As fontes alternativas de energia se constituem em uma nova fronteira do desenvolvimento para inúmeros países. Isso vale tanto para economias superdesenvolvidas como a dos Estados Unidos, do Reino Unidos ou do Japão, como também no caso dos chamados países emergentes, como China, Brasil e África do Sul. Afinal, se o petróleo é considerado o combustível dos séculos 19 e 20, já está na hora de adentrarmos o século 21. Até porque a inovação não pede licença. Num futuro que muitos imaginam estar muito próximo, supõe-se que o petróleo não apenas será questionado como fonte energética como também banido do dia a dia das pessoas e das atividades produtivas.
Usina solar flutuante, em uma fazenda da Inglaterra/ Foto: Sunlution
Muitas empresas e empreendedores enxergam este porvir como um fardo. Outras tantas veem nele uma bela oportunidade de começar a fazer negócios, já! Neste último bloco está um grupo de empreendedores paulistanos, liderados por Orestes Gonçalves, diretor da Sunlution. Trata-se de uma startup que pesquisa nos cinco continentes o que de mais atual existe em matéria de conversão da radiação solar em energia elétrica. Ao contrário das empresas de grande porte que têm na geração de energia seu grande vilão, a Sunlution atua em nichos de mercado.
Seu forte é a customização. Foi neste contexto que surgiram inovações como o carrinho de sorvete cuja “geladeira” é abastecida com energia solar. “Trata-se de uma invenção 100% brasileira”, diz o empreendedor. Outra sacada foi o ponto de ônibus iluminado. A partir do uso de placas solares flexíveis, a Sunlution também lançou projetos para reduzir o consumo de combustível de caminhões refrigerados, usados no transporte de cargas perecíveis. “Neste caso, a placa entra como um coadjuvante do sistema”, explica ele.
Tudo isso é muito bacana e tem sua função. Mas o futuro da Sunlution, de acordo com o empresário, está em negócios em uma escala ainda mais ampla como a usina solar flutuante (como a da foto ao lado, instalada no interior da Inglaterra. Esse sistema e largamente difundido no Japão na Europa, aonde o custo da terra é muito caro. O projeto foi concebido pela francesa Ciel & Terre (Céu e Terra, em tradução literal), parceira da brasileira Sunlution.
De acordo com Gonçalves, no caso do Brasil, duas linhas de argumentação estão sendo usadas para conquistar os clientes. A primeira delas é o custo. Enquanto numa usina térmica, movida a óleo combustível, o gasto operacional chega a R$ 1,2 mil por cada megawatt, no sistema de placas solares esse valor cai a um terço: R$ 400.
Além disso, ele espera vender seu sistema também para operadores de usinas hidrelétricas dotadas de lagos em locais onde a taxa de evaporação é elevada, na época de seca. “Ao ser colocada sobre o espelho d’água, as placas cumprem duas funções: a produção de energia e ainda ajudam a economizar água”.
O mesmo princípio serve para empresas do agronegócio que têm na irrigação seu grande diferencial e por isso precisam manter o sistema ligado ininterruptamente. “Durante o dia, a energia do sistema seria fornecida pelo sol. E à noite, pela concessionária”, resume. Apesar de este modelo não evitar a compra de energia da concessionária, o diretor da Sunlution argumenta que ele embute uma redução significativa de custo.
VER PARA CRER
Até agora, a empresa já conseguiu fechar contratos no valor aproximado de R$ 16 milhões, cuja entrega das usinas estão previstas para serem finalizadas até outubro de 2016. Para dar um salto, ele conta que a empresa está optando por estratégias mais agressivas no mercado. A primeira delas é a nacionalização da produção dos flutuadores de plástico sobre os quais são montadas as placas. O mesmo será feito com acessórios como inversores, cabos e chapas metálicas.
“Nosso objetivo é conquistar um índice elevado o bastante para que os clientes possam requerer financiamento nas agências oficiais de crédito.” O sistema se assemelha a um lego gigante e, de acordo com o dirigente da Sunlution, é fácil de ser montado. Para reduzir as resistências e desconfianças dos clientes mais céticos, a Sunlution pretende levar potenciais clientes para países da Europa nos quais a Ciel & Terra já opera. “No Brasil, o que funciona e o ver para crer”, diz o empresário.
Foi na França, também, que Gonçalves foi buscar outra parceira para crescer no segmento de energia alternativa, desta vez, ligada à melhoria da qualidade da água de lagoas, represas e rios. Neste nicho, o empreendedor está atuando com a TechSub, fabricante de aeradores de água solar sustentáveis. Na prática, os oxigenadores de água produzidos pelos franceses serão alimentados com a energia obtida das placas fotovoltaicas da Sunlution. Levando-se em conta todos os produtos, a Sunlution deve fechar 2016 com receita de R$ 40 milhões.
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