A Eficiência Energética em Edifícios


As mudanças do clima têm dado alertas contínuos dos riscos de não se cuidar do meio ambiente. Pensar na racionalização e consumo dos recursos, desenvolvendo propostas que melhoram a qualidade de vida e propor a reutilização e a reciclagem de materiais, a redução na emissão de poluentes, o reuso e racionalização do uso da água, a geração de energia limpa e a melhoria da mobilidade urbana se faz necessário atualmente.

A urbanização tem imposto desafios que devem ser enfrentados desde já. O mundo consome hoje, 50% a mais dos recursos naturais que a Terra é capaz de repor. A construção civil tem um importante papel por ser um dos setores que mais impactam o meio ambiente, responsável por 40% do consumo de energia mundial e, ainda, 50% das emissões de CO2, tornando-se a maior fonte geradora de resíduos de toda a sociedade. 


Alcançar esse objetivo exige uma revisão de atitudes e procedimentos de todos os responsáveis, públicos e privados. A construção civil tem muito a contribuir com soluções para o futuro sustentável, mas a busca por construir edificações para cidades mais sustentáveis demanda um trabalho coletivo que precisa e deve ser aperfeiçoado continuamente.

A preocupação com edificações mais eficientes e sustentáveis cresce exponencialmente nos dias atuais. Empregando estratégias bioclimáticas e a otimização de recursos naturais é possível projetar edificações com baixo consumo energético, e que ao mesmo tempo possa proporcionar conforto ao usuário. Além de atitudes ecologicamente corretas, uma planta sustentável reduz os custos operacionais do edifício e os custos em sua manutenção e, além disso, agrega valor ao imóvel. 


Segundo dados do Balanço Energético Nacional 2014, o consumo de energia elétrica nas edificações comerciais, públicas e residenciais, corresponde a 48,5% da energia consumida no Brasil, sendo 24,2% deste total de consumo em edificações residenciais, seguidas das edificações comerciais (16,3%) e públicas (8%), o que não ocorria a 10 anos atrás, quando as indústrias ocupavam a primeira posição do ranking.

O Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) é coordenado pelo INMETRO e se caracteriza por promover informações sobre o desempenho dos produtos de modo que possa influenciar a decisão de compra do consumidor, utilizando a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), para que este possa considerar também, características além do preço, estimulando a competitividade através de produtos cada vez mais eficientes.


Desde 2009, o país conta com o Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações (PBE Edifica), ferramenta de avaliação do potencial de desempenho energéticos de uma edificação, obedecendo normas e regulamentos específicos, com a finalidade de promover a eficiência energética.

O PROCEL tem o objetivo de promover a racionalização da produção e do consumo de energia, combatendo seu desperdício. O Selo Procel de Edificações, lançado em 2014, tem como objetivo promover o desenvolvimento de sistemas eficientes de iluminação, climatização, envoltória, aquecimento de água e força motriz, dos prédios do país com a finalidade de motivar o consumidor a adquirir e utilizar imóveis mais eficientes.

A partir do PBE Edifica, foram criados os Requisitos Técnicos da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais de Serviços e Públicos (RTQ-C), que tem como objetivo especificar os requisitos técnicos a serem avaliados e os métodos de classificação quanto a sua eficiência energética, para a obtenção da ENCE (Etiqueta Nacional de Conservação de Energia) que pode ser outorgado tanto na etapa de projeto, válido até a finalização da obra, quanto na etapa da edificação construída.

Publicada em 2014, a Instrução Normativa nº 2 da Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, torna obrigatória a etiquetagem de prédios públicos novos ou que passem por reforma (retrofit). Já os prédios de serviços e comerciais privados são voluntariamente avaliados.

Nos edifícios comerciais, de serviços e públicos, são avaliados três principais sistemas: envoltória, iluminação e condicionamento de ar. Já nas Unidades Habitacionais são avaliados: a envoltória e o sistema de aquecimento de água.


A interferência no consumo de energia pode ser relacionada à algumas variáveis como: elementos da envoltória, orientação dos compartimentos, tamanho de vãos de aberturas, números e tipos de lâmpadas, condicionamento de ar e demais equipamentos, utilizando-os adequadamente e mantendo sempre em boas condições.

Ponto avaliado pela etiquetagem, a envoltória e seus elementos construtivos, quando dispostos de maneira errada na região geográfica onde se encontra, podem permitir um ganho excessivo de calor. É fundamental a preocupação com o isolamento térmico e seus componentes, assim como também com a proteção à insolação direta nos locais mais quentes.

Já a iluminação, outro ponto avaliado na etiquetagem, deve ter como principal objetivo, reduzir sua potência instalada por meio de substituições de equipamentos de eficiência energética e com maior vida útil, assim como também, o aproveitamento da luz natural difusa durante o dia.

Responsável pela maior parte do consumo de energia em edifícios públicos, de serviços e comerciais, o sistema de condicionamento de ar, deve ser projetado de maneira que os usuários tenham conforto térmico com o menor consumo possível, utilizando equipamentos eficientes energeticamente. 

É possível a aquisição da etiqueta de forma parcial que pode ser concedida a partir da avaliação de um ou dois sistemas, sendo a envoltória sempre inclusa. Já na etiqueta geral, são avaliados os três sistemas, gerando uma classificação final de “A” para mais eficiente e “E” para menos eficientes. Projetos que tem como iniciativa aumentar ainda mais a eficiência energética, são consideradas bonificações e ajudam a melhorar a classificação na etiqueta.

Uma edificação que possui classificação classe “A”, permite com que o edifício possua um valor agregado superior aos demais, reduz as emissões de carbono e estimula a competitividade dos edifícios, transformando o mercado de construção civil. O programa de etiquetagem conta com linhas de crédito do BNDES disponíveis para pequenas e médias empresas dos setores de comércio, serviços e turismo que queiram investir em atividades de eficiência energética. 


A maioria das edificações brasileiras ainda geram um grande desperdício de energia, entre eles, prédios públicos e comerciais.Os prédios podem ser projetados para aproveitar os recursos naturais, exigindo um menor uso de aparelhos artificiais. Já existem grandes avanços na área como o desenvolvimento de materiais e tecnologias que permitem o uso da eletricidade, de maneira eficiente, sem abrir mão do conforto dos usuários.

A etiquetagem de eficiência energética é uma ferramenta objetiva e eficaz para atestar o nível de eficiência de um projeto de edificação e permite aos profissionais ligados à construção e ao consumidor final, uma forma inovadora de se pensar em edificações no Brasil, com atitudes mais sustentáveis e conscientes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário