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Cientistas encontram microplástico em 100% das tartarugas analisadas (de diferentes partes do mundo)!


Plástico é um velho problema nos oceanos! Estima-se que até 2050 terá mais plástico que peixes nos mares ao redor do mundo. Um novo estudo da Universidade Exeter and Plymouth Marine (Inglaterra) em parceria com o Greenpeace recentemente publicou um estudo que comprovou presença de microplásticos em 100% das tartarugas analisadas. 

No total, foram mais de 102 tartarugas dos três diferentes oceanos e sete diferentes espécies. Apenas tartarugas já mortas naturalmente ou por acidente foram consideradas no trabalho. Segundo os pesquisadores, o mais comum a ser encontrado é a fibra plástica que pode ser usada para fabricar roupas, pneus, filtros de cigarros e equipamento para pesca. 

Para Brendan Godley, autor do estudo, encontrar microplásticos é um claro sinal de que precisamos começar a nos esforçar mais para reduzir o lixo produzido globalmente. “O impacto dessas partículas nas tartarugas ainda é desconhecido”, Emily Duncan faz o contraponto. “Seu pequeno tamanho significa passar pelo intestino sem causar bloqueio, como é frequentemente reportado”, conclui. 

As tartarugas com maiores concentrações da substância foram encontradas no Mar Mediterrâneo, provavelmente com maiores taxas de poluição – apesar do estudo não ter amostra suficiente para concluir comparações geográficas. Ainda não é claro a fonte de ingestão das tartarugas (se direta ou indireta). 

O próximo passo ao grupo de pesquisadores é entender os efeitos do microplásticos em organismos aquáticos. Possivelmente as partículas podem transmitir contaminantes, bactérias ou vírus que podem afetar a tartaruga em um nível celular ou subcelular.

Foto: MarcelloRabozzi

A contribuição da economia circular na redução da poluição plástica

Ao celebrar o dia mundial do meio ambiente em junho de 2018, a ONU destacou os riscos que o planeta corre devido a poluição provocada pelos materiais plásticos, principalmente nos oceanos. Segundo dados da ONU, todos os anos são lançados nos oceanos 8 milhões de toneladas de plástico. Desse volume a quantidade de sacolas plásticas chega a 5 trilhões. A cada minuto são consumidos no mundo 1 milhão de garrafas plásticas. Se nada for feito até 2050 os oceanos terão mais plásticos que peixes.

A gravidade da poluição causada pelo consumo de plásticos está bem documentada não restando dúvidas da sua gravidade. Do espaço se pode observar a que extremos chega a poluição plástica nos oceanos. No Oceano Pacífico pode ser vista uma mancha de contaminação que atinge 1,6 milhões de km2 (aproximadamente o tamanho do Estado do Amazonas) e contém em torno de 80 milhões de toneladas de plástico.

Nesse contexto, as empresas e sua forma de agir cumprem um papel decisivo. As transformações necessárias devem estar vinculadas a uma mudança de paradigma passando de uma economia linear, modelo que predomina atualmente baseado em extrair, fabricar, utilizar e eliminar para outro modelo com base em reduzir, reutilizar e reciclar, utilizando menor quantidade de recursos de forma mais eficiente.


A economia circular é baseada num sistema que utiliza uma lógica que é ao mesmo tempo social, econômica e ambiental. Nasce da consciência de que a separação dos resíduos reutilizáveis gera, por um lado, postos de trabalho e, por outro, matéria-prima mais acessível.

A solução para os problemas passa pela prevenção na geração de resíduos plásticos e o aumento de sua reciclagem, além do estímulo a novos modelos de negócios, produção e consumo circulares que cubram toda a cadeia de valor.

A produção mundial de plástico deverá aumentar nos próximos anos. Em 2017, foram produzidos 348 milhões de toneladas e a expectativa é que em 2035 esse número seja duplicado. Nesse caso, a solução passa pela produção de materiais plásticos duráveis que sejam reutilizáveis e possibilitem a reciclagem de alta qualidade.

O movimento mundial contra a poluição dos plásticos tende a crescer e a indústria do setor deve ser receptiva a essa demanda mundial.

Em 2015, a União Europeia adotou um plano de ação para uma economia circular colocando os plásticos como prioridade. Estabeleceu a política a ser implementada pelo Bloco nos próximos anos tendo como meta ter todas as embalagens de plásticos reutilizáveis ou recicláveis de modo rentável até 2030.

Em outubro de 2018, na Conferência dos Oceanos realizada em Bali, na Indonésia, o documento final abordou a poluição plástica propondo que fossem adotadas ações visando “implementar estratégias robustas e de longo prazo para reduzir o uso de plásticos e micro plásticos, particularmente, sacolas plásticas e plásticos de uso único, inclusive, através de parcerias com partes interessadas em níveis relevantes para abordar sua produção, promoção e uso”.

Nessa mesma Conferência foi lançado o Acordo Global da Nova Economia do Plástico, com a participação das companhias, que juntas representam 20% de todas as embalagens plásticas produzidas globalmente. Entre elas, empresas de bens de consumo como Danone, H&M, L’Oréal, Mars, Incorporated, Natura, PepsiCo, Coca-Cola e Unilever, além de importantes fabricantes de embalagens como Amcor, fabricantes de plásticos incluindo a Novamont, e a especialista em gestão de recursos Veolia.

Cinco fundos de investimento endossaram o compromisso global e asseguraram mais de 200 milhões de dólares para criar uma economia circular para o plástico.

Entre os principais objetivos do Acordo Global estão:

Eliminar embalagens plásticas desnecessárias e problemáticas e passar de embalagens de uso único para modelos de embalagens reutilizáveis.

Inovar para garantir que 100% das embalagens de plástico possam ser reutilizadas ou recicladas de forma fácil e segura para o ano de 2025.

Circular o plástico produzido. Aumentar significativamente o uso de plásticos que tenham sido reutilizados ou reciclados e convertidos em novas embalagens ou produtos. A eliminação de plásticos problemáticos e desnecessários é uma parte essencial da visão do Acordo global e fará com que seja mais fácil manter os plásticos restantes dentro da economia e fora do meio ambiente.

