Busca de incentivos federais para o RS será debatida no Fórum de Energias Renováveis

Evento, realizado pelo Correio do Povo junto ao Sindienergia-RS, acontecerá em 17 de agosto, em Porto Alegre
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Kyane Sutelo

Deputado estadual Frederico Antunes (PP) preside a Frente Parlamentar Pró-Energias Renováveis. | Foto: Felipe Dalla Valle / Divulgação / CP


A mudança nas matrizes energéticas será pauta de debate em solo gaúcho no próximo mês. O 3º Fórum de Energias Renováveis, realizado pelo Correio do Povo em conjunto com o Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia-RS), acontecerá em 17 de agosto, no Centro de Eventos do CIEEE RS, em Porto Alegre.

A programação contará com painéis sobre a capacitação para a transição energética, energias hídricas, bioenergias, energia solar e as energias eólicas e o hidrogênio verde. Entre os convidados para abordar as energias renováveis está o deputado Frederico Antunes (PP), presidente da Frente Parlamentar Pró‑Energias Renováveis na Assembleia Legislativa.

O parlamentar destaca que, no Legislativo, foram ouvidos diversos interessados no tema e confeccionado um documento com os principais pontos que devem balizar a ação conjunta das partes. Entre elas, está o equilíbrio de financiamentos federais entre as regiões do país, foco de esforços da Frente Parlamentar, segundo o deputado. “As regiões Norte e Nordeste têm, através daquele fundo de incentivo, custos diferenciados para financiamentos de investidores. E a gente quer ver se consegue trazer também para o Rio Grande do Sul”, projeta ele.

Outros pontos também considerados relevantes no estímulo às energias renováveis, conforme Antunes, são a defesa do sinal locacional, que equaciona a transmissão de energia e as tarifas aplicadas, e a ampliação da possibilidade de exportação a países vizinhos, devido à localização do Estado, que o parlamentar considera privilegiada. “O Estado tem capacidade de transmitir e transportar energia. Ele só aguarda a irrigação, vamos dizer, do sistema de transmissão de transporte de energia das novas fontes”, avalia.

Segundo o presidente da Frente Parlamentar, o Litoral, a Campanha e a Fronteira Oeste, são as regiões que têm demonstrado maior potencial em energias renováveis. Ele destaca a importância de investimentos privados para ampliar e reativar a infraestrutura existente e de adequar custos logísticos para atrair a cadeia produtiva e montadoras de equipamentos.

Inscrições e cobertura

Ainda estão confirmados painelistas do Executivo gaúcho e do setor empresarial. Haverá transmissão pelo canal do Correio do Povo no Youtube e ainda contarão com cobertura da Rádio Guaíba e da Record TV. O credenciamento começará às 8h30 e os debates a partir das 9h.

A importância e os benefícios dos programas de cidades inteligentes no futuro dos municípios brasileiros

Nos últimos anos, temos testemunhado uma transformação significativa nas cidades brasileiras. Os municípios que adotaram programas de cidades inteligentes estão moldando o futuro urbano de forma surpreendente. Essas iniciativas estão revolucionando a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos com o ambiente urbano, trazendo consigo uma série de oportunidades e benefícios.

Uma das grandes vantagens desses programas é a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Com serviços essenciais mais acessíveis, como saúde, educação e segurança, os municípios inteligentes se preocupam em proporcionar uma infraestrutura conectada que agilize o deslocamento e reduza o congestionamento. Além disso, o monitoramento inteligente da qualidade do ar, água e ruído garante um ambiente saudável para todos.

Outro aspecto fundamental é a sustentabilidade ambiental. Os municípios inteligentes estão comprometidos com o uso eficiente dos recursos naturais, como energia e água. Por meio da implementação de energias renováveis, eles buscam reduzir a dependência de combustíveis fósseis, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Além disso, o gerenciamento inteligente de resíduos e a promoção da reciclagem são ações que visam minimizar o impacto ambiental e criar uma cidade mais sustentável.

A eficiência dos serviços urbanos é outro benefício notável dos programas de cidades inteligentes. Com o monitoramento em tempo real do tráfego, é possível otimizar o fluxo e reduzir o tempo de deslocamento. A iluminação pública inteligente se adapta às necessidades, economizando energia e proporcionando uma cidade mais segura e agradável para todos. Além disso, os sistemas de transporte público integrados e conectados facilitam a mobilidade e incentivam o uso de alternativas sustentáveis.

Um aspecto importante é a participação cidadã e o engajamento dos moradores. Os programas de cidades inteligentes proporcionam plataformas digitais que permitem aos cidadãos se envolverem ativamente nas decisões municipais. A transparência e a disponibilização de informações e dados abertos permitem que todos acompanhem o desenvolvimento da cidade. Comunidades online promovem a colaboração entre os moradores, estimulando a troca de ideias e a construção conjunta de soluções para os desafios urbanos.

Esses programas também estimulam a inovação e o empreendedorismo local. Ecossistemas de inovação impulsionam o desenvolvimento de startups e empresas tecnológicas, gerando empregos e promovendo o crescimento econômico. Parcerias público-privadas impulsionam a criação de soluções inovadoras para os desafios urbanos, tornando a cidade um polo de atração para investimentos e talentos.

Além disso, a implementação de programas de cidades inteligentes fortalece a governança municipal. Os gestores têm acesso a dados e análises que embasam suas decisões estratégicas. Isso resulta em uma melhoria na eficiência administrativa e nos processos de tomada de decisão, além de permitir o monitoramento e a avaliação contínua dos programas implementados.

O futuro dos municípios brasileiros que investem em programas de cidades inteligentes é promissor. Essas iniciativas estão moldando cidades mais eficientes, sustentáveis e inclusivas. À medida que avançamos nesse caminho, podemos esperar uma qualidade de vida aprimorada, um ambiente urbano mais amigável e oportunidades econômicas para todos os cidadãos. O futuro dos municípios brasileiros é brilhante, e os programas de cidades inteligentes desempenham um papel fundamental nessa transformação.

Entenda os problemas das turbinas eólicas da Siemens Gamesa no Brasil

Defeito nos aerogeradores da fabricante hispano-alemã já tiveram impacto em dois parques no país; em todo o mundo, prejuízo é estimado em mais de 1 bilhão de euros.


Conjunto Eólico Santo Agostinho, da Engie, no Rio Grande do Norte (Foto: Divulgação)


A Siemens Energy já perdeu um terço do valor de mercado desde que admitiu a descoberta de componentes defeituosos nas turbinas eólicas fabricadas pela subsidiária Siemens Gamesa. As falhas têm um custo estimado pela empresa em pelo menos 1 bilhão de euros (R$ 5,4 bilhões) e levarão anos para serem corrigidos em todo o mundo.

As turbinas defeituosas também afetaram o mercado brasileiro. AES Brasil e Engie estão analisando as causas de avarias em turbinas eólicas em seus parques no Ceará e Rio Grande do Norte, respectivamente. Os incidentes ocorreram em momentos diferentes – na AES em maio, na Engie em 5 de julho –, mas em comum têm a fornecedora dos equipamentos, a Siemens Gamesa.


Quais são os defeitos nas turbinas?

A Siemens encontrou problemas de qualidade em componentes como as pás e os rolamentos de seus aerogeradores onshore, especialmente nas plataformas mais novas, como o modelo 5X.

A empresa tem 108 GW de turbinas onshore em operação e instalação e estima que entre 15% e 30% podem ser afetadas.

As falhas foram percebidas durante uma revisão que detectou uma “vibração anormal de alguns componentes” e problemas no design dos produtos, que não foram especificados, segundo a Reuters.
Qual o prejuízo estimado para a Siemens Gamesa?

