A internet da energia, a rede “inteligente”, a energia solar e as baterias de armazenamento estão a convergir e os benefícios econômicos são claros.
A mudança está a chegar à energia. A transição para uma nova economia da energia está a acontecer. Num país como a Austrália, repleto de energia, tanto no solo como a cima dele, esta transição pode ser rápida e profunda. Há muito a perder para aqueles que não conseguirem manter o ritmo.
No mês passado, o governo Americano destinou 1 bilião de dólares para o Fundo de Inovação em Energia Limpa. O fundo terá como objetivo principal “obter uma renda ou um retorno lucrativo” na dívida e no capital próprio alargados à energia renovável, eficiência energética e tecnologias de baixa emissão. Enquanto muitos vão argumentar a maneira correta para usar o dinheiro, investimentos como estes gostam do tempo bem cronometrado.
Há um número de tecnologias convergentes a conduzirem a transição. As suas interações afetarão a forma como viajamos, como vivemos, a forma como as nossas cidades e casas são feitas, o nosso abastecimento de combustível e a atitude em relação à eficiência energética, e até mesmo a forma como interagimos.
Uma das tecnologias em fase de maturação é a solar. Nos últimos 5 anos, a energia solar tornou-se uma grande parte do nosso setor energético. A operadora australiana do mercado de energia estimou, no ano passado, que até 2023/24 o estado da Austrália do Sul pode, ocasionalmente, ter todas as suas necessidades de eletricidade atendidas pelos sistemas solares em telhados nas suas áreas urbanas, sem ajuda de carvão, gás natural ou óleo.
Juntamente com outras fontes renováveis, a energia fotovoltaica está a tornar-se cada vez mais competitiva. A tecnologia fotovoltaica é provavelmente a opção mais barata de fornecimento de eletricidade devido ao custo de entrega de energia através da rede. Para além de já o ser, prevê-se que continue a ficar ainda mais barata.
Outro factor é o armazenamento da energia. As melhorias nas tecnologias associadas ás baterias e a redução nos custos vão ajudar a superar a intermitência das energias renováveis. O impulso da Tesla para o mercado é apenas o começo de uma década em que os carros elétricos vão se tornar significativamente mais comuns, e no coração de cada carro elétrico estará uma bateria que conseguirá armazenar energia suficiente para servir uma típica casa australiana por dias. Os nossos carros servirão como baterias portáteis que conseguirão ser ligadas ás nossas casas utilizando a energia para fins domésticos.
Esta nova era energética será mais complexa, exigindo interação entre os fornecedores de energia e os consumidores como nunca antes. Controlando isto será a “internet” da energia, uma vasta gama de dispositivos interconectados que produzem, armazenam ou usam energia. Estes dispositivos irão comunicar os seus deficits de energia e excedentes e transportar a energia para onde ela é mais necessária, bem como permitindo aos consumidores controlar remotamente os seus dispositivos para otimizar o uso da energia. Esta capacidade permitirá uma gama de novas tecnologias energéticas e modelos de negócios a surgir. Os consumidores terão mais a dizer sobre a energia que utilizam e como a utilizam, e com o entendimento digital essas necessidades chegarão aos fornecedores e estes serão capazes de otimizar os seus serviços.
Outra tecnologia que atingirá a maturidade é a rede energética “inteligente” (“smart” energy grid). Apesar do potencial de auto-suficiência renovável, a rede não se tornará obsoleta. Os postes e as infra-estruturas permitiram aos usuários fazem cargas e descargas de energia para maximizar a relação custo-eficácia. Como a utilização da energia será otimizada, o consumo não intencional vai cair.
Tal como acontece com qualquer mudança fundamental, haverá vencedores e perdedores. Prevendo e aproveitando o potencial da convergência não será fácil para os operadores mais antigos ou para os recentes que surgirão. Será necessário investimento significativo para desenvolver e comercializar negócios e tecnologias capazes de aproveitar as possibilidades de convergência. Mas o potencial retorno para as empresas será enorme.
Haverá também outros benefícios para além dos inerentes à energia. Até agora, mal mencionei as emissões. A transição energética está acontecendo sem referência ao seu valor ambiental.
O acordo final publicado na COP21, a conferência relacionada com as mudanças climáticas dos 21 países, realizada em Paris no Dezembro passado, visa essencialmente zero emissões em 2050, em todo o mundo. Por que será que todos os governos estão dispostos a concordar com tais metas ambiciosas? Por exemplo, para aumentar o consenso científico conseguindo agir sobre o clima. Mas, os governos também podem estar a ver sinais de soluções concretas, reais e emergentes nos mercados da energia. O calendário delineado em Paris para a redução de emissões parece alinhar bem com a convergência de tecnologias publicado, e que chegaram aos mercados nos próximos 10 anos. Isto, naturalmente, poderia ser apenas uma coincidência mas, neste caso, é bem cronometrada.
A redução das emissões de carbono, da economia global, tem agora uma rota que está a começar a fazer algum sentido comercial. O carvão, o petróleo e o gás continuaram a ser os fornecedores energéticos primários por mais algum tempo.
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