Em 2017, RS ganhou em média 4,4 novos pontos por dia. Em 2018, subiu para sete por dia.
RS vive alvorecer da geração distribuída por meio da energia solar.
Na foto, instalações no telhado do ParkShopping Canoas
Está a 149 milhões de quilômetros a fonte da energia que mais cresce no Rio Grande do Sul. Em telhados de casas, lojas, indústrias e em propriedades rurais, painéis fotovoltaicos que geram eletricidade a partir da luz do sol se espalham em ritmo frenético.
A produção praticamente inexistente no Estado cinco anos atrás – seis quilowatts (kW) – chegou a 31,7 mil kW em março. Além do ganho ambiental, a vantagem econômica impulsiona a grande adesão à chamada geração distribuída, em que o próprio consumidor origina sua energia e, em períodos de menor demanda, fornece o excedente para a rede, obtendo créditos que podem ser abatidos da conta.
A geração distribuída avança a uma velocidade cada vez maior devido à energia solar.
No ano passado, o Rio Grande do Sul ganhou em média 4,4 novos pontos por dia. Em 2018, o número saltou para sete. Até 19 de abril, eram 3.182 conexões no Estado – e só 10 de outras fontes renováveis, como casca de arroz e eólica.
Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostram que o Rio Grande do Sul é o terceiro no ranking nacional em número de unidades da modalidade, e o segundo em potência instalada com a matriz solar nesse modelo de geração.
Coordenadora do núcleo de tecnologia em energia solar da PUCRS, Izete Zanesco ressalta que, a despeito do número menor de horas de sol nos meses mais frios, o Estado tem boa irradiação. A segunda edição do Atlas Brasileiro de Energia Solar, publicada em 2017, aponta que a Região Sul tem níveis superiores aos da Norte, embora um pouco abaixo de Sudeste, Centro-Oeste e, principalmente, Nordeste.
– Na nossa latitude, para otimizar e produzir mais energia elétrica, devemos inclinar os módulos fotovoltaicos de 10 a 25 graus em direção ao norte. Mas, em Porto Alegre ou Manaus, as médias de quilowatt-hora por metro quadrado ao longo do ano são parecidas – afirma Izete.
Para a especialista, a expansão acelerada da geração distribuída, em especial na energia solar, é resultado de uma soma de fatores. Primeiro, por resolução normativa da Aneel, em 2012, que criou a possibilidade de o consumidor gerar a própria energia, colocar o que não consome na rede e abater na fatura.
Depois, nova resolução da agência, em 2015, permitiu que o interessado em instalar os painéis em outro imóvel de sua propriedade (como sítio ou casa de praia) possa ter o benefício de crédito na conta da residência onde vive, desde que sejam áreas atendidas pela mesma concessionária. A adoção da alternativa em condomínios também foi possível a partir da norma.
Em seguida, alguns Estados – entre os quais, o Rio Grande do Sul – isentaram de ICMS a energia produzida nessa modalidade.
Ao mesmo tempo, a escala de produção das fábricas, instaladas principalmente na China, aumentou muito nos últimos anos, barateando os equipamentos. No RS, completa Izete, diversas universidades passaram a pesquisar energia solar, formando mão de obra qualificada na área.
— Passou a ser uma alternativa econômica. O preço da energia também subiu no Brasil nos últimos anos, o que torna a iniciativa um bom negócio. O investimento em uma residência se paga em seis ou sete anos. Como o sistema dura 30 anos, pode ter energia de graça por 23, 24 anos — ressalta Izete.
É o caso da quase nonagenária Padaria Pritsch, de Santa Cruz do Sul. No salão de 180 lugares é grande o consumo de energia pelos aparelhos de ar condicionado. Com a instalação dos painéis fotovoltaicos há um ano e meio, a conta diminuiu entre um quarto e um terço, calcula João Carlos Pritsch, um dos sócios.
— Acho que, em torno de seis anos, tiro o investimento — avalia o empresário, que gastou cerca R$ 200 mil no projeto de 44,1 kW.
Fonte: Gauchazh
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