As falhas têm um custo estimado pela empresa em pelo menos 1 bilhão de euros (R$ 5,4 bilhões) e levarão anos para serem corrigidos em todo o mundo.
Que empresas foram afetadas no Brasil?

Até o momento, a AES Brasil e a Engie confirmaram avarias em turbinas eólicas da Siemens Gamesa no país.


Quais parques eólicos tiveram problemas?

Conjunto Eólico Santo Agostinho, no Rio Grande do Norte, e eólica Santos, no Complexo Eólico Mandacaru, no Ceará.


Quais problemas ocorreram?

O caso mais recente foi da Engie, em 5 de julho, revelado pela Mover. A avaria ocorreu em uma das pás de um aerogerador de 6,2 MW de potência recém-comissionado e em fase de testes no Conjunto Eólico Santo Agostinho.

O complexo em construção desde 2021 nos municípios de Lajes e Pedro Avelino, no Rio Grande do Norte, está parcialmente em operação, com 13 turbinas. Com investimentos de R$ 2,3 bilhões, quando o complexo estiver concluído, terá capacidade instalada de 434MW, com 14 parques eólicos e um total de 70 aerogeradores.

O incidente da AES Brasil aconteceu em maio, em uma das turbinas do parque eólico Santos, que faz parte do Complexo Eólico Mandacaru, no Ceará. Uma turbina teria pegado fogo.


Complexo Eólico Mandacaru, da AES Brasil no Ceará, com 108,1 MW de capacidade (Foto: Divulgação)


As empresas vão trocar de fornecedor?

A Engie afirmou que está avaliando as causas do incidente, mas não estuda trocar de fornecedor.

Em nota, a companhia informou que está conduzindo, preventivamente, uma avaliação detalhada em 13 turbinas em operação e outras cinco em comissionamento – total de aerogeradores que possuem o mesmo fornecedor da pá sinistrada.

“As causas do incidente, com danos apenas materiais, estão em criteriosa investigação técnica junto ao fornecedor do equipamento. A área onde os aerogeradores são instalados é rigorosamente isolada, sem oferecer riscos às equipes de trabalho”.

Já a AES informou, também em nota, que faz parte da sua estratégia “realizar o turnaround dos ativos adquiridos, o que implica em um momento de reestruturação e retomada, visando melhorar significativamente o desempenho da empresa, especialmente após uma nova aquisição, como foi o caso do Complexo Eólico Mandacaru”.

A companhia destacou que é responsável pela operação e manutenção dos aerogeradores do complexo, contando com o suporte técnico da Siemens Gamesa, “que não tem sido afetada pelas declarações mencionadas anteriormente”.


O que diz a Siemens?

O presidente-executivo da divisão Siemens Gamesa, Jochen Eickholt, disse a jornalistas em uma teleconferência no final do mês passado que “Este é um revés decepcionante e severo”. A companhia admitiu os problemas e afirmou que está tomando as medidas necessárias para consertar os defeitos.

Procurada pela agência epbr, a Siemens Gamesa confirmou que uma das pás da turbina eólica do parque Santo Agostinho quebrou no dia 5 de julho.

“Não houve feridos e uma zona de segurança ao redor da turbina foi estabelecida. A Siemens Gamesa imediatamente iniciou uma investigação interna para determinar a causa raiz deste incidente. Até que a análise seja concluída, não podemos especular sobre a causa do incidente”, diz a nota.


ARCA DE NOÉ, PROJETO DE CIDADE SUSTENTÁVEL


Aleksandar Joksimovic e Jelena Nikolic, arquitetos da Sérvia, se influenciaram por uma das mais famosas profecias do fim do mundo –o grande dilúvio – e resolveram projetar uma Arca moderna. Uma cidade flutuante chamada Noah’s Ark.

Ao longo dos últimos anos, o mundoesteve prestes a acabar muitas vezes. As primeiras previsões sobre o fim da existência humana datam de 389 a.C, de lá para cá tivemos inúmeras profecias, datas simbólicas que combinadas com fenômenos naturais dariam o fim à Terra. A última data para o fim do mundo foi em 21 de dezembro de 2012, segundo o calendário Maia esta seria a data que marcaria o fim. Felizmente as profecias não deram certo e se caso alguma outra surgir, já teríamos uma arca para nos refugiar!

A Noah’s Ark: Sustainable City é um projeto que recebeu a menção honrosa do Skyscraper Competition, da eVolo, uma revista de arquitetura e design focada em avanços tecnológicos, sustentabilidade e design inovador para o Século 21, em 2012. 

Trata-se de uma cidade autossustentável na água, capaz de suportar todas as espécies vivas. Humanos, animais, vegetais ou qualquer outra espécie que tenha fosse “expulsa” da Terra por desastres naturais ou civis. A arca contemporânea, em meio ao oceano, seria capaz de garantir a alimentação por meio da agricultura em terras férteis e água potável, a partir da filtragem das chuvas, além de gerar energia limpa para se auto sustentar.


A arca foi projetada para ser instalada em meio a qualquer oceano. Sua ancoragem é feita por um grande número de cabos flexíveis que proporciona a estabilidade já que liga a ilha até o fundo do oceano. Além da estabilidade a arca proporciona proteção com um muro de, aproximadamente, 64 metros que deixa a estrutura resistente às fortes tempestades ou tsunamis. Em casos de emergências de grave gravidade, os possíveis moradores contariam com um refúgio. Eles poderiam se retirar para bolhas de ar gigantes que se localizam em túneis cobertos e não vulneráveis ao clima externo, para se protegerem. O design da arca permite, ainda, que ela se ligue a outras arcas criando um grande continente artificial.


A energia que a mantém funcionando provém de fontes naturais como a energia solar, eólica e das marés. Na parte inferior da ilha artificial há grandes turbinas acopladas que permitem converter as correntes oceânicas em energia. Toda estrutura inferior do projeto é revestida por coral artificial incentivando o desenvolvimento de novos ecossistemas.


Desenvolvimento de Projetos de Carbono - Entenda um pouco mais!



A Sustainable Carbon é líder em desenvolvimento de projetos de carbono na América Latina. Possuimos 47 projetos que reduzem a emissão de gases de efeito estufa e promovem o desenvolvimento sustentável das comunidades envolvidas.

O investimento de receitas provenientes dos créditos de carbono em iniciativas socioambientais representa uma forma de financiamento inovadora, que foca na preservação dos biomas brasileiros e melhorias para comunidades desprivilegiadas.

A empresa possui vasta experiência no desenvolvimento, implantação e monitoramento de projetos de carbono e também na comercialização dos créditos gerados.

Biomassa Renovável

Nossos projetos de biomassa renovável revolucionam o processo produtivo de pequenas cerâmicas por todo país, de forma a torná-lo mais limpo e ambientalmente correto. O uso de combustível fóssil ou lenha nativa, prática comum no Brasil, é substituído por biomassas renováveis, como resíduos de agricultura e de indústrias locais. Com o projeto, a cerâmica passa a produzir sem agredir o meio ambiente, mantendo florestas em pé e gerando créditos de carbono.

Projeto Eólico

Com o objetivo de incentivar energias limpas no Brasil, a Sustainable Carbon está a procura de projetos de energia eólica para gerar créditos de carbono. Portanto, se você tem interesse, entre em contato conosco. Os créditos de carbono derivados do projeto vão gerar receitas adicionais e certificar boas práticas socioambientais da empresa.

Projeto Solar

Com o objetivo de incentivar energias limpas no Brasil, a Sustainable Carbon está a procura de projetos de energia solar para gerar créditos de carbono. Portanto, se você tem interesse, entre em contato conosco. Os créditos de carbono derivados do projeto vão gerar receitas adicionais e certificar boas práticas socioambientais da empresa.

