devido à forte inadimplência das prefeituras. Com uma cobrança direta do usuário há mais garantias. O problema não é falta de vontade das companhias de investirem em tecnologias para o tratamento de lixo. O que falta é segurança jurídica”, avalia Luiz Gonzaga, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre).

Outro fator importante para a transformação do setor é a dificuldade, cada vez maior, de encontrar áreas próximas a centros urbanos para novos aterros - e conseguir o licenciamento ambiental dos projetos. Isso gera a necessidade de buscar novas técnicas de reaproveitamento, diz Carlos Silva Filho, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

“Há uma restrição de áreas, e muitos aterros estão chegando perto do fim de sua vida útil. Então a busca por soluções tecnológicas, que reduzem o volume de resíduos e prolongam a vida útil dos aterros, acaba sendo obrigatória”, diz. Ele destaca que o problema é específico dos grandes centros urbanos.

Outro incentivo importante para o reaproveitamento dos resíduos é o crescimento do mercado de recicláveis, destaca Alexandre Citvaras, diretor de Novos Negócios da Orizon. “É uma questão de demanda. A economia circular só funciona se todas as pontas estão interessadas na mudança. Hoje, vemos um aquecimento do mercado de plástico reciclável porque os donos de marcas estão buscando mais [para embalagens, por exemplo]”, diz.

No caso dos plásticos, a companhia planeja investir em sistemas automatizados para a separação dos materiais nos centros de tratamento, o que dispensa a necessidade de uma coleta específica.

Já para materiais orgânicos, o reaproveitamento é mais complexo, pois demanda uma separação prévia e coleta específica, afirma Nery, da Marquise. Apesar da dificuldade, a empresa trabalha em um projeto-piloto de compostagem, em uma região de Taubaté (SP), para transformar resíduos em adubo. “Cerca de 50% do lixo são restos de comida. Porém, no Brasil, ainda é um desafio fazer com que o gerador de lixo faça parte do processo”, diz ele.

Podemos entende que este março do saneamento veio para garantir a todos os gestores a sua obrigatoriedade de resolver o problema do "lixo" em seus municípios. Dando datas definitivas para sua regularização e contrapartida a possibilidade de novos recursos para tais feitos. Todos, principalmente a população só tem a ganhar com essa nova lei. 

Lixo eletrônico pode virar bateria para veículos elétricos


A fabricação cada vez maior de veículos elétricos levanta uma questão importante: até que ponto é possível produzir baterias de maneira sustentável para manter toda essa frota funcionando? De onde virá o metal que hoje está presente na maioria das células de energia? A resposta pode estar no lixo.

Dois empresários de Minneapolis, nos EUA, querem extrair cobalto, cobre e níquel que geralmente são encontrados em resíduos industriais. Segundo eles, a maioria desses resíduos é exportada para outros países como a China.

“Não produzimos a maior parte dos materiais que estão em nossas baterias, então se pudermos comprá-los uma única vez e mantê-los aqui, isso criaria uma grande vantagem econômica para todos nós”, disse um dos responsáveis pela pesquisa, Jeff Spangenberger.

Mercado valioso

A Bergmann e Lentz, de Minneapolis, começou uma parceria com a National Research, de Michigan, para aprimorar o processo de recuperação de metais valiosos que não são reutilizados pela indústria.

"Aqui nos EUA, pelo menos, não parece haver ninguém explorando esses resíduos com a abordagem certa para reaproveitar metais valiosos. Quanto mais procuramos, mais descobrimos", disse um dos empresários que também é geólogo, Brian Lentz.

Metais valiosos presentes em dispositivos eletrônicos são descartados 
(Imagem: Reprodução/ONU)

Além de reaproveitar o metal encontrado no lixo industrial, os empresários investem pesado em dois projetos de mineração economicamente sustentáveis para suprir a carência do mercado americano em matérias-primas usadas na produção de baterias de veículos elétricos. Segundo um relatório do Departamento de Energia dos EUA, 60% do cobalto mundial vem do Congo e 80% são processados na China.

Centros de reciclagem

Enquanto o projeto ambicioso de usar material encontrado no lixo para produzir baterias não sai do papel, iniciativas de reciclagem ganham força para evitar o desperdício e a escassez de matéria-prima.


O Laboratório Nacional Argonne, que fica em Lemont, Illinois, criou um centro de reciclagem que desenvolve novos métodos para o reaproveitamento de baterias, além de incentivar pesquisas para aprimorar a tecnologia envolvida na produção de células de energia.

A ideia é criar mecanismos que garantam o total reaproveitamento do material que seria descartado. Boa parte dos componentes que fazem parte de uma bateria podem ser reciclados e utilizados em outros setores da indústria, como plásticos, polímeros e metais pesados.

Para se ter uma ideia, um telefone celular pode reunir até 40 elementos da tabela periódica. Cerca de 20% do peso destes aparelhos é metal, especialmente cobre.

20% do peso do seu celular vem de metais como o cobre 
(Imagem: Reprodução/Envato)

Mercado brasileiro

Na latinha de alumínio o Brasil é campeão mundial de reciclagem com 97% delas recolhidas e transformadas em novas embalagens. Mas com outros metais valiosos, a reciclagem ainda engatinha por aqui.

De acordo com o estudo Global E-Waste Monitor, realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o maior produtor de lixo eletrônico da América Latina — e 7º maior do mundo. Anualmente, o país produz 1,5 mil toneladas de lixo eletrônico, e apenas 3% de todo esse montante tem um descarte adequado.

Brasil é o maior produtor de lixo eletrônico da América Latina 
(Imagem: Reprodução/Unsplash)

São milhares de toneladas de cobre, níquel, cobalto, lítio e até ouro que poderiam retornar à indústria, mas permanecem nos aterros sanitários.

Ainda falta tecnologia e uma legislação mais moderna para que garimpar o lixo em busca de matéria-prima seja um negócio lucrativo para a economia e para o meio ambiente.

Qual destino você dá para o lixo eletrônico? Comente.

Dubai vai transformar 60% do lixo que produz em energia elétrica

Grandes cidades trazem grandes problemas, e um dos mais piores excessos expelidos pelos inchados centros urbanos é a imensa quantidade de lixo produzida. Diversos países como China, Suécia e a Noruega vêm transformando tal problema em solução não só para a questão do lixo como para o problema da energia, através de usinas de transformação de resíduos sólidos em energia. E Dubai será o próximo lugar a investir em tal tecnologia, construindo a maior usina desse tipo do mundo.

Tais usinas realizam a queima do lixo e utilizam o calor como alimento para uma grande turbina geradora de eletricidade. A usina em Dubai, a maior cidade dos Emirados Árabes, ocupará um espaço de 20 mil metros quadrados, com capacidade de tratar cinco mil toneladas de lixo e gerar 185 MW de eletricidade. Como a cidade produz 8 mil toneladas de resíduo por dia, o objetivo da usina é alcançar o montante de 1,82 milhões de toneladas por ano, transformando assim mais de 60% do lixo produzido em energia – e, chegando a esse número, abastecendo 120 mil residências por lá.


Simulação da usina a ser construída em Dubai



Se essas usinas resolvem tanto o problema do lixo quanto da energia, por outro lado elas criam um terceiro e nada discreto problema: a poluição. Diversos estudos já apontam para soluções eficazes, no entanto, que seriam capazes de neutralizar todas as emissões, através de capturas e armazenamento de carbono.


