Numa procura pela melhor forma de reduzir o custo da eletricidade limpa, os fornecedores de energia estão a investir em parques solares de larga escala por todo o mundo.
Não existe nenhum local onde este facto seja mais visível do que no sul do Egipto, onde está a ser construído um dos maiores parques solares de larga escala com mais de 5 milhões de painéis fotovoltaicos. O parque solar Benban, estará concluído já no próximo ano e custou 4 biliões de dólares, ocupando uma área dez vezes superior à do Central Park e produzindo até 1,8 GW de eletricidade.
Esta produção é, mais ou menos, equivalente a de duas centrais nucleares combinadas e quase o dobro da capacidade projetada para a instalação de Villanueva – atualmente a maior instalação das américas. (O maior parque solar nos EUA é o parque Solar Star de 580 MW perto de Los Angeles)
Mas, o parque de Benban não deve segurar o seu título por muito tempo.
Parque solar em Benban
A China já está a planear construir um parque solar de 2 GW na província de Ningxia e o estado de Gujarat, no oeste da Índia, aprovou recentemente a construção de um parque solar de 5 GW.
Quanto maior, mais barato fica
“Há enormes descontos para projetos de larga escala”, diz Benjamin Attia, analista da Wood Mackenzie, uma empresa consultora na área da energia sediada em Edimburgo. “Tanto a logística, como o transporte, a construção e a instalação beneficiam de enormes poupanças com as instalações em larga escala. Será, no futuro próximo, cada vez mais comum encontrar-se parques solares de 1 e 2 GW, e até 10 GW.”
O custo dos painéis solares é parte integrante da fórmula de cálculo das poupanças. Um relatório de 2017 da U.S. National Renewable Energy Laboratory constatou que o custo dos sistemas fotovoltaicos reduziu cinco vezes entre 2010 e 2017.
“Os governos já ganharam consciência”, diz Attia. “Eles só procuram a maneira mais barata e rápida de conseguir novas formas de produzir energia elétrica. Para as centrais nucleares, a sua construção pode demorar uma década. Para as centrais a gás natural, pode levar até quatro anos. Se falarmos sobre centrais solares, os projetos podem estar terminados em 18 meses.”
A energia é agora uma opção mais atraente do que nunca para os países em desenvolvimento. Quando o custo dos painéis solares era superior, apenas os países ricos poderiam dar-se ao luxo de efetuar estes investimentos.
Alguns dos maiores parques solares de larga escala, incluindo o de Benban, são construídos por mais do que um fornecedor de energia. Estes acordos ajudam a reduzir a burocracia associada às autorizações e regulamentações e permite até que empresas mais pequenas beneficiem também dos descontos de construção em larga escala.
O papel fundamental da rede elétrica
Mesmo que o custo dos painéis solares continue a cair, existem limites máximos para o tamanho dos futuros parques solares. Um parque solar só é útil se a energia produzida por ele tiver consumidores nas redondezas. As redes elétricas podem ter dificuldades em conseguir lidar com a energia intermitente gerada por enormes parques eólicos e solares.
“Normalmente, estes locais são bastante remotos”, diz Daniel Kirschen, professor engenheiro na University of Washington. “A rede elétrica que se encontra nas redondezas destes parques não costuma ser muito forte e, por isso, tem de ser reforçada, o que pode ser bastante caro.”
A China, em particular, lidou com o problema da rede elétrica e conseguiu, no passado, utilizar 30% da eletricidade gerada pelos novos parques. Uma solução possível passa pela aposta na construção das chamadas supergrids que são capazes de transportar grandes quantidades de eletricidade por maiores distâncias, evitando assim que seja desperdiçada.
Uma supergrid capaz de conectar a China, Coreia, Rússia e Japão está a ser estudada. Uma supergrideuropeia está já planeada e espera-se que entre em funcionamento até 2020.
Esquema de um exemplo de supergrid
Onde o sol nunca se põe
Nem todos os países conseguem juntar-se à revolução solar. O Japão, por exemplo, é um país bastante chuvoso e nublado e fica meses seguidos sem o sol que seria necessário para produzir energia elétrica com recurso aos painéis solares. Daí estar a estudar a possibilidade de construir um parque solar onde o sol sempre brilha e onde espaço não seja o problema, no espaço.
A agência espacial do Japão, a JAXA, está a trabalhar para colocar em órbita um parque solar orbital de 1 GW que poderá gerar energia elétrica durante 24 horas por dia. A partir de 2030, a estação espacial solar irradiaria energia no formato de microondas para uma ilha que viria a ser construída com biliões de antenas. A agência já apresentou um sistema que pode irradiar energia durante algumas centenas de metros, embora ainda seja desconhecido a sua praticidade e a segurança das centrais solares no espaço.
O meio ambiente
Deixando de lado agora o assunto sobre as centrais solares no espaço, os maiores rivais dos parques solares de larga escala são os micro produtores que colocam painéis solares nos telhados das casas e nos quintais.
Os parques solares de larga escala são responsáveis pela grande maioria dos painéis instalados em todo o mundo, mas em países desenvolvidos, como nos EUA e na Alemanha, a energia solar residencial tem uma participação semelhante.
Micro-redes solares estão a tornar-se cada vez mais populares em países em desenvolvimento, onde não existem boas redes ou onde é propício eventos climáticos extremos.
No entanto, os humanos conseguem aproveitar bem a energia do sol, a boa notícia é que ela é muito abundante. A energia do sol que atinge a Terra em duas horas era suficiente para produzir a energia elétrica que consumimos num ano. Um parque solar que conseguisse cobrir 2% do deserto do Sahara, conseguia produzir energia elétrica para abastecer todo o planeta!
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