Metano Evitado

Nossos projetos de Metano Evitado por meio de Compostagem são alguns de nossos projetos mais adicionais em termos de benefícios ao ecossistema. Através da compostagem de esterco suíno, as emissões são evitadas e o dejeto é transformado em um composto orgânico que mantém o excesso de nitrogênio e fósforo fora dos fluxos de água, evitando assim a degradação da biodiversidade aquática. O processo ainda traz benefícios para a agricultura, uma vez que a utilização da água passa a ser mais eficaz nas fazendas.

Projeto Florestal

Nossos projetos florestais (REDD+) visam aumentar a competitividade de ações sustentáveis em relação ao padrão tradicional de ocupação de terra. Estes projetos promovem a sustentabilidade em seus três eixos: o econômico, através dos créditos de carbono; o social, devido a geração de benefícios para a comunidade local; e o ambiental, pela conservação, reflorestamento e adoção de técnicas mais eficientes de manejo florestal, com a consequente redução das emissões de GEE e proteção da biodiversidade.

O Rio Grande do Sul é o segundo estado do Brasil com a maior potência fotovoltaica instalada e o terceiro do país em número de instalações de geração distribuída.


O governo do Rio Grande do Sul salienta que tem investimentos em energia previstos na ordem de R$ 52 milhões dentro do programa Avançar na Sustentabilidade. Este valor é destinado para o fomento da transição energética de fontes poluentes para alternativas sustentáveis, bem como expansão da energia elétrica em zonas rurais. O governo afirma que haverá a criação de um plano setorial de hidrogênio verde e ainda um projeto de transição para regiões com vocação atual para a exploração de carvão mineral, considerando os impactos sociais e econômicos.

O Atlas das Biomassas do Rio Grande do Sul, um dos documentos com potencial para fomentar políticas públicas relacionadas ao setor energético, observa ainda que “a mudança para energias renováveis é essencial” a partir dos estudos realizados e posteriormente publicados nos diferentes anos. Embora este não seja o único documento que aponte esta necessidade de investimentos contínuos, é possível perceber que há uma convergência de ideias que levam a uma realidade mais sustentável em um futuro imediato.

Em geral, há um clima de júbilo e expectativas crescentes entre os profissionais envolvidos em todas as etapas da cadeia produtiva e de distribuição. Neste contexto, existe uma grande possibilidade de que, não muito longe no futuro, a energia elétrica que chega até a residência dos consumidores, ou o combustível abastecido em um automóvel, apenas para citar alguns exemplos, seja proveniente de uma fonte renovável cuja tecnologia ainda hoje esteja em desenvolvimento. “A transformação será enorme e atingirá muitas atividades da economia tradicional, incluindo os processos industriais e as cadeias de transporte e serviços”, afirma Felipe Ostermeyer, da Enerfin, um dos desenvolvedores do projeto de hidrogênio verde no Rio Grande do Sul.

Energia solar cada vez mais popularizada e com instalação menos burocrática


O Rio Grande do Sul é o segundo estado do Brasil com a maior potência fotovoltaica instalada e o terceiro do país em número de instalações de geração distribuída. Foto: Guilherme Almeida

A energia solar é uma das mais difundidas no Brasil e este fato não é diferente no Rio Grande do Sul. Painéis solares são largamente vistos em residências, comércios, indústrias e edifícios públicos, denotando que a tecnologia associada às instalações não apenas está mais popularizada, como sua instalação está cada vez menos burocrática. Parte desta afirmação vem de uma maior facilidade para a aquisição de financiamentos, liberados por bancos privados e especialmente instituições financeiras cooperativadas, que estão visualizando o potencial deste mercado, principalmente em comunidades do interior gaúcho.

“Quanto mais se utiliza a tecnologia, mais ela acaba sendo barateada. Isso é um fenômeno mundial que chegou ao nosso país”, afirma Frederico Boschin, conselheiro nacional da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), além de diretor técnico e conselheiro do Sindienergia-RS. A ABGD afirma que o país ultrapassou, em março deste ano, a marca de 10 gigawatts (GW) de geração distribuída, como é chamada a energia gerada a partir de fontes próprias e deve superar a barreira dos 15 GW até o final de 2022. É um salto considerável: conforme a associação, o país passou de 9 para 10 GW instalados em apenas 67 dias.

Existe, no Brasil, mais de 1,1 milhão de conexões totais deste tipo de fonte, também segundo a ABGD, 43,6% delas para consumo residencial, o maior contingente entre as classes aferidas. O comércio vem na sequência, com 33,2%. Em seguida, aparecem os segmentos rural (13,9%) e industrial (7,9%). A energia solar é a dominante entre as fontes de mini e microgeração de eletricidade, respondendo por 97,7% do total. “Acrescentar cerca de 8 GW em um ano significa entregar o equivalente a meia Itaipu”, ressalta o presidente da Associação, Guilherme Chrispim. O Rio Grande do Sul responde por 118 mi unidades consumidoras e 1.128 GW de potência instalada, segundo o deputado estadual Zé Nunes, presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Microgeração e Minigeração de Energia Renovável, participante do evento.

O conselheiro Frederico Boschin aponta ainda que a energia solar se tornou a “grande vedete do Brasil”. Na opinião dele, esta fonte é benéfica em períodos e regiões mais secas. “Se não chove, tem sol. E o preço da energia dispara porque não é possível gerar energia a partir de fontes hidrelétricas e precisamos fazer o acionamento de usinas térmicas. De um lado, temos comparativamente um tipo de energia mais caro, mas o custo da solar caindo”. Ainda segundo o conselheiro, a regulamentação é “bastante preferencial” às instalações de energia solar e o caráter modular dos próprios painéis, que podem ser instalados de um até milhares por vez, facilita esta personalização dos projetos.

Conforme o Atlas Solarimétrico do Rio Grande do Sul, em “qualquer região do território gaúcho” é viável à implantação de projetos de aproveitamento da luz do sol dentro dos limites de inserção no Sistema Elétrico Regional ou ainda em sistemas isolados. De maneira geral, Dom Pedrito, na região da Campanha, é o município, dentre 34 grandes e médios do Estado aferidos pelo projeto, incluindo Porto Alegre, com o maior índice de radiação solar no ano, com 5,042 quilowatt-hora por metro quadrado (kWh/m²).

O Rio Grande do Sul é o segundo estado do Brasil com a maior potência fotovoltaica instalada e o terceiro do país em número de instalações de geração distribuída. “Todos os cenários apresentados atualmente mostram a energia solar como a fonte energética que mais crescerá no mundo até 2050”, diz o Atlas. O documento aponta ainda que, ao utilizar apenas 2% da área não urbana do RS, apta para instalação de projetos fotovoltaicos, é possível instalar uma potência total de 23 GW de energia e produzir, anualmente, cerca de 34 TWh de eletricidade. O número, descreve o documento, é equivalente à média do consumo gaúcho de energia elétrica registrada nos últimos sete anos, incluindo as perdas do sistema.

De maneira geral, os debates sobre energias renováveis têm como norteador a transição energética. O Rio Grande do Sul e o Brasil se comprometeram a reduzir a emissão de poluentes em até 50% até o ano de 2030 a partir das metas assumidas no Acordo de Paris. O diálogo contínuo entre o poder público e a iniciativa privada são vistas como igualmente fundamentais, tanto na parte de regulação destas tecnologias quanto na própria implantação e acompanhamento dos projetos ao mercado consumidor. Desta forma, os painéis do Fórum de Energias Renováveis buscaram ouvir todos os segmentos relacionados e se posicionar como uma importante arena de debates no Estado.