Não são só as empresas e governos que são responsáveis pelo controle do uso dos plásticos. Cada pessoa pode fazer a sua parte no cotidiano. A própria ONU indica ações simples que podem ser adotadas no dia a dia para acabar com a poluição plástica. Entre elas estão: levar a própria sacola ao supermercado, recusar canudos e talheres de plástico, preferir garrafas de água reutilizáveis, apanhar o plástico que encontrar na rua enquanto estiver caminhando e apoiar políticas governamentais contra o uso único das sacolas de plástico.

Sacolas Plásticas 100% Orgânicas que podem biodegradar e virar ração animal


A startup indiana EnviGreen criou um novo processo sustentável para fabricar sacolas plásticas 100% orgânicas feitas de produtos alimentícios naturais que podem biodegradar em menos de um dia ou se tornar ração animal depois de descartadas, o que as torna verdadeiros produtos orgânicos. As sacolas EnviGreen se dissolvem em água quente e não contém produtos tóxicos para o ambiente.

O empresário indiano Ashwath Hegde, fundador da EnviGreen, estava à procura de um substituto ambientalmente amigável para as poluentes sacolas plásticas feitas de polímeros petroquímicos usadas no varejo em todo o mundo. Ele passou quatro anos trabalhando em uma solução usando uma combinação de 12 ingredientes incluindo batata, tapioca, milho, amido natural, óleo vegetal, banana e óleo de flor, para criar sacolas 100% orgânicas, comestíveis e naturalmente biodegradáveis.

Todas as matérias-primas são primeiro convertidas na forma líquida para, em seguida, passarem por seis etapas de produção antes do produto final estar pronto.Uma vez descartadas no solo, as sacolas se decompõe em três meses mas com o uso de água, elas podem ser eliminadas em um dia ou até mesmo em segundos, se for utilizado água fervente. Mas as sacolas quando em uso são super resistentes. A produção em larga escala começou em Bangalore, e a empresa pretende expandir-se para outras cidades indianas antes de iniciar a distribuição aos pequenos comerciantes.

As sacolas orgânicas estão atualmente sendo utilizadas por várias grandes redes de varejo na Índia, Abu Dhabi e Qatar e a abordagem sustentável da EnviGreen inclui trabalhar com os agricultores locais que fornecem as fontes das matérias-primas. Com mais de um milhão de sacolas plásticas sendo usadas a cada minuto, ainda há um longo caminho a percorrer para reduzir substancialmente os resíduos de plástico petroquímico.

Felizmente, projetos de todo o mundo estão encontrando maneiras de fazer a diferença como o plástico biodegradável criado por pesquisadores brasileiros que é feito de frutas e comestível e a embalagem comestível que pode ser cozida ou frita com os alimentos. Mais informações na página da empresa no facebook.


Insetos e animais se banqueteando com as sacolas orgânicas sem produtos tóxicos da EnviGreen seguindo os conceitos de bioeconomia e economia circular. Fantástico!

Fonte: Stylo Urbano

Holanda inaugura ciclovia feita com plástico reciclado


A ciclovia fica na cidade de Zwolle, possui 30 m de extensão e conta com o equivalente a 218 mil copos plásticos em sua composição.

(Reprodução/CASACOR) 

O destino do plástico usado no planeta é uma das questões-chave da sustentabilidade. Em setembro, a Holanda – reconhecida internacionalmente pelo amplo uso de ciclovias – pode ter chegado em uma possível solução. Acaba de ser inaugurada, em Zwolle, Nordeste do país, a primeira ciclovia que tem em sua composição 70% de plástico reciclado de garrafas, copos e embalagens. O caminho possui 30 m, contém o equivalente a 218 mil copos plásticos e deve durar três vezes mais do que seu par de asfalto. 

(Reprodução/CASACOR) 

Composta de blocos pré-fabricados, a via conta com sensores que a monitoram e indicam o desempenho, a temperatura e o número de bicicletas passando. Quando montados, o caminho formado também serve como reservatório de água, já que a constituição é porosa e drena a chuva. 

Em entrevista ao jornal The Guardian, Anne Koudstaal e Simon Jorritsma, responsáveis pelo projeto, explicam que a ciclovia é só o começo e que pretendem aumentar ainda mais a porcentagem de plástico na composição. “Vocês vêem uma garrafa, nós vemos uma estrada” afirmou Jorritsma quando apresentou o plano ainda em 2015. 

(Reprodução/CASACOR) 

Hoje, o asfalto concreto é responsável pela emissão de 1,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, e no início de 2018, a União Européia lançou um plano urgente para que até 2030, todos os resíduos plásticos de embalagens sejam reutilizável ou reciclado

Empresa quer transformar lixo marinho em biocombustíveis


A Enerkem é uma empresa que aposta na utilização de resíduos para fabricar biocombustíveis. Com sede em Montreal, no Canadá, ela acaba de anunciar que agora vai explorar oportunidades para fazer o mesmo com os resíduos de plástico oceânico e lixo marinho.

A companhia discutiu com a The Ocean Legacy Foundation, uma organização canadense sem fins lucrativos que realiza expedições periódicas de limpeza costeira, para explorar formas de recuperar os plásticos dos oceanos para produzir combustíveis aproveitando a tecnologia que já usa em sua operação atual.

“Nossa tecnologia de resíduos para biocombustíveis e produtos químicos já está abordando as questões relacionadas ao lixo urbano, incluindo plásticos. Através dessa colaboração, estamos comprometidos em analisar iniciativas locais concretas para transformar resíduos de plástico oceânico em produtos valiosos”, afirma Marie-Helene Labrie, vice-presidente sênior de assuntos governamentais e comunicações da Enerkem.

O novo investimento vem após o sucesso da primeira instalação de resíduos para biocombustíveis, lançada em Edmonton, capital da província canadense de Alberta. Por lá, diversos resíduos domésticos não recicláveis ​​e não compostáveis, além de plásticos irrecuperáveis, são transformados em ​​metanol, etanol e produtos químicos de baixo carbono.

