Produto é duas vezes mais resistente que o tradicional, diz empresário. Milheiro sai por R$ 900, mas custo final da obra chega a ser 30% menor.
Tijolo ecológico é produzido por presos em Uberaba (Foto: Reprodução/TV Integração)
Um grupo de empresários de Uberaba vai participar da conferência Rio+20, realizada pela Organização das Nações Unidas no Rio de Janeiro. Eles vão apresentar uma produção de tijolos ambientais que é feita na cidade.
O formato parece de um brinquedo, fácil de montar, mas o tijolo é duas vezes mais resistente que o tradicional, que carrega também a praticidade para a construção civil. “Ele não precisa ser rebocado e isso gera economia. Pelos furos serem na vertical você pode passar pela tubulação e isso quer dizer que quando você terminar a parede está pronto. Você põe a laje e a cobertura e sua casa está pronta”, explicou o diretor de produção, José Antônio Ferreira.
A primeira vista o preço assusta já que o milheiro desse tijolo sai por R$ 900, 50% mais caro que o tradicional. Mas como ele requer menos material o custo final da obra chega a ser 30% menor. Foi o que aconteceu com uma casa que ficou pronta em apenas 11 dias. O processo rápido ainda ajuda o meio ambiente porque, além do formato diferente, a fórmula é ecológica.
Bastam sete porções de terra, uma de cimento e outra de pó de pedra, um resíduo da construção civil. “O tijolo comum precisa de autorização para você tirar a argila dos rios e depois ainda tem que ter autorização para queimar nos fornos. E esse tijolo não precisa de nada disso. É simples, só esperar, jogar um pouco de água que ele cura sozinho sem árvores queimando”, disse o empresário Maurício dos Santos Anjo.
O processo de fabricação também é ambientalmente correto. Tudo é misturado e depois a máquina transforma a massa em produto. Ao invés de fogo, usa-se água. São sete dias passando por um processo de hidratação. No final da semana é só colocar para secar no sol e depois de um mês eles estão prontos. A cada mil tijolos produzidos dessa forma oito árvores sobrevivem. “No processo de cura, molhando, vai haver a reação entre a parte arenosa do solo com o cimento e então nós vamos ter uma resistência duas ou três vezes superir ao tijolo convencional evitando a queima de árvores”, contou o empresário Carlos Nogueira.
Produto é duas vezes mais resistente que o tradicional (Foto: Reprodução/TV Integração)
Projeto social
Uma parceria com o Estado permitiu que a indústria funcionasse dentro da área de segurança do presídio de Uberaba bem em frente aos pavilhões. São os presos do regime semiaberto que fabricam os tijolos e um novo futuro a cada dia. Eles recebem salário e, ao mesmo tempo, conseguem diminuir a pena. A cada três dias trabalhados, um a menos de prisão. Um homem condenado por tráfico de drogas vai conseguir sair da penitenciária cinco meses mais cedo se continuar trabalhando na fabricação dos tijolos.
Ao todo, são 10 detentos trabalhando na fábrica. “Além de ressocializar nós queremos humanizar a pena da pessoa e dar a ela um tratamento mais digno. Nós temos que entender que a pessoa que cometeu um crime tem que ter oportunidade, tanto de estudo quanto de trabalho”, disse o diretor da penitenciária, Itamar Rodrigues. A parceria deve aumentar nos próximos meses porque a produção já não atende a demanda. A previsão dos empresários para este ano é um crescimento de 25% passando para 100 mil tijolos por mês.
Fonte: G1
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