Transformar o lixo em energia é sem dúvida potencialmente uma excelente evolução para tais problemas, mas se, para isso, seguirmos poluindo o planeta, estaremos somente substituindo um problema por outro – em escala potencialmente ainda mais grave. Portanto, é fundamental que tais tecnologias de limpeza e neutralização evoluam juntas ou mais rápido do que as tecnologias poluentes. A usina em Dubai será uma parceria entre a empresa de água e eletricidade local, a empresa suíça Hitachi Zosen e a belga Besix Group, e estima-se que ela esteja funcionando em 2020.

Lixo Urbano daria para gerar eletricidade para 15 mil casas


Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren) mostra que Campinas tem potencial para gerar energia elétrica a partir do lixo. Atualmente, a cidade produz cerca de 1.400 toneladas por dia, o que dá em média 1,2 quilos por morador, segundo dados da Secretaria Municipal de Serviços Públicos. Com essa quantidade de resíduos seria possível fornecer eletricidade para cerca de 15 mil residências, segundo a Abren.

O vice-presidente da associação, Rubens Herber Aebi, explica que Campinas foi um dos municípios selecionados para o mapeamento feito pela entidade. De acordo com ele, o levantamento concentra “praticamente metade” da população nacional. “Nós identificamos 30 localidades no Brasil, entre cidades e regiões metropolitanas, com as características necessárias para a implementação de uma Usina de Recuperação Energética (URE). Campinas é um dos municípios selecionados por conta da quantidade de lixo de que produz”, explica.

O processo de geração de energia ocorre a partir dos resíduos sólidos secos que não podem ser reciclados ou utilizados no processo de compostagem, segundo Aebi. Ainda de acordo com o ele, esses resíduos são levados às UREs, que são as plantas de tratamento térmico presentes em diversas cidades do mundo como, Paris (França) Mônaco, Lucerna (Suíça), Rosignano (Itália), Shenzhen (China) e Copenhague (Dinamarca).

“Nesse processo de recuperação de energia temos um custo ambiental excepcionalmente reduzido, uma vez que diminui consideravelmente o volume de lixo que vai para aterros, evitando assim a contaminação do solo, como ocorreu em Brasília com o chamado Lixão da Estrutural”, destaca Aebi. O antigo aterro do Distrito Federal, lembra ele, provocou a contaminação de águas subterrâneas e foi fechado em janeiro de 2018, após uma determinação do Tribunal de Justiça.

O vice-presidente da Abren aponta ainda que o levantamento elencou a produção diária de lixo das cidades selecionadas e constatou que Campinas tem uma produção de lixo diária semelhante a Belo Horizonte, que tem mais do que o dobro da população campineira – 1,2 milhão ante os 2,7 milhões da capital mineira. Aebi explica que a associação faz um cálculo, com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sistema Nacional de Resíduo, para apontar o custo médio ambiental que cada cidade tem com saúde pública por causa dos aterros. Segundo a Abren, Campinas tem potencial de economizar cerca de R$ 30 milhões.

Para defender as vantagens ambientais do processo de recuperação energética de resíduos, o vice-presidente da Abren diz que a as usinas de recuperação térmicas “gera um mínimo de poluição” em razão do uso de tecnologias de controle de gás carbônico por meio de filtros.

“O lixo depositado no aterro polui 15 vezes mais a atmosfera devido ao gás metano gerado. Os filtros das plantas são tão seguros que a usina de Mônaco, por exemplo, fica a poucos metros do Palácio Real. Os turistas não sabem, mas a planta de Paris está próxima à Torre Eiffel”, exemplifica Aebi que revelou que a Abren deve apresentar o estudo para as cidades selecionadas ao longo deste ano.

O secretário de Serviços Públicos de Campinas, Ernesto Dimas Paulella, diz que considera a recuperação energética de resíduos “o modelo mais eficiente, apesar de ser muito caro”. O secretário revela, inclusive, que visitou uma usina de recuperação na Suíça e constatou que elas realmente funcionam dentro da cidade. “Em minha opinião, esse é um modelo ideal para o lixo seco, já que praticamente não gera rejeitos, que são da ordem de 2% a 3% de cinzas. O problema é que os filtros poderosos custam 50% de toda a usina”, aponta Paulella que explicou que, embora reconheça a eficiência do modelo, não acredita que ele tenha fácil aceitação dos órgãos brasileiros de fiscalização ambiental.

“A incineração tem um problema. Mesmo com todos os filtros, com toda a tecnologia que envolve, ainda escapa um produto chamado dioxina, que é uma substância química criada de forma inadvertida a partir da queima do cloro. Dioxina é cancerígena e, por isso, há muita restrição no Brasil e em todo o mundo”, destaca o secretário.

Ainda de acordo com Paulella, o processo de recuperação energética por meio da incineração é “condenado pelos movimentos de sustentabilidade” e, por isso, teria “difícil aceitação” nas cidades brasileiras. “Falando tecnicamente, eu não deixei de achar que [a recuperação energética de resíduos] é o modelo mais eficiente. Mas é uma forma condenada do ponto de vista ambiental e nós, como agente públicos, temos que olhar para essas questões. Porque certamente teremos a atuação do Ministério Público e movimentos ambientalistas”, esclarece o secretário, que explicou que a Prefeitura de Campinas quer expandir o trabalho de reciclagem e compostagem da cidade.

Hoje, 90% dos resíduos têm como destino o aterro

Atualmente, 90% dos resíduos gerados diariamente em Campinas vão para aterro sanitário. A usina de compostagem processa 100 toneladas por dia, mas tem capacidade para 300 toneladas. “Estamos em um período de adaptação e dentro de dois a três anos vamos conseguir fazer essa expansão do processo”, revela Ernesto Paulella, secretário de Serviços Públicos, Segundo ele, o total de lixo que vai para compostagem representa 7% dos resíduos de Campinas e a meta, ao processar 300 toneladas, é chegar a 40%. A reciclagem, por sua vez, comporta apenas 3% do entulho produzido na cidade e o objetivo é aumentar para 25%.

“Na nossa equação, o tratamento de lixo prevê uma usina de reciclagem, para reciclar até 25% dos resíduos produzidos, uma usina de compostagem, com a capacidade de 300 toneladas, e uma terceira usina que será de CDR, o chamado combustível derivado de resíduo, que é a produção de carvão a partir do lixo”, aponta Paulella, que explicou que esse carvão substitui o carvão natural nas caldeiras de indústrias, por exemplo.

O secretário, no entanto, lembra que a Prefeitura de Campinas teve que anular a contratação de uma parceria público-privada para a gestão do lixo de Campinas. O certame estava suspenso desde maio de 2020, após decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que acatou questionamentos de empresas interessadas em relação aos critérios técnicos e preço, além da exigência de atestados de capacidade técnica.

O contrato, que previa o pagamento de R$ 10,5 bilhões ao longo de 30 anos, trazia a exigência de investimentos de R$ 900 milhões na construção das três usinas: reciclagem, compostagem e CDR.

Paulella explica que a Prefeitura está “refazendo toda a PPP” para atender o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que foi atualizado e está com consulta pública aberta até o dia 3 de abril. A minuta do plano atualizado pode ser consultada na página da Prefeitura. “Estamos refazendo todos os cálculos para realizar a audiência pública. No dia 7 de abril, vamos realizar uma audiência pública, de forma remota, por meio de um endereço eletrônico que será divulgado posteriormente pela Prefeitura”, finaliza.
Fonte: Correio Popular

Curitiba tem capacidade para receber duas Usinas para produção de Energia a partir do Lixo Urbano


O novo marco de saneamento apresenta um grande espaço para as empresas privadas apresentarem projetos visando à recuperação de resíduos como fonte de energia e combustíveis. E isso será fundamental, pois a partir de 3 de agosto de 2024, não será mais permitido que os Municípios despejem resíduos em lixões ou aterros controlados.