O compromisso foi assumido durante a Reunião Ministerial do G7 sobre Meio Ambiente, Energia e Oceanos, que acontece no país. Durante o evento, foi ressaltada a importância de engajar e apoiar formas de enfrentar a mudança climática, melhorar a saúde dos oceanos do mundo e transformar a maneira como produzimos, transportamos e usamos energia.

A reciclagem realmente ajuda a reduzir a poluição de plásticos nos oceanos?


Sim. Uma vez que 60 a 90% do lixo marinho é constituído por diferentes polímeros de plástico, uma das principais soluções para combater a poluição marinha em nossos oceanos seria reduzir nossa ‘pegada de plástico’ – o uso de plástico por pessoa –, inclusive através de esforços para reutilizar e reciclar todo o plástico em vez de jogá-los fora depois de um uso, bem como implementar uma melhor coleta de lixo em nossas costas.

Estimativas recentes mostram que o nosso mundo produziu cerca de 322 milhões de toneladas de plástico em 2015 – e cerca de 8 milhões de toneladas acabaram nos nossos oceanos. A reciclagem é uma das principais maneiras pelas quais todos podemos fazer nossa parte para enfrentar esse desafio global e reduzir a poluição.

Não jogue simplesmente o plástico fora; reduza, reutilize, recicle e repense seus hábitos de consumo. Descartar o plástico é um grande problema e não uma solução; o lixo não vai simplesmente sumir.


O primeiro navio movido a lixo plástico: Plastic Odyssey


Apoiado pela Fundação Veolia, a equipe da Plastic Odyssey projetou um catamarã movido a energia a partir da reciclagem de resíduos plásticos em combustível. Um protótipo foi lançado em 15 de junho em Concarneau, Bretanha, na presença de Brune Poirson, Secretário de Estado do Ministro de Estado, Ministro da Transição Ecológica e Solidariedade, e do navegador Roland Jourdain.

"Todos os dias, 26 mil toneladas de lixo plástico são despejadas no oceano e, para impedir a liberação deste material em nossos oceanos, devemos agir na costa", disse Simon Bernard, ex-oficial da Marinha Mercante. equipe de engenheiros, este último imaginou a Odisséia de Plástico, um catamarã de 25 metros não exatamente igual aos outros.


É o combustível utilizado pelo barco que é original: é movido por um combustível produzido a partir de resíduos plásticos não recicláveis. Este processo único, que converte piroliticamente o plástico em diesel e gasolina sob a ação do calor, foi desenvolvido pela SARP Industries, uma subsidiária da Veolia.


Esta "oficina de reciclagem flutuante" irá circunavegar o mundo, parando em locais onde a poluição plástica da linha costeira é a mais marcante: a cada parada, os resíduos plásticos serão coletados, separados, depois transformados. Alguns dos plásticos serão processados ​​e reciclados em oficinas com empresários e artesãos locais; o resto será convertido em combustível para o navio.


Hoje é lançado um protótipo, antes da construção do barco que terá início em 2019. A partir de 2020, a expedição viajará pelo mundo durante três anos para conscientizar o maior número de pessoas a combater a poluição plástica.






Assista o vídeo:


A escultura gigante de uma baleia feita com lixo


O estúdio de arquitetura de Nova York, STUDIOKCA, construiu uma escultura gigante de uma baleia feita com lixo descartado no oceano.

A estrutura tem em seu total 11 metros de altura e foi feita com 4.535 Kg de lixo plástico que estavam espalhados pelos mares.


O projeto tem o intuito de a alertar as pessoas de como as cidades em torno do mundo todo contribuem para que mais de 150 milhões de toneladas de plástico pairam nos oceanos.

Para concluir o projeto, o estúdio fez uma parceria com a Fundo de Vida Selvagem do Hawaii – que organizou várias limpezas em diversas praias para coletar o material do qual a baleia foi confeccionada.


A baleia feita com lixo







Mortes de animais marinhos sufocados por sacolas cai 67% no Quênia


Produzir e utilizar sacolas de plástico está proibido no Quênia desde agosto do ano passado e desde que a lei entrou em vigor já foram observados alguns resultados, como a queda drástica no número de mortes de animais marinhos por sufocamento provocadas por sacolas plásticas, por exemplo.

Antes da proibição de sacolas, três a cada 10 animais marinhos encontrados por profissionais haviam morrido por terem sufocado com sacolinhas. Até abril, oito meses após a sanção da lei, o número já havia caído para uma morte por sufocamento a cada 10 animais encontrados pelos ambientalistas. Diretamente, isso representa uma queda de 67% nas mortes por sufocamento.

Punição e multa

A decisão do Quênia ficou conhecida no mundo por ser considerada muito dura. A punição para quem burlar a lei é de $40 mil dólares americanos e até quatro anos de prisão. A multa pode ser aplicada em caso de fabricação, comercialização e até uso de sacolas plásticas no país.

Vale lembrar que o Quênia já foi um dos maiores exportadores de sacolas plásticas do mundo e tanto a indústria quanto a população do país ficaram impactados com a decisão. Apesar disso, a lei se manteve e já apresenta resultados positivos.

Quênia proíbe sacolas plásticas e número de animais marinhos sufocados por elas cai 67%


O Quênia, que já foi um dos maiores exportadores de sacolas plásticas do mundo, agora é referência global na proibição das mesmas. Desde agosto de 2017, o país africano sancionou lei que já é conhecida como a mais severa do mundo a respeito do assunto.

A medida prevê multa de até US$ 40 mil e prisão de até quatro anos para quem for pego comercializando, comprando e até mesmo usando sacolas plásticas. Sim: carregar sacolinhas no meio da rua passou a ser crime também!

Muita gente não gostou, a indústria reclamou, cidadãos foram presos… Mas passada a fase de adaptação, a medida trouxe uma série de benefícios para o país – e deverá inclusive ser replicada por outras nações, como Uganda, Tanzânia e Sudão do Sul.

Entre outros resultados positivos, a quantidade de animais marinhos que eram encontrados mortos por sufocamento provocado por sacolas plásticas caiu 67%. Antes, três a cada 10 animais encontrados pelos ambientalistas haviam morrido por conta de sacolinhas. Hoje, apenas oito meses após a proibição, essa taxa já caiu para um em cada 10. Imagina no longo prazo?

