Por Paulo Gala
“Em muitos lugares, os painéis solares são de longe a forma mais barata de produzir eletricidade”, disse Paulo Gala (Imagem: Unsplash/@publicpowerorg)
Em 2020, 132 bilhões de watts de nova capacidade de geração solar foram instalados em todo o mundo. Em muitos lugares, os painéis solares são de longe a forma mais barata de produzir eletricidade.
Essa transformação não foi simplesmente provocada por um avanço tecnológico na maneira como os fótons que chegam do Sol entregam energia aos elétrons que esperam nos painéis. Foi o resultado de grandes demandas militares e da NASA nos EUA dos anos 60. E mais recentemente de uma mudança decisiva na política de subsídios do governo alemão que coincidiu com a China se tornando a força dominante na manufatura global.
Ainda nos anos 60, a perspectiva de contratos governamentais encorajou diversas empresas de eletrônica nos EUA a experimentar o mercado solar. Entre eles estão o fabricante de rádio e televisão RCA e as empresas de semicondutores, como a Texas Instruments.
Universidades e institutos de pesquisa investiram em energia solar, em escala modesta. O mercado de energia solar nos Estados Unidos, entretanto, era ainda pequeno. O mercado primário era alimentado por satélites. Em 1964, a NASA lançou o primeiro satélite Nimbus alimentado por um painel fotovoltaico. O Exército americana abordava empresas para obter ajuda com a filtragem de luz para sistemas de orientação de mísseis. A Força Aérea procurava tecnologias para fazer espaçonaves movidas a células solares. A demanda do setor público garantiu o desenvolvimento do mercado de painéis solares a partir das descobertas feitas na Bell Labs.
Em 1954, a AT&T/Bell Labs anunciou um dispositivo que forneceria eletricidade constantemente, sem necessidade de recarga, sempre que fosse iluminado. A origem dessa bateria solar está em uma descoberta feita 14 anos antes.
Em 23 de fevereiro de 1940, Russel Ohl, um pesquisador da Bell Labs, iluminou um estranho bastão de silício que estava investigando. Uma corrente imediatamente começou a fluir entre os eletrodos presos às pontas da haste. O comportamento elétrico estranho da haste foi comprovadamente ligado à luz. Que a luz poderia impulsionar correntes em alguns materiais já se sabia desde o século 19. O que distinguiu a observação de Ohl foi que na Bell Labs ele e seus colegas tinham as ferramentas certas, físicas e conceituais, para entender como estava acontecendo e como melhorar sua eficiência.
A Bell Labs não queria fazer painéis fotovoltaicos; queria fazer aspiradores e outras parafernálias das quais dependiam os negócios da AT&T mais eficientes.
Em 1947, colegas de Ohl surgiram com um dispositivo que poderia ser manipulado com um campo elétrico, criando uma chave liga/desliga: o transistor. Os transistores se tornaram a base de um novo e barato circuito eletrônico. A tecnologia que amontoou muitos desses transistores em um único pedaço de semicondutor acabou por gerar o chip de silício.
Em 2000, havia quase um gigawatt (1 bilhão de watts, ou 1gw) de capacidade fotovoltaica instalada em todo o mundo, grande parte dela em telhados japoneses graças a um programa de subsídios voltado para a indústria de semicondutores do país. O preço por watt gerado pelos painéis já era inferior a um décimo do que tinha sido na década de 1970.
Foi nesse contexto que os sociais-democratas e os verdes da Alemanha montaram um enorme programa de subsídios púbicos para encorajar o uso de energia solar. Esse movimento terminou de consolidar de vez a indústria de painéis solares no mundo (hoje produzidos na China)!
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