Eu conversei com o vice-presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos, a Abren, o executivo, Rubens Herbert Aebi, e ele me disse que nós estamos atrasados 30 anos em questões relacionadas ao saneamento e lixo.

Rubens Aebi me informou que a Abren realizou um levantamento em várias cidades brasileiras e Curitiba aparece entre as capitais com maior potencial de geração de energia do seu lixo urbano. De acordo com o último censo, a capital do Paraná tem perto de 2 milhões de habitantes. Cada pessoa gera por dia uma média de 730 gramas de lixo. Isso significa que a cidade produz quase 1.500 toneladas de lixo por dia e mais de 515 mil toneladas por ano. Esse volume de lixo representa um custo ambiental de quase 39 milhões de reais por ano com a saúde pública.

Diante desses números levantados pela Abren, Curitiba tem capacidade para receber a instalação de duas plantas geradoras de energia com a transformação de resíduos. O vice-presidente da Associação me adiantou que essas plantas juntas poderiam gerar 34 megawatts de potência instalada, totalizando a produção de mais de 274 mil megawatts/ano de energia elétrica só com a utilização do lixo.

Eu perguntei ao executivo qual o investimento necessário para colocar em funcionamento este tipo de indústria, e ele me disse que numa planta média seriam necessários recursos da ordem de R$ 550 milhões. Além do que, só as obras responderiam pela geração de 400 empregos diretos. Aebi me adiantou que pelo menos dez empresas estrangeiras já mostraram interesse em investir neste tipo de projeto no Brasil.

O vice-presidente da Associação também faz questão de destacar que a instalação dessas plantas de tratamento térmico de lixo para produção de energia não tiraria o trabalho dos catadores de lixo. Ele lembra que os países do mundo que mais incineram lixo são também os que mais reciclam. Na Alemanha, por exemplo, que é o País campeão em reciclagem de lixo, a taxa de reciclagem é de 40%. No Brasil, em média, apenas 3% do lixo é reciclado, sendo que em Curitiba o índice sobe para 6%.

Brasil quer testar contratação de térmicas movidas a lixo em leilões de energia

Depois de experiências de sucesso na inserção de novas fontes como parques eólicos e solares em sua matriz elétrica na última década, o Brasil quer testar em 2021 a contratação de usinas movidas a lixo em seus disputados leilões para novos projetos de geração de energia.

Usina de geração de energia com resíduos sólidos em Vancouver; tecnologia já é dominada em outros países, mas ainda busca espaço no Brasil REUTERS/Lindsey Wasson. Foto: Reuters

Os planos poderiam viabilizar tanto térmicas que usam de resíduos sólidos para entregar energia quanto empreendimentos associados a aterros sanitários, que produzem biogás e então eletricidade a partir de detritos principalmente orgânicos, disse à Reuters o presidente da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Thiago Barral.

A primeira tecnologia ainda não é explorada no Brasil, embora seja mais comum em países europeus, por exemplo, enquanto a geração com biogás é adotada em pequena escala no país.

Uma primeira tentativa de viabilizar usinas como essas em leilões já ocorreu em 2014, sem sucesso, e a ideia agora é testar novamente o mercado e a disposição dos empresários em investir, disse Barral.

“O Ministério de Minas e Energia tomou a decisão de reeditar um produto específico para essas usinas nos leilões agora de 2021, justamente para fazermos uma espécie de nova grande chamada para projetos de resíduos sólidos urbanos”, explicou ele.

Essas usinas de tratamento térmicos e de biogás de aterros terão assim um espaço dedicado nos chamados leilões de energia A-5 e A-6, agendados para 30 de setembro, que contratarão projetos para início de operação a partir de 2026 e 2027.

Mas o governo não revela quanto pretende contratar, o que dependerá do volume de projetos inscritos e sua competitividade.

“Estamos na expectativa de como vai ser o cadastramento desses empreendimentos e o nível de maturidade deles. Temos expectativa que apareçam as duas modalidades (incineração e aterros)”, disse Barral.

O Plano Decenal de Energia 2030 do governo, que traça diretrizes para a expansão da matriz elétrica na década, prevê a contratação de usinas térmicas movidas a resíduos sólidos urbanos “a título de política energética e ambiental”.

O documento indica limite mínimo de expansão de 60 megawatts para a fonte no período –volume baixo, equivalente a uma hidrelétrica de médio porte, mas que poderia movimentar cerca de 1,17 bilhão de reais em investimentos.

A viabilização dessas usinas ainda vai demandar incentivos, como um preço-teto diferenciado em relação a outras fontes, uma vez que essa forma de geração ainda precisa ganhar competitividade, disse Barral.

“A princípio ela exige, sim, alguma forma de incentivo… mas de uma forma geral esses projetos são uma parcela pequena (do total)”, afirmou ele, minimizando impactos desse apoio.

Embora gerem emissões, as usinas de tratamento ´termico são consideradas “energia limpa” pelo mundo, dado seu potencial de reduzir impactos do lixo sobre o ambiente, acrescentou Barral.

“Nos resíduos você tem plásticos, que têm origem fóssil. Então, rigorosamente falando, não é 100% renovável, mas tem sido enquadrado como energia limpa sim. Inclusive muitas vezes esses projetos têm crédito de carbono pelo benefício ambiental.”

Além dos leilões, o governo trabalha em avaliações sobre a viabilidade de usinas movidas a lixo também para venda da produção no chamado mercado livre de energia e para instalação de sistemas de geração de menor porte, conhecidos como geração distribuída, segundo a EPE.

PROJETOS DISPONÍVEIS

O movimento do governo para testar usinas movidas a lixo tem animado empresários do setor, e diversas empresas possuem projetos que poderão ser inscritos nos leilões, disse à Reuters o dirigente de uma associação que reúne interessados no nicho.

“Nossa visão é que poderíamos ter até 120 megawatts sendo contratados. Não sabemos quanto o governo vai contratar. E nem a questão do preço, que é fundamental para a viabilidade. Mas tem projetos, eles estão aguardando o leilão”, afirmou Yuri Schmitke, presidente da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren).

Ele estimou que usinas de tratamento térmicos, mais competitivas, poderiam vender energia entre 555 reais e 600 reais por MWh.

Isso é quase o dobro do preço-teto para térmicas no último leilão A-6 do governo e da Aneel, em 2019, de 292 reais por MWh.

“Há mais de 30 anos essas usinas já são muito utilizadas na Europa, eles têm mais de 500 plantas”, disse Yuri, ao destacar que há uma usina de tratamento térmico na região central de Paris.

Entre projetos que poderiam entrar em leilões neste ano, ele citou um envolvendo usina em Barueri, com cerca de 20 megawatts, que já tem licença de instalação, e uma em Mauá, do Grupo Lara, responsável pelo tratamento do lixo local, entre outros.

Nos sonhos dos empresários do setor está a trajetória das fontes eólica e solar no Brasil –que se resumiam a poucos projetos antes de leilões específicos voltados às tecnologias, realizados em 2009 e 2014, respectivamente. O uso de leilões competitivos para expandir a presença dessas energias renováveis acabou depois replicado mundo afora.

Potencial de transformação de lixo em energia em cidades grandes é de US$ 14 bilhões no Brasil


As 28 regiões metropolitanas do Brasil, com mais de 1 milhão de habitantes, poderiam gerar 18,9 TWh / ano por meio de usinas de resíduos sólidos urbanos para energia (WTE) exigindo US $ 14 bilhões, de acordo com um estudo produzido pela associação local de resíduos para energia ABREN e compartilhado com BNamericas.

