Locais com forte irradiação ainda são pouco explorados; transmissão é um dos maiores gargalos.
As grandes hidrelétricas, como Furnas (foto), são as responsáveis pela produção de energia elétrica do país (60,26%); entre as usinas que estão em construção, esse o valor diminui: as novas hidrelétricas de grande porte correspondem a 12,68% da energia que será gerada pelas novas construções
A energia solar ainda representa uma parcela mínima da geração elétrica do Brasil, mas, com a queda nos preços, ganha a atenção de governos estaduais em busca de investidores.
Hoje, a fonte responde por apenas 0,8% da potência instalada de todo o país.
Desse total, 80,8% se concentra em três estados: Bahia, Piauí e Minas Gerais, segundo a Absolar (associação da indústria solar fotovoltaica).
Nos próximos anos, com a entrega de usinas que estão em construção, essa concentração deverá cair para 68%.
Ainda assim, muitas regiões com forte irradiação e alto potencial de geração seguem pouco exploradas, e seus gestores têm buscado se estruturar para atrair grandes projetos de companhias da área.
Tocantins, por exemplo, acaba de lançar um mapeamento indicando as áreas com maior potencial de geração no estado.
Há dois anos, quando começaram a se intensificar as visitas de empresários do setor ao estado, para analisar potenciais empreendimentos na região, o governo não tinha dados, afirma Rubens Brito, subsecretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
O objetivo do estudo é facilitar a atração desses investidores. A meta é que, até 2030, 25% da energia consumida no estado seja de fonte solar.
“O Tocantins é um estado novo, no passado as prioridades eram outras. Temos uma usina em construção e queremos ampliar esse número”, diz o secretário Leonardo Cintra.
Um dos principais gargalos é a disponibilidade de linhas de transmissão para levar a energia aos centros consumidores, afirma Antonio Celso de Abreu Jr., subsecretário de energias renováveis do estado de São Paulo —que representa 9,4% da potência atual.
“O fato de estados terem forte insolação não significa que há escoamento”, diz.
Na Paraíba, cujas primeiras usinas de grande porte ainda estão em construção, o problema deverá ser resolvido em 2021, quando linhas de transmissão contratadas em 2017 deverão ficar prontas, segundo Robson Barbosa, secretário-executivo de energia do estado.
Segundo ele, as usinas solares demoraram a avançar devido a seu alto custo, que só começou a cair recentemente.
“A fonte solar vive hoje o que viveu a eólica no passado: um barateamento e uma maior maturação. É uma alternativa que vai disparar, e o estado está pronto para receber esses empreendimentos”, diz.
No leilão de energia de 2015, o preço médio da energia solar negociada foi de R$ 297 por MWh (megawatt-hora). Neste ano, os valores ficaram entre R$ 117 e R$ 118 por MWh.
Além da construção de grandes usinas, que depende da realização de leilões pelo governo, outro propulsor da fonte solar tem sido a chamada de geração distribuída —em que consumidores geram a energia em casa, com painéis fotovoltaicos em seus telhados.
Esses geradores domésticos somavam 270,9 MW (megawatts) de potência instalada em maio deste ano, contra 13,8 MW no fim de 2015, segundo a Absolar.
Nesse segmento, os fatores que impulsionam o mercado são distintos: mais até do que a irradiação, pesa a economia que o gerador doméstico consegue, já que a energia gerada dá descontos na conta de luz.
Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul concentram 50,3% da potência total desse tipo de geração.
“Quanto maior a tarifa da distribuidora, maior o incentivo para buscar formas de baratear a conta”, diz Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar.
Outro fator é a renda da população, que influencia na capacidade de fazer o investimento inicial dos painéis, diz Barbosa. “Não é uma questão estadual, e sim de classe.”
Fonte: Folha de S. Paulo
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