Potencial a ser explorado na energia eólica


O Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, produzido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), de 2014, aponta grande potencial de usinas onshore e offshore. Foto: Alina Souza

As usinas eólicas são realidade há tempos no Rio Grande do Sul e, dadas suas características de instalação, são offshores, dentro do mar, nearshores, em lagoas, ou em terra firme, as onshores. De acordo com o Sindienergia-RS, a capacidade de abastecimento de uma usina do gênero está na base de 40 GW no mar e 10 GW em lagos. Para reduzir o impacto ambiental e nas comunidades, um grupo de trabalho integrado pelo sindicato está em contato permanente com a população de onde potencialmente pode haver usinas instaladas, bem como órgãos ambientais, como Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e Ibama, a fim de buscar soluções conjuntas e que minimizem ao máximo os riscos.

Atualmente, 13 entidades integram o GT e há pelo menos dois grandes projetos do tipo sendo estudados no litoral gaúcho, por parte da empresa Ocean Winds, cujo memorando foi assinado com o governo gaúcho no mês passado. No trecho norte, a Marinha de Tramandaí tem potencial de gerar até 700 MW e, no Litoral Sul, o Ventos do Sul poderá gerar até 6,5 GW. A intenção é replicar no Estado as iniciativas que deram certo em outros países e, para isso, o Sindienergia-RS esteve na Europa e presenciou complexos similares que também utilizam a força dos ventos para a geração energética.

“O ideal é que consigamos atrair a indústria associada a estas usinas, porque otimizamos bastante em termos de tempo, composição financeira e no meio ambiente. Além do ganho sustentável, há um ganho de geração de energia, pois passamos a exportar energia limpa”, afirma a diretora de Operações e Sustentabilidade do Sindienergia RS, Daniela Cardeal, que integrou o fórum promovido pelo Correio.

O Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, produzido pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) e publicado em 2014, apontava que havia “um grande potencial a ser explorado”, tanto de usinas onshore quanto offshore, com 103 GW a 100 metros de altura, em locais com velocidades de vento superiores a 7 metros por segundo, equivalente a 25,2 quilômetros por hora. Estas localizações cobriam, segundo o Atlas, 39 mil km² do Estado. Já no caso das offshores, são mais de 600 quilômetros de extensão de litoral e uma zona econômica exclusiva que cobre mais de 200 mil quilômetros quadrados de área do Oceano Atlântico.

A capacidade instalável no mar gaúcho é estimada em 80 GW a 100 metros de altura, com mesma velocidade do vento. Ainda segundo o Atlas, as usinas onshore no RS têm potencial energético de produção de 382 terawatts-hora (TWh) por ano e as offshore 305 terawatts-hora (TWh) por ano no mar e 124,9 TWh nas três principais lagoas (dos Patos, Mirim e Mangueira). “Temos uma capacidade energética de produção no mar equivalente a 50 usinas hidrelétricas de Itaipu”, disse no evento o oceanólogo Henrique Ilha, chamando este modelo de “nova revolução”. A eletricidade gerada no Brasil todo em 2020 foi de 621 TWh, de acordo com o Anuário Estatístico de Energia Elétrica 2021, divulgado pelo EPE.

A versatilidade das tradicionais fontes orgânicas

 

A bioenergia também foi objeto de discussão no Fórum de Energias Renováveis. Gerada por meio de fontes como matérias orgânicas de origem vegetal ou animal, ela tem a versatilidade como uma das principais características, já que é igualmente útil na produção de combustíveis, eletricidade e calor.

Em dezembro do ano passado, o governo gaúcho assinou contrato de suprimento de biometano após estudos de viabilidade feitos pela Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), com a pretensão de instalar a central de tratamento integrado de resíduos em Triunfo, na região metropolitana. Em 2016, o Estado tinha capacidade de produzir 2,7 milhões de metros cúbicos (m³) por dia de biogás, 1,5 milhão de m³ por dia de biometano e gerar 2,4 gigawatts (GW) de energia elétrica a partir da biomassa agrossilvopastoril.

Os dados são do Atlas das Biomassas, estudo encomendado pela Sulgás junto à Universidade do Vale do Taquari (Univates) e concluído no ano de 2016. De acordo com a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), o Brasil tem potencial de produção de 120 milhões de m³ diários do biogás, que poderiam suprir 40% da demanda por energia elétrica e 70% do consumo de diesel. 

A biomassa residual produzida no Rio Grande do Sul tem origem em cinco diferentes fontes, ainda conforme o documento: pecuária, especialmente dejetos de bovinos, suínos, aves, equinos e ovinos, agroindustrial, este subdividido em abate bovino, suíno, avícola e laticínios, e ainda resíduos de vinícolas, Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) e aterros por meio do reúso dos resíduos sólidos urbanos. “Temos matéria-prima para utilização de biogás infinito. O Brasil produz diariamente 220 mil toneladas de resíduos domiciliares. No mínimo, 110 missão orgânicos”, disse no evento Pedro Rudimar, professor do IMED em Passo Fundo.

De acordo com a Aneel, a biomassa utilizada no Estado também provém de materiais como casca de arroz e resíduos de madeira. Os maiores índices de geração, conforme o Atlas das Biomassas, estavam na Fronteira-Oeste, detendo 16,4% do total. Na sequência, vêm o sul gaúcho, Campanha, Vale do Taquari e Serra. O potencial da biomassa está no radar de grandes empresas como a Braskem e a BSBIOS, que participaram do Fórum e expuseram suas experiências de produção.

Futuro

"O futuro é verde. O meio ambiente é a pauta". A expert em Estudos de Futuros e Neo Humanista e CEO da W Futurismo, Jaqueline Weigel, foi a palestrante de abertura do Fórum de Energias Renováveis. Segundo ela, o futuro deve instigar os líderes, nas empresas e no poder público, a pensarem a longo prazo. “Não vamos mudar o planeta em cinco anos. E é preciso saber aonde se quer chegar. Ninguém pega um avião sem saber o destino.”

Pesquisa em hidrogênio verde avança no Rio Grande do Sul

A casca de arroz e os resíduos de madeira estão entre os materiais utilizados no RS para a produção de biomassa. Foto: Alina Souza

Outra potencialmente importante é o hidrogênio verde, cuja tecnologia está em desenvolvimento, com avanços acontecendo a olhos vistos. O governo do Estado assinou em março, com as empresas Enerfin, integrante do Grupo Elecnor, e White Martins, um memorando de entendimento para aplicação de projeto relacionado ao tema no Porto de Rio Grande, no sul gaúcho. O local concentra o maior distrito industrial do Rio Grande do Sul, o que por si representa ganhos em economia e especialmente na logística.

O hidrogênio é o elemento químico mais abundante do universo, ou seja, a sua disponibilidade é praticamente infinita. “Existe uma expectativa de que a Europa poderá adquirir hidrogênio verde do Brasil, o qual será produzido em grande escala e baixo custo a partir de energia renovável de fonte eólica e solar”, afirma Felipe Ostermeyer, diretor da Enerfin do Brasil. Conforme ele, a tecnologia de uso do hidrogênio verde segue em desenvolvimento, necessitando ainda superar barreiras de competitividade, entre outras.

Esta fonte pode ser essencialmente útil para as empresas de fertilizantes e demais companhias ligadas ao agronegócio, que têm grande demanda. Para produzir hidrogênio verde, cujo nome se dá pela emissão de poluentes ser praticamente nula, há um processo de eletrólise da água, que é decomposta. Os elementos oxigênio e hidrogênio são separados e este último é armazenado para gerar energia por meio de células de combustível. Ele pode, em seguida, ser utilizado como insumo para indústrias petroquímicas, de bebidas e química, por exemplo.