O montante, que representa cerca de 3% da demanda de energia elétrica do país, poderia ser gerado por meio de 118 usinas de 20 MW (ou 59 40 MW) alimentadas por 97.000 t / d de lixo urbano.

O maior potencial identificado pela ABREN está nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, que poderiam gerar 3,719TW / ano e 2,829TWh / ano, respectivamente. Em seguida, vem o distrito federal de Brasília com 1.089TWh / ano.

Atualmente, existem 183MW de projetos WTE em desenvolvimento no Brasil: a planta URE Barueri de 20MW e 825t / d com queima massiva, que já recebeu licença de instalação; a planta de 80MW e 3.000 t / d URE Mauá com licença prévia; a planta de 38 MW, 2.000 t / d URE Baixada Santista; planta de 30MW, 1.300 t / d Ciclus / Rio de Janeiro, também com licença prévia; e a planta de 15 MW, 500 t / d Diadema com gaseificação Outotec.

Em dezembro passado, o governo brasileiro aprovou a primeira licitação de resíduos sólidos urbanos do país para produção de energia, prevista para este ano. A aprovação é uma etapa fundamental para viabilizar projetos WTE no país.

Segundo o presidente da ABREN, Yuri Schmitke, o país tem potencial para 250 usinas, cada uma com 20 MW de capacidade instalada, o que representa um investimento de R $ 160 bilhões (US $ 30 bilhões).

No entanto, para viabilizar economicamente esses projetos, a ABREN estima que as taxas de aterro sanitário locais teriam que ser aumentadas em 11 reais / t de resíduos sólidos urbanos anualmente, enquanto a tarifa de energia WTE seria obrigada a cair para 250 reais / MWh dos atuais 620 reais / MWh em 2040.

Isso poderia ser alcançado com o uso de caminhões de lixo elétricos e ônibus movidos a energia gerada nas plantas WTE. Como uma única concessionária seria responsável pela geração de energia e pelos serviços de transporte, a empresa seria categorizada como autoprodutora de energia, com isenção do ICMS (serviço), por exemplo.

“O WTE deve ser pago pelos municípios, não pelo setor de energia elétrica. Estamos trabalhando para que isso aconteça ” , disse Schmitke ao BNamericas.

Nova parceria

Na quarta-feira, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Fapesp, e a secretaria de meio ambiente assinaram um protocolo para fomentar a implantação de projetos WTE no estado.

Durante a cerimônia, o secretário de infraestrutura e meio ambiente, Marcos Rodrigues Penido, destacou que os resíduos urbanos estão ligados tanto à pauta de saneamento básico quanto de energia.

“O desperdício que poderia ser usado para gerar energia em São Paulo é enorme” , disse.

Fonte: BNAmericas

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Dentro de um período de 4 a 12 horas, até 90% do seu lixo orgânico produzido em casa pode virar rico adubo com a Terraform Kitchen. Livre de odores, por conta do filtro de carvão ativado, é fácil de transportar, manusear e limpar. Disponível em dois tamanhos, com capacidade máxima de 2 kg ou de 5 kg, cabe em qualquer espaço da cozinha.

Hoje mais da metade do que é descartado no Brasil é lixo orgânico e os impactos causados por esse material influenciam diretamente no nosso futuro, como a geração do gás metano que é 24 vezes mais poluente que o gás carbônico, o chorume tóxico que pode infiltrar no solo e contaminar os lençóis freáticos e nascentes de rios e, também, a atração de animais transmissores de doenças.

A ideia de transformar o lixo doméstico em algo reutilizável, como o adubo, foi inspirada nas composteiras orgânicas tradicionais, um método de decomposição feito com bactérias aeróbicas, geralmente usado por quem mora em áreas com acesso à natureza ou grandes jardins. “A diferença é que enquanto a compostagem tradicional demora dias e até meses para gerar o adubo, com a Terraform Kitchen aceleramos o processo para obter o resultado em algumas horas, uma vez que a decomposição da comida é feita a partir de um processo de controle de temperatura, umidade e aeração do composto. Perfeito para quem quer fazer o descarte correto de seus resíduos de forma rápida e prática, sem sair de casa, ou melhor, da cozinha”, explica a gerente.


O resultado do processo é um adubo rico em nutrientes, indicado para fertilizar vasos, jardins e hortas, sempre misturado à terra, em proporções de 1 para 4. Caso o conteúdo não seja utilizado, ainda pode ser armazenado em potes vedados, com duração de até três anos, se bem conservados e mantidos longe da umidade. Outra opção é doar aos familiares, amigos e vizinhos. “O fato curioso é que cada adubo conta uma história diferente, variando em cor e aspecto, pois a composição dos alimentos despejados na redutora influencia no material final, sem perder qualidade, claro”, conta.

Virada Sustentável chama atenção para volume de descarte de lixo provocados pelo consumo inconsciente


A 10ª edição da Virada Sustentável SP ocorre pela primeira vez em modelo híbrido: físico e virtual. A intensa programação – totalmente gratuita – é composta por ocupações artísticas que provocam uma reflexão sobre a sustentabilidade nos dias de hoje, enquanto nas plataformas digitais acontecem experiências e conexões humanas.

Uma das mais curiosas intervenções deste ano, a‌ ‌Mostra‌ ‌de‌ ‌Performance‌ ‌do‌ ‌‌Homem‌ ‌Refluxo‌ ‌‌ocorre‌ até dia 12/10 no‌ ‌Instagram @homemrefluxo. Por‌ ‌meio‌ ‌de‌ ‌provocações‌ ‌sobre‌ ‌o‌ ‌consumo‌ ‌de‌ ‌lixo,‌ ‌a‌ ‌ação‌ ‌idealizada pelo artista Peri Pane convida‌ ‌cada‌ ‌um‌ ‌de‌ ‌nós‌ ‌a‌ ‌olhar‌ ‌para‌ ‌os‌ ‌resíduos‌ ‌que‌ ‌produzimos‌ ‌durante‌ ‌o‌ ‌período‌ ‌de‌ ‌7‌ ‌dias‌, ‌e‌ ‌refletir‌ ‌em‌ ‌como‌ ‌podemos‌ ‌diminuir‌ ‌o‌ ‌lixo‌ ‌e‌ ‌ter‌ ‌um‌ ‌consumo‌ ‌mais‌ ‌consciente‌ ‌em‌ ‌nosso‌ ‌dia‌ ‌a‌ ‌dia.‌ ‌ ‌O artista terá a companhia da apresentadora Astrid Fontenelle (@astridfontenelle) e seu filho Gabriel, da consultora Giovanna Nader e @menos1lixo, além do músico Edgar (@novissimoedgar), que também vão guardar seus resíduos de 7 dias em uma capa Parangolixoluxo, e com isso, pensarem como podem diminuir sua produção de lixo para um bem maior, buscando a melhora do bem estar para o coletivo. O Parangolixoluxo é uma criação da artista Marina Reis (@marinareis) e foi confeccionado por Maria Célia de Paula.

Complementando a performance do Homem Refluxo, a Virada Sustentável promove, de 12 a 18 de outubro também no Instagram @homemrefluxo, Quarentrash, uma série fotográfica em que o artista Peri Pane dispõe da enorme quantidade de materiais descartáveis coletada para recriar cenas cotidianas domésticas povoadas pelos resíduos acumulados desde o início do isolamento social.

