Na primeira metade da década de 1950, o engenheiro Daryl Chapin dos laboratórios Bell, nos Estados Unidos, buscava alternativas às baterias elétricas para alimentar redes telefônicas remotas. Passou a dedicar especial atenção às possibilidades de o sol fornecer a energia necessária. Afinal, mais de cem anos antes, em 1839, Edmond Becquerel havia observado pela primeira vez o chamado efeito fotovoltaico, no qual a energia é obtida a partir da conversão direta da luz.
O engenheiro da Bell debruçava- se sobre o selênio como matéria-prima para células solares. O uso do selênio não era uma novidade. Já em 1877, os inventores norte-americanos W.G. Adams e R. E. Day haviam estudado as propriedades fotocondutoras do elemento, o que redundou no desenvolvimento do “primeiro dispositivo sólido de produção de eletricidade por exposição à luz”, segundo esclarecem António Vallêra, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e Miguel Brito, do Centro de Física da Matéria Condensada, em Lisboa, no artigo Meio Século de História Fotovoltaica, publicado no periódico da Sociedade Portuguesa de Física.
Fosse no século 19, fosse o século 20, os resultados do uso do selênio decepcionavam em função da baixíssima eficiência e dificilmente resultariam em uma solução viável. Chapin estava, portanto, diante de um entrave.
O obstáculo, no entanto, foi demolido por volta de 1953, quando dois colegas pesquisadores dos laboratórios Bell, o químico Calvin Fuller e o físico Gerald Pearson, o procuraram de posse de descobertas animadoras. Fuller “desenvolveu um processo de difusão para introduzir impurezas em cristais de silício, de modo a controlar as suas propriedades elétricas”, explicam Vallêra e Brito. A este processo, dá-se o nome de “dopagem”. Pearson, por sua vez, banhou a barra de silício, que havia sido dopada por Fuller, em lítio.
O resultado foi promissor e apontou um caminho a ser trilhado a partir de então. Enquanto a célula de selênio estudada por Chapin não alcançava sequer 1% de eficiência, a nova célula de silício dopada e banhada a lítio demonstrou eficiência de conversão em torno de 4%. Os três pesquisadores aprofundaram o estudo e apresentaram a primeira célula solar em 25 de abril de 1954, em Washington, durante a Reunião Anual da National Academy of Sciences.
A resolução da Aneel é considerada um marco por introduzir no país o sistema de compensação de energia elétrica e abrir caminho para uma ruptura de paradigmas no setor, conforme explica o professor de Fontes Alternativas de Energia do campus João Pessoa do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), Walmeran José Trindade Júnior. “Até hoje, o que se tem é o modelo das grandes centrais, como as hidroelétricas, as quais geralmente ficam longe dos centros de consumo. Elas exigem extensas linhas de transmissão. E, além disso, dentro das cidades, uma extensa rede de distribuição para essa energia chegar às casas. Com essa resolução nº 482, abriu-se a oportunidade de outro modelo, o da geração no lugar do consumo”, explica o docente.
Fonte: PB Agora
Nenhum comentário:
Postar um comentário