Dá um baita orgulho da educação pública quando sabemos de notícias como esta: três estudantes e um professor do Curso Técnico em Florestas do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) - Campus Imperatriz - desenvolveram uma solução para o uso do caroço de açaí descartado em pontos de venda do produto na cidade.
O açaí é uma fruta bastante abundante nessa região amazônica, assim como, claro, o seu caroço. Pensando numa solução viável para o amontoado de caroços espalhados por Imperatriz, o grupo de pesquisadores testou o uso do material no lugar da lenha como fonte de energia na queima para a produção de tijolos de cerâmica.
A pesquisa “Caroço de açaí como fonte de energia alternativa na produção de tijolos nas olarias da cidade de Imperatriz-MA” foi liderada pelo professor e químico Roberto Peres da Silva e desenvolvida pelos estudantes Daniele Barros, Higor de Amorim e Karollyne Lima.
Os caroços de açaí, em Imperatriz, são armazenados em sacolas recolhidas pela coleta de lixo. O destino desse material é o aterro ou o descarte irregular em terrenos baldios. Cientes do problema ambiental, o grupo decidiu testar os caroços na fabricação de tijolos de cerâmica, já que Imperatriz é um polo de fabricação do produto.
Os resultados da pesquisa foram satisfatórios, já que o caroço de açaí teve um desempenho 20% mais eficiente do que a lenha. Segundo Daniele Barros:
“O poder calorífico dele é bem maior. Conseguimos produzir um milheiro de tijolos com apenas 0,82m³ de caroço de açaí, enquanto que para produzir a mesma quantidade de tijolos, gastamos mais, 1m³ de lenha”.
Outra descoberta resultante do trabalho de investigação foi a incorporação das cinzas da queima do caroço de açaí aos próprios tijolos.
“O tijolo com cinza de caroço de açaí se mostrou mais resistente em testes de prensa. Acreditamos na viabilidade, pois a produção artesanal poderia garantir a absorção dos caroços descartados e ainda baratear o custo da fabricação”, explica Higor de Amorim.
A pesquisa dos estudantes do Instituto Federal do Maranhão mostra a importância de serem desenvolvidas soluções para a conservação do ecossistema, bem como a valorização da pesquisa e da educação pública para o país.
A estudante Daniele destacou, em entrevista para a Rádio EBC, a importância do curso técnicopara a sua vida e para a pesquisa ambiental:
“Está tendo muito desmatamento, então, [o curso] é muito importante que a gente tenha esse conhecimento, para a gente poder utilizar melhor os recursos florestais, que estão sendo usados de maneira muito inapropriada”.
Já Higor de Amorim disse que a maior experiência do curso foi ter-lhe despertado a conscientização e a sensibilização ambiental.
Que mais jovens tenham a oportunidade de estudar em uma escola pública de qualidade e antenada às necessidades contemporâneas de nossa sociedade!
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