O problema da energia solar reside na dificuldade de estocagem (armazenamento) da eletricidade ou do calor produzido. Todos os problemas conhecidos, tais como a simples eletrólise da água para produzir hidrogênio, além de caros, são pouco eficazes. Em seu laboratório no MIT (Massachusetts Instituto of Technology) o Professor Daniel Nocera e Mattew Kanan, um pós-doutorando de seu grupo, desenvolveram um procedimento, aparentemente ultra-simples, que se inspira na fotossíntese das plantas para converter simplesmente água em hidrogênio e em oxigênio.
"Podemos, agora, sonhar seriamente com estocar a energia solar de modo ilimitado, e isso será em breve", acrescenta Nocera. No mundo, as reações dos cientistas consideram esta como uma descoberta do século.
Daniel G. Nocera, professor do MIT, desenvolveu um método simples para "quebrar" a molécula de água, uma descoberta que pavimenta o caminho para a utilização da energia solar em grande escala. - Créditos: Donna Coveney
Uma vez efetuada a síntese da água, a combinação do hidrogênio e do oxigênio em uma pilha a combustível produziu eletricidade. Acontece que, no momento, a fabricação de pilhas a combustível é cara, dada a quantidade de platina necessária para a fabricação dos eletrodos, mais precisamente de um dos dois eletrodos, o catodo. Outro problema vem do tempo de vida limitado do catodo, no qual as nanopartículas de platina se aglomeram ou são "envenenadas" pelo monóxido de carbono.
Uma equipe de pesquisadores do Centro de Excelência Australiano para Ciência de Eletromateriais, na Universidade de Monash (a maior universidade australiana) desenvolveu um catodo feito de um polímero condutor, uma matéria plástica que conduz eletricidade. Segundo a Professora Maria Forsythe, que contribuiu para o desenvolvimento desse novo catodo, uma pilha a combustível capaz de equipar um automóvel contém 3500 a 4000 dólares de platina, enquanto o novo eletrodo não custaria senão algumas centenas de dólares, produzindo a mesma quantidade de eletricidade por unidade de superfície.
Professora Maria Forsythe em seu laboratório no Australian Center of Excellence in Electromaterials Science. - Créditos: Monash University
É, de fato, impressionante ver que pequenas equipes científicas, com uma aparelhagem simples, na grande tradição das descobertas do Século XIX, construíram - cada uma a seu modo, os tijolos de tecnologias que podem mudar o mundo. Daniel Nocera nos lembra que, em uma hora, a terra recebe energia necessária do sol para prover as necessidades da humanidade durante um ano...
DDMagazine, 05 de agosto, 2008
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