E mais: a prática (infelizmente muito comum nos países africanos!) de fazer cocô em sacos plásticos e descartá-los ao léo, por conta da falta de condições básicas de saneamento, diminuiu. Na capital de Nairóbi, por exemplo, o número de pessoas que passou a pagar para usar banheiros públicos aumentou de 300 para 400 por dia.

Ao redor do mundo, Irlanda, Escócia, Dinamarca, Alemanha, Portugal e Hungria também já impuseram leis para as sacolas plásticas, obrigando os consumidores a pagarem por elas, numa tentativa de estimular seu consumo consciente. Na América Latina, o Chile foi o primeiro (e, por enquanto, único) país a tomar a decisão.

Enquanto isso, no Brasil… nenhuma medida muito concreta foi tomada. Até quando?

Baleia ameaçada de extinção é encontrada morta com 29 quilos de plástico no estômago


Uma baleia da espécie cachalote – que, vale lembrar, está ameaçada de extinção – foi encontrada morta na costa de Múrcia, no sudeste da Espanha.

A notícia, que já era ruim, ficou ainda mais triste após descobrirem o motivo da morte do animal: choque gástrico, uma vez que a baleia possuía 29 quilos (!!) de resíduos plásticos em seu estômago. Entre eles, sacolas, redes de pesca e cordas.

De acordo com o Centro de Recuperación de Fauna Silvestre El Valle, que fez a autópsia do animal, as paredes internas do seu abdômen estavam completamente inflamadas devido à infecção causada por fungos e/ou bactérias provenientes de todo lixo que engoliu em alto-mar.

Pesquisas apontam que o ser humano descarta cerca de oito milhões de toneladas de plástico nos oceanos todos os anos. É tanto lixo tóxico à vida marinha que, se continuarmos nesse ritmo, até 2050 haverá mais plástico do que peixes em nossos mares.

Mergulhadores flagram fundo do mar de ilha “preservada” da Ásia repleto de garrafas plásticas


Se está assim na Ilha de Xiaoliuqiu, imagina no resto do mundo? Localizada em Taiwan, no continente asiático, a porção de terra é conhecida como Pérola do Mar, exatamente por ser berço de corais e possuir uma diversidade incrível de fauna e flora, em que se destacam tartarugas verdes, estrelas do mar e ostras – que podem, inclusive, ser vistas facilmente na praia.

Dá para imaginar, portanto, a surpresa de mergulhadores ao flagrar um tapete de garrafas plásticas cobrindo o fundo do mar da ilha, que (vale lembrar!) é habitada por apenas seis mil pessoas. Xiaoliuqiu é uma das sete ilhas de corais com área superior a seis quilômetros quadrados no mundo, que demoraram centenas de anos para se formar – e, agora, tamanha riqueza natural está ameaçada por conta da falta de consciência do ser humano.


Estudo recente mostra que, apenas em 2015, o planeta produziu 6,3 bilhões de toneladas delixo plástico. Deste montante, apenas 9% foi reciclado e 12% incinerado. Alguém chuta para onde foram os outros 79%? Outra pesquisa promovida pela Fundação Ellen MacArthurapontou que, se continuarmos nesse ritmo, até 2050 teremos mais plástico do que peixes nos oceanos. Algo está bem errado, não?






Chile é primeiro país da América Latina a proibir uso de sacolas plásticas


Não tem choro nem vela! No Chile, o uso de sacolas plásticas já está proibido em mais de 100 cidades e vilarejos ao longo da costa do país. O motivo é um só: tentar acabar com a poluição ambiental e com a matança de animais marinhos que acontece por conta do uso indiscriminado e descarte irresponsável das sacolinhas.

Segundo estudo realizado pela revista Science, oito milhões de toneladas de resíduos plásticos são jogadas nos oceanos todos os anos. Grande parte delas, além de contaminar os ecossistemas marinhos, matam os animais que por vezes ficam presos nas sacolinhas e são estrangulados por elas – ou ainda que as ingerem achando que se tratam de algum alimento.

Com a adoção da medida, o Chile ganha o nobre título de primeiro país da América Latina a proibir o uso de sacolas plásticas. A lei foi assinada em 2017 pela presidente Michelle Bachelet e prevê multa de até US$ 300 para quem desobedecer a nova norma.

A atitude, claro, é louvável, mas importante destacar que o Chile tem uma importante motivação econômica para tomá-la: isso porque o país é o maior exportador de salmão para o mercado brasileiro, além de vender em demasia outras espécies para o mundo – como mexilhão e truta arco-íris. Em 2016, os pescados representaram mais de 7,5% das exportações chilenas. Logo, manter seus ecossistemas marinhos preservados é também uma questão de dinheiro para o país.

Efeitos da proibição de sacolas plásticas já são percebidos no litoral do Quênia


Funcionários do parque marinho Melinde, no Quênia, elogiaram a recente proibição do uso de sacolas plásticas imposta pelo governo do país com o objetivo de aumentar os esforços de conservação ambiental ao longo do litoral. De acordo com eles, a quantidade de lixo plástico que chega ao oceano já caiu drasticamente dez semanas após o banimento.

“A proibição realmente ajudou nossa equipe na conservação do parque marinho e das praias de areia. Esperamos que a NEMA (Autoridade Nacional de Gestão Ambiental, na sigla em inglês) estenda a proibição às garrafas plásticas descartáveis ou limite seu uso”, disse a conselheira sênior do parque, Jane Gitau.

Durante uma ação de limpeza ao longo da praia de Coco, em Watamu, a equipe coletou 534 quilos de lixo plástico, um número muito menor do que havia sido coletado há dois meses.

Gitau afirmou que a maior parte dos resíduos coletados eram garrafas plásticas, provavelmente de visitantes da praia. “Sacolas plásticas são a principal causa da morte de tartarugas, elas confundem sacos plásticos com medusas, enquanto as garrafas plásticas costumam prendê-las até a morte”, disse ela.

De acordo com a conselheira do parque, as sacolas plásticas são, em parte, responsáveis pela diminuição das populações de peixes ao longo do litoral do Quênia. Ela lembrou que esses produtos “geralmente sufocam recifes de corais destinados a gerar alimentos para peixes, além de atuar como assentamento”.

