360 MW a menos no sistema: Pecém I tem metade da capacidade paralisada

Face a um período de poucas chuvas, em que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem autorizado o acionamento de termelétricas a uma geração recorde de energia, a usina Pecém I está com metade de sua capacidade instalada paralisada. Em comunicado ao mercado, a empresa informou que, no último dia 25 de agosto, a unidade geradora 01 da térmica foi desligada, resultando na indisponibilidade não programada de 360 megawatts (MW) de geração. A interrupção poderá seguir até o fim do ano.

A termelétrica, localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), pertence a uma parceria entre a Eneva e a EDP-Energias do Brasil, cada uma com 50% de participação. O empreendimento é formado por duas turbinas, cada uma com 360 MW, totalizando 720 MW. A primeira unidade geradora começou a operar em dezembro de 2012, com atraso.

O comunicado, assinado pelo diretor presidente e de Relações com Investidores da Eneva, Fabio Bicudo, informa que a paralisação teve por motivo uma falha na proteção do gerador da unidade geradora, assim como de seu transformador, ocasionando a queima do equipamento chamado estator. Uma inspeção, concluída no dia 25 de agosto, foi feita pela equipe de operação da Pecém I, em parceria com técnicos da EDP e da E.On, controladora da Eneva, que decidiram por desligar a unidade.

"Em face da característica do desarme da UG01 (unidade geradora 01), a mesma encontra-se fora de operação para inspeção e análise interna do seu gerador com estimativa de voltar a operar até o fim do ano, tendo o custo para reparo e substituição de peças da máquina coberto pelo seguro vigente", informa o comunicado.

Bicudo explica, na nota, que a térmica possui seguro com cobertura de dano patrimonial e lucro cessante. Desta forma, a usina acionará a apólice vigente, "que prevê a possibilidade de ressarcimento de custos pela substituição de equipamentos, e também pela 'interrupção de negócios' após o 60º dia".

Quanto aos prejuízos ocasionados pela paralisação, a Eneva explica que, se estes existirem, só deverão impactar a empresa a partir de 2016, porque o cálculo deverá levar em consideração uma média móvel de 60 meses da disponibilidade efetiva.

PAGAMENTOS

Conforme uma sentença proferida pela 7ª Vara Federal do Distrito Federal, a Pecém I possui liminar determinando a suspensão dos pagamentos por indisponibilidade com base em apuração horária e determina que a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) promova os cálculos dos valores já pagos pelas usinas de acordo com a nova metodologia, que considera os 60 meses. A liminar foi alcançada após ação judicial da Pecém I, em que questiona a metodologia da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

ACIONAMENTO DAS TÉRMICAS

O maior acionamento das térmicas, por parte da ONS, já está confirmando as premissas do Plano Decenal de Expansão de Energia 2023, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética. O plano revela que o governo apostará nas térmicas para garantir segurança ao sistema de abastecimento energético em períodos de menor volume de chuvas, que é o caso da atual situação. Por conta da escassez de chuvas, o nível dos reservatórios do Nordeste estava ontem em 24,6% e, no Sudeste, 27,68%, o que vem motivando um maior acionamento das térmicas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário