Março de 2011, um forte terremoto no Leste do Japão provoca um tsunami que atinge a cidade de Fukushima e sua central nuclear, causando o pior acidente radioativo desde Chernobyl.
Agora, assim como a cidade ucraniana que inaugurou uma usina solar no local do seu desastre em 2018, Fukushima também busca se reinventar através da utilização de fontes de energia renováveis.
Serão 11 usinas solares e 10 parques eólicos construídos na região até março de 2024, segundo o anúncio feito pela prefeitura da cidade que traçou a meta de suprir a região com 100% de energia renovável até 2040.
Com custo aproximado de 300 bilhões de ienes, os projetos serão construídos sobre terras de cultivo e regiões montanhosas afetadas pela radiação e tem entre seus financiadores o Banco de Desenvolvimento do Japão e o banco privado Mizuho.
Ao todo, a capacidade dos projetos é estimada em 600 Megawatts (MW), sendo que parte dela será transmitida por uma linha de 80 km até Tóquio, antes altamente dependente da energia nuclear de Fukushima.
Hoje, o Japão é o terceiro país com maior potência fotovoltaica acumulada no mundo em projetos centralizados, além de boa parte da sua população estar inserida na geração distribuída através do seu kit energia solar.
No entanto, um recente movimento de conservadores dentro do governo do Japão defende a volta do uso de usinas nucleares como solução para o país conseguir atingir suas metas de descarbonização.
Até 2011, 54 reatores nucleares respondiam por um terço de toda a energia consumida no Japão, mas os que resistiram foram todos desativados após o acidente em Fukushima.
Hoje, apenas nove deles se encontram em operação no país, mas um movimento recente liderado pelo primeiro-ministro, Shinzo Abe, propõe a reativação de trinta deles para suprir entre 20% e 22% da matriz elétrica japonesa até 2030.
Nesse mesmo período, a participação das fontes renováveis, que em 2018 responderam por 17,4% do mix, seria entre 22% e 24% da geração elétrica total do Japão.
Os opositores da energia nuclear são muitos, entre eles o novo ministro do ambiente, Shinjiro Koizumi, que alega que o país estaria condenado em caso de outro acidente como o de Fukushima.
Enquanto isso, o Japão segue como um dos maiores consumidores de carvão e gás natural do mundo, sofrendo duras críticas internacionais para que reduza essa sua dependência em fontes poluentes.
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