Hoteleiros e trabalhadores da região também participaram da ação de limpeza organizada pelo Kenya Wildlife Service (KWS) com o objetivo de livrar as praias da poluição plástica.

Por ONU Brasil

Entenda o impacto ambiental do lixo plástico para a cadeia alimentar

Plástico se fragmenta virando microplástico e causa uma série de prejuízos ambientais ao entrar na cadeia alimentar.


Imagem: "The cycle of petroleum" por Ingrid Taylar, licenciada sob CC BY 2.0

O impacto ambiental do lixo plástico no oceano e, consequentemente, na cadeia alimentar, se tornou uma verdadeira preocupação ambiental para governos, cientistas, ONGs e pessoas comuns do mundo inteiro.

Um estudo realizado durante seis anos pelo 5 Gyres Institute estimou que há cerca de 5,25 trilhões de partículas de plástico flutuando no oceano, o que é equivalente a 269 mil toneladas de plástico.

E o pior é que parte de todo esse plástico - no formato de microplástico - acaba entrando na cadeia alimentar e prejudicando diversos organismos, inclusive humanos.

O mais alarmante é que, uma vez no ambiente, os microplásticos absorvem substâncias químicas perigosas e são ingeridos por organismos marinhos, penetrando em toda a cadeia alimentar, inclusive a terrestre. Além de absorverem substâncias químicas perigosas persistentes e bioacumulativas, em muitos casos o próprio microplástico é feito de materiais perigosos para os organismos, como no caso de plásticos que contém bisfenóis.

Plástico na cadeia alimentar

Diferentes tipos de plástico marinho acabam em partes diferentes da cadeia alimentar. Sacolas de plástico, por exemplo, se parecem com águas-vivas e são consumidas pelas tartarugas.


Um quetognata (animal do fitoplancton) comendo uma fibra de microplástico. 
Fonte: Dr Richard Kirby

O lixo plástico pode viajar por longas distâncias. Um estudo mostrou que o microplástico presente no gelo Ártico percorreu quase mil quilômetros de uma praia da Noruega até chegar no gelo.

Anna Marie Cook, uma das cientistas líderes da Agência de Proteção Ambiental dos EUA, acredita que as estimativas sobre a quantidade de plástico existente no oceano são subestimadas. Isso porque as estimativas são feitas com o uso de redes de arrasto de plástico da superfície do mar. Não são contabilizados os plásticos que afundam, o que faz com que o alcance do problema do microplástico na cadeia alimentar seja subestimado: "Um pouco mais de metade de todo o plástico afunda, seja no ambiente de sedimentos perto da costa ou no fundo do oceano", explica Marie Cook.

O plástico está presente em todo o planeta. Foi levado para as praias mais remotas e se acumula em regiões distantes, sendo descoberto em organismos mortos, desde peixes até pássaros e baleias.

O futuro não nos reserva boas notícias, já que a produção mundial de plástico cresce constantemente há mais de meio século, passando de aproximadamente 1,9 toneladas em 1950 para cerca de 330 milhões de toneladas em 2013. O Banco Mundial estima que 1,4 bilhões de toneladas de lixo são geradas globalmente a cada ano e, desse total, 10% é plástico. A Organização Marítima Internacional proibiu o despejo de resíduos de plástico (e da maioria dos outros lixos) no mar. No entanto, mesmo que seja descartado corretamente, uma parte do plástico que deveria ser depositado em aterros, incinerado ou reciclado escapa para o meio ambiente - e uma fração considerável desse plástico que escapa acaba no oceano.

Com os efeitos da exposição solar, da oxidação, da ação física de animais e ondas e dos choques mecânicos, o plástico que chega no oceano ou no ambiente terrestre vai gradualmente se fragmentando e se transformando em microplástico.

Mas a fragmentação de grandes peças de plástico não é a única maneira de os microplásticos acabarem no oceano. Nurdles - pastilhas de plástico utilizadas como matéria-prima para a produção de produtos plásticos - podem cair de navios ou caminhões e acabar no ambiente terrestre ou no oceano.

Microesferas utilizadas como esfoliantes em produtos de higiene pessoal, como produtos de limpeza para a pele, pastas de dentes e xampus, podem escapar da água das instalações de tratamento de água e parar no mar.

Até mesmo a lavagem de roupas feitas de tecidos de fibras plásticas pode ser fonte de microplástico para o oceano.

O atrito dos pneus dos carros com o asfalto e a lavagem da rua pela chuva também carrega microplástico para o mar. Entenda mais sobre esse tema na matéria: "Qual é a origem do plástico que polui os oceanos?"

Os organismos marinhos da cadeia alimentar consomem plásticos de vários tamanhos. Os menores - microplásticos - são pequenos o suficiente para serem confundidos com alimentos pelo zooplâncton. E essa é uma das vias de entrada do plástico na cadeia alimentar. Alguns organismos maiores confundem os nurdles (que normalmente medem menos de 5 mm de diâmetro) com ovos de peixe ou outras fontes de alimento.

Testes laboratoriais mostram que os aditivos químicos, poluentes e metais absorvidos na superfície do plástico ingerido podem desossar e se transferir para as tripas e os tecidos dos organismos marinhos.

Entretanto, no caso dos humanos, o plástico não prejudica o organismo somente pela sua entrada na cadeia alimentar, mas também pela transferência de substâncias perigosas de embalagens para os alimentos, esse é o caso do plástico feito a partir do bisfenol.

Uma pesquisa mostrou que substâncias nocivas e persistentes podem se bioacumular (aumentar a concentração no organismo) e biomagnificar (aumentar a concentração em níveis tróficos mais elevados) nos organismos.

Danos causados pelo plástico à cadeia alimentar

O pesquisador Mark Browne, da Universidade da Califórnia, mostrou que os microplásticos com tamanho de 3,0 e 9,6 μm de diâmetro podem parar no intestino de mexilhões e permanecer ali por mais de 48 dias. Um estudo de 2012, realizado por outro grupo, mostrou que os microplásticos absorvidos pelos mexilhões resultaram em uma forte resposta inflamatória.

