Um novo sistema de armazenamento de energia elétrica com baterias funcionará no Brasil a partir de agosto. O projeto, orçado em R$ 20 milhões, está sendo instalado em Fernando de Noronha (PE), para estabilizar a entrega de energia produzida por painéis solares.
O uso de baterias atrelado à geração solar vai permitir o desligamento de parte dos geradores movidos a óleo diesel. A fonte de energia predominante na ilha, além de cara, emite grande quantidade de gases poluentes. O acionamento dos motores contraria o esforço de preservação do parque nacional marítimo cuja paisagem natural todo ano atrai milhares de turistas.
Fernando de Noronha recebe do setor elétrico o mesmo tratamento dado aos sistemas isolados da região Norte. Os consumidores não têm acesso à energia mais barata das hidrelétricas e precisam recorrer a fontes mais caras e poluentes. A tarifa é subsidiada por encargos cobrados no restante do país.
O sistema de armazenamento na ilha foi proposto pela distribuidora Celpe, do grupo Neoenergia, e aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), pelo programa de estímulo à pesquisa e desenvolvimento (P&D). O banco de baterias, do tipo íons de lítio, com 560 kilowatts (kW) de capacidade, é fornecido pela NEC, multinacional japonesa que já entrega a tecnologia em outros países.
O projeto de Fernando de Noronha conta com dois contratos. O primeiro foi firmado em 2017 e o segundo, de ampliação da capacidade, neste mês. Os equipamentos da contratação inicial já foram entregues. O segundo sistema está em fabricação e será instalado junto com o primeiro, em agosto.
O programa de P&D do setor tem à disposição 1% do que é faturado nas contas de luz, sendo que metade vai para projetos de eficiência energética. Nesta edição a Aneel selecionou cerca de 30 projetos de armazenamento de energia.
O diretor da área de soluções de energia da NEC, Roberto Murakami, avalia que os sistemas de armazenamento são impulsionados pela queda no preço das baterias de lítio, consideradas as mais eficientes do mercado. Segundo ele, o custo de aquisição caiu 50% nos últimos dois anos.
Murakami explicou que os projetos-pilotos desenvolvidos no Brasil ajudam o país a alcançar a maturidade já conquistada pelos mercados europeu e japonês. Para ele, o uso em larga escala virá, justamente, para resolver a intermitência na oferta.
“Nossa matriz de renováveis chegou a um porte que precisa trazer tecnologias de regulação da oferta, para que a rede fique estável”, disse o diretor da NEC, ao Valor. “A eólica representa 8% da nossa oferta. Parece pouco, mas, se pegarmos o Nordeste, ela chega a 20%, 25%. A oscilação que surge daí pode ser muito perigosa”.
Novos modelos de contratação de energia renovável com o armazenamento começam a ser testados. A Aneel abriu discussão sobre o leilão voltado para soluções de eficiência energética em Roraima. O Estado é o único ainda desconectado da malha nacional de transmissão e depende da importação de energia da Venezuela, que enfrenta severa crise financeira.
“Em Boa Vista, o fornecimento de energia cai de duas a três vezes por semana e é preciso recorrer a geradores à diesel. O governo está querendo colocar um projeto de armazenamento de energia para suprir essa deficiência. Seria um projeto muito grande, o maior projeto no Brasil”, disse Murakami.
Fonte: Secretaria de Energia e Mineração
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