Tecnologia deve passar dos atuais 0,8% da matriz energética para 32% até 2040.Painéis solares de geração fotovoltaica instalados na usina de Tanquinho, Campinas (SP), primeiro projeto da CPFL Eficiência – Divulgação
Um sistema formado por 5.124 placas solares, cobrindo uma área de mais de 10 mil metros quadrados, será responsável pela geração de energia do Cadeg (Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara), no Rio.
Maior projeto do tipo no setor comercial do país, dá a dimensão do crescimento do sistema fotovoltaico, que antes ocupava a lanterna entre as fontes renováveis.
O fenômeno é global: é uma das fontes energéticas que mais crescem no mundo e deve receber um aumento de 17 vezes na capacidade instalada até 2040, segundo estudo da consultoria Bloomberg New Energy Finance.
Para o Brasil, a projeção é que saia dos atuais 0,8% da matriz elétrica para ocupar uma fatia de 32% até 2040. Só em 2017, o Brasil foi um dos dez países que mais acrescentou potência de sistemas geradores fotovoltaicos à sua matriz elétrica, com 0,9 gigawatts (GW), totalizando 1,1 GW.
A China está no topo do ranking com 131 GW, seguida por Estados Unidos (51 GW). “Isso colocou o Brasil entre as 30 primeiras posições”, diz Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho da Absolar, entidade que representa o setor.
Vista aérea da usina fotovoltaica da fazenda Figueiredo, em Cristalina (GO), que usa painéis solares flutuantes
O sistema do Cadeg teve investimento de R$ 13 milhões da CPFL Eficiência, e deve entrar em operação no início de 2019. No auge de sua capacidade, vai gerar 1,8 MW, energia suficiente para abastecer mil residências com consumo de 200 KWh por mês.
Só com a geração solar, o centro deverá reduzir em 39% sua conta de energia, com uma economia projetada de R$ 140 mil por mês.
Várias razões explicam a guinada para a energia fotovoltaica. Uma são os sucessivos reajustes na tarifa de energia, que têm pesado no bolso dos consumidores, especialmente os de grande porte.
Outra é o barateamento da tecnologia. Segundo projeção da Bloomberg, os custos da geração solar fotovoltaica devem cair mais 66% até 2040.
O terceiro motivo é a publicação pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) da Resolução 482/2012, que viabilizou a chamada geração distribuída, que permite ao consumidor, seja comercial ou residencial, produzir sua própria energia e gerar créditos na conta de luz.
“A energia fotovoltaica é a que melhor se adapta, pela facilidade de instalação em áreas que recebam irradiação solar”, diz Karin Luchesi, vice-presidente de operações de mercado da CPFL.
A empresa atende de grandes empresas a consumidores residenciais: em maio de 2017, lançou a Envo, uma divisão de negócios voltada para residências e estabelecimentos de pequeno porte.
Desde que a geração distribuída foi regulamentada, o valor do investimento inicial já caiu 20%, e hoje está na faixa de R$ 20 mil.
Uma família que paga uma conta de luz mensal de R$ 300 teria o retorno do investimento em cerca de cinco anos.
A AES Tietê acabou de assumir a maior usina solar do estado de São Paulo: o complexo Guaimbê, de 150 MW, que pertencia ao espanhol Grupo Cobra. O investimento foi de R$ 607 milhões.
Além da geração centralizada nas usinas, a empresa também está atenta à geração distribuída, e firmou contrato em abril deste ano com a rede de farmácias mineira Drogaria Araujo.
Uma planta de 5 MW, em construção na divisa entre São Paulo e Minas Gerais, proverá a eletricidade para 145 lojas do grupo.
É o primeiro projeto de grande porte de geração distribuída da empresa, que pretende apostar mais fichas no segmento. “Há uma corrida mundial no aumento da eficiência das placas solares e estamos acompanhando”, diz Ítalo Freitas, diretor-presidente da AES Tietê.
A geração distribuída de energia solar fotovoltaica alcançou, em agosto de 2018, 355 MW de potência instalada, um aumento de 94% em relação a 2017.
A maior quantidade de sistemas vem sendo instalada por consumidores residenciais (76,7%), seguida por comércio e serviços (16,3%), de acordo com a Absolar.
Tradicional fabricante de painéis solares para aquecimento de água, a Solis, de Birigui (SP), com mais de 30 anos de mercado, enxergou nova oportunidade de negócio com os painéis fotovoltaicos.
O fundador da empresa, Luiz Antônio dos Santos Pinto, chegou a trabalhar com esse tipo de energia no início da década de 1980, mas a fonte ainda engatinhava na época. “Não se cogitava alimentar a rede de distribuição com energia fotovoltaica, era uma opção apenas para sistemas isolados”, conta o empresário.
Em 2013, fez os primeiros aportes em tecnologia fotovoltaica. Passou a importar equipamentos e criou um departamento para realizar projetos sob medida para residências, lojas e indústrias.
“A demanda explodiu do ano passado para cá, impulsionada pela alta na conta de luz e pelo maior conhecimento dos clientes sobre o tema”, diz.
Com projetos no interior e litoral paulista, Minas Gerais, Acre e Rio Grande do Sul, hoje a divisão fotovoltaica responde por 10% do faturamento, e deve triplicar até o final do ano –em 2017, não chegava a 1%.
Fonte: Folha de S. Paulo
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