A coleta seletiva e a separação do lixo são realidades em muitas cidades não apenas do Brasil, mas ao redor do mundo. Um outro problema, muitas vezes, bem pior para o meio ambiente, passa despercebido. Conforme mostra um relatório da União Internacional de Telecomunicações da ONU, apenas 20% do lixo eletrônico gerado no mundo é reciclado de maneira apropriada.
Os dados são do ano de 2016, mas somente agora foram compilados e divulgados. De acordo com as Nações Unidas, 8,9 milhões de toneladas foram processadas adequadamente. Soa como bastante, mas é um número baixo diante dos 44,7 milhões de toneladas de lixo eletrônico que não apenas não foram recicladas, mas também foram descartadas sem o devido cuidado, não tendo passado por nenhum tipo de tratamento ou processamento adequados.
Os números mostram um cenário no qual os usuários simplesmente não sabem como lidar com o lixo. Enquanto 4% desse montante foi confirmado como jogado no lixo comum, algo que não é recomendado, o destino dos outros 76% é completamente desconhecido. A ONU aposta que, em sua maioria, eles também foram para os aterros tradicionais, podendo ter sido reciclados em condições longe da ideais ou vendidos para quem vê valor em sua desmontagem e utilização de materiais internos. Tudo de forma não adequada e, simplesmente, sem cuidado algum com a manipulação e segurança.
Os prejuízos aqui, vão além dos danos à natureza e também às pessoas envolvidas nesse trabalho, por meio de contaminação e contato com substâncias tóxicas. É, também, uma grande fonte de dinheiro perdido para as indústrias do setor, com a ONU estimando que US$ 55 bilhões em materiais não utilizados foram, literalmente, jogados no lixo em 2016. Elementos que poderiam, muito bem, serem usados para construção de novos dispositivos.
Como dá para imaginar, o maior problema são os smartphones. Desse total, US$ 9 bilhões em componentes são oriundos apenas de celulares e tablets, enquanto a maioria do lixo eletrônico registrado pela ONU é composto não apenas por eles, mas também carregadores e cabos. Com ciclos de vida cada vez menores, os aparelhos móveis são substituídos, em média, a cada dois anos, com os modelos antigos sendo jogados fora pelos usuários após a compra de novos, junto com todos os seus acessórios.
São dados como estes que levaram a organização a, por exemplo, trabalhar junto com as empresas para que carregadores, entradas e saídas tenham um formato padronizado. Assim, no mínimo, os usuários não jogam fora os acessórios pela conveniência de terem mais de um em seu poder. Além disso, a ideia, no futuro, é fazer com que dispositivos desse tipo não precisem mais acompanhar absolutamente todos os aparelhos, uma vez que os antigos também poderiam ser usados nos novos.
Os números são assustadores, mas a ONU aponta melhoras. Apesar do crescimento de 4% ano a ano na produção de lixo eletrônico, a União Internacional de Telecomunicações aponta para um aumento nas leis locais e no cuidado de governos regionais com o tratamento desse tipo de descarte. De acordo com o relatório, dois terços da população mundial vivem em países com regras claras para tratamento desse tipo de coisa. Entretanto, aqui, também se concentram as nações com maior índice de eletrônicos jogados fora.
Os Estados Unidos, por exemplo, foram responsáveis por 14% de todo o lixo eletrônico produzido no mundo, reciclando apenas um quarto disso. O país só não ficou no topo do ranking por conta da China, que é responsável por 16% do total, mas também possui uma população três vezes maior. Lá, 18% do lixo é processado adequadamente.
Na outra ponta do ranking estão a Suíça, Noruega e Suécia, considerados os países mais avançados nesse quesito, reciclando, em média, 70% de todo o lixo eletrônico. Na lista de regiões, muito por conta dos números dos países citados, a Europa é a melhor posicionada, sendo responsável por 28% de toda a produção de descartes e reciclando 35% desse total.
Para a ONU, o assunto ainda é tema de atenção. A União Internacional de Telecomunicações apela aos governos para que criem normas claras para reciclagem e intensifiquem o trabalho naquelas que já existam. Além disso, aponta para o crescimento cada vez maior na troca de aparelhos ao longo dos anos e espera ver, nos próximos relatórios, esse aumento acompanhando também o da consciência sobre o tema.
Em meio a todo o lixo e desesperança, entretanto, um dado importante: as Nações Unidas esperam que uma redução na quantidade de descartes para o futuro não tão distante. Por mais que o número de unidades sendo jogadas fora tenda a aumentar, os componentes estão se tornando cada vez menores e mais eficientes, o que, na soma de tudo, pode acabar gerando, pelo menos, redução nos riscos ao meio-ambiente.
Fonte: Nações Unidas
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