Há interesse da Europa no desenvolvimento desta tecnologia, considerando a necessidade de substituição do gás importado da Rússia a partir do recente impacto sobre a oferta de energia no continente europeu em razão da guerra na Ucrânia, diz Ostermeyer. Recentemente, o presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), Paulo Emílio Valadão, disse ainda que este combustível poderia se tornar uma “nova commodity energética”.

“Existe a oportunidade de se chegar a uma autossuficiência e depois de uma exportação de projetos renováveis, sobretudo eólicos, que vão dar respaldo para o atendimento do mercado de hidrogênio”, diz Guilherme Sari, presidente do Sindicato da Indústria de Energias Renováveis do Rio Grande do Sul (Sindienergia RS), que participou do fórum em Porto Alegre. As estruturas no mar podem auxiliar na produção deste combustível, e a exportação do hidrogênio verde pode ser feita por dutos ou caminhões em terra, ou através de embarcações marítimas.

No entanto, sua produção ainda requer muita energia. Atualmente, de acordo com a ABH2, a produção de hidrogênio a partir de combustíveis fósseis requer o gasto de 1,4 dólar para cada quilo gerado. A eletrólise que gera o rótulo “verde” tem custo variável entre 5 dólares e 7 dólares por quilo. Para reduzir o custo, a biomassa está sendo vista como possibilidade para produção do combustível “a custo competitivo”, disse Valadão no Simpósio Global sobre Soluções Sustentáveis em Água e Energia, realizado no último mês de junho, em Foz do Iguaçu (PR).


Fontes hídricas: mais baratas aos consumidores


As fontes hídricas são as que geram a energia mais barata para os consumidores, segundo aponta o presidente da Associação Gaúcha de Fomento às Pequenas Centrais Hidrelétricas (AgPCH), Roberto Zuch. De acordo com ele, além de pioneiro na área, o RS é exportador de conhecimento e tecnologia para todo o planeta. “Elas não dependem de grandes estruturas de linhas de transmissão, se posicionam próximas do centro de carga, têm pouca perda no transporte e a vida útil mais longa entre todas as fontes”, comenta o presidente da AgPCH.

A AgPCH, utilizando informações divulgadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), afirma que o Rio Grande do Sul tem 5.972 MW de fontes hídricas e é o terceiro estado da federação com maior potencial deste tipo de energia, se posicionando atrás apenas de Mato Grosso e Minas Gerais. O RS tem, atualmente, 150 usinas hídricas em operação, das quais 77 são PCHs, e que geram, no total, 913 MW. “O potencial operatório apenas das PCHs no Estado é capaz de abastecer em torno de 1,8 milhão de residências”, afirma Zuch.

A instalação de uma usina do gênero requer diversos trâmites, especialmente ambientais. O caminho é longo e a demora no licenciamento preocupa permanentemente o setor. Conforme a associação, a lentidão nos processos de implantação das PCHs e CGHs gera um atraso em investimentos que superariam R$ 4 bilhões apenas no Rio Grande do Sul. “O potencial de PCHs em licenciamento atualmente na Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) teria a capacidade de dobrar a potência instalada atualmente em operação no RS”, salienta o presidente da AgPCH.

A vantagem desta tecnologia, aponta ele, é que elas não dependem de grandes estruturas de linhas de transmissão, além de estarem posicionadas próximas dos centros de carga, têm pouca perda no transporte e logística e vida útil mais longa entre todas as fontes. “Usinas hídricas instaladas aumentam o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município onde estão situadas”, afirma Zuch. Há um círculo virtuoso relacionado a esta instalação, que gera, reforça a AgPCH, incentivo ao turismo, criação de empregos, atração de indústrias, melhoria na infraestrutura local e melhores oportunidades de negócios para toda a cadeia produtiva.

Energia para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul

Consideradas estratégicas, a situação atual e o potencial futuro das fontes renováveis estão em debate no Estado


Em 2010, o Rio Grande do Sul tinha instalado em seu território um parque de geração de energia que, contando todas as fontes, renováveis ou não, somava 6.244 megawatts (MW). Dez anos mais tarde, este número havia crescido 37,4%, para 8.583 MW, fora os sistemas de mini e microgeração energética, que totalizam 573 MW. As informações, divulgadas pelo Atlas Socioeconômico do Estado, elaborado pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), mostram que este aumento está sustentado, em grande parte, pela diversificação das fontes de energia, especialmente aquelas que podem ser naturalmente renovadas.

Conforme a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, a capacidade instalada no RS representava, também em 2020, 5% do total do Brasil. Também no Rio Grande do Sul, 52% da matriz geradora correspondia a hidreletricidade, desde usinas, pequenas centrais (PCHs) e centrais geradoras (CGHs), 23% a termelétricas movidas a combustível fóssil ou biomassa, 23% a energia eólica e 2% a energia solar. Esta diversificação, afirma o Atlas, “tem assegurado melhorias na relação entre produção, importação e consumo no Estado”. Matrizes renováveis já são responsáveis por 80% da energia do Estado, sendo aproximadamente 20% delas energia eólica, de acordo com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec).

O Correio do Povo realizou, na quinta-feira, o Fórum de Energias Renováveis, na sede do Imed, em Porto Alegre, reunindo especialistas dos setores público e privado. Na pauta principal, a situação atual e potenciais futuros das fontes renováveis no Estado, consideradas estratégicas e cuja importância se faz verificar pelo caráter de preservação do meio ambiente. Neste momento, mais do que nunca, aspectos como o aquecimento global e as mudanças climáticas já estão claramente presentes no cotidiano da população.

Foto: Alina Souza
PorFelipe Faleiro

Universidade Federal do Ceará prova que painéis solares podem ser fabricados a partir de resíduos da castanha de caju

Testes de produção de painéis solares – (Foto: Viktor Braga/UFC)

Buscando uma maior eficiência e sustentabilidade, a Universidade Federal do Ceará comprovou que é possível fabricar painéis solares por meio da castanha de caju. Os resíduos ainda podem baratear o custo de produção

A energia solar, fonte renovável e não poluente é gerada por meio da luz e calor solar. Essa fonte de energia renovável é captada por painéis solares e, para a fabricação desse equipamento, cientistas da Universidade Federal do Ceará (UFCE), estão utilizando um líquido viscoso e escuro que resta do processamento da castanha do caju, que é chamado de LCC.

Projeto da Universidade Federal do Ceará pode ser mais eficaz e tornar painéis solares baratos

Líquido da casca de castanha de caju (LCC), resíduo industrial utilizado no experimento da pesquisa (Foto: Viktor Braga/UFC)

A pesquisa feita pela Universidade Federal do Ceará mostrou a possibilidade de produzir painéis solares mais eficientes a partir do resíduo da castanha de caju, como explica Nivaldo Aguiar, professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de Materiais.

De acordo com o pesquisador da Universidade Federal do Ceará, esse resto do processamento da castanha de caju gera dano ao meio ambiente, tendo em vista que deixa o solo estéril, dificultando a agricultura. As indústrias, sem ter nenhum meio ou algo a fazer com os resíduos da castanha de caju, geralmente os armazenam em grandes reservatórios.

Além de dar um destino “mais limpo”, o pesquisador da Universidade Federal do Ceará afirma que a aplicação do resíduo na geração de energia solar ainda tem a capacidade de reduzir o custo de fabricação de painéis solares. Os pesquisadores da instituição atuam com o aproveitamento do resíduo da castanha de caju há cerca de três anos. Durante a próxima etapa da pesquisa, os cientistas planejam registrar a patente do sistema e também realizar testes de custo.

Ceará avançando em pesquisas inovadoras

RESÍDUO DA CASTANHA DE CAJU É USADO NA PRODUÇÃO DE PAINÉIS SOLARES
crédito: Rede Nacional de Rádio

Além da universidade federal do Ceará, que está desenvolvendo painéis solares, pesquisadores do IFCE estudam o reaproveitamento de algumas substâncias da casca da banana. Uma das missões é utilizar a casca da fruta como parte da composição de embalagens ou como substituta de produtos fabricados a partir de petróleo. Com o estudo da casca da banana, foi encontrada uma substância conhecida como lignina.

