Além da mãe e da filha, outras 29 famílias fazem parte do projeto, que também inclui a instalação de nobreaks.
A realidade da família de Taynara, de 10 anos, mudou há cerca de dois anos, quando passou a integrar o projeto desenvolvido pela Associação Brasileira de Atrofia Muscular Espinhal (Abrame) e pela Enel
( Fotos: Kleber A. Gonçalves )
Diagnosticada com atrofia muscular espinhal, doença degenerativa que atinge neurônios motores, a pequena Taynara, de 10 anos, sobrevive graças a aparelhos. Respirador, máquina de tosse, equipamento de aerossol e oxímero, este último utilizado para medir pulsação, fazem parte da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) montada em casa pela mãe, Edinayana, para driblar pelo menos algumas das limitações que a condição trouxe à filha. A resiliência, contudo, tem grandes custos. Não bastassem os gastos para a aquisição, a carga energética exigida pela estrutura fizeram com que o pagamento das contas de luz do lar se tornasse inviável.
Os equipamentos instalados têm redução de até 70% nas contas de luz das casas participantes |
A realidade da família mudou há cerca de dois anos, quando passou a integrar o projeto desenvolvido pela Associação Brasileira de Atrofia Muscular Espinhal (Abrame) e pela Enel para implantar placas solares nas casas de pacientes que demandam equipamentos de suporte à vida. A iniciativa, que substitui a energia elétrica pela solar para alimentar os equipamentos, tem gerado redução de até 70% nas contas de luz das casas participantes, conforme informações da entidade.
No caso de Edinayana e Taynara, somente após a possibilidade de diminuir do valor da tarifa, a dona de casa conseguiu transferir a filha do hospital, onde passou cerca de 6 anos internada, para casa. “Ela depende muito de energia. Todos os aparelhos são ligados. Se fosse para sair do hospital sem o projeto, eu tinha ficado, porque realmente não tinha condições de pagar a conta. O valor total daria uns R$ 800,00 ou mais. Hoje, nossa conta é de R$ 380,00. Deu uma diminuída”, afirma Edinayana.
Além da mãe e da filha, outras 29 famílias fazem parte do projeto, que também inclui a instalação de nobreaks, para evitar quedas de energia, e a substituição de aparelhos eletrônicos antigos, que consomem mais energia, por produtos modernos e mais econômicos. “Em uma casa só com UTI domiciliar, a conta dá em torno de R$ 500,00 a R$ 700,00. Tínhamos um problema muito grande, porque ninguém consegui pagar e a Enel não podia cortar a energia, já que eram equipamentos de suporte à vida. Sempre buscamos uma solução, até que veio esse projeto, que é pioneiro”, afirma Fátima Braga, presidente da Abrame.
O responsável pela área de eficiência energética da Enel, Odailton Arruda, explica que cada usina solar instalada nos domicílios tem potência de 1.250 watts, suficiente para alimentar equipamentos hospitalares e aparelhos de ar-condicionado, outra necessidade dos pacientes, que costumam sofrer com escaras, lesões na pele causadas pela permanência do corpo em uma mesma posição por longos espaços de tempo.
Cadastro
“Vimos que existiam esses clientes eletrodependentes com grande dificuldade de pagar a conta e fizemos a parceria com a Abrame, que dá atenção às pessoas com atrofia. Além dos painéis, conseguimos fazer um cadastro com todos os endereços desses pacientes, para que, se um dia cair a energia, possamos correr e repor”, explica.
Segundo Arruda, a empresa estuda a possibilidade de ampliar o projeto para outras pessoas com o mesmo tipo de dependência. “Estamos vendo se podemos dar continuidade. Vamos ter que fazer todo o processo novamente, de saber quem precisa e fazer a instalação dos equipamentos, mas possivelmente isso ocorrerá em um menor espaço de tempo, pois já aprendemos”.
Fonte: Diário do Nordeste
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