A ecologista Heather Leslie, da Universidade Livre de Amsterdã, afirma que partículas de plástico podem induzir respostas imunotoxicológicas, alterar a expressão gênica (aumento do risco de câncer) e causar morte celular, entre outros efeitos adversos. "Os microplásticos podem passar pela placenta e pela barreira hematoencefálica e podem ser absorvidos no trato gastrointestinal e nos pulmões, locais onde os danos podem ocorrer", diz ela.

Mas, como afirmam alguns cientistas, não se sabe com segurança todo o potencial de danos que plástico podem causar na cadeia alimentar, sendo necessário realizar mais estudos e aumentar a visibilidade da questão.

O que fazer?

Para reduzir o lixo plástico na cadeia alimentar, o primeiro passo é praticar o consumo consciente, ou seja, repensar e reduzir o seu consumo. Já pensou em quantos supérfluos utilizamos no dia a dia que poderiam ser evitados?

Por outro lado, quando não for possível evitar o consumo, a saída é optar pelo consumo o mais sustentável possível e pela reutilização e/ou reciclagem. Mas nem tudo é reutilizável ou reciclável. Nesse caso, realize o descarte corretamente. Confira quais são os postos de coleta mais próximos de sua casa nos mecanismos de busca do Portal eCycle.

Mas lembre-se: mesmo com o descarte correto é possível que o plástico escape para o ambiente, então consuma com consciência.

Para saber como reduzir o seu consumo de plásticos, dê uma olhada no vídeo:


Fonte: New Link in the Food Chain? Marine Plastic Pollution and Seafood Safety

Bilionário gasta fortuna construindo iate que recolherá 5 toneladas de plástico por dia dos oceanos


Dono de mais de 65% da frota marítima do conglomerado financeiro Aker ASA, o norueguês Kjell Inge Røkke não nasceu rico. O empresário, que atualmente possui uma fortuna estimada em US$ 2,6 bilhões, começou trabalhando como pescador e seu maior sonho é retribuir todo o bem que o mar já fez a ele.

Como? Røkke pretende acabar com o lixo plástico dos oceanos! Para tanto, está investindo sua fortuna na construção do maior iate do mundo, que já nasce com uma função: recolher 5 toneladas de resíduos plásticos dos mares todos os dias.

E não é só isso! A embarcação atuará como um verdadeiro centro de pesquisa sobre os oceanos. Equipada com laboratório, auditório, drones aquáticos e aéreos, dois helipontos e um veículo subaquático autônomo, ela é capaz de acomodar até 60 cientistas por vez, que estudarão sobre temas como Mudanças do Clima, Pesca Exploratória e Biodiversidade Marinha.

Projetado para impactar o menos possível o meio ambiente, o iate – que já foi batizado deREV (Research Expedition Vessel) – deverá estar com 100% de sua capacidade operacional funcionando em 2020. E nós? Já estamos ansiosos para vê-lo em alto-mar.

Há microplásticos no sal, nos alimentos, no ar e na água. Saiba como eles surgem, mude hábitos e previna-se

Você pode não ver, mas os microplásticos estão lá e não se sabe ainda quais implicações podem causar


Que o plástico está presente em nosso cotidiano todo mundo sabe, é só olhar para celulares, roupas, computadores, embalagens de alimentos, potes de cosméticos, seringas médicas, equipamentos de engenharia, embalagens de remédios, sinalizadores de trânsito, enfeites, glitter... Essa lista poderia seguir por linhas e linhas. 

Mas o que nem todo mundo imagina é que os microplásticos também estão presentes no ar que respiramos, em alimentos como o sal ou a cerveja e até na água que bebemos: cerca de 83% da água de torneira do mundo inteiro está contaminada com microplásticos. Um estudo encontrou as pequenas partículas até na água engarrafada. 

Da sola do sapato ao ar que respiramos, não há dúvidas, há plástico em todo canto. Ilhas se transformam em depósito de lixo plástico, assim como terrenos e calçadas. Em 2050, o oceano poderá conter mais peso em plásticos do que peixes. A dúvida é saber se estamos no Antropoceno (a Era da Humanidade) ou na Era do Plástico.

Mas é verdade que os diversos tipos de plástico têm nos ajudado de muitas formas. Entretanto, assim como há prós, há contras em relação à utilização desse material.

E os contras estão relacionados a problemas de saúde gerados na produção, no contato com o plástico no dia a dia e nas perdas para o ambiente, incluindo o caso de descarte incorreto, que acaba sendo uma das fontes de contaminação de lençóis freáticos, ar, plantas, alimentos, água, entre outros.

Você não vê, mas ele está lá

O perigo maior é quando o plástico se fragmenta em pequenos pedaços, formando os microplásticos, que são invisíveis a olho nu.

Tóxicos

Quando escapa para o ambiente, o microplástico atua como captador de poluentes orgânicos persistentes (POPs) altamente nocivos. Dentre esses poluentes estão os PCBs, os pesticidas organoclorados, o DDE e o nonifenol.

Os POPs são tóxicos e estão diretamente ligados a disfunções hormonais, imunológicas, neurológicas e reprodutivas. Eles ficam durante muito tempo no ambiente e, uma vez ingeridos, têm a capacidade de se fixarem na gordura do corpo, no sangue e nos fluidos corporais de animais e humanos.

Cadeia Alimentar

Ingerir microplásticos contaminados não é muito difícil, uma vez que, desde o final da II Guerra Mundial, eles já estão contaminando o ambiente e fazem parte da cadeia alimentar.

Na Indonésia, trabalhadores da pesca já estão consumindo mexilhões contaminados por microplásticos. Mas não é somente na Indonésia, no Reino Unido e na Austrália, os mexilhões também estão contaminados por microplásticos. Quem come frutos do mar regularmente ingere cerca de 11 mil pedaços de microplásticos por ano.

Bisfenóis

Os bisfenóis, utilizados em larga escala pela indústria, estão presentes em tintas, resinas, latas, embalagens e materiais de plástico em geral. Quando escapam para o ambiente, além da poluição visual e física que causam, geram poluição química. Uma vez no ambiente e em nossos corpos, o bisfenol se comporta como um disruptor endócrino, podendo causar esterilização em animais, problemas comportamentais, diminuição da população, entre outros.

