A duração das baterias é sempre uma preocupação constante para todos aqueles que usam equipamentos que as utilizam, sejam eles de que natureza for. E se as mesmas "vencerem" num momento imprevisível? E se não estiverem à mão outras de mesmo padrão?, etc., são algumas das questões. E, quando se tratam de dispositivos médicos, diretamente ligados ao funcionamento e à manutenção da própria vida, como é o caso do regulador cardíaco (marca-passo), por exemplo, a preocupação com as baterias é ainda maior. De tirar o sono, às vezes.
Sensíveis aos problemas que podem ser gerados, dois pesquisadores espanhóis, um do Instituto de Energia Solar, da Universidade Politécnica de Madri (UPM), Carlos Algora; outro, do Grupo de Dispositivos Semicondutores, da Universidade Politécnica da Catalunha (UPC), Luis Castaner, certos de que a energia solar pode resolver esse inconveniente, quando se trata não apenas de reguladores cardíacos, mas também de outros dispositivos implantáveis e biosensores, desenvolveram, graças ao uso da luz, um sistema para alimentar esses diferentes aparelhos.
Trata-se de um sistema composto por uma fibra óptica, do diâmetro de um fio de cabelo, que deve ser implantado sob a pele, em uma zona iluminada: mão, lóbulo da orelha, etc. A fibra vai ao interior do corpo até o dispositivo implantável - no qual se encontra uma célula fotovoltaica como a utilizada nos painéis solares -, adaptável a essa aplicação e do tamanho de um grão de lentilha.
É de se perguntar como, em dias nublados, portanto em ausência da luz solar, funcionaria o aparelho. Simples: a energia recolhida é transmitida a um acumulador, o qual permite o funcionamento do mesmo em tais condições. Além do mais, funcionando também com a luz elétrica, ele poderá se recarregar mesmo em ambientes internos.
Trata-se, portanto, de um sistema que permite obter dispositivos médicos implantáveis, como os reguladores cardíacos ou os fibriladores, de tamanho reduzidíssimo, com a grande vantagem de durarem toda uma vida, sem que seja necessária uma nova cirurgia para mudar as pilhas que, nos aparelhos atuais, utilizam o lítio, e que têm duração de três a cinco anos.
Embora já tenha sido patenteada na Espanha e nos Estados Unidos, a invenção ainda não foi testada num ser vivo. Testes laboratoriais demonstraram a validade da mesma. Os dois pesquisadores necessitam agora da colaboração de uma empresa especializada em biomedicina, para a realização de testes, primeiramente com animais e, depois, com seres humanos.
El Pais Digital, 21 de septiembre de 2004.
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