Segundo os pesquisadores, tal substância pode ser aplicada na indústria farmacêutica, de produtos e alimentícia, que usam derivados de petróleo para fabricar pesticidas, aditivos entre outros.

De acordo com os pesquisadores, é possível encontrar esta substância em outras frutas, mas a produção e plantio de banana é mais predominante na região de Iguatu, onde prosseguem os estudos, ou seja, favorecendo sua utilização na pesquisa.

Tangerina pode produzir Biogás?

O Mestrado Profissional em Engenharia Urbana e Ambiental do Centro Técnico Científico da PUC-Rio revelou que as cascas da famosa tangerina, que são descartadas, podem ser transformadas em biogás, podendo ser uma substituta dos combustíveis fósseis.

De acordo com o autor, Rafael Vieira de Carvalho, se os resíduos da tangerina forem tratados da forma correta, serão capazes de gerar energia limpa e adubo, podendo movimentar a economia, reduzindo os impactos e sendo um dos melhores aliados na busca de um futuro mais sustentável.

O biogás pode ser encontrado por meio de um ensaio chamado de BMP, em que as cascas são trituradas, misturadas e armazenadas em dispositivos que medem o volume do gás por cerca de 21 dias.

Bahia ganha nova fábrica de pás eólicas de uma das maiores fabricantes renováveis do mundo, com previsão de gerar 1.700 empregos nos próximos anos

Torres de energia eólica - crédito: RenewableNEws

Com o fim da missão internacional, governador da Bahia garante novo empreendimento de pás eólicas que promete gerar novos empregos e renda ao estado

Após o encerramento de sua missão internacional pelos países como Alemanha, Cazaquistão e República Tcheca, o governador do estado da Bahia, Rui Costa, na última quinta-feira (28), esteve em uma reunião com a Sinoma, uma grande empresa chinesa que é líder mundial nos segmentos de material de construção e vidros, além de ser uma das maiores fabricantes de equipamentos destinados à produção de energia eólica do mundo. Durante a reunião, foram discutidos diversos detalhes sobre a implantação de uma fábrica de pás para turbinas eólicas na Bahia. As pás eólicas são as principais responsáveis pela geração de energia elétrica limpa e renovável, a partir da rotação oriunda dos ventos.

Proposta inicial contempla parque eólico de 35 mil metros quadrados

De acordo com o governador da Bahia, a proposta primária é a implantação de uma unidade com cerca de 35 mil metros quadrados, além da instalação de quatro linhas de produção de pás, em Camaçari, para que atenda a demanda nacional e internacional.

A princípio, estima-se que sejam gerados em torno de 500 empregos podendo chegar a 1.200, de acordo com a expansão e ampliação que será realizada três anos após o início do funcionamento da fábrica de pás eólicas. Rui Costa participou de uma videoconferência com os executivos da empresa na sede chinesa e também no escritório do Brasil, em São Paulo.

O governador da Bahia se colocou à disposição e ofereceu todo apoio necessário para que o projeto seja implementado. Rui afirmou que é de extremo interesse ter a fábrica de pás eólicas implantada na Bahia e que só faltam apenas alguns detalhes para que o projeto se concretize. Rui concluiu dizendo que o Estado dará total apoio para que tudo aconteça o mais rápido possível.

Parceria entre Bahia e China promete impulsionar ainda mais o mercado de energias renováveis no Brasil

A fábrica de pás eólicas em Camaçari, região metropolitana de Salvador, será a primeira do ramo que a empresa implantará fora da China. E a Bahia foi escolhida por possuir todas as condições necessárias para a instalação de uma unidade tão importante como esta, tais como o terreno adequado, a estrutura logística de estradas e também de portos. Já existem diversos parques eólicos no estado da Bahia, algo que tem gerado uma alta nos empregos e na movimentação da economia do estado.

Outras parcerias importantes entre a Bahia e países estrangeiros

Rui Costa também conseguiu firmar algumas parcerias científicas com um instituto de tratamento de Câncer e a Universidade Técnica da Tchéquia, com o intuito de fazer uma interligação entre profissionais da saúde, para uma troca de experiências e formação. Após 12 dias de missão internacional, o governador da Bahia considerou positiva sua jornada em busca de mais parcerias para o estado.

Segundo Rui, a missão internacional foi um período muito trabalhoso em que literalmente venderam o potencial da Bahia, com o intuito de conseguir novos investimentos.

Além disso, o governador concluiu dizendo que conseguiu mostrar que o estado baiano possui as melhores condições e os melhores trabalhadores do Brasil para operar esse tipo de empreendimento e que o estado está totalmente aberto a iniciativas produtivas que possam gerar novos empregos e renda, melhorando a qualidade de vida do povo baiano.

Alemanha anuncia € 34 milhões para desenvolver mercado de hidrogênio verde no Brasil

Foto: Divulgação Complexo do Pecém

A Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) anunciou nesta quarta (27) o investimento de 34 milhões de euros para o desenvolvimento de projetos de produção de hidrogênio verde no Brasil (H2V), durante evento organizado pela Câmara Brasil-Alemanha (AHK).

A inciativa chamada H2 Brasil prevê a disponibilização dos recursos ao longo dos próximos dois anos para a construção de uma planta piloto de eletrólise com capacidade de 5 MW.

Além disso, o governo alemão espera colaborar na instituição de um marco regulatório de H2V no país, dando prosseguimento ao Programa Nacional de Hidrogênio do Ministério de Minas e Energia (MME).

O ministro de Economia e Energia da Alemanha, Thomas Bareiss, destacou durante o evento que o Brasil possui enorme potencial de energia renovável para produção de hidrogênio vede. E que o combustível produzido no país será essencial para abastecer a demanda alemã na transição energética.

“A Alemanha sozinha não é capaz de dar conta das suas necessidades”, disse. “Temos bilhões de euros investidos para avançar com isso, que em parte será investido na parceria Brasil–Alemanha”.

Segundo o ministro, o Brasil abriga o maior parque industrial alemão fora da Alemanha, representando cerca de 12% do PIB brasileiro.

Consórcio europeu quer investir US$ 2 bilhões na produção de hidrogênio verde no Ceará

O compromisso de reduzir suas emissões de carbono em 55% nos próximos cinco anos e ser neutra até 2045 tem levado o país europeu a investir pesado no desenvolvimento do mercado de H2V, com interesse especial pelo Brasil.

O plano prevê destinar € 9 bilhões para desenvolvimento de tecnologias ligadas ao H2V. Desse total, € 2 bi serão para parcerias internacionais.

“Para que nosso mercado seja abastecido. estamos trabalhando em soluções conjuntas. Toda a estrutura de incentivo que estamos gerando para incentivar a produção de H2V (…) Queremos garantir o abastecimento estável. Essa é uma responsabilidade que vamos preservar na transição”, explicou o ministro.

Cluster para estudar viabilidade econômica de projetos

Para Petra Schmidt, representante do Ministério Federal de Cooperação Econômica e do Desenvolvimento da Alemanha (BMZ) no Brasil, outro objetivo da iniciativa H2 Brasil é gerar um cluster de projetos pilotos na cadeia de H2V, que permita estudar a viabilidade econômica desses projetos.

“Se por uma lado a Alemanha trabalha para ser mais verde a cada ano, por outro, o Brasil tem o potencial de ser uma grande exportador de H2V”, disse Petra.

“Queremos melhorar as condições legais, institucionais e tecnológicas para o desenvolvimento de uma economia verde de hidrogênio no Brasil expandindo o mercado nacional”, completou.

