A contribuição da economia circular na redução da poluição plástica

Ao celebrar o dia mundial do meio ambiente em junho de 2018, a ONU destacou os riscos que o planeta corre devido a poluição provocada pelos materiais plásticos, principalmente nos oceanos. Segundo dados da ONU, todos os anos são lançados nos oceanos 8 milhões de toneladas de plástico. Desse volume a quantidade de sacolas plásticas chega a 5 trilhões. A cada minuto são consumidos no mundo 1 milhão de garrafas plásticas. Se nada for feito até 2050 os oceanos terão mais plásticos que peixes.

A gravidade da poluição causada pelo consumo de plásticos está bem documentada não restando dúvidas da sua gravidade. Do espaço se pode observar a que extremos chega a poluição plástica nos oceanos. No Oceano Pacífico pode ser vista uma mancha de contaminação que atinge 1,6 milhões de km2 (aproximadamente o tamanho do Estado do Amazonas) e contém em torno de 80 milhões de toneladas de plástico.

Nesse contexto, as empresas e sua forma de agir cumprem um papel decisivo. As transformações necessárias devem estar vinculadas a uma mudança de paradigma passando de uma economia linear, modelo que predomina atualmente baseado em extrair, fabricar, utilizar e eliminar para outro modelo com base em reduzir, reutilizar e reciclar, utilizando menor quantidade de recursos de forma mais eficiente.


A economia circular é baseada num sistema que utiliza uma lógica que é ao mesmo tempo social, econômica e ambiental. Nasce da consciência de que a separação dos resíduos reutilizáveis gera, por um lado, postos de trabalho e, por outro, matéria-prima mais acessível.

A solução para os problemas passa pela prevenção na geração de resíduos plásticos e o aumento de sua reciclagem, além do estímulo a novos modelos de negócios, produção e consumo circulares que cubram toda a cadeia de valor.

A produção mundial de plástico deverá aumentar nos próximos anos. Em 2017, foram produzidos 348 milhões de toneladas e a expectativa é que em 2035 esse número seja duplicado. Nesse caso, a solução passa pela produção de materiais plásticos duráveis que sejam reutilizáveis e possibilitem a reciclagem de alta qualidade.

O movimento mundial contra a poluição dos plásticos tende a crescer e a indústria do setor deve ser receptiva a essa demanda mundial.

Em 2015, a União Europeia adotou um plano de ação para uma economia circular colocando os plásticos como prioridade. Estabeleceu a política a ser implementada pelo Bloco nos próximos anos tendo como meta ter todas as embalagens de plásticos reutilizáveis ou recicláveis de modo rentável até 2030.

Em outubro de 2018, na Conferência dos Oceanos realizada em Bali, na Indonésia, o documento final abordou a poluição plástica propondo que fossem adotadas ações visando “implementar estratégias robustas e de longo prazo para reduzir o uso de plásticos e micro plásticos, particularmente, sacolas plásticas e plásticos de uso único, inclusive, através de parcerias com partes interessadas em níveis relevantes para abordar sua produção, promoção e uso”.

Nessa mesma Conferência foi lançado o Acordo Global da Nova Economia do Plástico, com a participação das companhias, que juntas representam 20% de todas as embalagens plásticas produzidas globalmente. Entre elas, empresas de bens de consumo como Danone, H&M, L’Oréal, Mars, Incorporated, Natura, PepsiCo, Coca-Cola e Unilever, além de importantes fabricantes de embalagens como Amcor, fabricantes de plásticos incluindo a Novamont, e a especialista em gestão de recursos Veolia.

Cinco fundos de investimento endossaram o compromisso global e asseguraram mais de 200 milhões de dólares para criar uma economia circular para o plástico.

Entre os principais objetivos do Acordo Global estão:

Eliminar embalagens plásticas desnecessárias e problemáticas e passar de embalagens de uso único para modelos de embalagens reutilizáveis.

Inovar para garantir que 100% das embalagens de plástico possam ser reutilizadas ou recicladas de forma fácil e segura para o ano de 2025.

Circular o plástico produzido. Aumentar significativamente o uso de plásticos que tenham sido reutilizados ou reciclados e convertidos em novas embalagens ou produtos. A eliminação de plásticos problemáticos e desnecessários é uma parte essencial da visão do Acordo global e fará com que seja mais fácil manter os plásticos restantes dentro da economia e fora do meio ambiente.

Não são só as empresas e governos que são responsáveis pelo controle do uso dos plásticos. Cada pessoa pode fazer a sua parte no cotidiano. A própria ONU indica ações simples que podem ser adotadas no dia a dia para acabar com a poluição plástica. Entre elas estão: levar a própria sacola ao supermercado, recusar canudos e talheres de plástico, preferir garrafas de água reutilizáveis, apanhar o plástico que encontrar na rua enquanto estiver caminhando e apoiar políticas governamentais contra o uso único das sacolas de plástico.

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