Integrando a Virada Sustentável ao cotidiano da população paulistana, o centro e a zona leste recebem a intervenção urbana “O que vai para o chão”, que tem como objetivo chamar a atenção e sensibilizar a sociedade sobre as quantidades e tipos de materiais que são descartados nas vias públicas. Essa ação contribui para a problemática global sobre a mistura de vários tipos de resíduos, que tem sido objeto de crescente atenção. Para a intervenção foram produzidos dois contentores de modelos diferentes: um modelo receberá os resíduos misturados; o outro, somente os recicláveis secos, provocando a percepção dos pedestres em relação à diferença em volume (lado a lado) e os diferentes destinos: o contentor para resíduos misturados tem como fim um aterro sanitário; o outro, a reciclagem e consequente preservação dos recursos naturais.

Com intuito de promover uma participação efetiva da sociedade no processo de reciclagem assertiva, a campanha de Coleta de Resíduos Eletroeletrônicos e Pilhas integra a programação da Virada Sustentável, como parte do movimento Eletrônico Não é Lixo, e em comemoração ao Dia Internacional do Lixo Eletrônico, dia 14 de outubro. Seis estações terão pontos de coleta até 16 de outubro: Vila Prudente, Clínicas, Barra Funda, Sé, Tucuruvi e Jabaquara.

O metrô também recebe, até o dia 18 de outubro, a ação “Seja a Mudança”, em que as escadarias das estações Brigadeiro, Clínicas e Carandiru ganham intervenções dedicadas a se pensar no futuro que queremos criar, propondo inspirações e reflexões para a construção de um REFUTURO possível, com temas sobre consumo consciente, economia circular e bem-estar estampados de maneira criativa e didática em suas propostas artísticas.

Usina na Califórnia converte lixo em hidrogênio ecológico e barato

Planta energética será capaz de produzir até 11.000 kg de H2 por dia, ou 3,8 milhões de kg por ano, enquanto processa até 42.000 toneladas de resíduos por ano.

Imagem: SGH2/Divulgação

A cidade de Lancaster, na Califórnia, abrigará uma planta de conversão de lixo em hidrogênio que promete ser ainda mais ecológica que as já existentes - e com três vezes o tamanho de qualquer outra instalação do tipo. A SGH2 diz que seu processo é o mais limpo de todos os disponíveis no mercado, com um preço compatível com o dos produtores mais baratos e capaz de retirar dezenas de milhares de toneladas de lixo dos aterros sanitários.

O hidrogênio tem se mostrado uma opção capaz de suprir a demanda energética dos países no futuro. Japão e Coréia, em particular, estão fazendo grandes movimentos e enormes investimentos para colocar em funcionamento esse formato de armazenamento de energia com zero emissões locais.

A produção de hidrogênio pode variar do relativamente verde (eletrólise de água doce usando energia solar ou eólica) ao profundamente imundo (gaseificação de carvão marrom) - e os processos mais sujos são de longe os mais baratos. Adicionar captura e sequestro de carbono a processos poluidores faz com que fiquem mais caros.

Isso é o que torna o projeto SGH2 tão interessante: a empresa alega ser possível transformar o lixo que iria para aterros sanitários em um hidrogênio super-verde e com um preço acessível.

Segundo um comunicado recente, a cidade de Lancaster sediará e será co-proprietária da planta SGH2 Lancaster, que será capaz de produzir até 11.000 kg de H2 por dia, ou 3,8 milhões de kg por ano, enquanto processa até 42.000 toneladas de resíduos por ano. Além disso, transformar lixo em um combustível limpo também deve trazer uma economia de US$ 2,1 a 3,2 milhões em custos de aterros por ano.

"Somos a única empresa no mundo a fornecer um hidrogênio verde que é competitivo em termos de custo com o hidrogênio mais barato e mais sujo, feito de carvão e gás", diz o Dr. Robert Do, CEO da SGH2. "Nossa tecnologia pode ser dimensionada rapidamente e produzir combustível 24/7, durante todo o ano".

Como funciona

O processo, desenvolvido pela empresa-mãe da SGH2, Solena, utiliza tochas de plasma de alta temperatura, que geram temperaturas entre 3.500 e 4.000 °C. Esse calor iônico, com gás enriquecido com oxigênio, catalisa uma "dissociação molecular completa de todos os hidrocarbonetos" em qualquer combustível com o qual a usina tenha sido alimentada e, à medida que sobe e começa a esfriar, forma "uma qualidade muito alta de hidrogênio", o chamado bio-syngas, um gás livre de alcatrão, fuligem e metais pesados.

O processo aceita uma grande variedade de fontes de resíduos, incluindo papel, pneus velhos, têxteis e principalmente plásticos, que podem ser manuseados com muita eficiência sem subprodutos tóxicos. O bio-syngas sai do topo de uma câmara de plenum e é enviado para uma câmara de resfriamento, seguido por um par de lavadores de ácido para remover o material particulado.

Um compressor centrífugo limpa ainda mais a corrente de gás, deixando uma mistura de hidrogênio, monóxido de carbono e dióxido de carbono. Isso é executado através de um reator de deslocamento água-gás que adiciona vapor de água e converte o monóxido de carbono em dióxido de carbono e mais gás hidrogênio. Os dois gases são então separados, capturando todo o CO2 à medida que o hidrogênio sai do outro lado.

Uma análise de carbono do ciclo de vida do Berkeley Lab concluiu, diz SGH2, que cada tonelada de hidrogênio produzido por esse processo reduz as emissões entre 23 e 31 toneladas de CO2 equivalente - presumivelmente contando as emissões que seriam criadas se o lixo fosse queimado em vez de convertido em hidrogênio. Isso corresponde a algo entre 13 e 19 toneladas a mais de dióxido de carbono evitado do que qualquer outro processo de produção de hidrogênio verde.

Além disso, enquanto a eletrólise requer cerca de 62 kWh de energia para produzir um quilograma de hidrogênio, o processo da Solena é positivo em termos de energia, gerando 1,8 kWh por kg de hidrogênio, o que significa que a usina gera sua própria eletricidade e não requer energia externa.

A instalação será montada em uma área de 5 acres, em uma zona industrial de Lancaster, empregará 35 pessoas em período integral e criará cerca de 600 empregos na construção. A SGH2 espera começar a operação no primeiro trimestre de 2021 e alcançar o status operacional completo até 2023. A empresa está em negociações com os "maiores proprietários e operadores de estações de reabastecimento de hidrogênio da Califórnia" para comprar toda a produção da planta por um período de 10 anos.

A SGH2 diz que demonstrou a tecnologia em um projeto de sete anos em tamanho real na Pensilvânia, agora desmontado, e em uma instalação de teste de tocha de plasma na República Tcheca. A empresa diz que a tecnologia "foi examinada e validada, técnica e financeiramente, pelas principais instituições globais, incluindo o Banco de Exportação e Importação dos EUA, Barclays e Deutsche Bank e especialistas em gaseificação da Shell New Energies". No entanto, de acordo com a Power Magazine, ainda não levantou os US$ 55 milhões necessários para construir a usina.

Os números que o SGH2 apresenta são muito atraentes. No entanto, não temos certeza de qual metodologia foi usada para calcular os custos de produção, porque eles certamente não coincidem com os números deste estudo de custo de produção de hidrogênio de 2019, que mostra vários métodos de produção que estão abaixo dos US$ 2 por kg e eletrólise fotovoltaica solar custando apenas US$ 5,78 por kg. Talvez a tabela SGH2 inclua os custos de capital da construção de cada instalação.

De qualquer forma, o preço do hidrogênio na bomba precisa cair em torno de US$ 8 por kg antes de corresponder aproximadamente ao custo por quilômetro da gasolina, assumindo US$ 3,50 / galão (de acordo com a California Fuel Cell Partnership). Um preço de produção em torno de US$ 2 por kg deve tornar isso eminentemente possível.