Cinco componentes do Projeto H2 Brasil:
  1. Melhoria da estrutura regulatória nacional
  2. Disseminação de informações e conhecimentos sobre o hidrogênio verde
  3. Capacitação e formação profissional (com vagas destinadas especificamente a mulheres)
  4. Fomento a projetos inovadores relacionados ao hidrogênio verde no país
  5. Expansão do mercado – com a previsão da construção de uma planta piloto de eletrólise com 5 MW.

Novo complexo de energia solar de R$ 782 milhões será construído no Ceará. Local gerará mais de 2,8 mil empregos


Usina de energia solar/ Fonte: Diário do Nordeste

No total serão 5 usinas de geração de energia solar, localizados no interior do estado do Ceará, no município de Abaiara.

A cidade de Abaiara, na região do Cariri, será centro de novo investimento em produção de energia elétrica a partir da luz do sol. Ao todo, serão investidos R$ 728,6 milhões para construção do complexo fotovoltaico com cinco parques de geração de energia solar. A capacidade total de geração de energia é estimada acima dos 163 megawatts (MW). Para construção do empreendimento, espera-se a criação de 2.800 novos empregos no estado do Ceará. 

Geração de empregos

A maior parte dos postos de trabalho serão gerados durante a fase de construção dos cinco parques de energia solar. Estima-se a criação de 800 empregos diretos e outras 2 mil vagas indiretas na fase de implantação do projeto.

Quando estiver em operação, a empregabilidade do investimento declina e projeta-se que serão alocados 10 trabalhadores em postos de trabalho direto, e outros 30 em vagas indiretas, para manutenção dos parques de energia solar no estado do Ceará.

Mais detalhes sobre o complexo de energia solar

O empreendimento será composto de quatro plantas solares semelhantes denominadas de Lightsource Milagres I, II, III, IV com proporções e capacidade de geração de energia semelhante. Nestes, o aporte estimado é de R$ 145,2 milhões para implementação de cada parque.

Do total gasto em cada parque de energia solar, R$ 77, 8 milhões serão financiados pelo Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e o restante pela iniciativa privada. A última planta a ser instalada, a Lightsource Milagres Geração de Energia Ltda, será a maior do complexo solar com investimento estimado em R$ 201,7 milhões, sendo R$ 111,7 milhões patrocinado pelo financiamento do FNDE. O fundo gerenciado pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), será responsável por financiar R$ 422,9 milhões do total a ser aplicado no complexo solar de Abaiara. A primeira liberação de recursos para construção do empreendimento irá ocorrer ainda este ano, conforme a Sudene.

Utilização de fontes renováveis

Além da geração massiva de postos de trabalho durante a implementação, a construção do complexo solar se interliga com o fortalecimento do hub de energias renováveis no Ceará. Além disso, intensifica as prospecções de venda de energia para os projetos de hidrogênio verde que estão sendo implementados no Estado.

O projeto também vai proporcionar “a geração de renda por meio do arrendamento de terras onde será implantado”, conforme destaca a Coordenação-Geral de Fundos de Desenvolvimento e de Financiamento da Sudene. Empreendimentos de energia solar tem sido fortalecidos pela Sudene na tentativa de atenuar a crise energética vivenciada pelo Brasil. Em 2020, de acordo com balanço da Sudene, foram liberados cerca de R$ 8 bilhões em financiamento para projetos de energias renováveis em toda região Nordeste.

A empresa Solar Newen Bahia Energia assinou um protocolo de intenções com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), para a construção de uma nova usina fotovoltaica destinada a geração de energia solar, no município de Barreiras. Para a execução do projeto, a empresa estima investir R$ 1,080 bilhão. O empreendimento irá contratar 990 operários para a sua construção e gerar 135 empregos na fase de operação.

O secretário de desenvolvimento econômico, Nelson Leal, disse que em julho deste ano, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica registrou, que a Bahia ficou em segundo lugar dentre os estados geradores de energia solar no país. E esse protocolo que assinaram é um indicativo que o setor só tende a crescer no estado, completa. De acordo com o site Bahiade Valor, os empreendimentos para geração de energia solar na Bahia já geraram 13 mil empregos diretos, na fase de construção dos que já estão em operação, e a SDE estima que sejam criados mais 47,4 mil empregos diretos na fase de construção para os parques que estão em construção ou ainda serão iniciados.


Resíduos para o desenvolvimento de energia na África - uma nova planta da WTE

Waste to Energy International (WTEI) continua o desenvolvimento de resíduos para energia na África seguindo a estratégia de longo prazo. Além de nosso projeto de transformação de resíduos em energia no Egito , assinamos o acordo para desenvolver, investir, construir e operar uma nova planta de transformação de resíduos em energia na África Subsaariana.

A nova usina de transformação de resíduos em energia deve processar 2.000 tpd (toneladas por dia de RSU (resíduos sólidos urbanos) e, como resultado, a usina deve produzir cerca de 40 MW de eletricidade.

Resíduos em usina de energia na África

O G20 estabeleceu uma meta global com o objetivo de implementar tecnologias de transformação de resíduos em energia na África. Em particular, o documento diz o seguinte. “O G20 deve criar um grupo de trabalho ... para melhorar o setor de resíduos a jusante. O G20 deve pedir às organizações relevantes ... que identifiquem as melhores práticas ... para estabelecer sistemas nacionais de coleta de dados de resíduos. Articular políticas de gestão de resíduos para um sistema mais eficaz, considerando os requisitos específicos da tecnologia de transformação de resíduos em energia ”.Hugo Le Picard, G20 Insights.

Como a WTEI realiza um novo desperdício para o desenvolvimento de energia na África

Em resposta a esses objetivos globais, a WTEI criou um consórcio para construir e operar uma nova planta de transformação de resíduos em energia na África. Esta planta será a terceira instalação no continente, depois da planta da Etiópia e da planta da WTEI no Egito . O consórcio inclui OAK - nosso parceiro de investimento de longo prazo, o desenvolvedor local e o patrocinador do projeto. Criamos o consórcio seguindo nosso modelo de desenvolvimento, que utilizamos para diversos projetos de energia alternativa.

Agora, a WTEI e o desenvolvedor local iniciaram o estudo de viabilidade para determinar a melhor tecnologia aplicável. A equipe do desenvolvedor local atua no país, coletando respostas para o nosso RFI (solicitação de informações). Na próxima etapa, a WTEI realizará negociações com o provedor de tecnologia e o contratante EPC. Com isso, teremos uma proposta firme de CAPEX e OPEX para nosso modelo financeiro. Os cálculos baseados nos custos reais criarão uma base severa para o financiamento de nossos investidores e instituições financeiras.

Todo o ciclo de desenvolvimento, iniciado em outubro de 2021, levará de 2 a 3 anos. Em 3-5 meses, realizaremos o estudo de viabilidade. O encerramento financeiro demorará cerca de 1 a 2 meses. Em seguida, o consórcio fará a construção e o comissionamento. A planta deve estar operacional por 25-30 anos.

Portanto, agora, quando a WTEI expande sua presença na África, nosso portfólio continua crescendo. Juntamente com o projeto hidrelétrico, o valor total do investimento de nossos projetos em andamento atingiu 1,2 bilhão de dólares. O futuro do negócio de energia alternativa parece mais promissor hoje do que em qualquer época anterior. E esperamos que WTEI agregue uma contribuição valiosa para um ambiente melhor e mais saudável.


