Luz Solar x "Soleil": quem ganha em luminosidade?

Dezembro foi realmente um mês de grande júbilo para a "Família Síncrotron": veio à luz (sem nenhum trocadilho barato!), seu mais novo membro - o "Soleil", é esse seu nome de batismo - um Síncrotron de Terceira Geração, inaugurado em Saint-Aubin (Essonne), França.

Instalações do Síncrotron Soleil. - Créditos: Le Monde
Cientistas no mundo todo festejam o nascimento do novo equipamento, o qual permitirá avanços altamente significativos na pesquisa do infinitamente pequeno. Instalado em Saclay, ao sul de Paris, e contando com uma altíssima tecnologia, a luz solar perde em luminosidade frente ao novo síncrotron, uma vez que este tem capacidade de produzir uma luz 10.000 (dez mil!) vezes mais intensa que aquela do sol. Trata-se de uma radiação tão potente, capaz de penetrar a matéria com tal intensidade, que permite que se conheça, em sua forma mais íntima, a estrutura e propriedades da mesma!

Em abril-maio de 2007, essa estupenda estrutura abrirá suas portas para acolher uma equipe de felizardos pesquisadores, os primeiros a ter contato com o recém-nascido equipamento. Ao custo de 450 milhões de euros (1 euro ~2,8 reais) em oito anos (59% pelo Estado e 41% pelas coletividades regionais), o Síncrotron Soleil de Terceira Geração é o segundo na França, depois de Grenoble (também na França), sendo o décimo terceiro no mundo, entre estes, o brasileiro - Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, instalado em Campinas, São Paulo, Brasil.

No anel do Soleil, de 354 metros de circunferência, protegidos por um túnel e funcionando desde o último verão, os elétrons circulam a uma velocidade próxima àquela da luz, acumulando uma energia enorme e constante.

A empresa civil Síncrotron Soleil, cujos acionários são o CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique) e o CEA (Comissariado de Energia Atômica), informa que no próximo mês de maio deverá receber em Saint-Aubin seus primeiros utilizadores: pesquisadores e industriais, em número de 2.000, são esperados a cada ano.

Submetidos em seu curso a campos magnéticos que curvam sua trajetória ou a fazem oscilar nos onduladores (séries de pequenos ímãs justapostos), os elétrons liberam sua energia sob a forma de uma luz particular chamada "radiação síncrotron". Captado em diferentes pontos do anel de armazenamento, essa radiação é canalizada para saídas: as "linhas de luz".

Um verdadeiro laboratório é, assim, formado por cada linha de luz, dedicada a um campo de pesquisa. Tal laboratório é equipado com uma workstation experimental adaptada e com uma estação de análise dos resultados.

Em função da intensidade - inimaginável -, do feixe de luz, ele é capaz de penetrar no mais recôndito da matéria. Assim, é possível estudá-la em situações de ultradiluição ou acompanhar processos numa escala temporal de alguns centésimos de nanosegundo. A radiação síncrotron do Soleil é emitida sobre toda a faixa espectral, do infravermelho ao raio X, passando pelo ultravioleta.

A potência do Soleil é de 2,75 gigaelétrons-volts. Está previsto para até 2009 um total de 25 linhas de luz, dispostas ao redor do anel de armazenamento. Os cientistas, assim, terão todas e as melhores condições para a realização de seus experimentos. 

Se os financiamentos continuarem, o Soleil terá capacidade de se expandir ainda mais, uma vez que há lugar para que sejam instaladas mais 19 linhas. A "paleta" de luz disponível vai do infravermelho longínquo (300 micrômetros de comprimento de onda) aos raios X "duros" (0,03 bilionésimos de metro), oferecendo extensa gama de utilização.

É de se perguntar quais as aplicações de equipamento tão poderoso! Inúmeras: físicas; químicas; ciências dos materiais; eletrônicas; ciências da vida; medicina; ciências da terra e da atmosfera, meio ambiente, agroalimentar, cosmética, farmácia, entre várias outras.

Aproximadamente 300 pessoas fazem parte do pessoal efetivo permanente do Soleil, para a fase de experimentação, em 2007, das 12 primeiras "linhas de luz". Em 2009, momento em que a instalação estará em pleno funcionamento, serão 400 pessoas, quando, então, 25 linhas de luz estarão sendo utilizadas. Trata-se de um "fato verdadeiramente notável: sobre 5.500 horas anuais de funcionamento, mais de um quarto estarão relacionadas com atividades industriais e aplicadas, da química à indústria agroalimentar, passando pela eletrônica".

FONTE: Soleil

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