Se o hidrogênio tende a ser uma parte substancial da nova economia de energia - o que teve acontecer pelo menos no Japão e na Coréia -, sua produção a partir do lixo parece uma maneira econômica e super ecológica, ao mesmo tempo em que reduz a pressão sobre aterros e a disposição de plásticos difíceis. A empresa diz estar em negociações para projetos similares na França, Arábia Saudita, Ucrânia, Grécia, Japão, Coréia do Sul, Polônia, Turquia, Rússia, China, Brasil e Austrália.

Fonte: New Atlas

Para acabar com lixões e gerar energia sustentável, Bento Gonçalves vai construir usina até dezembro


Mudança representará uma economia de aproximadamente R$ 300 mil mensais aos cofres públicos

Com usina em Bento Gonçalves, resíduos orgânicos do município não serão mais levados para o aterro em Minas do Leão - Foto: Léo Cardoso/Agencia RBS


As centenas de toneladas diárias de lixo orgânico geradas pela população de Bento Gonçalves devem ter, até o final deste ano, um destino tecnológico capaz de eliminar, aos poucos, a necessidade de aterros sanitários para o descarte dos resíduos. O projeto, que ocorre via parceira público-privada, pretende construir a primeira usina do Rio Grande do Sul que irá transformar o lixo doméstico em energia. Sem a necessidade de passarem pelo aterro, os resíduos serão direcionados diretamente para uma estrutura modular, evitando que a longa decomposição do lixo gere resíduos e prejudique o meio ambiente. Além disso, o processo permitirá a comercialização da energia gerada, com a transformação do material em gás, combustível e outras substâncias industrializadas.

A viabilidade do empreendimento já está adiantada: nesta semana, terminou a primeira etapa do chamamento público. Sete empresas — quatro gaúchas, além uma de Minas Gerais e outras de São Paulo e Santa Catarina — foram credenciadas pela prefeitura para montar e administrar a estrutura. Na próxima segunda-feira, o comitê gestor do município deve se reunir para validar quais são as propostas que seguem para a próxima etapa. No passo seguinte, então, as empresas selecionadas terão 90 dias para apresentar o modelo de usina que pretendem construir. Conforme o projeto, o município cederá o terreno e destinará os resíduos. Caberá à empresa construir e administrar a usina, que dará destino energético a 1,3 milhões de toneladas de resíduos produzidos no município anualmente. O contrato será de 25 anos.

Quando a usina entrar em funcionamento, os resíduos orgânicos não serão mais levados para o aterro sanitário no município de Minas do Leão, distante cerca de 210 quilômetros de Bento Gonçalves, o que representará uma economia de aproximadamente R$ 300 mil mensais aos cofres públicos.

Outros municípios podem participar

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico, Silvio Pasin, a previsão é de que o edital para a construção da usina seja lançado em abril, e a usina inicie o funcionamento em dezembro.

— Faltam estas questões burocráticas, de escolha da empresa responsável. Mas tivemos apoio da administração atual, do Legislativo e de toda a comunidade. Então, se tudo der certo, vamos encerrar o ano dando um grande passo para a transformação do meio ambiente e oferecendo mais qualidade de vida para nossa população — comemora Pasin, que há dois anos viabiliza o projeto.

O modelo de estrutura é orçado em R$ 100 milhões. Porém, o valor pode mudar de acordo com o projeto que for escolhido.

O secretário também explica que, inicialmente, o projeto é de Bento porque a usina será instalada no município. Mas, outras cidades poderão encaminhar os seus resíduos para o local futuramente.

COMO FUNCIONA A USINA
  • O lixo é descarregado pelo caminhão da coleta e colocado em uma esteira que separa os resíduos.
  • A esteira possui sensores que conseguem identificar plástico, papel, metal, vidro e lixo orgânico.
  • Na usina, após este processo de separação, todo o lixo orgânico cai em plataformas onde passará pelo processo da quebra de moléculas. Posteriormente, o material será transformado em energia.
  • O lixo reciclável será destinado aos recicladores do município para ter a destinação correta.
TIPOS DE USINAS
  • Plasma pirólise: utiliza a técnica de queima do lixo, porém insere uma quantidade menor de ar, o que dispensa menos fumaça ao meio ambiente desde o processo inicial. Os resíduos são transformados em um material cristalizado que pode ser utilizado para fazer gás, combustível e vapor.
  • Pirólise: também faz a incineração do lixo orgânico, mas com um aquecimento menor que o modelo de plasma. A fumaça que é liberada no ar é em maior quantidade, só que é inodora e não possui fuligem. Os resíduos são transformados em carvão, que pode ser utilizado para fazer calor e gerar energia.
  • Liquefação: através da água quente, as moléculas de lixo são quebradas. Neste momento, existe uma transição do estado sólido dos resíduos em uma substância líquida. Este processo também não agride o meio ambiente, mas acaba eliminando menos lixo. O conteúdo gerado pela transformação do material também pode ser utilizado para gerar energia.
A usina de biogás em Minas do Leão

Minas do Leão foi a primeira cidade gaúcha a construir uma usina que transforma lixo em energia. Porém, no formato adotado, o lixo permanece sendo dispensado num aterro onde, posteriormente, tubulações instaladas abaixo da terra retiram o gás metano gerado pela decomposição.

O processo, apesar de menos complexo, também reduz a emissão de gás carbônico no ambiente e contribui para a redução de gases do efeito estufa. A termelétrica utiliza o metano existente no biogás que, ao invés de queimá-lo e lançá-lo na atmosfera, é aproveitado para produção de energia.

O aterro sanitário de Minas do Leão foi projetado para uma capacidade total de 23 milhões de toneladas. Ele possui uma área de 500 hectares e recebe diariamente cerca de 3,5 mil toneladas de resíduos de Porto Alegre e de outros 130 municípios.

por Kamila Mendes

Planta-piloto que gera energia a partir de lixo é inaugurada no Rio


Uma tecnologia nacional para tratamento e aproveitamento energético do lixo orgânico começou a ser testada no Rio de Janeiro. Instalada na Estação de Transbordo da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) no bairro do Caju, a planta-piloto foi inaugurada no início do mês e pode extrair de 100 a 150 metros cúbicos de biogás por tonelada tratada, com 50 a 60% de concentração de metano.

A tecnologia, que produz adubo e gás natural a partir dos resíduos, foi desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em parceria com a Methanum Tecnologia Ambiental Ltda. e a Comlurb. Ligada à UFMG, a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), recebeu apoio não reembolsável de R$ 10,36 milhões do Fundo Tecnológico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investir no projeto, que obteve também uma contrapartida de R$ 11,66 milhões em recursos próprios da Methanum, empresa interveniente da operação.

A operação da planta-piloto permitirá testar os parâmetros de eficiência da tecnologia de metanização por compostagem anaeróbia e ampliar a escala. Com capacidade de tratamento de 30 toneladas por dia, a planta tem produção mensal estimada de biogás capaz de abastecer uma frota de mil carros ou gerar energia suficiente para pouco mais de mil casas.

Como funciona

A unidade é composta por módulos com o tamanho aproximado de um contêiner, que recebem o lixo e ficam lacrados por um período de duas a três semanas, enquanto as bactérias introduzidas no compartimento degradam a matéria orgânica e produzem metano. O gás é armazenado, enquanto o material remanescente é retirado e usado como fertilizante.

Os micro-organismos são pulverizados nos módulos por uma tubulação, com uso intensivo de eletrônica. Sensores e medidores permitem controlar e otimizar a produção de biogás. A planta conta ainda com um gerador para a produção de energia elétrica a partir da combustão do gás.