Risco para a vida animal

Quando os microplásticos contendo bisfenol vão parar no ambiente, podem causar reduções em populações de golfinhos, baleias, veados e furões, prejudicar o desenvolvimento de ovos de aves, causar deformidades sexuais em répteis e peixes, alterações na metamorfose de anfíbios e muitos outros danos.

Prejuízos à saúde humana

Os alimentos embalados por recipientes contendo bisfenol se contaminam e, quando os consumimos, ingerimos também o bisfenol, cujo consumo está, comprovadamente, associado a diabetes, síndrome do ovário policístico, cânceres, infertilidade, doenças cardíacas, fibromas uterinos, abortos, endometriose, déficit de atenção, entre muitas outras doenças.

Mas como os microplásticos vão parar no ambiente?
  • Na lavagem das roupas

Parte significativa das roupas são compostas por fibras têxteis sintéticas de plástico - um exemplo é o próprio poliéster. Durante a lavagem de roupas, por meio do choque mecânico, os microplásticos se desprendem e acabam sendo enviados para o esgoto, indo parar em corpos hídricos e no ambiente.
Pesca fantasma


A pesca fantasma, também chamada de ghost fishing em inglês, é o que acontece quando os equipamentos desenvolvidos para capturar animais marinhos como redes de pesca, linhas e anzóis são abandonados, descartados ou esquecidos no mar. Esses objetos, na maioria da vezes feitos de plástico, colocam em risco toda a vida marinha, pois uma vez preso nesse tipo de engenhoca, o animal acaba ferido, mutilado e morto de forma lenta e dolorosa. Sem lucrar nem alimentar ninguém, a pesca fantasma afeta cerca de 69.000 animais marinhos por dia no Brasil. Para, no fim das contas, ser outra fonte de microplástico. Estima-se que 10% do plástico presente no oceano tem origem na pesca fantasma. Saiba mais sobre esse tema na matéria: "Pesca fantasma: o perigo invisível das redes pesqueiras". 

  • No ar

As mesmas fibras têxteis de plástico também vão parar no ar. Um estudo de 2015, realizado em Paris, na França, estimou que, a cada ano, cerca de três a dez toneladas de fibras plásticas atingem as superfícies das cidades. Uma das explicações é que o simples atrito de um membro do corpo com o outro, quando a pessoa está vestida com roupas de fibras têxteis sintéticas plásticas, já seria o suficiente para dispersar os microplásticos na atmosfera. Essa poeira de microplásticos pode ser inalada, juntar-se ao vapor e ir parar na sua xícara de café e no seu prato de comida, por exemplo.

  • No atrito dos pneus

Os pneus de carros, caminhões e outros veículos são feitos de um tipo de plástico chamado estireno butadieno. Ao passarem pelas ruas, o atrito desses pneus com o asfalto gera emissão de 20 gramas de microplásticos a cada 100 quilômetros percorridos. Para se ter uma ideia, na Noruega, é emitido um quilo de microplásticos de pneu por ano por pessoa.

  • Tintas látex e acrílicas

Estudos mostraram que a tinta utilizada em casas, veículos terrestres e navios desprende-se destes por meio de intempéries e vai parar no oceano, formando uma camada bloqueadora de microplásticos na superfície oceânica.

A isto, podemos acrescentar as tintas látex e acrílicas utilizadas em artesanatos e os pincéis lavados nas pias.

  • Microesferas dos cosméticos

Sabonetes, cremes, pastas, géis e máscaras esfoliantes são um perigo para o ambiente. Esses produtos são feitos de microplásticos de polietileno que, após o uso, são despejados diretamente pela torneira na rede de esgoto. Mesmo quando há estações de tratamento, as microesferas de plástico dos cosmético não são retidas pela filtragem de partículas, pois são muito pequenas, e acabam indo parar no oceano. Esses produção já foram banidos em países como a Inglaterra.

  • Nurdles

Nurdles são pequenas bolinhas plásticas utilizadas na manufatura de vários itens plásticos. Diferente dos resíduos plásticos que se decompõem até se tornarem microplásticos, os nurdles são feitos já com um tamanho reduzido (cerca de 5 mm de diâmetro). Eles são a maneira mais econômica de transferir grandes quantidades de plástico para fabricantes de uso final do material em todo o mundo. O problema é que navios e trens despejam acidentalmente essas bolinhas em estradas ou no mar; ou a parte que sobra da produção não é tratada adequadamente. Se alguns milhares de nurdles caem no mar ou em uma rodovia, é praticamente impossível fazer a limpeza. Em uma pesquisa realizada no início de 2017, foram encontrados nurdles em 75% das praias do Reino Unido.

Material semelhante aos nurdles são os pellets, feitos da mesma maneira mas em formato cilíndrico. Os pellets também vão parar no ambiente devido às perdas no transporte e contaminam corpos hídricos, solo e animais.

  • Descarte incorreto

Durante o ano, pelo menos oito milhões de toneladas de lixo de resíduos de plástico que foram descartados incorretamente (ou que escapam pelo vento) vão parar nos oceanos, lagos e rios do mundo todo.

Esses descartes, se fossem encaminhados corretamente para a reciclagem, poderiam voltar para a cadeia energética, mas, uma vez no oceano, se fragmentam em microplásticos e acabam entrando na cadeia alimentar, inclusive humana.

Cada canudo, sacola, tampa, rótulo e embalagem descartados incorretamente se quebrarão e formarão microplásticos. O plástico não desaparece, só fica menor.

  • Canudinhos

Diariamente, são descartados um bilhão de canudinhos. Só no Estados Unidos, são jogados fora meio milhão de canudinhos por dia. Estima-se que os canudinhos compõem cerca de 4% de todo o plástico encontrado no oceano. 

Quando vão parar no ambiente (mesmo quando descartados em aterros, podem ser levados pelo vento), esses canudinhos, antes de virarem microplásticos, acabam indo parar no organismo de animais, inclusive em narinas de tartarugas.

