Sistema de energia solar adaptado ao clima amazônico é instalado no AM

Plataforma foi implementada há uma semana em biblioteca de Instituto.
Modelo funciona em conjunto com distribuição de concessionária de energia.

Sistema contempla duas plataformas móveis; cada uma tem 12 placas solares com capacidade de 200 watts-pico (Foto: Eunice Venturi/Instituto Mamirauá)

Um sistema voltado à captação de energia solar foi implementado no município de Tefé, localizado a 523 km de Manaus. O modelo de duas placas solares é conhecido como Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede. O projeto é resultado de estudo do Grupo de Pesquisa em Inovação Desenvolvimento e Adaptação de Tecnologias Sustentáveis (Gpidats), do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. O projeto foi adaptado para as características do clima na região Amazônica. O modelo acompanha a trajetória do sol.

Em entrevista ao G1, o coordenador do Núcleo de Inovações Tecnológicas Sustentáveis (Nits) de Mamirauá, Josivaldo Modesto, explicou que o sistema foi instalado inicialmente na Biblioteca Henry Walter Bates do instituto. "Esse é um sistema que gera energia a partir da radiação solar e alimenta uma determinada carga. Essa energia atende à demanda do local e gera um excedente entregue à rede da concessionária local - no caso, a Amazonas Energia", afirmou.

Segundo Modesto, o modelo instalado em Tefé contempla dois sistemas, cada um com uma plataforma móvel que acompanha a trajetória do sol. Na primeira semana de funcionamento, um dos sistemas gerou 92kw/h, o que representa menos 65kg de gases de efeito estufa emitidos na atmosfera, de acordo com o pesquisador. "Cada um tem 12 placas solares e cada uma delas tem capacidade de 200 watts-pico. Os dois sistemas fazem o mesmo trabalho. Colocamos mais de um porque a demanda de energia da biblioteca requer um trabalho mais robusto", justificou.

A atuação "dupla" também ajuda os pesquisadores a entender o desempenho desse tipo de sistema nas condições climáticas do Amazonas. Primeira a ser instalada na região Norte, segundo o pesquisador, a estrutura é inspirada em uma metodologia já existente em diversas partes do mundo. "Adaptamos para as características da Amazônia. Temos um potencial solar muito bom aqui. Em contrapartida, a maior parte da energia gerada é por diesel, que polui e é mais nocivo ao aquecimento global", explicou Modesto.

Uma das características climáticas da região, o excesso de chuvas não deve atrapalhar a distribuição de energia na biblioteca. "Caso o tempo feche, o sistema automaticamente dosa a alimentação de energia com a concessionária local. Não tem como eliminar 100% a matriz de diesel. A ideia é que as duas trabalhem juntas e que haja uma equalização", afirmou o pesquisador.

Em funcionamento na biblioteca há uma semana, o sistema deve ser instalado em outro setor do Instituto Mamirauá até o fim do ano. "Agora vamos iniciar um processo de pesquisa que é a aquisição dos dados científicos para quantificar a energia que está entrando na biblioteca e o quanto de Dióxido de Carbono estamos evitando que seja emitido na atmosfera", sintetizou.

Legislação

A implementação desse tipo de sistema já é regulamentada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em lei de abril de 2012, a agência reguladora permite ao consumidor a instalação de pequenos geradores e a troca de energia com a distribuidora local. Além da energia solar, a legislação é válida para fontes hídricas, eólicas, biomassa e cogeração qualificada.

Por Camila Henriques
Fonte: G1 Amazonas

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