“Um dos méritos dessa tecnologia é ser adequada à realidade do lixo produzido no país”, observou a gerente Odette Campos, do Departamento de Meio Ambiente e Gestão do Fundo Amazônia do BNDES. “Diferentemente do que ocorre em outros países, onde tecnologias semelhantes são empregadas em larga escala, no Brasil e na maioria dos países da América Latina, não temos uma boa separação do lixo. Na grande maioria das cidades, não há um sistema de coleta seletiva abrangente, e o lixo orgânico chega para tratamento misturado ao lixo reciclável”. Isso impede que se importe uma tecnologia europeia ou americana, por exemplo.

Experimentações

A estação da Comlurb no Caju foi escolhida por receber resíduos sólidos de bairros distintos, com diferentes padrões de consumo e produção de lixo, oferecendo diversidade suficiente para simular as condições de diferentes municípios brasileiros. Além disso, a Comlurb já tem usina de compostagem convencional com digestão aeróbia no local, permitindo a comparação do resultado das duas tecnologias.

Empresa brasileira transforma lixo em biocombustíveis


O fato de os aterros sanitários serem uma ideia ultrapassada já é disseminado e conhecido por aqueles interessados em assuntos ligados ao meio ambiente. O necessário agora é encontrar alternativas para o destino final do lixo, que não o vejam como apenas algo a ser descartado, mas saibam aproveitar suas potencialidades. Exemplo disso é a iniciativa Bnpetro, do brasileiro Jonny Kurtz, presidente da empresa. “O lixo que é visto apenas como algo passivo ambiental poderá se transformar em um ativo financeiro”, comenta sobre a matéria-prima de sua empresa.

Seu trabalho consiste em retirar o lixo que está nos aterros e levá-lo para usinas, nas quais os resíduos, tanto plásticos quanto orgânicos, serão transformados em biocombustíveis. O produto final pode ser utilizado como diesel, gasolina e também matéria-prima para a indústria química e farmacêutica.

Kurtz vem trabalhando no projeto há aproximadamente 25 anos. O empresário vem de uma família de metalúrgicos e começou a pensar em como manejar o lixo enquanto procurava por formas de extração do alumínio. Atualmente, a empresa é financiada pelo setor privado e possui uma usina piloto, no oeste do estado de Santa Catarina, com capacidade de processamento de 100 quilos por hora. De acordo com Jonny, a unidade já comprova a eficácia do projeto. Seus próximos passos são buscar a implementação em escala industrial, com capacidade para o processamento de 700 toneladas de lixo por dia.

Lixo e aterros no Brasil

O trabalho da Bnpetro não beneficia apenas o meio ambiente, mas também a população. No Brasil, de acordo com um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe) de 2017, o Brasil tem quase três milhões de lixões ou aterros irregulares que impactam a vida de 77 milhões de brasileiros. Dessa forma, quando são pensadas outras alternativas para o descarte de resíduos sólidos, a saúde da população do Brasil é impactada também. O empresário também pretende com a empresa capacitar os catadores de lixo dos aterros. “A gente quer mudar a vida destas pessoas a partir da parceria de capacitação profissional com a Federação das Indústrias do Estado de Rio de Janeiro, a FIRJAN. Não temos que escravizá-las no lixo”, explica.

Os resultantes das usinas da Bnpetro também são menos prejudiciais ao meio ambiente em comparação aos combustíveis extraídos pela indústria petrolífera, pois não são fósseis. “Não tem enxofre no processo, o combustível fóssil tem. Como nós fazemos essa reação dentro do reator que é de aço inoxidável não ocorre a oxidação com o minério de ferro, logo, não tem o enxofre suspenso dentro, nem em formato de gás nem em formato de derivados do petróleo”, explica o presidente da empresa.

Atualmente o que Kurtz procura é expandir seus negócios para o mundo e mostrar como a iniciativa brasileira pode ser viável e introduzida em diferentes locais. O empresário foi a COP 24 para divulgar seu trabalho e também buscar por financiamento. Também sofre com a regulamentação de seu trabalho e com a concorrência com os setores petroquímicos, uma vez que o que propõe, uma ideia de economia circular para produzir combustível e dar um fim correto ao lixo, vai contra ao que a indústria do petróleo vem fazendo. “É uma mudança de paradigma neste setor na questão ambiental”, conclui.

Por Pedro Garcia e Rafaela Bonilla são correspondentes do CicloVivo na COP 24, Conferência Mundial do Clima que acontece em Katowice, na Polônia.

CIDADES DESCOBREM FORMAS MAIS INTELIGENTES DE RECOLHER O LIXO


Sensores wireless e painéis solares são algumas das tecnologias que as cidades estão a usar para tornar a recolha do lixo mais eficiente.

Segundo o Banco Mundial, até 2025, a quantidade de lixo urbano – ou resíduos sólidos urbanos (RSU) – mundial atingirá os 2,2 mil milhões de toneladas por ano e o custo global da gestão destes resíduos os 335 mil milhões de euros anuais. A recolha de lixo representa o maior custo individual da gestão municipal de resíduos urbanos e o seu custo ambiental é incalculável, conta o TreeHugger.

Os RSU costumam ser recolhidos por camiões do lixo, a diesel, que circulam pela cidade enquanto esvaziam os contentores de lixo, quer estes estejam cheios ou não. Quanto mais tempo passam nas ruas, maior a sua pegada de carbono. Este sistema também é ineficiente. Quando os contentores não são esvaziados a tempo, costumam transbordar, espalhando lixo pelas ruas.

É por estas razões que algumas cidades têm vindo a adotar soluções inteligentes para o lixo. Em março, Brooklyn adquiriu o primeiro conjunto de compactadores de lixo alimentados por energia solar, conhecidos como BigBelly, que utilizam sensores inteligentes que “sabem” quando devem começar a compactar o lixo dentro deles. Também estão ligados à cloud e dão sinal quando estão cheios, tornando a recolha mais eficiente e reduzindo as viagens dos camiões de lixo. Os BigBelly têm sido adotados por outras cidades e estados, como Leeds, na Inglaterra, e Queensland, na Austrália.


A empresa finlandesa Enevo inventou um sistema – o Enevo One – que utiliza pequenos sensores wireless instalados nos contentores do lixo que fornecem informação em tempo real sobre a quantidade de lixo que contêm. O sistema não só analisa os dados para determinar quando o contentor estará cheio, como também elabora o plano mais economicamente viável para recolher o lixo, com base no nível de resíduos no contentor, na disponibilidade do camião do lixo e no trânsito. Isto faz com que as cidades poupem tempo e dinheiro, ao mesmo tempo que ajuda a reduzir as emissões de carbono, a utilização e consequente deterioração das estradas e dos veículos e a poluição sonora e atmosférica.

Há, no entanto, quem veja em projetos como este, que geram grandes quantidades de dados, um potencial de vigilância pública.

Copenhaga instalou, em junho, um “laboratório inteligente” no centro da cidade, numa tentativa de o tornar num motor “para o desenvolvimento de soluções sustentáveis para resolver futuros desafios urbanos”. Um dos seus focos foi a recolha inteligente de lixo. “Ao serem usados sensores nos contentores de lixo, seremos, talvez, capazes de planear como manter a cidade limpa de formas mais inteligentes do que as de hoje em dia”, disse Morten Kabell, Vereador dos Assuntos Técnicos e Ambientais de Copenhaga.

