Cidade alemã soma cada vez mais condições para atender, até 2025, demanda energética de 1,4 milhão de habitantes por meio de tecnologias renováveis. Em um vilarejo próximo à Berlim, isso já aconteceu.
A intenção anunciada em 2014 pela prefeitura de Munique de suprir, até 2025, 100% do consumo elétrico de seus 1,4 milhão de habitantes a partir de fontes renováveis está próxima de ser alcançada.
Quando atingida, a meta concederá a terceira maior cidade da Alemanha o título de metrópole líder em sustentabilidade no planeta. Para isso, a companhia municipal de eletricidade, Stadtwerke München (SWM) precisa produzir, por ano, 7,5 bilhões de quilowatts/hora de energia a partir de recursos limpos, como sol, vento, água e compostos orgânicos, por exemplo.
Projetos
O alcance do objetivo depende do permanente sucesso de diferentes ações já em andamento, como a instalação de uma usina hidrelétrica no Rio Isar. Sozinha, ela já garante o abastecimento de quatro mil residências. A empresa também tem investido em projetos renováveis em outros países europeus, como uma planta solar com 50 megawatts de potência instalada em Andaluzia, na Espanha, e fazendas eólicas no Mar do Norte, com 576 megawatts, entre Inglaterra e Escandinávia. A porção elétrica produzida nesses locais alimenta o grid integrado de toda a Europa. Com a estratégia, a SWM trabalha para suprir o sistema metroviário, de bondes e mobilidade – que inclui a rede de pontos de recarga para veículos elétricos – da cidade.
No Zoológico de Munique, o esterco dos elefantes também vem sendo convertido em biocombustível. A companhia de abastecimento energético ainda fornece energia limpa a todas as empresas do setor industrial e montadoras de veículos em atividade na metrópole, como a BMW.
Vilarejo verde
Em Feldheim, um vilarejo com 128 residências a 60 quilômetros de Berlim, capital da Alemanha, toda energia gerada já é proveniente de fontes renováveis.
O cenário começou a ser formado pelo estudante de engenharia, Michael Raschemann, que sugeriu a instalação de quatro turbinas eólicas na fazenda da cooperativa agrícola local. Em parceria com a empresa do setor de renováveis Energiequelle, da qual ele é cofundador, o parque eólico cresceu. Hoje conta com 47 aerogeradores. A produção do espaço não só atende toda a comunidade, como 99% da porção total são vendidos ao mercado elétrico alemão. No local, também foi criada uma usina solar capaz de abastecer 600 casas.
A geração elétrica por meio de resíduos orgânicos foi outra estratégia que virou tendência no vilarejo. O metano produzido a partir da queima de milho, cereais e esterco de suínos e bovinos é transformado em calor, que chega às casas dos moradores.
Apesar de todos os esforços da comunidade, ser 100% sustentável dependia que a empresa local de serviços públicos, a E.ON, assumisse práticas totalmente limpas também. Como as negociações não avançaram e a companhia continuou dependente do carbono, Feldheim construiu a própria rede paralela de energia e aquecimento. Com subsídios da União Europeia, mão de obra da Energiequelle e contribuições na ordem de 3 mil euros de cada habitante, a nova rede entrou em operação em 2010. Desde então, a comunidade viu o preço da eletricidade local cair em torno de um terço. Por ano, cerca de três mil turistas visitam o vilarejo, que virou referência mundial em produção energética por fontes renováveis.
No segundo semestre deste ano, uma enorme bateria capaz de armazenar energia suficiente para abastecer Feldheim por dois dias será ligada. A novidade representa um novo esforço para ampliar ainda mais o domínio das fontes alternativas na Alemanha, que já é líder global no mercado de energia limpa.
Fonte: Gazeta do Povo
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