O que fazer?
  1. O primeiro passo é diminuir o consumo de plástico na medida do possível;
  2. Não consuma animais marinhos e contribua com iniciativas que retirem redes de pesca e outros plásticos do mar;
  3. Troque sua escova de dentes de plástico por uma de bambu;
  4. No lugar de tecidos de fibra sintética, utilize algodão orgânico. Confira outras "Dicas para ter uma pegada ambientalmente correta com as suas roupas";
  5. Quando comprar alimentos, cosméticos e produtos em geral, prefira aqueles que venham em embalagens de vidro, que são consideradas sustentáveis. Saiba como tirar a cola do adesivo dos rótulos para facilitar a reutilização dos vidros;
  6. Reutilize! Pratique o upcycling, uma maneira de reinventar objetos;
  7. Tome cuidado com a reutilização de garrafinhas d'água, veja o porquê em nossa matéria: "Perigos de reutilizar sua garrafinha de água" - utilize garrafas não descartáveis para transportar sua água;
  8. Zere o consumo de itens de plástico supérfluos, como, canudinhos;
  9. Pegue e dê carona. Cada carro a mais é sinônimo de mais microplásticos no ar e na água;
  10. Zere o consumo de cosméticos com esfoliantes sintéticos, substitua-os por receitas naturais;
  11. Repense seu consumo e o que você pode fazer para reduzir o plástico presente na sua vida;
  12. Dê prioridade aos bioplásticos. Conheça o plástico verde, o plástico PLA e o plástico de amido;
  13. Descarte corretamente e encaminhe para reciclagem. Confira quais são os postos de coleta mais próximos de sua residência. Confira também nossa matéria: "O que é reciclagem e como ela surgiu?".
  14. Conheça a New Plastics Economy, uma que, aplicando os princípios da Economia Circular, visa reunir setores importantes do ramo do plástico para repensar e reformular o futuro, começando pelas embalagens.
Pressione empresas e governos para que garantam o retorno do plástico à cadeia de produção. Afinal de contas, nem todo plástico reciclável destinado corretamente é efetivamente reciclado.

Fontes: Folha de São Paulo e OrbMedia

Microplástico: um dos principais poluentes dos oceanos

Partículas quase invisíveis de microplástico são prejudiciais à vida marinha e ao ser humano


O que é microplástico

O microplástico, como o próprio nome diz, é uma pequena partícula de plástico. Esse tipo de material é um dos principais poluentes dos oceanos. Alguns pesquisadores consideram que o tamanho máximo do microplástico é de 1 milímetro, enquanto outros adotam a medida de 5 milímetros.

O grande problema é que, como mencionado em nossa matéria sobre a grande quantidade de plástico nos oceanos, o microplástico altera a composição de certas partes dos oceanos, prejudicando o ecossistema da região e consequentemente a saúde humana.

De onde vêm?

O microplástico que vai parar no oceano tem origem no descarte inadequado de embalagens; escape de embalagens de aterros por meio do vento e da chuva; lavagem de roupas de fibras de plástico como o poliester; escape de matéria primária de plástico como o nurdles; entre outras. Ao chegar à natureza, produtos como garrafas, embalagens e brinquedos que não foram descartados corretamente, passam por um processo de quebra mecânica realizada pela chuva, pelos ventos e pelas ondas do mar, que fazem com que os produtos se fragmentem em pequenas partículas plásticas que se caracterizam como microplástico.
Pesquisas informam que o descarte industrial inadequado de plásticos e até mesmo a perda de matérias primas que levam microplástico em sua composição, pellets plásticos por exemplo, que ao longo do processo logístico acabam dispersos no meio ambiente, também são fonte de poluição por microplástico. Um estudo realizado pela Fundação North Sea, em parceria com outras instituições, apontou presença de microplástico em produtos de beleza e higiene pessoal como esfoliantes, shampoos, sabonetes, pastas de dente, delineadores, desodorantes gloss e protetores labiais sob a forma de polietileno (PE), polipropileno (PP), politereftalato de etileno (PET) e nylon.

Os riscos

Pesquisas preliminares já apontam alguns dos riscos à saúde relativos à poluição gerada pelo microplástico. Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa de Sistemas Ambientais da Universidade de Osnabrück, na Alemanha, aponta que esse tipo de material tem a capacidade de absorver produtos tóxicos encontrados nos oceanos como pesticidas, metais pesados e outros tipos de poluentes orgânicos persistentes (POPs), o que faz com que os danos à saúde da biodiversidade sejam muito maiores.

Plânctons e pequenos animais se alimentam do plástico contaminado e, ao serem comidos por peixes maiores, propagam a intoxicação. No fim da cadeia, quando o ser humano se alimenta desses peixes maiores, está ingerindo também o plástico e os poluentes que se acumularam ao longo da cadeia. Entre os problemas relacionados à intoxicação por POPs estão diversos tipos de disfunções hormonais, imunológicas, neurológicas e reprodutivas. Da mesma forma, os plásticos podem conter bisfenóis, que são conhecidos disruptores endócrinos muito danosos à saúde do ambiente e humana. Entenda mas sobre eles na matéria: "Conheça os tipos de bisfenol e seus riscos".

Mesmo sem estudos definitivos sobre o assunto, cientistas que participaram do First International Research Workshop on the Occurrence, Effects and Fate of Microplastic Marine Debris, realizado na Universidade de Washington, em 2008, concluíram que os impactos do microplástico na natureza são altamente nocivos. Dentre eles estão o bloqueio do trato digestivo de pequenos animais e a própria intoxicação por produtos presentes no plástico. Em ultima instância, isso poderia levar a um desequilíbrio na cadeia alimentar da região.
Como colaborar com a diminuição da contaminação

Ainda que haja muita pesquisa a ser feita, já é evidente a importância do debate e da conscientização sobre esse assunto. E você já pode começar a colaborar com a causa.

Utilize menos, reutilize e recicle produtos feitos de plástico. Contribua para o crescimento da coleta seletiva e pressione as autoridades da sua região. Conscientize-se de que suas ações contribuem com o destino de nossa espécie e daquelas que conosco coabitam o planeta.

Visite nossa seção Recicle Tudo para saber como dar o primeiro passo e informe-se sobre os pontos de reciclagem de cada tipo de material!

Assista ao vídeo e saiba mais sobre o assunto (em inglês).