Fonte: The Uniplanet

Empresa quer transformar lixo marinho em biocombustíveis


A Enerkem é uma empresa que aposta na utilização de resíduos para fabricar biocombustíveis. Com sede em Montreal, no Canadá, ela acaba de anunciar que agora vai explorar oportunidades para fazer o mesmo com os resíduos de plástico oceânico e lixo marinho.

A companhia discutiu com a The Ocean Legacy Foundation, uma organização canadense sem fins lucrativos que realiza expedições periódicas de limpeza costeira, para explorar formas de recuperar os plásticos dos oceanos para produzir combustíveis aproveitando a tecnologia que já usa em sua operação atual.

“Nossa tecnologia de resíduos para biocombustíveis e produtos químicos já está abordando as questões relacionadas ao lixo urbano, incluindo plásticos. Através dessa colaboração, estamos comprometidos em analisar iniciativas locais concretas para transformar resíduos de plástico oceânico em produtos valiosos”, afirma Marie-Helene Labrie, vice-presidente sênior de assuntos governamentais e comunicações da Enerkem.

O novo investimento vem após o sucesso da primeira instalação de resíduos para biocombustíveis, lançada em Edmonton, capital da província canadense de Alberta. Por lá, diversos resíduos domésticos não recicláveis ​​e não compostáveis, além de plásticos irrecuperáveis, são transformados em ​​metanol, etanol e produtos químicos de baixo carbono.

O compromisso foi assumido durante a Reunião Ministerial do G7 sobre Meio Ambiente, Energia e Oceanos, que acontece no país. Durante o evento, foi ressaltada a importância de engajar e apoiar formas de enfrentar a mudança climática, melhorar a saúde dos oceanos do mundo e transformar a maneira como produzimos, transportamos e usamos energia.

Agentes internacionais se aliam a Santos (SP) para combater lixo marinho


Uma delegação da Agência de Proteção Ambiental da Suécia (Sepa) esteve em Santos, litoral de São Paulo, pela primeira vez, nesta terça-feira (18), para conhecer a primeira cidade brasileira que está realizando um estudo que tem como objetivo encontrar soluções para o lixo marinho produzido em solo, a partir da identificação dos resíduos, das fontes poluidoras e do destino desse material.

A ideia é propor ações de prevenção ao lançamento de resíduos no oceano, com o engajamento da população.

A pesquisa, que não tem ônus para a Prefeitura, é fruto de uma parceria que envolve a Administração Municipal, Sepa e a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA), que no Brasil é representada pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

“A cidade de Santos foi escolhida porque encontramos todo o suporte da administração local para buscarmos dados, engajar todos os setores, além da proximidade com São Paulo e a presença do maior porto da América Latina”, afirma Mats Kullberg, especialista sênior da Sepa.

Mats Kullberg durante coletiva. | Foto: Rogério Bomfim/Divulgação

O projeto teve início em julho e terá 12 meses de duração. Atualmente, está sendo realizada a coleta de informações, por imagens e amostragem, para um banco de dados no qual constarão informações sobre o tipo de material que está vazando, sua origem e seu destino ao ser lançado irregularmente. Esse diagnóstico está a cargo do Instituto Ecofaxina, que atua tanto na faixa de areia quanto nas regiões de mangue, onde se encontram palafitas.

A expectativa é de que, em 45 dias, esse levantamento esteja concluído. Em novembro, dois servidores de carreira da Prefeitura serão capacitados por técnicos da ISWA/Sepa na Suécia. Durante cinco dias, terão contato com prefeituras suecas para saber como lidam com a questão do lixo e como engajam o munícipe.

Quando retornarem ao Brasil, farão um raio-X para identificar quanto é gerado de resíduo, onde está a concentração, quanto é retirado das praias durante a semana, nos finais de semana e feriados, entre outros estudos.

Os dados serão enviados aos técnicos internacionais para sugestão de ações prioritárias, além de debates em Santos com técnicos da Prefeitura e de outras entidades em workshop previsto para o início de 2019. Dessa forma, será traçado um plano estratégico para Santos eliminar o lixo marinho, com ações de curto, médio e longo prazos.

“Esperamos que o plano de ações esteja concluído até janeiro. Ele trará um componente de comunicação importante sobre como envolver e sensibilizar a população a fazer a sua parte”, diz Gabriela Otero, coordenadora do projeto.

Como é na Suécia

O país europeu não possui aterros sanitários e não utiliza a palavra “resíduo”, já que todo lixo é reaproveitado integralmente como recurso, seja por meio da reciclagem, da recuperação energética ou do aproveitamento da fração orgânica.


Gestão sustentável do Brasil é posta em xeque por decisão do STF

O Supremo Tribunal Federal proibiu a construção de aterros sanitários em áreas de proteção permanentes, as chamadas APPs (Área de Preservação Permanente), em fevereiro deste ano. Dado a proibição, dezesseis capitais brasileiras, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro, terão que encontrar outro local para descartar seu lixo e resíduo.


Os aterros eram considerados como de interesse social até quatro meses atrás, porém, devido a caminhos indiretos, a proibição ocorreu através da decisão do tribunal de que os empreendimentos destinados à gestão de resíduos não sejam mais de utilidade pública.

Cerca de 80% deles, ainda que parcialmente, ocupam zonas de preservação ambiental. No estado de São Paulo todos os aterros sanitários funcionam através dos APPs. Segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), 369 unidades no estado operam 39,9 mil toneladas de resíduos por dia.

Segundo a Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana), são produzidas diariamente, 21 toneladas de lixo na Capital Paulista, sendo 11,8 mil transportadas aos aterros. Sendo, que no Brasil, em 3.331 municípios, quase que 60% do total, ainda enviam seus resíduos para lixões.

No entanto, especialistas ainda desconhecem a amplitude da decisão, devido ao acórdão, a cargo do Ministro Luiz Fux, não ter sido publicado, o que gera dúvidas se a decisão irá ser aplicada apenas em futuros empreendimentos ou em instalações que estejam funcionando.

De acordo com Marcio Matheus, presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana, houve um equívoco no calor da votação devido a matéria ser totalmente técnica. Ainda explica, que lixão é considerado um local não técnico para envio de lixo, tornando-se crime por não fazer parte da preservação ao meio ambiente, o que difere da gestão de resíduos, que se trata do cuidado a preservação.

Seria uma armadilha?

Segundo Antonio Storel Júnior, engenheiro agrônomo e coordenador de resíduos orgânicos da gestão Haddad, a decisão imposta em prol da proibição de aterros não nasce do STF, mas do custo gasto pelo empreendimento, que pode ultrapassar R$ 250 milhões.

Conforme afirma Storel, a crise fiscal inviabiliza não só a construção de novos aterros, mas o licenciamento, a logística e o gasto para conservação do terreno, além do encerramento das atividades também pesar para os cofres públicos.

Um novo meio sustentável

A Braskem anunciou parceria com a empresa Dinâmica Ambiental para implementação do Programa de Logística Reversa de Copos Plásticos de Polipropileno (PP), a fim de gerar valor para a cadeia do plástico e promover a importância do descarte correto e da reciclagem.

A iniciativa faz parte da plataforma Wecycle, que proporciona a valorização de resíduos ao longo de toda cadeia produtiva.

A Braskem e a Dinâmica Ambiental disponibilizarão o recolhimento apropriado para a coleta dos copos descartados em empresas e estabelecimentos comerciais. Empresas que estiverem interessadas podem participar do programa, associando-se e se tornando apoiadora ou adentrando como participante, optando pela logística reversa dentro de sua empresa.

O que for coletado será levado para recicladoras parceiras da plataforma, e será transformado em resina pós-consumo, usada na fabricação de novos produtos, como tampas para cosméticos, utensílios domésticos, e etc.