Consumidor pode economizar com energia solar mesmo sem ter placas

Moradores de apartamento ou casa sem espaço no telhado para painéis podem contratar usina e pagar até 20% menos na conta


Rio de Janeiro – O investimento em energia solar não é apenas uma boa ação ambiental, é também a certeza de economia para todos os consumidores que buscarem empresas confiáveis do setor. Além de reduzir em até 95% a conta de luz, a despesa para instalação, bem menos salgada que no passado, é abatida em cinco anos em média.

Mesmo quem não tem telhado com bom espaço livre ou mora em apartamento pode se beneficiar da energia solar alugando a eletricidade de uma usina local.

Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o Brasil atingiu a marca de 10 gigawatts de capacidade operacional em usinas de grande porte e em pequenos e médios sistemas instalados em telhados, fachadas e terrenos do país. O número, difícil de entender, representa 70% da potência da usina hidrelétrica de Itaipu, segunda maior do mundo.

Hoje, 700 mil consumidores do país usam o sol para gerar sua própria eletricidade (com 6,3 gigawatts produzidos). É gente que ajuda o meio ambiente com uma matriz limpa e ainda pagava pouco todo mês na conta de luz.

A opção, não à toa, teve um boom em 2021, com a queda nas chuvas, o temor de racionamento e o encarecimento da energia, com as sucessivas bandeiras tarifárias. A Absolar, em levantamento de julho de 2021, apontava um aumento de 117% na procura por projetos de energia solar.


Nem telhado eu tenho

Quem não tem telhado para pôr as placas ou não quer pagar o valor inicial da montagem, pode ainda dar uma mão à natureza contratando empresas que captam a luz solar e a colocam no sistema da distribuidora local.

Como fazer? Procure uma produtora próxima e a contrate pelo período que desejar. A redução na conta, nesse caso, fica entre 10% e 15%, mas o estímulo à energia renovável é o mesmo.

Alexandre Bueno, um historiador formado na USP (Universidade de São Paulo) que se interessou pela causa, investiu com alguns sócios na criação de uma usina com placas fotovoltaicas no interior de São Paulo, em 2017.

Quatro anos depois a Sun Mobi tem duas usinas, uma em Porto Feliz e outra em Araçoiaba da Serra, cidade próxima a Sorocaba. Hoje, 80% dos clientes são residenciais e 20%, corporativos, Na quantidade de eletricidade entregue, o percentual se inverte: quatro quintos vão para as empresas.

Bueno observa que 75% das edificações não têm como instalar os painéis e algumas residências não possuem as condições mínimas para gerar energia. Sombra demais e locais com muita chuva são itens que pesam contra a capacidade de produção, mas não a inviabilizam .

“Com o custo atual da energia elétrica, não há porque descartar essa opção, por meio da instalação do sistema ou por contrato. Esse cliente vai ter um produto mais barato e ficar fora das bandeiras tarifárias, que estão levando as contas às alturas”, diz o empresário.

Segundo ele, quem fecha com sua companhia garante redução de pelo menos 10% na conta mensal e pode encerrar o fornecimento a qualquer momento, sem taxa de adesão ou prazo de fidelidade. “Nosso objetivo é fornecer um serviço similar ao da TV a cabo. Você assina, acompanha o monitoramente em tempo real de todos os gastos e sai quando quiser. Tudo bem prático e positivo não só para o cliente como para o meio ambiente.”


Ok, mas eu quero pôr placas no meu telhado. Como faço?

João Albino, de 58 anos, instalou há seis meses as placas no teto de sua casa, na cidade de São Paulo. E só tem elogios ao sistema.

Ele é um gaúcho — “gremista”, enfatiza — que atuou 40 anos no setor bancário e hoje é sócio de uma empresa de investimentos.

E como alguém do frio Rio Grande do Sul que mora em São Paulo, acostumado ao tradicional setor de finanças, poderia pensar em energia solar? A culpa é da nova geração, que já nasce preocupada com questões ambientais.

“Foi meu filho, que tinha 13 anos e agora está com 14, que me cobrou. Fico muito orgulhoso de ver que os mais novos têm essa mentalidade”, comenta.

Albino pensou mais na natureza do que no seu bolso, mas não tem do que reclamar em relação a nenhum desses aspectos.

“Eu pagava R$ 1.200 em média na conta de luz e hoje vem só a tarifa mínima, de menos de R$ 200. Para mim, não tem o que pensar. Nos meses em que gasto menos do que produzo, esse excesso vira crédito e posso aproveitar em um período que, por algum motivo, precise usar mais.”

O crédito também é utilizado no período noturno, todos os dias. Assim, se os paineis geram 10 kilowatts de manhã e à tarde e o morador usa apenas 7, o restante (3) fica para o gasto à noite. No fim do mês, calcula-se quanto foi fabricado e o quanto foi utilizado: se houver sobra, ela pode ser usada em meses posteriores; se se gastou mais do que produziu, a diferença é paga com a tarifa normal da concessionária.

O que convenceu João Albino definitivamente a colocar os equipamentos no alto de sua casa, em um condomínio da zona sul da capital paulista, foi a seriedade dos técnicos da empresa escolhida, a Portal Solar.

“Eles vieram aqui, definiram quantas placas seriam necessárias e disseram exatamente os custos que eu teria. Um vizinho meu também quis fazer, mas, no caso dele, havia bastante árvore fazendo sombra no telhado e não foi possível. Achei isso muito correto, não queriam apenas vender o sistema.”

A análise inicial é feita em cima dos gastos dos últimos doze meses na casa e inclui um questionamento sobre o que o consumidor pretende fazer futuramente e que pode ter impacto no uso de energia. Se quer ter um filho, por exemplo, ou comprar outros equipamentos, talvez seja aconselhado a ampliar a geração.

Rodolfo Meyer é proprietário da Portal Solar. Além de empresário do setor é um ativista. “Se for contratar alguém procure empresas confiáveis, que vão tirar todas as dúvidas e garantir que, se for bem feito, o projeto só tem pontos positivos.”

“Todo consumidor pode aproveitar a energia solar de alguma forma. É certamente a melhor maneira e mais rápida de reduzir o consumo de energia no país”, comenta Meyer.

Ele explica que o preço para instalar as placas caiu muito nos últimos anos e mesmo os valores atuais podem ser obtidos via financiamento bancário.

“Além de haver várias linhas de crédito dos bancos para energia solar, o consumidor tem que pensar que o retorno é rápido e que em pelo menos 80% dos casos, a parcela do financiamento sai mais barata do que a conta de luz que ele paga.”

Meyer diz que o projeto mais comum no país é o de clientes que pensam em instalar os paineis para fugir de contas de R$ 500 menais. “Nesse caso, sai em torno de R$ 25 mil a instalação e o consumidor pode parcelar esse preço em até 60 vezes.”

O empresário acrescenta que a cada ano a energia fica mais cara no Brasil, o que serve como um estímulo à produção solar. “Depois de cinco, seis anos, esse sistema é seu. Ele já se pagou e você vai ter eletricidade praticamente de graça por até 21 a 25 anos, quando é preciso trocar as placas.”

A conta de luz só não é totalmente zerada porque as distribuidoras cobram pequenas tarifas de todos os consumidores, como a de uso da rede ou de iluminação pública.

Rodolfo Meyer reforça a necessidade de difusão dessa alternativa para a matriz energética nacional.

“A queda no preço do equipamento por causa do desenvolvimento tecnológico foi de 90% nos últimos dez anos e a eficiência média por metro quadrado aumentou quase 50%. Não há mais razão para não aderir”, afirma.


Ele aproveita para desfazer um equívoco que serve para desestimular moradores de regiões frias do país. “Mesmo em locais como a região Sul é viável a instalação. Existe uma lenda urbana de que o painel solar só funciona com a luz do sol. Não é verdade, ele produz com a radiação. Assim com quem vai à praia e sai queimado, a placa capta a energia mesmo sem a luminosidade.”